Categoria: Baniwa e Coripaco

  • VI Assembleia Geral da CABC inaugura maloca Madzerokai, debate desafios, elabora plano de ações e elege gestão CABC/FOIRN para 2017-2020

    VI Assembleia Geral da CABC inaugura maloca Madzerokai, debate desafios, elabora plano de ações e elege gestão CABC/FOIRN para 2017-2020

    P1120695
    Inauguração da maloca Madzerokai foi atração principal da abertura oficial da VI Assembleia Geral da CABC em Assunção do Içana. Foto: Dário Casimiro

     

    Abertura oficial: Dabucuri e inauguração da maloca Madzerokai

    A comunidade Assunção – localizada na região do baixo Rio Içana (um dos principais afluente do Rio Negro), recebeu entre os dias 19 a 21 de maio, mais de 200 pessoas, entre estes, 100 delegados, representantes das 10 organizações distribuídas aos longo da região do Rio Içana e Afluenes (Cuyari e Ayarí).

    Não poderia ter um local melhor e apropriado para discutir os desafios e os planos de ações para os próximos anos: Os povos Baniwa e Koripaco pela primeira vez* se reuniram em uma maloca para debater os desafios, elaborar seu plano de trabalho e eleger representantes para os próximos 4 anos no âmbito do movimento indígena do Rio Negro.

    Os participantes tiveram que esperar, ansiosos, o corte da fita de inauguração da maloca, para poderem se acomodar nas cadeiras e apreciar as várias figuras desenhadas na parede, que representam os recursos utilizados (vários tipos de peixes, pimentas etc..)em uma cerimônia de Kariãma (em Nheengatu) e Kalizadamai (em Baniwa), um rito de passagem na cultura baniwa.

    Enquanto os convidados (representantes de instituições parceiras e locais) eram convidados para compor as cadeira, foi iniciado o dabucuri coordenado pelo Maadzero Francisco Luiz Fontes do clã Waliperidakenai, 54, cerimônia de recepção dos convidados e participantes, que ao final foi entregue ao diretor da FOIRN de referência à região do Içana e Afluentes, Isaias Pereira Fontes.

    Após o dabucurí, cada delegação se apresentou e falou dos motivos de vinda à assembleia. Todas as delegações lembraram que o momento é importante para a discussão e debate dos desafios vividos pelos povos Baniwa e Koripaco, e como também é necessário uma avaliação do movimento indígena na região do Içana e Afluentes, para propor melhorias e estratégias de fortalecimento.

    André Baniwa, em suas palavras destacou que os Baniwa e Koripaco já carregam consigo uma experiência de mais de 25 anos de organização, e que essa história e experiência deve ser a base para discutir propostas e elaborar planos de ação para fortalecer as inciativas que se encontram em curso hoje na região como Conselho Kaaly e Plano de Gestão Territorial e Ambiental Baniwa e Koripaco e entre outros.

    Isaias Pereira Fontes, Diretor da FOIRN, destacou que a Assembleia Geral da CABC é uma etapa importante e preparatória para a Assembleia Geral da FOIRN previsto para novembro, onde, os problemas, dificuldades e os desafios enfrentados pelas comunidades, associações de base, coordenadoria regional devem ser debatidos e a partir disso apontar meios e formas de trabalhar para os próximos anos.

    P1120745
    Representantes das associações OCIDAI e AMIBI. Foto: Dário Casimiro

    Gestão do Patrimônio Cultural e Territorial na região do Içana e afluentes é o principal desafio dos Povos Baniwa e Koripako.

    Para iniciar os trabalhos na assembleia foram realizadas palestras sobre a organização social Baniwa que destacou a história de luta através de suas organizações, mostrando um resumo da linha do tempo. “Desde que iniciamos os trabalhos através de nossas associações até aqui já avançamos muito, em várias áreas. Só para se ter uma idéia, não tínhamos nenhum professor Baniwa formado na nossa região, hoje temos vários professores formados em várias áreas”, lembrou André Baniwa, em uma das palestras.

