Categoria: Barcelos

  • Agenda de Transição da CAIMBRN em Santa Isabel do Rio Negro – AM

    Agenda de Transição da CAIMBRN em Santa Isabel do Rio Negro – AM

    Equipe técnica da FOIRN e lideranças participam da Agenda de Transição da CAIMBRN em Santa Isabel do Rio Negro – AM.

    No período de 19 a 21 de junho de 2024, no município de Santa Isabel do Rio Negro, foi realizado os  trabalhos da Agenda de Transição da Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro (CAIMBRN), o objetivo principal foi discutir, planejar e organizar a equipe eleita para a nova gestão de 2024 a 2028.

    Gicely Baré – Coordenadora do Departamento de Comunicação da FOIRN. Foto: Joelson Felix DECOM/FOIRN

    Trabalho inédito de transição da diretoria da coordenadoria e diretor de referência da CAIMBRN, uma das cinco coordenadorias regionais da Federação das Organizações Indígena do Rio Negro (FOIRN), com a finalidade de assegurar uma passagem de responsabilidade eficiente, garantindo a continuidade e o desenvolvimento das atividades e projetos em andamento, além de promover a integração e colaboração entre a equipe atual e os recém-eleitos que vão atuar desde uma parte do Município de São Gabriel da Cachoeira, nas áreas de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

    Destacamos que o coordenador regional recém-eleito, Marcos Zedan Catarine indígena do povo Baré, é o segundo mais novo na história CAIMBRN, com apenas 20 anos de idade, natural do município de São Gabriel da Cachoeira, atualmente reside no município de Santa Isabel do Rio Negro, no qual vai assumir essa responsabilidade. A sua trajetória iniciou em 2021 como serviços gerais e atualmente como assistente administrativo na coordenadoria, essa nova função representa uma nova era de liderança jovem na região, trazendo consigo energia, entusiasmo e uma perspectiva aprazível.

    O compromisso e o empenho de Marivelton Baré, liderança que começou a sua trajetória no movimento indígena no médio Rio Negro, na associação de base ACIMRN, são evidentes em todas as suas ações em prol do movimento indígena. Sua liderança inspiradora e dedicada tem sido fundamental para promover a conscientização e a defesa dos direitos das comunidades indígenas ao longo dos anos.

    Como diretor presidente e figura de referência na região, Marivelton Baré tem implementado projetos inovadores e desempenhado um papel fundamental na busca por maior inclusão e equidade para os povos indígenas. Sua trajetória é um verdadeiro exemplo de perseverança e comprometimento, servindo de inspiração para as gerações presentes e futuras.

    Esta transição é uma etapa valiosa para a sustentabilidade e o crescimento contínuo da organização, e envolve a transferência de conhecimento, responsabilidades e planos estratégicos, em um processo cuidadosamente planejado e executado para manter a estabilidade e excelência da gestão.

    Durante este período, foram abordados aspectos importantes para o sucesso da gestão, incluindo a definição de táticas, a distribuição de responsabilidades entre os membros da equipe e a implementação de um plano de ação abrangente que promova a eficiência e a inovação.

    A atividade foi encerrada com a comemoração oficial dos 20 anos da CAIMBRN e a posse da Coordenação Regional. A cerimônia de posse da Coordenação Regional simboliza não apenas a transição de liderança, mas também o compromisso renovado de cada membro com os valores e princípios fundamentais que norteiam a CAIMBRN.

    Importante destacar a participação das seguintes pessoas:

    Marivelton Rodrigues Barroso – Diretor Presidente atual da FOIRN e de referencia da CAIMBRN (2021-2024).

    Carlos Neri – Coordenador regional atual da CAIMBRN (2021-2024) e Novo Eleito como diretor da FOIRN e de referência da coordenadoria;

    Articuladoras de Mulheres, Jovens e Educação;

    Membros da Comissão Fiscal da Coordenadoria;

    Membros que fazem parte do Conselho Diretor da FOIRN. (Eles vão garantir a eficácia e transparência das atividades administrativas, assegurando o cumprimento das responsabilidades financeiras e a conformidade com as normas estatutárias da coordenadoria e da FOIRN.)

    Coordenadores e membros dos Departamentos de Comunicação, Financeiro, Negócios Socioambiental, Jurídico e Educação Escolar Indígena.

    Realização: CAIMBRN e FOIRN.

    Apoio: ALIANÇA PELO CLIMA – APC, BEZOS EARTH FUND AMAZON, NIA TERO, EMBAIXADA REAL DA NORUEGA – ERN E RAINFOREST FOUNDATION NORWAY – RFN.

  • MAIS DE 60 INDÍGENAS PARTICIPAM DA II OFICINA DE ARTESANATOS EM BARCELOS

    MAIS DE 60 INDÍGENAS PARTICIPAM DA II OFICINA DE ARTESANATOS EM BARCELOS

    A Associação Indígena de Barcelos (ASIBA) realiza a II Oficina de Artesanatos entre os dias 08 e 10 de dezembro de 2022, na Quadra Esportiva da Escola Estadual  Padre João Badallote, na praça municipal e conta com mais de 60 pessoas participando, entre eles estão jovens, adultos e crianças, com apoio de parceiros institucional a coordenação local da ASIBA, NACIB e  FUNAI.

