As lideranças dos Povos do Rio Negro se unem em Pré-COParente e fortalecem a voz indígena rumo à COP30

A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) sediou, na Casa do Saber, a Pré-COP Indígena – Etapa Rio Negro, no estado do Amazonas. O evento foi organizado pela FOIRN em parceria com a APIAM (Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas), a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), nos dia 16 e 17 de Setembro de 2025.

O encontro reuniu lideranças, autoridades e representantes de organizações indígenas, indigenistas e do setor público, fortalecendo o diálogo e a construção coletiva em defesa dos povos e territórios indígenas.

Entre os presentes, estavam representantes da FOIRN, APIAM, COIAB, MPI, Funai, SESAI, ICMBio, SEDUC, Forreia, IFAM, além de autoridades locais e representantes da Justiça. Também participaram lideranças das coordenadorias regionais da FOIRN: COIDI, DIAWI’I, NADZOERI, CAIBARNX e CAIMBRN, reafirmando a união regional na luta por direitos e pela preservação da vida e da Amazônia.

Direitos, Desafios e Luta Territorial

O primeiro painel trouxe o tema “Direitos Humanos, Ambientais e Territoriais: situação territorial na região do Rio Negro, conquistas e ameaças locais”, com a participação de Dario Baniwa (FOIRN), Toya Manchineri (COIAB) e Dra. Ellen Estefany Sateré (APIAM).

As falas destacaram os impactos de grandes projetos e legislações que ameaçam os povos indígenas, os riscos do garimpo e a necessidade de articulação política para garantir os direitos territoriais.

A FOIRN reforçou seu papel como articuladora e agente de fortalecimento das comunidades, apoiando projetos de proteção territorial e promovendo a autodemarcação e a defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas.

Unidade e Compromisso com os Territórios

O presidente da FOIRN, Dario Baniwa, ressaltou:

“Sempre buscamos parcerias interinstitucionais para atuar aqui no Rio Negro. Nossa atuação vai além de São Gabriel da Cachoeira, alcançando também Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro. Queremos um diálogo mais fortalecido e intercultural, representando os povos do Rio Negro e fortalecendo propostas para a Amazônia e os povos indígenas do Brasil. O desafio é global, mas nossa esperança é fortalecer as futuras gerações e a sociobiodiversidade do planeta. ”

Santa Isabel do Rio Negro. Queremos um diálogo mais fortalecido e intercultural, representando os povos do Rio Negro e fortalecendo propostas para a Amazônia e os povos indígenas do Brasil. O desafio é global, mas nossa esperança é fortalecer as futuras gerações e a sociobiodiversidade do planeta. ”

As lideranças reforçaram que a FOIRN atua para fortalecer as bases e preparar lideranças locais para os desafios da demarcação, da proteção territorial e da incidência política nos espaços de decisão.

A Dra. Ellen Estefany Sateré da APIAM resumiu:

“Nossa voz é a flecha. Somos guardiões da terra. A luta não continua, ela se intensifica. ”

Caminhos para a COP30

À tarde, os debates abordaram temas centrais para a participação indígena na COP30, como créditos de carbono, fundos de financiamento e mecanismos financeiros regionais e internacionais voltados ao clima e aos povos indígenas.

Essas discussões reforçam o protagonismo indígena na construção de soluções climáticas, valorizando saberes ancestrais e a experiência de quem vive na linha de frente da preservação da Amazônia.

No segundo dia, a ministra Sônia Guajajara participou do seminário e dialogou com as lideranças do Rio Negro. Ela destacou:

“A COParente é um espaço de construção coletiva, onde a voz dos povos indígenas ecoa para além das fronteiras. Nosso papel é fundamental na luta contra a crise climática. ”

Mulheres Indígenas e Bioeconomia

Um dos destaques foi o painel sobre “Caminhos de Sustentabilidade Autônoma”, com foco em práticas comunitárias e tecnologias sociais.

Inara Waty (Sateré-Mawé, UMIAB) ressaltou a importância da participação das mulheres nos debates sobre economia indígena:

“Precisamos falar da economia indígena, invisibilizada, mas que tem as mulheres como autoras. ”

As lideranças Mariazinha Baré (APIAM) e Alva Rosa Tukano (Foreeia) também reforçaram a necessidade de ampliar o debate sobre políticas climáticas no Amazonas e de garantir a participação ativa das mulheres indígenas nas decisões.

Prioridades da FOIRN para a COP30

O presidente Dario Baniwa apresentou os trabalhos, conquistas e desafios da FOIRN e dos 23 povos do Rio Negro, com destaque para:

  • Fortalecimento organizacional: 5 coordenadorias regionais, 118 associações e 750 comunidades;
  • Formação de lideranças: foco em mulheres e jovens indígenas (DMIRN e DAJIRN);
  • Segurança territorial: fiscalização e vigilância contra garimpo, pesca ilegal e tráfico;
  • Energia solar em comunidades sem acesso à rede elétrica;
  • Conectividade digital para comunicação, educação, saúde e governança;
  • Educação e bioeconomia: valorização da pimenta baniwa, castanha, artesanato e óleos vegetais.

A voz do Rio Negro na COP30

Em novembro, todos os olhares estarão voltados para a Amazônia, que sediará a COP30 em Belém (2025), sob o lema “A Resposta Somos Nós”.

Na Pré-COP Etapa Rio Negro, foi escolhida uma delegação de 20 lideranças de diferentes etnias (Yanomami, Tukano, Baré, Wanano, Tariana, Dessana, Baniwa e Koripaco), garantindo representatividade regional.

Seis representantes do Rio Negro foram indicados para compor a delegação estadual:

  • Zona Azul (negociações oficiais da ONU): Dario Baniwa, Helio Tukano e Sandra;
  • Zona Verde (eventos paralelos, sociedade civil): Belmira, Ana Gabriela e Adelina.

A escolha, feita de forma democrática e participativa, assegura que as demandas dos povos do Rio Negro estarão presentes nos espaços nacionais e internacionais da COP30.

 A Pré-COP Etapa Rio Negro não foi apenas um evento, mas um marco na preparação dos povos indígenas para a COP30, fortalecendo sua voz, sua luta e seu protagonismo global em defesa do clima, da Amazônia e da vida.

Assesoria de Comunicação: FOIRN, COIAB e APIAM.

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