    “Hoje depois de vários anos de lutas temos várias conquistas, mas, muitos deles, precisam melhorar e tem seus desafios aqui na nossa região. Será que as nossas associações ou a forma como estamos organizados hoje é suficiente, ou atende nossas demandas?”, completa.

    Na região do Içana hoje existem 10 associações de base, cada uma atuando em uma área específica da região do Içana. Algumas conseguem realizar atividades e mas a maioria não. E quando os povos Baniwa e Koripaco precisam discutir e deliberar assuntos de interesse que abrange toda a região, até então, a CABC e algumas associações como a OIBI vem fazendo o papel de criar e coordenar esse espaço.

    Diante dessa dificuldade e necessidade, na V Assembleia Geral da CABC, realizado em 2014, foi criado o Conselho Kaaly, um espaço autônomo e estratégico para os Baniwa e Koripaco discutir e deliberar sobre vários temas de interesse, mas, especialmente sobre a gestão do patrimônio cultural. O conselho ainda está em fase de consolidação, por enquanto é coordenado por uma comissão provisória.

    Os participantes da VI Assembleia Geral da CABC em Assunção confirmaram a importância desse espaço para fortalecer a luta dos povos Baniwa e Koripaco. Recomendaram que a composição seja formada em curto prazo para começar a funcionar.

    André Baniwa, Isaias Fontes e Francinéia Fontes/Departamento de Mulheres que foram os palestrantes sobre o Conselho Kaaly esclareceram as dúvidas nos momentos de perguntas e debates.

    A partir dessas exposições e debates cada associação se reuniu para avaliar e elaborar propostas  que foram sistematizadas e organizadas por 7 eixos temáticos que resultou no documento final da assembleia: Planejamento do povo Baniwa e koripako na assembléia da CABC e da FOIRN na comunidade de Assunção do Içana. 

    P1130010

    1. Organização Social

    – Criar uma organização representativa do povo Baniwa e Koripako com objetivo de fortalecer e melhorar desenvolvimento de atividades que promovam o bem-viver nas comunidades; reorganizar atividades regionais em forma de programas (incluindo no seu organograma  como educação, economia ou sustentabilidade, políticas públicas e etc);

    – Fortalecer as associações Baniwa e Koripakos com projetos maiores;

    – Cada associação Baniwa e Koripako deve avaliar seus processos de crescimento, dificuldades e refletir sobre suas experiências junto as suas comunidades associadas como processo de refortalecimento político;

    – Compartilhar entre si as experiências de associações Baniwa e Koripako a fim de consolidar uma avaliação do povo sobre tempo de associação;

    – Formação para lideranças indígenas sobre a política Baniwa e Koripako, sobre o movimento indígena do Rio Negro, do Amazonas, da Amazônia e dos Continentes; sobre Estado Brasileiro, direitos indígenas e modelos de desenvolvimentos dos Estados Nacionais; sobre diferentes metodologias de trabalhos coletivos; como elaborar planos, programas, projetos e atividades; refletir sobre as políticas públicas aos povos indígenas no Brasil;

    – Escrever e publicar livros sobre experiências Baniwa e Koripako como processo de registro de histórias e formação de novas gerações e que possam ser utilizadas nas escolas Baniwa e Koripako;

    1. Patrimônio Cultural e Gestão Territorial e Ambiental

    – Valorizar os lugares sagrados e mitológicos;

    – Valorizar conhecimentos tradicionais (plantas medicinais, medicina tradicional e etc);

    – Fortalecer e implantar o Conselho Kaaly;

    – Promover os sistemas agrícolas tradicionais dos povos indígenas;

    – Promover o sistema agrícola Baniwa e Koripako Kaaly;

    – Promover produtos indígenas Baniwa e Koripako;

    – Divulgar Patrimônio Cultural Baniwa e Koripako a sociedade Brasileira e fora dela;