    Artesãos (ãs) da sede do município e comunidades que fazem parte do Projeto Fortalecimento Econômico e Sustentável Familiar indígena em Barcelos, com objetivo de realizar oficinas de confecção de artesanatos para geração de renda, apresentado uma proposta de trabalho desenvolvida pelo Projeto Fortalecimento Econômico Sustentável Familiar Indígena em Barcelos desenvolvido pela ASIBA e Núcleo de Arte e Cultura Indígena de Barcelos (NACIB), na cidade e em menor escala com as comunidades. O projeto vai fortalecer a economia indígena e luta pelos direitos pelo território, educação escolar e saúde indígena.

    Projeto esse que foi aprovado pelo Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN), no primeiro edital lançado em 2021 pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), com apoio financeiro da Embaixada Real da Noruega (ERN).

  • Reunião Técnica do Comitê da Piaçava realizado em Manaus,  tratou da situação de piaçabeiros que ainda trabalham em situações análogas às de escravo nos municípios do Rio Negro

    Reunião Técnica do Comitê da Piaçava realizado em Manaus, tratou da situação de piaçabeiros que ainda trabalham em situações análogas às de escravo nos municípios do Rio Negro

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    Em reunião realizada no dia  07/03, em Manaus, na sede da Secretaria de Estado para o Meio Ambiente (SEMA),  instituições que compõe o Comitê da Piaçava, entre elas a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, Associação Indígena de Barcelos (Asiba) e Coordenação Rio Negro/Funai, entre outros assuntos tratou da situação de muitos piaçabeiros que ainda trabalham em situações análogas às de escravo nos municípios do Rio Negro, principalmente Barcelos.

    Leia (publicada em fevereiro de 2016): MPF/AM: empresário de Barcelos está proibido de explorar a cadeia da piaçava sob o regime de aviamento

    Os representantes dos povos indígenas do Rio Negro (Foirn e associações de base presentes) criticaram a falta de reuniões permanentes do comitê que é coordenado pelo SEMA e a ausência de uma agenda de ações permanentes, principalmente a paralisação dos trabalhos iniciados há alguns anos, como projetos pilotos em locais de referência de produção da fibra da piaçava, como é o caso do Rio Unini.

    Diretor da FOIRN, Marivelton Rodriguês Barroso presente na reunião, destacou que na região de Barcelos ainda é necessário promover reuniões nas comunidades para discutir  melhor a organização social para fortalecer e consolidar o processo de fortalecimento e regularização das associações e cooperativas já existentes.

    Sobre a fortalecimento das organizações indígenas, o diretor disse que o governo precisa se adequar e começar a por em prática a Lei 13.019/2014 (que entrou em vigor no dia 01 de janeiro de 2017) que prevê que a União, Estados e Municípios devem investir na formação dos diretores das associações e lideranças indígenas que estão na frente das instituições representativas das comunidades indígenas. “Precisamos chamar atenção do governo para que essa lei seja posta em prática”, disse.

    Nos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira foi recomendado que as ações do comitê levem em conta a realidade e considere as várias iniciativas de produção artesanal com a fibra de piaçava que já são feitas.

    Membro do comitê, o Ministério Público Federal exigiu que o Comitê tenha um plano de ações concreto voltado para atender as demandas sobre o tema, ou terá que judicializar a situação,  caso esse plano não seja apresentado.

    A Foirn e a Coordenação Rio Negro/Funai vão apresentar ao Comitê um plano de capacitação em cooperativismo que será implementado na região do Rio Negro, especialmente em locais considerados prioridade.

    Foi agendada uma próxima reunião no segundo semestre com a participação das prefeituras de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, com a data a ser definida.

    O Comitê da Piaçava  foi criado em 2013, mas, foi em 2014 que começou a funcionar para discutir, propor  e desenvolver ações voltadas para solução de problemas enfrentados por muitos produtos e piaçabeiros na região do Rio Negro, é composto pelas instituições: SEBRAE, SETRAB, SEPROR, MTE, SEJUSC, FOIRN, FUNAI, INCRA, MPF/AM, FPS e FVA.

  • Lideranças Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro debatem desafios do movimento indígena na região, elege nova diretoria e mantêm o diretor atual para próximos 4 anos

    Lideranças Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro debatem desafios do movimento indígena na região, elege nova diretoria e mantêm o diretor atual para próximos 4 anos

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    Grupos de Trabalho durante a VI Assembleia Geral da CAIMBRN. Foto: Acervo FOIRN

    A VI Assembleia Geral da Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro (CAIMBRN), iniciou ao som e coreografia da “dança da mandioca” ou “Maniaca Murací” em Nheengatu, apresentada pelos estudantes e professores da escola  São Tomé da comunidade Cartucho – Médio Rio Negro (no município de Santa Isabel do Rio Negro), no dia 29 de março.

    O evento reuniu até dia 31 de março, representantes de 14 associações de base da região, totalizando cerca de 150 participantes, incluindo representantes de instituições parceiras como o Instituto Socioambiental (ISA), Fundação Nacional do Indígena (CR Rio Negro), Exército Brasileiro (3o Bis/Barcelos) e da FOIRN (departamentos de Educação, Secretaria, Mulheres, Jovens e comunicação).

