Categoria: Coordenadorias

  • Notícia do Curso de Formação de Lideranças Indígenas do Rio Negro

    Por Ivo Fernandes Fontoura (*)

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    O II Curso de História sobre Alto, Médio e Baixo Rio Negro e I Módulo de Formação de Lideranças Indígenas do Rio Negro aconteceu na comunidade de Canafé no município de Barcelos no período de 16 a 21 de outubro de 2013 totalizando uma carga horária de 40 horas. Nesse curso participaram 15 lideranças em formação – representantes das cinco coordenadorias (CABC, CAIARNX, CAIMBRN, COIDI e COITUA), lideranças e representantes do médio e baixo rio Negro, comunitários de Canafé entre jovens e adultos, a equipe da coordenação do curso juntamente com Diretor de referencia da região da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN: o Sr. Marivelton Rodrigues Barroso, o Sr.: Renato Martelli Soares e Srª.: Lirian Ribeiro Monteiro ambos do Instituto Sócioambiental – ISA, os professores colaboradores: Sr.: José Ribamar Bessa Freire (Universidade Estadual do Rio Negro de Janeiro), Geraldo de Sá Pinheiro (Universidade de Porto/Portugal), Sr.: Bráz de Oliveira França (Liderança Indígena – Ex-Presidente da FOIRN) e Sr.: Maximiliano Correa Menezes (Coordenador do Departamento de Educação da FOIRN e Presidente da COIAB), representantes das ONGs e pesquisadores. No total participaram em média 54 pessoas.

     O objetivo da oferta deste curso na comunidade de Canafé foi de que os participantes e os cursistas conhecessem o processo histórico de ocupação da região do rio Negro pelos europeus e os impactos causados na vida dos povos indígenas, principalmente a transformação social e cultural ocasionado pelas diferentes frentes de expansão e de dominação territorial o que forçou os indígenas a se adequarem aos costumes luso-europeus embora havendo resistência. Para essa primeira parte do curso, tiveram papel fundamental os historiadores: José Ribamar Bessa Freire e Geraldo de Sá Pinheiro, convidados que puderam contribuir com os conhecimentos construídos a partir de suas pesquisas, analisando a literatura historiográfica existente nas diferentes bibliotecas e acervos das universidades nacionais e internacionais. Além disso, a convivência entre os indígenas no período da sua formação acadêmica e durante a oferta de cursos desta natureza tem possibilitado os historiadores a conhecerem melhor a história dos povos indígenas dessa região, e, repassar as informações de uma forma bastante esclarecedora aos presentes. As informações foram repassadas diferentemente daquelas descritas pelos cronistas, historiadores e escrivães da época da ocupação territorial dos povos indígenas da região do rio Negro. Isso tem sensibilizado e despertado o senso crítico nos cursistas e participantes dessa etapa do curso.

    Após conhecerem a história de ocupação e de dominação das terras dos povos indígenas pelos europeus, que continuou sendo executado pelo governo brasileiro, tanto os participantes e as lideranças em formação entraram em contato com a história do movimento indígena. Da sua repercussão a nível regional e nacional. Nessa segunda etapa por meio das duas lideranças indígenas envolvidos com o movimento: o Sr. Braz de Oliveira França e Sr.: Maximiliano Correa Menezes, tiveram oportunidade de conhecer a história de lutas, conquistas e desafios encontrados durante o processo de negociação com o governo brasileiro que até hoje resiste criando vários empecilhos para a implementação dos direitos indígenas da forma como vem sendo almejada por essa população. O objetivo aqui foi de demonstrar principalmente aos cursistas e participantes do curso o papel de uma liderança frente ao seu povo, do porque lutar pelos direitos dos povos indígenas diante do estado brasileiro, que medidas tomar para continuar resistindo as ameaças que vem sendo impostas pelas empresas mineradoras, madeireiras e outras que existem na região do rio Negro e no território brasileiro. Dessa forma foi fundamental que os presentes compreendessem a importância da demarcação das terras indígenas na região do alto e médio rio Negro.

