Comunidades Indígenas do Baixo Uaupés Avançam em Projeto de Turismo de Base Comunitária Sustentável e Proteção Territorial

Cunurí (AM), 22 de agosto de 2025 – Em uma iniciativa pioneira na região do Alto Rio Negro, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), em parceria com a Associação das Comunidades Indígenas do Baixo Uaupés (ACIBU), realizou um importante encontro comunitário na comunidade de Cunurí, entre os dias 20 e 22 de agosto. O evento reuniu cerca de 70 representantes indígenas para dar continuidade à construção do Plano de Visitação do projeto de turismo de pesca esportiva de base comunitária.

A presença de líderes da FOIRN, como o diretor Hélio Gessem Tukano e o Diretor Carlos Nery Piratapuya reforça a importância do trabalho de apoio e articulação que a federação desempenha.

A iniciativa tem como principal objetivo proteger o território indígena do Baixo Uaupés contra invasões e pressões externas, além de fortalecer a autonomia, a cultura e a geração de renda das comunidades locais.

Protagonismo indígena e decisões coletivas

Durante os três dias de encontro, os comunitários participaram ativamente da definição das regras para o bom funcionamento do turismo em seus territórios. Entre as decisões acordadas, destacam-se:

  • Restrições de pesca esportiva: Será proibida a prática de pesca nas margens das comunidades, estabelecendo um limite mínimo de 1km de distância;
  • Horário de atividade: A pesca será permitida apenas entre 6h e 17h30;
  • Infraestrutura de recepção: Serão construídas casas de apoio, feitas com palha de caranã, para acolher visitantes em trânsito;
  • Comércio local: A venda de artesanato nos barcos-hotéis será organizada pelos próprios coordenadores de pesca, garantindo retorno financeiro direto às comunidades;
  • Capacitação: Foi estabelecido um plano de formação para 2025 e 2026, com cursos de prático fluvial, monitoramento territorial, primeiros socorros e gestão administrativa.

Parcerias e apoio institucional

O projeto conta com o apoio técnico e político da FOIRN, que tem atuado como articuladora entre as comunidades, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e parceiros do setor privado. Entre eles, destaca-se a empresa Super Açu, que assumiu o compromisso de investir em ações de monitoramento e segurança territorial como parte de sua atuação na região.


“Esses investimentos iniciais são fundamentais para garantir que o turismo aconteça de forma segura, respeitosa e alinhada com os interesses das comunidades”, afirmou a equipe de coordenação do projeto.

Próximos passos
O plano de visitação será finalizado e validado em outubro de 2025, durante um novo encontro comunitário. A expectativa é que o projeto sirva como modelo de turismo sustentável, protagonizado por povos indígenas e pautado na proteção ambiental, valorização cultural e desenvolvimento autônomo das comunidades.

A FOIRN reforça que o turismo de base comunitária é uma das estratégias mais eficazes para fortalecer os direitos territoriais indígenas, promover o bem-viver e garantir a continuidade das tradições em equilíbrio com novas oportunidades econômicas.

 Assessoria de Comunicação : DECOM-FOIRN

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