    Na abertura do evento, Braz França, uma das principais lideranças indígenas do Rio Negro, resumiu a importância do evento para a região do médio e baixo Rio Negro e para o movimento indígena: “É mais um dia pra luta do movimento indígena, vocês devem participar das reuniões da FOIRN, prestem muita atenção nas discussões que vão ser feito aqui, temos que nos concentrar nas discussões do futuro, daqui sairão propostas para assembleia geral da a FOIRN, esse é o momento de avaliarmos o que deu certo na nossa região. Vamos contribuir com os nossos pensamentos e nossas discussões”.

    Ao longo dos três dias de evento, foram discutidas e trabalhadas os seguintes assuntos: Processo de Demarcação das Terras Indígenas de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, -Situação da Saúde Indígena no Rio Negro e ações do movimento indígena na região,  – Educação “Escolar” Indígena na Região do Rio Negro, Desafios e perspectivas, – Extrativismo da piaçaba: situação atual e desafios para organizar a atividade na região,  – Manejo e Ordenamento Pesqueiro na região do Baixo Rio Negro “Situações das comunidades em Barcelos, – Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial das Terras Indígenas “Elaboração dos Planos de Gestão das Terras Indígenas do Rio Negro e monitoramento de políticas públicas”, – Turismo em Terras Indígenas: agenda e desafios para elaborar o plano de visitação e  Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro: Agenda do plano de Salvaguarda.

    Eleição da nova diretoria da CAIMBRN (gestão 2017-2020) e reelege diretor da FOIRN de referência à região do médio e baixo Rio Negro.

    Antônio de Jesus – Coordenador/(Associção Indígena de Barcelos – ASIBA)

    Vamberto Plácido – Vice Coordenador/ (Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas – ACIR)

    Andrônico Benjamim- Secretário (Associação das Comunidades Indígenas do Baixo Rio Negro – ACIBRN)

    Florizada Cruz Pinto – Tesoureira (Associação de Mulheres Yanomami de Maturacá – AMIKUMIRÃ YÕMA)

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    Marivelton Rodriguês, diretor da região do médio e baixo Rio Negro. Foto: FOIRN

    Por unanimidade, foi reeleito para próximos 4 anos atual diretor da FOIRN de referência à região do médio e baixo Rio Negro, Marivelton Rodriguês Barroso, da etnia Baré. Por ser apenas o único nome (re) eleito dessa região para a próxima gestão, irá concorrer a presidência da instituição na Assembleia Geral previsto para o mês de novembro.

    Novos conselheiros para o Conselho Diretor da FOIRN (segundo maior espaço de decisão, depois da assembleia geral), também foram eleitos: Roberto Lopes (AHKÓ ÍWÍ/ACIBRN), Francisco Xavier (AYRCA/AMIK), Carlos Nery (ACIMRN/SIRN) e José Melgueiro (Barcelos (Padauirí/Preto).

    Desafios

    Atualmente um dos principais desafios para o movimento indígena na região é a luta pela demarcação das terras indígena na região do baixo Rio Negro, que se arrasta há anos. E depois vem o Ordenamento Territorial e Pesqueiro na região, que é uma iniciativa já desenvolvida na região, mas, que ainda precisa ser ampliado e fortalecido nos próximos anos.

    Para isso, é considerado fundamental o fortalecimento das associações de base, especialmente a coordenadoria regional, para apoiar e estar presente nas bases para apoiar as ações de fortalecimento.

    Objetivos e metas propostos para assembleia, alcançados.

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    Centro comunitário, local da VI Assembleia da CAIMBRN. Foto: FOIRN

    Tanto por parte dos organizadores, como também pelos participantes convidados, a assembleia foi considerado um sucesso. “Na minha opinião a assembleia foi um sucesso, os objetivos foram alcançados, parabenizo a todos e vamos continuando dessa forma”, afirmou Camila Sobral Barra, do ISA, colaboradora na região do médio e baixo Rio Negro.

    Nas avaliações realizadas ao final do evento, foi novamente reafirmado a importância do evento para o movimento indígena do Rio Negro: ” Avaliar o movimento indígena do Rio Negro, desafios e suas perspectivas, tema tratado neste evento é muito importante pra nossa região, as nossas expectativas estão nesses novos eleitos aqui nessa assembleia, que vão levar os nossos trabalhos pra frente. Parabenizo a todos pela assembleia, quero dizer que com a força e decisão de todos iremos conseguir realizar todos os nossos trabalhos.

    Delegados para Assembleia Geral da FOIRN em novembro: Orlando José de Oliveira (AIACAJ), Sandra Gomes (ACIMRN), Maria Lucilene (ASIBA),  Xavier (AIACAJ), Abrahão de Oliveira França (AHKÓ ÍWÍ),  José de Melgueiro de Jesus (ACIRP), Carlos Alberto Teixeira Nery (ACIMIRN), Francisco Xavier (AYRCA), Roberto Lopes (ACIBRN),  Antônio de Jesus (ASIBA), Cleocimara, Derly, Elcimar, Floriza (AMYK), Anésia (AMYK), Maria Claúdia, Ilma, Laudicéia, Aprigío e Luciano.

    Leia os documentos elaborados na Assembleia:

    A realização das Assembleias Geral e Sub Regional Eletiva da CAIMBRN teve apoio e parceria da FOIRN/CAIMBRN, Comunidades e Associações do Médio e Baixo Rio Negro, ISA, FUNAI/CR RIO NEGRO, H3000, Embaixada Real da Noruega e Aliança pelo Clima.