     No entanto, o compromisso das novas lideranças em formação foi a de repassar quando de retorno para as comunidades de origem, tudo o que aprenderam durante a realização do curso no sentido de chamar atenção para a importância dos conhecimentos históricos da região, dos povos indígenas e do movimento indígena diante do estado brasileiro inclusive do papel de uma liderança frente ao seu povo. Assim, sensibilizados com as problemáticas identificadas no decorrer do curso, os cursistas também se comprometeram levar a frente essas discussões nas bases com a finalidade de apoiar o processo de reconhecimento e demarcação das terras indígenas do médio e baixo rio Negro. Aliado a isso, os cursistas e os participantes ressaltaram que seria importante realizar um seminário para esclarecer o significado da demarcação de terras indígenas à população dessa região, envolvendo, os governos municipais e a classe empresarial, uma vez que o problema da demora na apresentação do relatório circunstanciado pelo grupo de reconhecimento da terra ocupada tradicionalmente pelos indígenas que ali vivem, e, a incompreensão dos governos municipais e empresários que atuam na região tem se transformado num entrave para o processo da demarcação das terras.

    Leia também:

    Foirn e ISA realizam curso de história do Rio Negro e formação de lideranças.

    Curso de formação de lideranças Indígenas do rio Negro.

    * – Coord. do Curso de Formação de Lideranças Indígenas/FOIRN

  • Oficina de mapeamento de iniciativas do Rio Negro

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    Participantes da Oficina de Mapeamento de Iniciativas do Rio Negro. Estiveram presentes as coordenadorias regionais, professores e gestores de escolas. O evento foi realizado pela parceria: FOIRN/ISA/FUNAI-CRRN

    Oficina de mapeamento de iniciativas do Rio Negro Com objetivo de reunir dados existentes sobre os povos do Rio Negro, a Oficina intitulada de “Oficina de Mapeamento de Iniciativas do Rio Negro, Articulação para propostas de Gestão dos Territórios Indígenas do Rio Negro”, foi realizado na Casa do Saber da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), entre os dias 10 a 12 de setembro.

    Discutir criticamente as informações a fim de criar dados confiáveis sobre a população indígena do Rio Negro, foi o foco da oficina, que contou com a participação de lideranças das cinco coordenadores regionais (CABC, CAIARNX, CAIMBRN, COIDI e COITUA), professores e gestores de escolas de Pari Cachoeira, Iauaretê e lideranças de associações, totalizando mais de 50 participantes.

    Em dois dias, recheados de exposições feitas pelo atores que trabalham com algum tipo de censo, como o DSEI no campo da saúde, SEMEC em educação, e dados o IBGE, e acompanhadas por debates, a oficina rendeu os primeiros resultados, até mesmo propostas iniciais de fichas de censo, elaborados por Gts que foram organizados por coordenadorias.

    Foram expostos experiências desse tipo de trabalho já em andamento pela equipe do município de Barcelos, que foi bastante elogiada pelos participantes e pela coordenação da oficina. Os debates foram feitas em torno de como se chegar a um censo que consiga ter a “qualidade e quantidade” juntas. Pois, segundo, alguns participantes, na maioria dos censos feitos na região não são bem “feitas” ou não são completas. “As coisas devem ter equilíbrio”- frisou o professor e Gestor da Escola de Pari Cachoeira, Protásio .

    Como fazer um censo que sirva de base para elaboração de um projeto de Gestão Territorial? “As exposições feitas são importantes para elaborarmos um modelo de censo que consiga reunir em um só lugar informações sociais, econômicos e populacionais, que poderão ser consultados por qualquer um que tiver necessidade e interesse”- explicou Domingos Barreto, Coordenador Regional da FUNAI-CRRN (Coordenação Regional do Rio Negro).

    A oficina conseguiu reunir dados importantes e experiências existentes na região para servirem de apoio para a elaboração de um modelo de ficha que será usado no censo que será feito, como sequência de atividade que está começando. A realização da próxima oficina sobre o tema, deve acontecer no final desse ano, ou no inicio do ano que vem, segundo os coordenadores da iniciativa.

    O objetivo maior é realizar um censo da situação “real” dos povos do Rio Negro, como os próprios participantes definiram. Que deverá acontecer, assim que for definido o modelo de censo que ainda será elaborado na próxima oficina. Agora é “que nem plantar uma semente no chão, temos que cuidar, pra ela poder nascer, crescer e dar frutos”- recomendou o Domingos, convidando a todos os participantes a dedicar aos trabalhos e continuar o que foi iniciado na oficina. A oficina foi uma realização da parceria FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), ISA (Instituto Socioambiental) e FUNAI-CRRN.