    – Criar Museu Baniwa e Koripako;

    – Criar Centro de Referencia Cultural do Povo Baniwa e Koripako na cidade de São Gabriel da Cachoeira;

    – Fazer intercâmbios entre Baniwas e Koripakos Brasileiros, Colombianos e Venezuelanos;

    – Participar do Comitê Gestor do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro promovido e coordenado pelo IPHAN do Amazonas;

    – Elaborar bem o Plano de Gestão e Ambiental do Içana e Afluentes;

    – Elaborar plano, programa, projetos e atividades de médio e em longo prazo;

    – Fazer todo levantamento nas comunidades, sistematizar os dados, discutir resultados, elaborar documento do PGTA e publicar o resultado (Plano de Gestão Territorial e Ambiental do Içana e Afluentes;

    – Promover seminário para divulgação do Resultado de pesquisas no âmbito do PGTA e distribuição da publicação do PGTA;

    – Associações Baniwa e Koripako farão oficinas para divulgação e educação sobre a importância do PGTA do Içana e Afluentes;

    1. Educação Escolar Baniwa e Koripako

    – As escolas de ensino fundamental completo e de ensino médio convidarão lideranças indígenas dentro de suas programações a fim de proferir palestras aos estudantes e professores sobre patrimônio cultural, gestão territorial e ambiental das terras indígenas e etc..

    – As escolas farão revisão de seus PPPs a fim de incluir novos conceitos que aparecem no âmbito do Patrimônio Cultural e da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas;

    – A CABC e FOIRN farão encontros de formação continuada aos professores, lideranças comunitárias e de associações como forma própria para fortalecer suas instituições e suas autoridades-representantes;

    – As escolas continuarão fazer intercâmbios entre si como meio de aperfeiçoamento de suas pedagogias e processo próprio de aprendizagens;

    – Os prédios escolares deverão ser priorizados nas reivindicações para que se garantam as suas construções no Içana e Afluentes;

    – Lutar pela criação de 4 Escolas de Ensino Médio junto com Governo do Estado do Amazonas inicializado no ano de 2013 a partir de V Encontro de Baniwa e Koripako;

    – Lutar mais pela formação em áreas em que não se tenha ainda a especialidade como para Advogado, Contabilista, Engenheiro Florestal, Odontologo, Enfermeiro e Médico.

    1. Economia Baniwa e Koripako

    – Realizar encontro ou seminário sobre economia indígena Baniwa e Koripako a fim de aprofundar assuntos de geração de renda, produtos indígenas, receitas; discutir estratégias para consolidar a política e desenvolvimento da economia indígena;

    – Retomar os trabalhos de produção e comercialização da cestaria de arumã;

    – Ampliar e fortalecer a Rede de Casa da Pimenta Jiquitaia Baniwa no Içana e Afluentes;

    – Fortalecer e promover os produtos do sistema agrícola Baniwa e Koripako Kaaly;

    – Pesquisar para desenvolvimento de novos produtos a serem experimentados no mercado consumidor como “Wará”;

    – Ampliar e diversificar os produtos indígenas como meio de promover renda nas comunidades aos homens e mulheres Baniwa e Koripako;

    – Discutir pagamentos por serviços ambientais e outras formas de geração de renda;

    – Lutar pela isenção de produtos indígenas junto ao Governo do Estado do Amazonas;

    1. Saúde Indígena no Içana e Afluentes

    – Valorizar e promover internamente a utilização da medicina tradicional e plantas medicinais;

    – Apoiar e fortalecer os agentes de saúde indígena e Técnicos em Agentes Comunitários de Saúde Indígena;

    – Lutar através de reivindicações a construções de Pólos Base de Camarão, Tunui Cachoeira,  São Joaquim e Canadá do Rio Ayari;

    – Lutar através de reivindicações a melhoria do serviço permanente de saúde indígena nas comunidades indígenas;