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  • Reunidos em etapa local da Conferência Nacional de Política Indigenista, lideranças indígena pedem a demarcação imediata das Terras Indígenas no Baixo Rio Negro

    GTs apresentam propostas elaboradas durante a Conferência realizada em Santa Isabel do Rio Negro
    GTs apresentam propostas elaboradas durante a Conferência realizada em Santa Isabel do Rio Negro

    A 2a etapa local da Conferência Nacional de Política Indigenista, realizado entre 28 a 30 de maio na sede do município de Santa Isabel do Rio Negro, reuniu mais de 200 participantes para discutir os principais problemas enfrentados na região do médio e baixo Rio Negro.

    Participaram dessa etapa local representantes dos povos Baré, Tariana, Tukano, Baniwa, Yanomami, Dessana e Piratapuia, vindos das comunidades localizadas nos municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira.

    Com o tema “Avaliando a relação do Estado Brasileiro com os Povos Indígenas no Médio e Baixo Rio Negro”, em três dias, foram discutidos e debatidos vários assuntos, entre estes os Direitos Indígenas, Território e Territorialidade, Direito à verdade e a memória e Desenvolvimento Sustentável.

    A partir da exposição sobre os temas por algumas lideranças indígenas convidadas, os participantes foram organizados em Grupos de Trabalhos para elaborar propostas  de ações dos governos municipal, estadual e federal sobre esses temas.

    As discussões dos temas em GTs possibilitou também os participantes entenderem melhor os temas, pois, para cada GT foi indicado mediadores para esclarecer e tirar as dúvidas sobre os temas.

    E como também aproveitaram esses espaços para apresentar os problemas enfrentados na região e também problemas que envolvem direitos indígenas ou ameaças a esses direitos, como a PEC 2015/2000, para a qual, mostraram indignação e repúdio. Em exposições dos resultados dos GTs os representantes de cada grupo falaram dos principais problemas enfrentados na região e as principais demandas e reivindicações.

    Entre elas a demarcação imediata das três Terras Indígenas no Baixo Rio Negro, nas abrangências dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos. Atualmente as Terras Indígenas: Baixo Rio Negro (Aracá – Padauarí), Jurubaxi Téa e Uneiuxi continuam em andamento, processo que já se arrasta há anos e ainda não foi concluído. 

    Em seus depoimentos, as lideranças falaram da atual situação em que se encontram, vivendo em meio à ameaças e invasões, causadas pela demora do processo de demarcação.

    “A gente existe, também somos gente, o que seria do governo sem nós. Queremos respeito, queremos que o governo nos respeite e saiba que estamos aqui. Queremos a demarcação de nossas terras, não estamos pedindo o que é do governo, estamos querendo o que é nosso por direito. A gente não quer terra para vender, queremos a terra pra sobreviver”.

    “Queremos e precisamos que a nossa terra seja demarcada, estamos sofrendo com os invasores, pescadores, garimpeiros. Por isso pedimos que a demarcação seja feita com urgência, por que, se continuar do jeito que está vai ter conflitos. Já denunciamos aos órgãos competentes  locais mas nunca tivemos respostas”.

    De acordo com as lideranças indígenas, a demarcação das TIs na região do Médio e Baixo Rio Negro significa futuro para as futuras gerações que vivem na região, como também a redução dos vários problemas que enfrentam hoje, como: exploração de mão de obra  que continua através de redes de comerciantes, de patrões de piaçava, de agências de turismo localizadas nas metrópoles e com baixo, quando há, retorno à população local.

    E ainda há invasão de “barcos geleiros”, que são barcos de pescadores que entram nos principais rios, para fazer pescas em grande escala desordenada para fins comercial. Alguns relataram a entrada de garimpeiros e o uso de mercúrio e lixo em diversos rios, há parentes com dívidas impagáveis aos patrões. Diante desses problemas pediram a conclusão imediata dos processos e a demarcação.

    Participantes da conferência  fazem
    Participantes da conferência fazem “pouse” com os certificados de participação em Santa Isabel. Foto: Ray Benjamim/SETCOM-FOIRN

    Ao final houve uma avaliação, foi destacado a importância do evento para a atualização e troca de conhecimentos dos participantes sobre as temáticas da conferência, o fortalecimento do movimento indígena, em busca de melhorias para os povos que vivem na região.

    Outro destaque foi o apoio recebido da prefeitura municipal de Santa Isabel do Rio Negro e da Câmara Municipal, uma aproximação que o movimento indígena vem buscando há vários anos. “É a primeira vez que estamos recebendo apoio e somos recebidos por uma gestão municipal aqui no Rio Negro (em três municípios), é essa aproximação e parceria que estamos buscando concretizar há vários anos”- disse, Marivelton Rodriguês Barroso, diretor da FOIRN, de referência à região do Médio e Baixo Rio Negro.

    Presente no encerramento da conferência, o prefeito de Santa Isabel do Rio Negro, Araildo Mendes do Nascimento (Careca), disse que a causa indígena é coletiva, por isso, fazer parte e apoiar ações do movimento indígena deve ser motivo de orgulho, o que ele quer fazer, pois acredita nessa causa. E disse ainda que, é a obrigação do governo municipal reconhecer que em seu território existem diversos povos indígenas e que, deve-se fazer esforço para garantir que seus direitos sejam respeitadas e cumpridas. Como na abertura, o encerramento contou com a presença de todos os participantes, onde danças tradicionais foram apresentados e palavras de considerações finais foram dadas.