  • Mobilização reuniu jovens indígenas Baniwa, Baré e Werekena em Boa Vista-Foz do Içana, nos dias 24 a 25 de Agosto

    O DAJIRN (Departamento de Adolescentes e  Jovens Indígenas do Rio Negro) da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), em parceria com a CABC (Coordenadoria das Associações Baniwa e Coripaco), realizou o Encontro de conscientização e articulação de jovens indígenas na comunidade de Boa Vista, foz do Içana, a 180 Km  de São Gabriel da Cachoeira.

     O encontro: a  Juventude é o presente!

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    O encontro começou com a pergunta: A juventude é o futuro? Os jovens presentes e os mais velhos  entreolharam-se em busca da resposta. Um ou dois minutos de silêncio. Resposta, em meio de dúvidas: Sim para uns e não para os outros. “Tem certeza”? – pergunta a Ednéia Teles, coordenadora do DAJIRN, com microfone na mão, na frente de um platéia cheia de jovens Baniwa, Werekena e Baré da comunidade de Boa Vista, foz do Içana, e comunidades próximas.

    É a primeira vez que o Departamento de Jovens da FOIRN chega às  comunidades da região do Içana para informar, animar, incentivar e fortalecer os jovens dessa comunidade e incluí-los no movimento, que vem se fortalecendo a nível do rio Negro e do país.

    Para essa missão, nada melhor que um grupo de jovens da FOIRN, compostos por Anair Sampaio (Vice-coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas), Raimundo  M. Benjamim (Setor de Comunicação/Mídias) e os irmãos Odimara Ferraz Matos e Odivaldo Ferraz Matos, grupo musical do Movimento de Jovens Indígenas do Rio Negro e Ednéia Teles, Arapasso, coordenadora do DAJIRN.

    Foram necessários apenas algumas brincadeiras para tirar a timidez e fazer os jovens entrarem na “roda”do encontro, que teve como pauta: Ações do DAJIRN;- Identidade e Cultura; – Influência das Novas Tecnologias na formação social dos jovens indígenas;- Informes da CABC;- informes sobre as ações do Departamento de Mulheres e Contexto atual do Movimento Indígena Brasileiro e do Rio Negro.

    Com a apresentação humorada, a coordenadora do DAJIRN, introduziu as apresentações relatando os principais problemas que os jovens enfrentam hoje, em especial os jovens indígenas, quando deixam suas comunidades para as cidades em busca de oportunidades, principalmente para continuar os estudos.

    “Nós jovens não podemos ficar de braços cruzados, precisamos entrar  na luta, buscar o reconhecimento, o respeito, o cumprimento de nossos direitos. Pois, somos o presente – disse a coordenadora na abertura do encontro, que reuniu mais de 100 jovens “Barekeniwa”e toda a comunidade de Boa Vista.

    Os “Barekiniwa”.

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     “Eles gostam desse nome”- afirmou Deusimar Cordeiro, líder da juventude da comunidade local e Membro do Conselho de Jovens Indígenas do Rio Negro, criado na ultima Assembleia Geral do DAJIRN, ao  falar do termo BAREKENIWA, que é a junção das etnias Baré, Werekena e Baniwa . Um movimento que une diferenças e identidades em prol do fortalecimento da juventude indígena do Baixo Içana.

    O nome nasceu no curso de formação de professores indígenas, o Magistério Indígena II, como  uma auto-denominação dos cursistas do Pólo Nheengatú, por ter alunos dessas  três etnias no memsmo grupo. Hoje, se tornou  nome até de um time de futebol da garotada de Boa Vista, e por que não, de um movimento de jovens dessa região?

    Os primeiros resultados desse movimento já são palpáveis.  Boa Vista foi uma das primeiras comunidades da região do Içana, a ter uma banda de música formada por jovens. Hoje, os eventos que acontecem na região são animadas por esse grupo musical, chamado de Barekeniwa.

    No encontro realizado pelo DAJIRN  não foi diferente, os jovens tomaram conta do salão, com música adaptada e letras de músicas falando de cultura dos povos da região. Em português? Não. Todas as composições são feitas na Lingua Geral (Nheengatú). Mas, como  ficam os que não entendem? Calma. Todas as músicas tem suas traduções para o português, para “ninguém ficar de fora”, como explica o líder.