    – As associações, escolas, agentes de saúde indígena e Técnicos em Agentes Comunitários de Saúde Indígena farão mensalmente um relatório a ser enviado para CABC e FOIRN sobre funcionamento dos Pólos Base e serviços de saúde indígenas prestados nas comunidades;

    – As comunidades e associações não devem esperar somente de conselheiros locais e regionais para informar a CABC e FOIRN sobre a saúde indígena nas comunidades;

    – A CABC e FOIRN encaminharão as reivindicações das comunidades, associações para conhecimento e providencia de autoridades da saúde indígena no Içana;

    1. Infraestrutura, logística e tecnologia de informação e comunicação no Içana e Afluentes

    – Discutir ou criar uma estrutura de organização da tecnologia de informação e comunicação implementando o meio de comunicação tradicional nas comunidades;

    – As associações, escolas e ACIS junto com CABC encaminharão a necessidade de adquirir mais barcos para melhorar o transporte do Içana com Governo Municipal, do Estado e com Governo Federal.

    – Lutar para equipar as escolas indígenas de ensino fundamental e médio com internet, biblioteca, videoteca e outros, junto com Governo Municipal, do Estado, Governo Federal e com projetos próprios.

    – Lutar e cobrar da política publica a estruturação de transporte terrestre nos pontos estratégicos de difícil acesso (Tunui, Aracu Cachoeira-Matapi/Coracy Cachoeira);

    – Organizar e melhorar o meio de comunicação nas comunidades e escolas para facilitar o acesso de informação para os comunitários.

    Povos Baniwa e Koripako escolhem seus  dirigentes no movimento indígena do Rio Negro no âmbito da FOIRN/CABC.

    P1130189
    Esq à dir. Isaias Fontes, Juvêncio Cardoso, Dário Casimiro, Elton José e Plínio Marcos.        Foto: Ray Benjamim/FOIRN

    Após intensos debates sobre as pautas da Assembleia, no último dia, pela parte da tarde, foi realizado a composição das chapas para concorrer a diretoria da CABC e inscrição dos candidatos para concorrer a diretoria da FOIRN.

    Para a eleição da nova diretoria da CABC apenas duas chapas se formaram e se apresentaram para concorrer. A chapa 1 – representado pelo Ronaldo Apolinário (ABRIC) e A chapa 2 – representado pelo Juvêncio da Silva Cardoso. Para diretoria da FOIRN apenas Isaias Fontes (atual diretor) e Pedro Malaquias se apresentaram como candidatos para concorrer a gestão nos próximos 4 anos.

    O resultado a votação foi: chapa 1 – 34 votos, chapa 2 – 63 votos, Pedro Malaquias – 26 votos e Isaias Pereira Fontes – 70 votos.

    Dessa forma a Gestão FOIRN/CABC para 2017-2020 ficou dessa forma

    Isaias Pereira Fontes – Diretor FOIRN de referência à região do Içana e Afluentes.

    Diretoria da Coordenadoria das Associações Baniwa e Koripako

    Juvêncio da Silva Cardoso – Coordenador

    Dário Casimiro – Vice Coordenador

    Elton José da Silva – Secretário

    Plínio Guilherme Marcos – Tesoureiro

    Ciente dos desafios que irá enfrentar, o coordenador da CABC eleito resumiu o sentimento:  “Coordenar as 10 associações de 93 aldeias Baniwa e Koripako, foi a missão conferida a mim para os próximos 4 anos, dentro movimento Indígena no Içana. Vários desafios pela frente, contarei com colaboração de todos os amigos e parceiros!”.

    Cartas Públicas sobre a situação precária de estrutura física das escolas e inexistência dos serviços da Saúde Indígena nas comunidades Baniwa e Koripaco.

    > Sobre a situação e condição física das escolas e materiais didáticos nas escolas Baniwa e Koripako.

    >Carta de indignação diante da situação da Saúde Indígena nas comunidades Baniwa e Koripako.