    Lideranças indígenas de etnias diferentes se unem para apresentar dança de carriçu, tradicional dos povos indígenas do Rio Negro
    Lideranças indígenas de etnias diferentes se unem para apresentar dança de carriçu, tradicional dos povos indígenas do Rio Negro

    As etapas locais da Conferência Nacional de Política Indigenista continuam até ao final de julho, a próxima conferência local será realizada em Iauaretê, onde povos que vivem no médio, alto Uaupés e Rio Papuri irão também discutir e debater problemas, demandas e elaborar propostas que serão reunidas com as demais conferências locais, na etapa regional prevista para o mês de agosto em São Gabriel da Cachoeira.

  • CAIMBRN realiza viagem de articulação nas comunidades do Baixo Rio Negro

    Coordenadoria das Associações do Médio e Baixo Rio Negro (CAIMBRN), realizou uma viagem à região do Baixo Rio Negro para apresentar agenda de trabalho para 2015 e atualizar informações sobre a luta pela demarcação de terras e outros temas de interesse dos povos da região. A FOIRN e seus dois departamentos (Mulheres e Jovens) participaram da atividade.

    Comunidade Romão no Rio Aracá. Foto: Marivelton R. Barroso
    Comunidade Romão no Rio Aracá. Foto: Marivelton R. Barroso

           Nos dias 13 a 20 de março de 2015, CAIMBRN realizou a sua viagem de articulação nas comunidades da área de Barcelos junto com as associações: Associação Indígena de Base Aracá e Demini – AIBAD, Associação Indígena de Barcelos – ASIBA e Associação Indígena do Baixo Rio Negro – AIBRNC.

    As comunidades visitadas foram: Bacabal, Romão, Elesbão ( Rio Aracá), Cauburis (Rio Negro abaixo de Barcelos) e São Roque ( Rio Caurés).

    A viagem teve a participaçao do Diretor Marivelton Rodrigues Barroso – referencia da região, do vice-coordenador da CAIMBRN Andronico Benjamim da Silva, vicecoordenadora do departamento de mulheres da FOIRN Francinéia Fontes, Coordenadora do departamento de adolescentes e jovens da FOIRN Adelina de Assis Sampaio, Presidente da ASIBA Benjamim de Jesus, secretaria da ASIBA Luziane Celso de Melo e Coordenadora Local do DSEI em Barcelos Narley Cabral.

    O Objetivo da viagem foi articular com as associações apresentar o planejamento anual da coordenadoria, entregar boletins informativos da FOIRN, mobilizar as comunidades para a participação na realizaçao da Assembléia Eletiva da ASIBA que aconterá nos dias 10 e 11 de abril na comunidade de Cumarú.

    Nas reuniões nas comunidades foram apresentadas pelo Diretor apresenta o plano estrategico da FOIRN, e as prioridades para discução na região e principalmente Médio e Baixo Rio Negro, na regularização fundiaria das TIs, Ordenamento e manejo pesqueiro, Educação Escolar Indígena, Extrativismo de Piaçaba, Fortalecimentos das Associações, Saúde Indígena, Politica Nacional de Gestão Ambiental e Territorial – PNGATI, Fortalecimento da Politica do Departamento de Juventude e Mulheres da FOIRN, e sobre os desafios diante da conjutura atual dos povos indígenas do Brasil e para o processo de demarcação das Terras Indígenas.

    Para as lideranças do rio aracá a invasão de suas areas tem continuado por inumeros barcos pesqueiro que desrespitam as suas areas de uso tradicional de pesca de subsistencia, levando a muita escacez de peixe pelos anos que se passa com essa atividade, lutamos pela demarcação de nosso territorio para possamos viver bem em nossas comunidades e possamos garantir o usufruto exclusivo para as nossas futuras gerações fala João Leandro – vice-presidente da Associação Indígena de Base Aracá e Demini – AIBAD.

    Com a presença de representantes do DMIRN e DAJIRN nas comunidades as populações locais colocaram em destaque em suas falas e reivindicações mais apoio para as mulheres e a juventude hoje também são o presente e o futuro de nosso movimento para estarem levando a nossa política e buscando a melhoria para o bem viver nas comunidades.

    Comunidade Bacabal do Rio Aracá.
    Comunidade Bacabal do Rio Aracá.

    A Coordenadoria durante esses anos tem se visto mais presente do que em anos anteriores que não era tão conhecida por suas base e hoje se tem o conhecimento do qual o seu objetivo no acompanhamento na assessoria para as atividades nas bases, além de apresentar o planejamento anual da CAIMBRN o vice coordenador Andrônico Benjamim da Silva fala da importância da contribuição anual das associações com a criação do FUNDO WAYURI que foi criado como investimento das associações onde todas as associações devem contribuir como uma forma de fortalecimento do movimento Indígena do Rio Negro e temos um prazo de 04 meses para regularizar conforme a deliberação da reunião do Conselho Diretor da FOIRN realizado em fevereiro.

    As comunidades falaram da importância de realização da assembleia da ASIBA, para o seu fortalecimento e atuação junto às comunidades, agora como uma subsede da CAIMBRN em Barcelos.

    Colaborou Marivelton R. Barroso (Diretor da FOIRN).

  • Assembleia da CAIMBRN discute valorização dos conhecimentos tradicionais e repudia ataques aos direitos indígenas em Barcelos/AM

     

    A FOIRN através das 5 Coordenadorias Regionais está realizando assembleias nas regionais para discutir e propor ações junto com os parceiros e instituições locais para os principais problemas e desafios enfrentados hoje pelos povos indígenas do Rio Negro.

