Categoria: COITUA

  • Coordenadorias Regionais da FOIRN avaliam atividades de 2014 e planejam ações para 2015

    Coordenadores Regionais apresentam em paneis as principais realizações de 2014. Foto: SETCOM/FOIRN
    Coordenadores Regionais apresentam em paneis as principais realizações de 2014. Foto: SETCOM/FOIRN

    Para avaliar as ações realizadas em 2014 e planejar atividades para 2015, foi realizado no espaço público do Instituto Socioambiental – ISA, em São Gabriel da Cachoeira (AM), o Seminário de Avaliação e Planejamento das Coordenadorias Regionais (CRs),  reuniu entre 3 a 6 de fevereiro, cerca de 30 participantes, entre estes, diretores da FOIRN, Coordenadores Regionais e associações de base.

    A atividade faz parte das atividades do Projeto de Fortalecimento Institucional das Coordenadorias Regionais da FOIRN apoiado financeiramente pela Embaixada Real da Noruega – ERN (saiba mais sobre o Programa de Apoio aos Povos Indígenas da ERN), e, executado pela FOIRN em parceria com o ISA, que teve o primeiro seminário realizado em setembro de 2014.

    No primeiro dia, as Coordenadorias Regionais expuseram em cartazes as principais atividades realizadas em 2014 nas linhas de ações: – Fortalecimento Institucional e Desenvolvimento Regional Indígena Sustentável.

    Atividades como implantação de novas estações de radiofonia, construção e reformas de sedes, realização de assembleias sub-regionais, participação e apoio às associações de base para realização de suas assembleias são ações na linha de fortalecimento institucional. E na linha de Desenvolvimento Regional Indígena Sustentável são atividades que as CRs apoiam ou participam, como é o caso da Pimenta Baniwa pela CABC, Pesca Esportiva Sustentável pela CAIMBRN entre outras.

    Em 2014, as coordenadorias COIDI e CAIMBRN realizaram as reformas de sedes existentes (no caso da CAIMBRN, são consideradas sedes da coordenadoria os prédios das associações ACIMIRN – Santa Isabel e ASIBA – Barcelos, deliberado em Assembleia Sub-regional como associações de referência da CAIMBRN). E a CABC iniciou a construção, como também da COITUA, com previsão de inauguração para o primeiro semestre deste ano. Apenas a CAIARNX conseguiu inaugurar sede em 2014.

    Após a apresentação das ações realizadas, foi feita uma avaliação dos relatórios de atividades das CRs pelos representantes da ERN, Luciano Padrão e Patrícia Benthien, que de acordo eles, são “muito bons”. Mas, que devem melhorar em alguns aspectos, como, na organização de atividades realizadas, nas linhas mencionadas acima.

    Participantes em Gts durante Seminário de Avaliação e Planejamento. Foto: SETCOM/FOIRN
    Participantes em Gts durante Seminário de Avaliação e Planejamento. Foto: SETCOM/FOIRN

    Para a elaboração do planejamento 2015, foi feito uma análise do contexto atual do movimento indígena, do local ao nacional, com objetivo de prever oportunidades e ameaças. Discutir quais acontecimentos que possivelmente podem interferir nas ações da FOIRN e das CRs, seja de forma positiva ou negativa. Dois dos temas levantados, considerados como ameaças, são: a possível implantação do Instituto Nacional de Saúde Indígena e o desarquivamento da PEC 2015, como anunciada essa semana. Entre as oportunidades levantadas está a PNGATI.

    O exercício de reflexão e debate sobre os temas relevantes no contexto atual, faz parte da proposta de formação das lideranças, que também é um dos objetivos do seminário.

    Se em 2014, os esforços e investimento foram direcionados para a realização de assembleias sub-regionais e construção e reforma de sedes (que vão continuar), em 2015 o esforço será direcionado à articulação e mobilização das bases.

    Envolver mais as associações de base, mulheres e jovens indígenas nas ações de fortalecimento institucional. Pois, durante o seminário, todos os participantes concordaram que “uma Coordenadoria Regional verdadeiramente forte, é aquela que envolve em suas ações, conhecedores tradicionais, jovens e mulheres”.

    Mais jovens e mais mulheres participando

    No último dia, os Departamento de Mulheres e Juventude da FOIRN foram temas de discussão pelos participantes. Como incluir mais mulheres e jovens nas ações das CRs da FOIRN? Foi apresentado o histórico e as principais ações desses departamentos desde que foram incorporadas à FOIRN (conquista do movimento de jovens e mulheres do Rio Negro), e como também foram relatados as dificuldades e os desafios atuais, uma delas, a importância de envolver mais esses públicos nas ações das CRs.

    A avaliação do seminário foi bastante positiva, de acordo com os participantes, destacaram em suas avaliações (feita em grupos – representados por um integrante), a exposição dos trabalhos em painéis, a introdução da pauta gênero no seminário, entusiasmo e participação ativa e intercâmbio entre as CRs. E no próximo seminário, previsto para outubro, foi recomendado o maior numero de participantes mulheres e jovens e uma relatoria exclusiva para sistematizar os produtos do seminário.