    Lembrando que a diretoria eleita terá posse somente após a Assembleia Geral da FOIRN prevista para o mês de novembro deste ano. Onde, os candidatos eleitos para a diretoria da FOIRN das cinco regionais irão concorrer a presidência para a gestão 2017-2020.

    A realização do evento só foi possível através do apoio e colaboração dos nossos parceiros e apoiadores como o Instituto Socioambiental, Fundação Nacional do Índio, Prefeitura Municipal, RFN, ERN, H3000 e Aliança pelo Clima.

    * – Apenas o evento de comemoração de 20 anos da FOIRN foi realizado dentro de uma maloca em Assunção do Içana em 2007.

    Ler também: O Povo Baniwa e Koripako escolhem seus novos dirigentes no movimento indígena do Rio Negro

  • OIBI realizou Assembleia Geral na Escola Pamáali – Rio Içana, Alto Rio Negro, para Avaliar 25 anos do Movimento Social Baniwa

    A Oibi reuniu suas comunidades membros, escolas baniwa, casas da pimenta baniwa e outras comunidades e instituições parceiros para avaliar 25 anos do Movimento Social Baniwa e Coripaco com objetivo de consolidar processo de gestão participativa da associação indígena.

    Por André Baniwa – Presidente da Oibi

    Foto: André Baniwa/OIBI
    Foto: André Baniwa/OIBI

     Aconteceu no período de 11 a 13 de Novembro de 2014 na Escola Indígena Baniwa e Coripaco – Eibc Pamáali, Rio Içana, a XII Assembléia Ordinária da Associação Indígena da Bacia do Içana – Oibi, na qual mais de 150 pessoas estiveram presentes, para avaliar os últimos 25 anos do Movimento Social do povo Baniwa.

    Entre comunidades membros da associação e mais outras comunidades convidadas, escolas Baniwa entre professores e estudantes, lideranças de associações e comunitárias, gerentes de Casas da Pimenta Baniwa entre coordenadores de Escolas, diretores da associação e parceiros reviveram intensamente a sua história entre 1989 a 2014, discutindo o contexto da época no início da organização formal, período mais difícil de enfrentamento de invasões, tempos de opiniões contrários aos projetos da associação Oibi que transformou a realidade, apontaram avanços, erros e falhas.

    As instituições parceiros presentes estiveram representadas Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, Departamento de Mulheres da FOIRN, Instituto Socioambiental – ISA, Coordenação Regional do Rio Negro da Fundação Nacional do Índio, Secretaria Estadual para Povos Indígenas do Amazonas – SEIND e Aliança pelo Klima da Áustria. As comunidades-membros da Oibi compareceram 61%, São José, Tapira Ponta, Umari Lago, Juivitera, Tucunaré Lago, Bela Vista, Tucumã Rupitá, Jandu Cachoeira, Mauá Cachoeira, Aracu Cachoeira, Tamanduá. Comunidades convidadas, Ocuqui Cachoeira – Casa da Pimenta Manowadzaro e Centro Cultural da comunidade; Tunui Cachoeira – Escola Ttolee, Escola Maadzero e Casa da Pimenta Dzoroo, + estudantes e professores; Canadá – Escola Eeno Hiepole e projeto da Casa da Pimenta Takairo, + estudantes e professores, América, Santana e Urumutum Lago. As escolas Baniwa presentes foram Escola Pamáali, Escola Eeno Hiepole e Escola Ttolee do Ensino Médio. Registramos também visitantes como João Viana – Pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina e Casal Courte e Rita da Silva.