    Neste ano, o tema principal em debate no Rio Negro é “Valorizando Conhecimentos Tradicionais e a Conservação da Biodiversidade”, com a proposta de buscar caminhos que as associações, as coordenadorias e a própria FOIRN deve trilhar para que os conhecimentos relacionados ao uso dos recursos naturais e a própria forma de viver e de se relacionar com a natureza, que são fundamentais para a conservação da biodiversidade, continuem fortalecidos.

    Dessa vez, entre 30 de julho a 01 de agosto, foi a Coordenadoria das Associações Indígenas do Baixo e Médio Rio Negro (CAIMBRN) que realizou sua V Assembleia Regional Ordinária. Onde mais de 80 participantes, entre estes, lideranças representantes de 11 organizações Indígenas e de instituições parceiras como ISA, FUNAI, IPHAN, Cimi, FVA apresentaram as atividades realizadas direcionadas ao tema central da assembleia.

    Experiências e ações

    As experiências iniciadas por algumas organizações indígenas junto com a FOIRN e parceiros foram apresentadas. A ACIBRN (Associação das Comunidades Indígenas do Baixo Rio Negro), sediada na comunidade Tapuruqura Mirin – médio Rio Negro, apresentou a inédita experiência de construção participativa de um modelo de Turismo de Pesca Esportiva a ser desenvolvido no Rio Marié, prevista para entrar em operação ainda esse ano. A ACIR (Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas) apresentou o trabalho que está sendo organizado para extração da borracha e a participação como parceira e colaboradora na construção com as organizações indígenas do Alto Rio Negro nesse mesmo processo e proposta de trabalho.

    A ACIMRN (Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro) apresentou em parceria com o IPHAN no processo de criação dos “Conselhos da Roça”, que faz parte de uma série de ações de salvaguarda do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SAT-RN), uma discussão que também está sendo feita em outras regionais. O objetivo é que esse espaço (Conselho) sirva para compartilhamento e transmissão de conhecimentos relacionados ao SAT-RN.

    Ordenamento Pesqueiro e Cadeia de Produtiva da Piaçava no Rio Xié também foram temas de exposição durante o evento. O primeiro tema debatido foi o levantamento realizado pela ACIMRN e ASIBA (Associação Indígena de Barcelos) em parceria com a FOIRN e ISA, um trabalho que já resultou em publicações como a série “O que fazer para o peixe não acabar”. O segundo, apesar de ser uma proposta em processo no Alto Rio Negro, sobretudo no rio Xié, foi exposto, pois, a piaçaba é uma das atividades realizadas no Baixo Rio Negro, principalmente no município de Barcelos.

    Carta de repúdio ao ataques aos Direitos Indígenas em Barcelos

    Um dos encaminhamentos feitos na V Assembléia Regional foi a moção de repúdio contra ataques aos direitos indígenas que se tornou freqüente através de mobilizações, notas públicas e publicações em meios de comunicação, feitas por organizações não-governamentais constituídas em associações de classe, como de pescadores, patrões de piaçaba e de operadores de turismo, contrárias à demarcação das terras indígenas. Estas associações negam a identidade étnica e incitam o ódio aos povos indígenas, o desrespeito aos direitos originários garantidos constitucionalmente, com o fim de que as terras indígenas não sejam demarcadas e os índios não possam exercer o seu direito de uso livre dos recursos naturais para a sobrevivência e bem viver na região.

    O documento diz ainda:, “estes ataques contêm mentiras e incitam a prática de crimes contra nossos parceiros e aliados, como a ameaça de morte feita a um voluntário que trabalha conosco, visando impedir que continuemos a receber apoio para realizar os nossos trabalhos em favor das comunidades indígenas localizadas na calha do Rio Negro, especificamente no município de Barcelos”.

    A carta finaliza com o pedido de medidas por parte dos órgãos públicos federais para garantir a integridade física das lideranças e dos parceiros e aliados do movimento indígena do Rio Negro. Leia a carta no linka abaixo:

    http://zip.net/blpcZG

    Organizações Indígenas que participaram da V Assembleia da CAIMBRN em Barcelos.

    – Associação Indígena de Barcelos (ASIBA).

    – Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN).

    – Associação Indígena AHKOIWI (Água e Terra).

    – Associação das Comunidades Indígenas do Baixo Rio Negro (ACIBRN).

    – Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas (ACIR).

    – Associação Indígena da Área de Canafé e Jurubaxi (AIACAJ)

    – Associação das Comunidades Indígenas do Rio Preto (ACIRP).

    – Associação Indígena de Floresta e Paudauri (AIFIP).

    – Associação de Base Demini e Aracá (AIBAD).

    – Associação Indígenas do Baixo Rio Negro e Caurés (AIBRNC).

    – Núcleo de Arte e Cultura Indígena de Barcelos (NACIB)*

    * – A proposta de adesão foi apresentada e aprovada na Assembleia, a partir de agora passa a fazer parte das organizações Indígenas filiadas à FOIRN, coordenadas pela CAIMBRN.