  • COITUA realizou Assembleia Geral em Pari Cachoeira – Rio Tiquié

    “Valorizando o Conhecimento Tradicional e Conservação da Biodiversidade dos Povos Indígenas da região da COITUA – Rio Negro”, foi o tema da Assembleia que reuniu nos dias 2 a 5 de julho, em Pari Cachoeira – alto Tiquié cerca de 160 participantes representantes de 12 associações de base da região do Baixo Uaupés e Tiquié.

    COITUA

    A Coordenadoria das Organizações Indígenas do Tiquié, Uapés e Afluentes – COITUA, realizou a XI Assembleia Geral para discutir temas de interesse da região de atuação junto com as comunidades locais e associações de base que compareceram ao evento.

    O que fazer para fortalecer o diaólogo entre as associações de base e coordenadorias regionais, por sua vez com a FOIRN?  Para lideranças que participaram da reunião, a comunicação entre a Federação e as bases precisa ser fortalecido, e o mediador nesse processo que é a coordenadoria deve se fortalecer. “Algumas vezes, os conselheiros que vão para as regiões que acontecem na cidade, não repassam informações do que foi discutido lá”- disse Lucas, de Taracúa.

    Para isso, a COITUA irá elaborar junto com as associações de sua abrangência e propor metodologia e metas para serem alcançadas daqui pra frente.

    Entre os assuntos mais discutidos foi a saúde indígena. “Já realizamos vários eventos onde saem as propostas, mas, na prática não avançamos, continuamos com os mesmos problemas. Por isso, temos que avaliar e discutir de forma participativa para cobrar daqueles que precisam melhorar para fazer as coisas acontecer”- disse Nildo Fontes, Diretor da FOIRN da referência à região da COITUA.

    A Jocimara ACIS (Agente Comunitário Indígena de Saúde), relatou que os problemas continuam sendo uma realidade, apesar de muitos avanços nas discussões, mas, pouco melhorou lá nas bases. “Levamos ralho por causa de poucos medicamentos, mas não temos culpa, remédio controlado (chega vencido), tratamento de microfilária (não tem remédio), falta de materiais de curativo (não tem nada), falta de motor de urgência e emergência (motor de 60 e demais que foram), falta de combustível, soro anti-ofídico (não tem), um exemplo disso, foi uma paciente que sofreu esse acidente, foi medicada com remédio caseiro. Muitas vezes não atendemos os paciente por falta de medicamentos. A culpa não é nossa”.

    Ações desenvolvidos atualmente pela FOIRN com alguns instituições parceiras como o Mapeo, o PGTA/Formação de Lideranças, Sistema Tradicional Agrícola do Rio Negro (Conselhos da Roça) foram expostos durante o evento. Lideranças de associações enfatizaram a importância dessas ações para o fortalecimento da cultura e a valorização dos processos de transmissão de conhecimentos tradicionais, não apenas relacionados à roça (referindo-se todo conhecimento de relacionado), mas, como também de outros conhecimentos.

    Informações atualizadas sobre o Instituto de Conhecimentos Indígenas e Pesquisas do Rio Negro (ICIPRN) e os encaminhamentos finais do Seminário Rio Negro de Educação e o Plano de Ação do Territorio Etnoeducacional Rio Negro revisado e repactuado foram apresentados aos participantes.

    Os departamentos de Educação, de Adolescentes e Jovens da FOIRN apresentaram ações e plano de trabalho no evento, que também contou com a presença do Domingos Barreto – Coordenador/FUNAI-CRRN.

    As assembleias das Coordenadorias Regionais são eventos que além de reunir as associações de base para discutir assuntos de interesse da regional, define também nomes de vinte participantes que irão para a Assembleia Geral da FOIRN previsto para mês de novembro.

  • II Seminário Interno de Educação Escolar Indígena foi realizado em Taracúa.

    Participantes do II Seminário de Educação Escolar Indígena em Taracúa - Médio Waupés.
    Participantes do II Seminário de Educação Escolar Indígena em Taracúa – Médio Waupés.

    O evento

    Cerca de 150 participantes entre estudantes, gestores de escolas, professores, pais e mães e lideranças das associações se reuniram em Taracúa – Médio Waupés, nos dias 28 de fevereiro a 02 de março, para avaliar e propor melhorias no campo da educação escolar indígena.

    Dessa vez, o projeto “Seminários de Educação Escolar Indígena” reuniu as comunidades do baixo, médio e rio Tiquié, no final de fevereiro e inicio de março, na comunidade Taracúa Médio Waupés.

    Depois do I Seminário Interno de Educação Escolar Indígena realizado em Itapereira,  no médio rio Negro, foi a vez, da COITUA (Coordenadoria das Organizações Indígenas do Tiquié e Uapés), mobilizar as comunidades e associações de abrangência para tratar especificamente a educação escolar, seguindo a mesma proposta e programação do primeiro seminário realizado no final de janeiro.