     Influência das novas tecnologias na vida da juventude indígena

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     Mas, uma coisa preocupa os professores e os pais desses jovens. Logo na abertura, os mais velhos expressaram suas preocupações diante da presença cada vez mais frequente de tecnologias na comunidade. “Muitos deles vão para escola com celular, mp3 ou mp4 e ficam ouvindo música durante a aula”- disse um dos professores da escola da comunidade, Escola Municipal Indígena Pastor Jaime, que atende alunos das  séries iniciais ao ensino médio, hoje com mais de 150 alunos.

    O olhar e a atenção dos jovens afirmam. O presidente da associação local, a AIBRI (Associação Indígena do Baixo Rio Içana) que também é  professor da comunidade, no uso da palavra  disse: “Os jovens daqui ficam mais na novela do que nos estudos”.

    Como aproveitar os recursos tecnológicos cada vez mais presentes nas comunidades indígenas hoje? Como explorar o lado positivo dessas tecnologias? É hoje uma discussão em curso , pesquisadores e indígenas vem debatendo esse assunto ha há algum tempo. Pois, não é apenas em Boa Vista que acontece esses problema, em vários outros locais.

    O expositor sobre Influências  das Novas Tecnologias na vida dos jovens indígenas, disse que  é necessário uma discussão sobre o tema, onde  pais, professores, liderenças da comuniade e os jovens devem avaliar e chegar a um acordo, de como os jovens devem aproveitar os recursos tecnologicos para a formação e crescimento destes, como também registrar e divulgar as atividades da comunidade e da escola.

    Os jovens pedem mais “atenção”.

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    Em carta elaborada e entregue   `a coordenadora do DAJIRN para ser encaminhada aos demais  órgãos competentes do município como o próprio departamento, os jovens pedem mais atenção por parte desses.

    Em duas páginas, destacam a necessidade de inclusão destes, nas políticas publicas , na formação (oficinas), mais articulação e presença dos órgãos nas comunidades indígenas para o fortalecimento dos movimentos já existentes na região.

    “Receber uma carta de demandas como essa, nos fortalece e  torna ainda mais forte nossa luta em prol da melhoria das condicões e o bem-estar da juventude indígena do Rio Negro. Iremos encaminhar as demandas aos órgãos competentes, e,  incluir na agenda do departamento e irmos em busca de respostas ”- declarou a Edneia Teles.

    Desde que a FOIRN criou na sua estrutura organizacional em 2008, o DAJIRN vem mobilizando a juventude indígena de São Gabriel da Cachoeira. Na primeira semana do mês de julho (10/07), a juventude indígena do Rio Negro saiu às ruas de São Gabriel para protestar e pedir mais atenção por parte dos governantes e das políticas públicas como melhoria na educação, comunicação, transportes, inclusão social e mais oportunidades.

    Segundo a coordenadora, movimento cresce e se fortalece cada vez mais.  “Hoje o movimento de adolescentes e jovens do Rio Negro está começando a ganhar visibilidade e reconhecimento nacional, o que não tinhamos antes”- explica ela.

     Boa Vista, bem “pertinho” de  Brasília. 

    São necessários pouco mais de duas horas de viagem, com motor 40 hp e voadeira para chegar a Boa Vista, a primeira comunidade do Rio Içana. Com mais de 50 famílias, vivem nessa comunidade aproximadamente 300 pessoas e  reúnem uma diversidade de culturas. A escola de ensino básico atende não só os alunos da comunidade, como também os alunos que vêm de outras, incluindo alunos do médio Iána e Aiarí.

    Hospitaleiros e acostumados a receber eventos importantes, o povo de Boa Vista vive sua rotina. Todas as manhãs e tardes o capitão  reúne a comunidade para o xibé e a quinhapira. Um povo cercado de privilégios.  Quer um exemplo? Uma vista para o rio acima (Içana)

    Caminhar nas “ruas”de Boa Vista, é se esbarrar a cada instante em pessoas oriundas de vários lugares. Não foi dificil  achar um Tukano que mora lá há mais de 11 anos.O professor Olinto Navarro preferiu trocar Iauaretê por Boa Vista, talvez para sempre que descer  o rio, que fica perto, ainda ter outro privilégio a mais: tomar banho  “pertinho” de Brasília, nome de uma comunidade  na margem oposta.