     

  • Seminário local de Educação Escolar Indígena é realizado no município de Barcelos (AM)

    Representantes da comunidade São Francisco, do Rio Jurubaxi apresentam a situação atual da escola e as demandas durante o Seminário de Educação Escolar Indígena realizada em Barcelos.
    Representantes da comunidade São Francisco, do Rio Jurubaxi apresentam a situação atual da escola e as demandas durante o Seminário de Educação Escolar Indígena realizada em Barcelos.

    A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), em parceria com o ISA, realizaram, entre 14 e 16/5, um seminário de Educação Escolar Indígena, em Barcelos, no noroeste do Amazonas.

    O evento reuniu 50 representantes de 12 comunidades indígenas do município, incluindo professores, pais, alunos e lideranças Baré, Baniwa, Tukano, Caxinawá, Tuyuka, Macuxi, Ticuna e Arapasso, além de integrantes da Coordenadoria das Associações Indígenas do baixo Rio Negro (CAIMBRN), Associação Indígena de Barcelos (Asiba) e Setor de Educação Escolar Indígena da Secretaria Municipal de Educação de Barcelos.

    O seminário é o sétimo do projeto “Seminários de Educação Escolar Indígena”, lançado em janeiro, na Casa do Saber da Foirn, no âmbito da política do Território Etnoeducacional e dentro da perspectiva da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). A iniciativa tem como objetivo realizar um diagnóstico sobre a educação escolar indígena nas cinco regiões administrativas do Rio Negro, além de promover o intercâmbio de experiências, propor melhorias e inovações de infraestrutura, metodologias de ensino, formação de professores indígenas, elaboração de projetos políticos pedagógicos indígenas e, de forma mais ampla, aprofundar a discussão político-filosófica da educação escolar indígena e suas especificidades na região.

    Durante os três dias do encontro em Barcelos, professores e lideranças indígenas apresentaram suas experiências com a escola e suas expectativas em relação à educação escolar indígena. Grupos de trabalhos discutiram a situação atual das escolas e suas principais demandas. Todas as atividades realizadas por eles serão sistematizadas, compondo um documento que será entregue ao Ministério da Educação, Secretaria Estadual de Educação e Secretaria Municipal de Educação. O objetivo é fechar um pacto interinstitucional e intercomunitário para garantir as escolas indígenas nas comunidades, respeitando os processos próprios de ensino e aprendizagem de cada uma.

    Descaso

    Um dos principais temas debatidos foi o descaso do município em relação à educação escolar indígena. Segundo os participantes, o discurso da prefeitura é o de que apenas os Yanomami podem ser considerados indígenas – ainda que nem os próprios Yanomami tenham escolas reconhecidas pelo município – ao passo que as outras etnias vêm sendo desconsideradas. Os indígenas também reclamaram que a secretaria municipal de educação costuma informar às comunidades que apenas as terras demarcadas teriam direitos relacionados às escolas indígenas.

    No seminário, esclareceu-se que todos os povos indígenas, independente de ter suas terras demarcadas ou não, têm o direito garantido por lei a uma educação escolar indígena específica e diferenciada, ou seja, com uma escola voltada para cada povo indígena e pensada por cada povo, entendendo que cada grupo étnico possui cultura própria. Participantes lembraram que a secretaria municipal de educação não pode definir quem é ou não indígena para reconhecer uma escola indígena, cabendo apenas aos grupos e comunidades o direito à autoidentificação.

    Os participantes avaliaram que o encontro foi muito importante porque eles desejam valorizar as culturas e as línguas de cada grupo étnico em suas comunidades. Há grupos Tukano, Baniwa, Baré, Dessano e Arapasso, por exemplo, convivendo em uma mesma comunidade. De acordo com os indígenas, é importante que eles aprendam a chamada “língua geral” em sala de aula e dentro da família, mas de forma que ela não tome o espaço de outras línguas faladas em suas comunidades, como o tukano e o baniwa. Eles observaram essas línguas devem ser trabalhadas em sala de aula, mas também de acordo com cada grupo étnico e, sobretudo, dentro de casa.

    Depoimentos

    “É de muita importância discutir a educação escolar indígena, que é um desafio para todos nós. Nós estamos revitalizando a educação indígena, que é diferente da educação escolar indígena, que é diferente da educação diferenciada. Nós sabemos que cada um de nós tivemos educação indígena, nossa cultura, nosso modo de vida, também na língua. Estamos esquecendo a cultura de nossos ancestrais, nossos pais, mas hoje sabemos que a gente pode, paralelamente, trabalhar a pedagogia intercultural nas escolas urbanas também. É um desafio para cada professor entender a complexidade de cada aluno, no âmbito social, cultural, histórico, étnico e econômico. Temos que entender que estamos lidando com seres humanos de várias classes sociais e etnias. Já participei de conferências que trataram da educação escolar indígena. Os debates, ideias são importantes porque, aos poucos, podemos formatar um núcleo de educação escolar indígena em nossa secretaria, que possa funcionar.

    Renato dos Santos Batista Baré, professor indígena.

    “Barcelos passa por momentos importantes, relacionados à demarcação de terras indígenas. Temos conflitos, grandes, mas aqui, hoje, o centro é educação. Ninguém promove mudança na sociedade sem passar pela educação. O que vamos fazer aqui é discutir a educação escolar indígena. Muito se fala, mas pouca experiência nós temos. Nós travamos essa discussão e aos poucos se vai avançando e hoje percebemos, que nossas escolas da zona rural, nossos professores começam a compreender o que é uma educação diferenciada. Nós queremos, para Barcelos, uma escola que atenda as especificidades, uma escola que promova a cidadania. Vamos aproveitar, é o momento de começarmos a construir efetivamente uma proposta de educação escolar indígena em Barcelos, Santa Isabel e reforçar a educação escolar indígena em São Gabriel.”