    A diretoria da Oibi Presidente e Tesoureiro. Na abertura, após apresentação de músicas e danças tradicionais pelos estudantes das Escolas Baniwa, o Presidente da Oibi – André Baniwa, falou da imensa importância da assembléia para fortalecimento das comunidades e associações indígenas Baniwa de acordo a necessidade do contexto atual para o futuro da organização social ou governo próprio segundo direito constitucional do povo indígena no Brasil. Lembrou que a Oibi estava paralisado nos últimos quatro anos e por isso é fundamental avaliar o processo que vem ocorrendo, não somente por isso, mas é necessário e é tempo de avaliar os trabalhos do movimento social Baniwa que vem se organizando e crescendo no período de 1989 até ano de 2014, por isso a presença, participação fundamental de todos os presentes, afirmou.

    Os trabalhos se desenvolveram envolvendo a participação dos Eenawinai (capitães das comunidades) seguindo pautas apresentadas e aprovadas pelo plenário da assembléia constituída. A metodologia de avaliação foi desde GTS, dos estudantes, comunidades, capitães das comunidades, professores, pesquisadores indígenas, instituições indígenas e parceiros.

    Foram três momentos muito importantes: (i) avaliação mais geral do movimento social Baniwa e Coripaco; (ii) avaliação de projetos da OIBI; (iii) avaliação específico de Manejos de Recurso Pesqueiro. Estes trabalhos de Grupos geraram debates, apresentações, debates em plenário, aprofundamentos. A noite foi lançado Jornal Kaali mesmo digital, os depoimentos dos parceiros do (Beto do ISA, Régis Presidente TOK & STOK, Guilherme Leal da NATURA, Luiza Garnello e Sully da FIOCRUZ, Ana Lúcia Pontes da Escola Politécnica da FIOCRUZ/RJ), foram lidas para toda assembléia e as fotos mais antigas foram também exibidas pela Diretoria da OIBI para ajudar a memória. Baseado em todo isso, o plenário da assembléia aprovou um documento final que servirá de plano de trabalho nos próximos anos.

    E avaliação de encerramento da assembléia foi muito positiva tanto pelas comunidades, comunidades convidadas, escolas e parceiros. O Presidente da Oibi disse que o processo de avaliação deve continuar nas comunidades, pois é assim que se retomar o movimento com força, afirmou. As instituições presentes manifestaram sua satisfação com o que está acontecendo e pretendem da continuidade a parceria na continuidade e de novos projetos. Segundo representantes do ISA, a parceria deve continuar com o povo Baniwa e Oibi. A assembléia foi apoiado pelo ISA, FUNAI e FOIRN/CABC, pelas comunidades-membros que contribuíram com alimentação e Escola Pamáali que sediou, organizou o local e ajudou a coordenar e registrar os fatos.

    Participantes da Assembleia Geral da OIBI realizada na escola Pamaali - Médio Içana. Foto: André Baniwa
    Participantes da Assembleia Geral da OIBI realizada na escola Pamaali – Médio Içana. Foto: André Baniwa

     Documento final aprovado na XII Assembléia Geral Ordinária da Oibi

    Escola Indígena Baniwa e Coripaco – Eibc Pamáali, 13 de Novembro de 2014.

    No período de 11 a 13 de Novembro de 2014 na Escola Pamáali, aconteceu XII Assembléia Geral Ordinário da Oibi – Organização Indígena da Bacia do Içana com objetivo geral de iniciar um processo de consolidação de “gestão participativa da associação indígena Baniwa” iniciando com avaliação dos últimos 25 anos do movimento social do povo Baniwa entre 1989-2014 e neste período analisar também a contribuição da Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi).

    Estiveram presentes mais de 50% dos membros e mais convidados e totalizaram 150 pessoas. Houve reconhecimentos de muitos avanços, identificação das falhas e erros que não poderão se repetir. No sentido de retomar as forças políticas, mais organização das comunidades, estimularem reflexão sobre o bem-viver, bem-estar, desenvolvimento sustentável, formação de recursos humanos para gestão territorial e ambiental. Segundo objetivos e interesse do povo Baniwa esta assembléia aprovou as seguintes propostas precedida das considerações.