    Os primeiros dois dias do evento, foram de apresentações de experiências das escolas da região presentes, que teve a exposição da experiência de educação escolar na região do Içana.  Como também foram feitas apresentações sobre a legislação sobre o tema e sobre o PNGATI. E ao final do segundo dia, foram formados grupos de trabalhos (GTs) por escolas para a elaboração de um diagnóstico das escolas e da situação atual da educação escolar indígena na região, bem como elaborar propostas de melhoria, que foram apresentadas no ultimo dia.

    “A briga é com  o sistema”.

    Professor Geraldino Pena Tenório durante o Seminário de educação escolar indígena em Taracúa.
    Professor Geraldino Pena Tenório durante o Seminário de educação escolar indígena em Taracúa.

    As principais e mais conhecidas escolas indígenas das etnias Tukano e Tuyuka estão localizadas na região de abrangência da COITUA. A Yepa Mahsã no baixo, Taracúa no médio e Utapinopona no Tiquié. Todas elas, tem suas experiências relatadas no livro “Educação Escolar Indígena no Rio Negro 1998-2011– Lições Aprendidas”, lançada pela parceria FOIRN/ISA em 2012, exceto a escola de Taracúa.

    A educação escolar na região do médio waupés, não é recente. Deu inicío com a  implantação da missão salesiana ainda nos meados da década de 1920. Mas, a proposta e os objetivos voltados para uma prática de educação escolar que respeite e valorize a cultura dos povos de lá é recente, não passa de uma década. Um exemplo dessa transformação ou conquista, é a gestão da escolar hoje, o quadro de professores incluíndo o gestor são da própria comunidade.

    Se a experiência relatada pelos professores e lideranças de Taracúa, foi de luta pela autonomia de gestão e de práticas pedagógicas diferenciadas, a experiência Tuyuka  mostrou que quando se inicia uma experiência diferenciada a briga é ainda maior, é a luta é contra o sistema educação, exposta explicitamente nos depoimentos da maioria dos professores e lideranças Tuyuka.

    Para o atual dirigente da AEITU (Associação da Escola Indígena Tuyuka Utapinopona), Geraldino Pena Tenório, devido às exigências impostas pelo sistema municipal de educação, a Escola Tuyuka nos últimos dois anos, passou a “seguir” e obedecer o sistema, o que para ele é um retrocesso na política de educação escolar indígena. “O sistema de educação é tão forte que enfraquece a a nossa política de educação escolar, desrespeita a proposta de trabalho elaborado em conjunto com a comunidade, portanto, um projeto político pedagógico que tenha a ver com que somos, com nossos conhecimentos e práticas tradicionais, como aqueles que são importantes para a preservação da natureza e da terra, de onde tiramos o que precisamos para o nossos bem-viver”, diz o professor e presidente da AEITU.

    “Experiências de que é possível fazer o diferente já temos. O que queremos é diálogo com o governo, sobre o que queremos, é isso que estamos fazendo aqui, reunindo experiências acumuladas, compartilhando entre nós as dificuldades e os problemas, para saber o que precisamos melhorar internamente e conversar a partir de nossas demandas com o governo”, comenta Higino Pimentel Tenório, liderança Tuyuka.

    “A discussão e o diagnóstico ampliado é importante para melhorar e trocar experiência”.

    A maioria das lideranças e professores indígenas destacaram a importância da realização de um seminário com a proposta de ampliar a discussão e o diagnóstico situacional da educação escolar indígena no rio Negro.

    “Experiências e práticas pedagógicas diferenciadas já realizamos aqui na nossa escola, o que precisamos é conhecer as experiências de outras escolas indígenas para animar e fortalecer as nossas atividades”, disse a professora Enegilda Maria Barbosa.

    “A discussão da educação escolar indígena está parada a nível do rio Negro, precisou-se desse momento para avaliar o que avançou, e o onde está a dificuldade, os problemas, para poder avançar”- disse o gestor da Escola Indígena Sagrada Coração de Jesus de Taracúa, professor Armando da Silva Menezes.

    Rio Negro perde um líder e incansável lutador em defesa pela educação escolar indígena

    O presidente da Associação dos Professores Indígenas do Alto Rio Negro – APIARN, participou do II Seminário Interno de Educação Escolar Indígena em Taracúa, e na volta, no dia 02/03, faleceu em um acidente de viagem, quase próximo de São Gabriel da Cachoeira.

    A morte de Luis Carlos dos Santos Luciano abalou todos, muitos postaram em suas páginas nas redes sociais a luta e a incansável busca pela melhoria para a categoria de professores e bem como para a educação escolar indígena. “O unico objetivo das suas lutas era uma Educação de qualidade para as Escolas Indígenas, salários justos para os professores, lutava pelos direitos dos professores, participava de todos os eventos relacionados a educação, não importava a data nem o local. Infelizmente foi numa dessas viagens que ele não voltou mais. Vc ficará em nossas lembranças!”- escreveu a pedagóga Waldete Reis Andrade.

    Próximos passos

    O próximo seminário de educação escolar indígena está prevista para os dias 17 a 19 de março, e vai reunir professores, lideranças, estudantes entre outros, da região do Alto Waupés e Rio Papurí.