    No encontro, os participantes relembraram a história das escolas na região. De acordo com eles, as primeiras foram implantadas há 100 anos, por meio do internato salesiano. Antes disso, as crianças aprendiam com seus pais, avós e tios aquilo que lhes era essencial para viver bem em seu grupo local, no momento certo. O aprendizado acontecia na prática e no cotidiano. Primeiro observando e, depois, fazendo.

    Ainda segundo os indígenas, o modelo convencional de escola tirou da criança e do jovem a oportunidade de aprender fazendo, ainda que eles considerem de grande importância o aprendizado da escrita e da língua portuguesa e, recentemente, da “língua geral”. O interesse pela escola indígena veio a partir do momento em que eles perceberam ser possível fortalecer as culturas indígenas, respeitando seus espaços de produção de conhecimento e aprendendo sobre os conhecimentos dos brancos e de outros povos. Os participantes comentaram que, para haver um diálogo intercultural, os conhecimentos da sociedade envolvente não podem se sobrepor às ciências indígenas e que a escola indígena tem um papel importante nesse processo, sobretudo para compreender que a ciência ocidental não é única e soberana.

    Por Lirian Monteiro/ISA

    Publicado no blog do Instituto Socioambiental.

     

  • Queremos nossas Terras Demarcadas!

    Jovem do município de Barcelos durante a Assembléia Geral do Departamento de Jovens e Adolescentes em São Gabriel da Cachoeira, em 2013.
    Jovem do município de Barcelos durante a Assembléia Geral do Departamento de Jovens e Adolescentes em São Gabriel da Cachoeira, em 2013.

    A FOIRN é formada pelos povos indígenas do Baixo, Médio e Alto Rio Negro há 27 anos, são mais de 20 etnias ocupando uma região extensa, de alta sociobiodiversidade. Nesta trajetória, as palavras ‘Terra’ e ‘Cultura’ têm servido de guias na luta pelos direitos de nós povos indígenas. A demarcação, como trâmite governamental, de nossos territórios forma uma história complexa – com mineradoras, exército, missões, seringais, piaçavais, regatões – desde a década de 1970 e em abril de 1998 o presidente da FUNAI apresentou em nossa maloca os decretos de homologação das Terras Indígenas: Médio Rio Negro I; Médio Rio Negro II; Rio Teá; Rio Apapóris e; Alto Rio Negro.

    Esta foi uma conquista muito celebrada e que puxou novos desafios como a gestão de nossos territórios e que carrega resultados como a conservação ambiental, as propostas e implementações de escolas com educação diferenciada pelos próprios povos indígenas, alternativas econômicas locais e atendimento diferenciado à saúde. Porém, nossos territórios de ocupação tradicional não foram todos demarcados e urgentes problemas são causados por isso.

    Os povos indígenas que vivem na região dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos ainda lutam pela demarcação. Não que esta luta seja mais recente da região já demarcada, mas que enfrenta grande resistência por atores que influenciam econômica e politicamente uma frente contra a demarcação. Há desde 1998 pedidos formais para a demarcação registrados no Ministério Público Federal. Até hoje não foram atendidos, afinal, assim a exploração de mão de obra continua através de redes de comerciantes, de patrões de piaçava, de agências de turismo localizadas nas metrópoles e com baixo, quando há, retorno à população local. As escolas continuam se distanciando dos conhecimentos que formaram e mantêm as riquezas da floresta e constituem nosso bem viver na região. Tampouco as escolas trazem condições para fazer entender os conhecimentos atuais. Em lugares onde antes havia malocas e conhecedores tradicionais, hoje se encontra pequenas construções de alvenaria mal planejadas, quentes e mal ventiladas com professores mal pagos e sem estrutura. Há mercúrio e lixo em diversos rios, há parentes com dívidas impagáveis aos patrões, há prostituição, há falta de atendimento especializado à saúde. É contra isso que a demarcação luta.

    É então com esperança que a FOIRN vê a ação tomada pelo Ministério Público Federal do Amazonas dia 19/03/2014. O órgão entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal, com pedido de liminar, para obrigar a União e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) a concluírem, no prazo de 45 dias, o processo administrativo que trata da demarcação de terras ocupadas pelos povos indígenas do Médio e Baixo Rio Negro, nos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

    O gargalo atual para que possamos dar seguimento à demarcação nesta região são os estudos que devem ser entregues pelos Grupos Técnicos de Identificação de Terras Indígenas. Reivindicamos com urgência estes estudos para que possamos continuar a luta com vistas ao bem viver dos povos indígenas do Rio Negro. Não só reivindicamos como já articulamos e realizamos etapas de pesquisa em campo com os responsáveis. Damos todo o apoio e garantimos as condições para que os estudos possam ser participativos e legítimos, mas a responsabilidade dos estudos e seu posterior trâmite administrativo deve ser assumida por quem está à frente dos Grupos Técnicos.

    Acompanharemos assim esta liminar e que nossos parentes conquistem esta etapa. Os 45 dias se encerram no início de maio.

    Leia mais:  MPF exige demarcação imediata de terras indígenas nas regiões do Médio e Baixo Rio Negro (Portal Acrítica).