    Considerações

    Considerando dados de saldo positivos da organização e mobilização social do povo Baniwa e Coripaco nos últimos 25 anos (1989-2014); que esse movimento organizado do Içana logrou a superação de muitos desafios de ameaças de garimpeiros, empresas mineradoras, problemas internos e externos seculares; falhas e erros que levou a alguns fracassos considerados e apontados como prejudicial ao processo de luta, crescimento e desenvolvimento dos projetos.

    Considerando importância dos parceiros instituições e indivíduos que tem aprendido a contribuir com o povo Baniwa e Coripaco através de projetos sociais, projetos de pesquisas e outros; a importância das contribuições individuais de lideranças indígenas Baniwa e Coripaco no processo da luta pelos direitos; Considerando a necessidade da importância de consolidação do processo de gestão participativa indígena do povo Baniwa e Coripaco; os projetos e seus impactos positivos no sentido de revalorizar a cultura e a tradição milenar no contexto de novos projetos, atividade e programas; a necessidade de subsidiar a formação mais completa de novas lideranças Baniwa e Coripaco.

    Considerando a preocupação de circulação de bens e recurso financeiro que entra através de professores, agentes de saúde indígena, aposentados, maternidade e bolsa famílias, mas que continuam nas mãos dos comerciantes na cidade de São Gabriel da Cachoeira; Considerando a importância do controle de gestão territorial e ambiental da terra tradicional Baniwa e Coripaco no lado Brasileiro para segurança alimentar, manejos ambiental, uso sustentável da biodiversidade, manutenção e aperfeiçoamento de técnicas de agrodiversidade; proteção dos conhecimentos tradicionais associados a biodiversidade e genética, direito de consulta prévias para políticas públicas, capacitação, formação para governança e desenvolvimento intelectual e tecnológicas que contribuem para o bem-viver; Propostas estratégicas:

    1. Publicar experiências individuais (biografias ou autobiografias de principais lideranças Baniwa e Coripaco) e a luta (projeto) central coletiva do povo Baniwa e Coripaco (Weemakaro matsiaphatsa) com objetivo de fortalecer a formação de lideranças e subsídios para formação política no prazo de dois anos (2015 e 2016);
    2. Realizar aniversário comemorativo de 25 anos da Oibi (Organização Indígena da Bacia do Içana) entre 10 a 12 (segunda, terça e quarta-feira) de julho de 2017 onde será feito exposição de publicações e debates; criar competições culturais materiais e imateriais com premiações; manifestações de expressões culturais; este evento marcaria um ciclo completo iniciado a partir de 1992 que marcou mobilização, conscientização sobre direitos constitucionais, discussão de projetos próprios com autonomia desenvolvidos em parcerias com instituições brasileiras não governamentais e governamentais;
    3. Plantas Medicinais – buscar as informações registradas durante a execução do projeto Medicina Tradicionais Baniwa (1996-2000) com IFAM/FIOCRUZ, discutir uma possibilidade de publicação da experiência para que todos os Baniwa e Coripaco possam ter acesso ao conhecimento registrado nas escolas, nas associações e comunidades; realizar um evento para discutir esse conhecimento muito importante para transmissão de conhecimento milenar;
    4. Arte Baniwa (produção e comercialização de cestaria de arumã) – retomar a produção com sete artesãos e aos poucos reanimar as atividades, buscar parceiros; buscar com apoio do ISA publicação das pesquisas associados a arumã, projeto Arte Baniwa, sobre gestão, gerenciamento e aprendizado para que circule o aprendizado nas comunidades, escolas, associações e que possa ser subsídio de formação Baniwa e Coripaco;
    5. Dicionário Baniwa – solicitar com a UFAM (Universidade Federal do Amazonas) a republicação do Dicionário Baniwa-Coripaco (2.000 exemplares), publicar (2.000 exemplares de Gramática Baniwa-Coripaco), pois na primeira publicação os exemplares eram muito pouco, por isso foi insuficiente para uso das escolas, comunidades e associações; realizar oficinas para revisão do dicionário e gramática;
    6. Atlas Baniwa – solicitar do ISA nosso parceiro empenho para publicação de mapas produzida sobre o território e povo Baniwa e Coripaco, pois já tem bastante tempo paralisado sem ser publicados e são primordiais para fortalecimento das políticas futuras discutidas na região do Içana e seus afluentes;
    7. Bíblia na língua Baniwa e Cantor Baniwa – requerer da MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil) mais rapidez da nova publicação da Bíblia traduzida em Baniwa e em nova grafia Baniwa, pois atualmente estão usando muito a Bíblia em português e temos preocupação em diminuir cada vez mais em leitura da própria língua. Assim mesmo Cantor Baniwa não tem mais, estão utilizando dos Coripacos, catecismos. São fundamentais esses instrumentos de material didático para fortalecimento da língua Baniwa, hoje uma das línguas co-oficiais no município de São Gabriel da Cachoeira, Estado do Amazonas;
    8. Conselho Kaali e seu lançamento oficial – O Conselho Kaali é considerado pelo povo Baniwa um acontecimento mais importante dos últimos tempos. Esta assembléia analisou e deu parecer positivo, além de recomendar a Cabc – Coordenadoria de Associações Baniwa e Coripaco e a Comissão Provisória para que se incluam os parentes Baniwa e Coripaco de nacionalidade colombiana e venezuelana para intercambio de experiências, discutir objetivos comuns e desenvolve-las de forma coordenada segundo os direitos internacionais e nacionais. Para viabilizar isso se propõe uma delegação brasileira sair visitando os parentes em suas terras na Colômbia e Venezuela no ano de 2015; realizar uma reunião de lançamento do Conselho Kaali entre 12 a 14 de outubro de 2015 (articular parentes colombianos e venezuelanos – visitando e convidando para este evento transfronteiriço trinacional do povo Baniwa e Coripaco (fazer carta para CABC solicitando ampliação segundo parecer e objetivo discutida na assembléia da OIBI na Escola Pamáali; essa demanda deve ser incluída na carta a ser lida na assembléia da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN que vai acontecer no município de Santa Isabel do Rio Negro no período de 18 a 20 de Novembro de 2014). O lançamento do Conselho Kaali será feito em parceria com FOIRN, ISA, CABC e associações Baniwa, comunidades e escolas Baniwa e Coripaco.
    9. Pimenta Baniwa – hoje tem apenas duas casas da pimenta baniwa (Dzoroo e Manowadzaro), a dificuldade é a distancia entre gerente de comercialização, por isso demora de pagamentos; é muito trabalho que os gerentes desenvolvem na casa; os gerentes precisam cuidar também da roça, pescar e participar das atividades comunitárias; por isso deve ser construídas mais casas da pimenta para atender a demanda dos consumidores; o preço é muito bom, é o melhor produto que temos hoje nas comunidades;
    10. Economia Baniwa – recomendar estudo de viabilidade, organização e criação de cooperativa e recomenda a diretoria da Oibi avançar no projeto Manakai; realizar seminário específico sobre a economia; fazer pesquisa quantos aposentados, cadastrado na bolsa família, maternidade, professores, agentes indígenas de saúde, pesquisadores em parcerias com escolas de ensino fundamental completo e escolas de ensino médio;
    11. Buscar incentivos e apoio para construção de mais Casas da Pimenta Baniwa junto com o governo do Estado do Amazonas;
    12. Fazer campanha de conscientização sobre a importância de manejo de recursos florestais e pesqueiros nas comunidades em toda a Bacia do Içana;
    13. Replaqueamento da Terra Indígena do Alto Rio Negro na região do rio Içana, pois os anteriores estão decaídos e deteriorados;

    Esperamos com essas nossas propostas continuar firme lutando pelos nossos direitos, pelo nosso bem-estar e pelo nosso bem-viver juntamente com demais outros povos indígenas no Rio Negro e no Brasil.