    Fotos: SETCOM/FOIRN

  • Curso de formação reúne lideranças indígenas em Iauaretê/Rio Vaupés

    O Curso de formação foi realizado pela Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê – COIDI e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, que reuniu mais de 150  pessoas no Salão Paroquial São Miguel/Iauaretê entre os dias 16 a 17 de agosto.

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    O curso

    O Curso de Formação de Lideranças, teve a participação das associações:   UNIRVA (União das Nações Indígenas do Rio Vaúpes), UNIMRP (União das Nações Indígenas do Médio Rio  Papuri), UNIDI (União das Nações Indígenas do Distrito de Iauaretê), ACIRJA (Associação das Comunidades Indígenas do Rio Japú), UNIARP (União das Nações Indígenas do Alto Papuri) e OCICI (Organização das Comunidades Indígenas do Centro de Iauaretê).

    Por ser o local estratégico para reuniões e eventos importantes da COIDI, o curso foi realizado em Iauaretê, povoado multiétnico localizado no médio Rio Waupés, a um dia de viagem de São Gabriel da Cachoeira – isso em um motor 40 Hp e voadeira, meio de transporte comumente utilizado pela FOIRN e outras associações para viagens pelo Alto rio Negro.

    Para os que moram mais longe, em comunidades no alto Waupés ou alto Papuri, foram necessários alguns dias de viagem para chegarem até o povoado e poderem participar do curso, o qual, depois da avaliação final, passou a ser chamado de I Curso de Formação de Lideranças Indígenas.

    No decorrer do curso, que teve apenas dois dias de duração, foram abordados temas relevantes relacionados ao Movimento Indígena do Rio Negro e ao movimento indígena brasileiro, entre eles a Territorialidade, a questão das Terras Indígenas e das Demarcação de Terras Indígenas, pauta que está presente todos os dias na mídia, por conta das brigas que o Movimento Indígena Brasileiro está travando contra o desrespeito e o não cumprimento da legislação que ampara os Povos Indígenas garantida na Constituição Federal.

    O objetivo

    Conhecer e lutar pelo cumprimento dos direitos é mais do que dever das liderança indígenas nos dias de hoje. É preciso que conheçam as leis e saibam de tudo o que está acontecendo fora, para fortalecer suas organizações e suas comunidades. E, esse foi o objetivo do curso realizado pela COIDI com suas associações de base.

    O expositor do tema Terras Indígenas, Territorialidade e Demarcação de Terras Indígenas, Maximiliano Correa Menezes, ex-diretor da FOIRN, e hoje coordenador do Departamento de Educação da mesma instituição, ressaltou que é fundamental as lideranças conhecerem os direitos que são garantidos na Constituição Federal e saber distinguir cada termo, comumente usados pelas lideranças. “É preciso saber o que é Território, Território Nacional, o que  é território para os povos indígenas, e por fim, o que é Gestão Territorial e seus instrumentos de organização”, disse Maximiliano.

    A Diretora-Presidente da FOIRN, Almerinda Ramos, participou do Curso de Formação como expositora, e teve como tema de apresentação a situação do Movimento Indígena do Rio Negro e a luta e os desafios atuais dos povos indígenas a nível nacional. Frisou ainda a importância de as lideranças saberem e cumprirem seu papel junto às associações e comunidades que representam. “Tem casos em que as lideranças assumem as associações e logo abandonam e deixam sua organização sem representação. Dessa forma, enfraquece o movimento, a organização e a representatividade”, explica a Diretora.

     Troca de experiências e construção de conhecimentos

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    A realização dos Grupos de Trabalho após cada exposição possibilitou o exercício e participação ativa dos presentes no curso, onde os componentes dos grupos trocaram experiências e conhecimentos sobre vários assuntos. Pois, segundo Max, nos grupos tinha gente com mais de 20 anos de caminhada no movimento indígena. Portanto, uma verdadeira aula de história do Movimento Indígena do Rio Negro para os mais jovens.

    Para enriquecer as discussões, professores estiveram presentes para colaborar na realização das atividades. Nos GTs foram elaborados propostas e reivindicações à órgãos competentes sobre vários temas, como saúde, educação, incluindo a própria FOIRN. Os documentos serão encaminhados em breve aos seus respectivos destinatários.

    Dois dias de curso, não foram insuficientes

    A avaliação do curso foi muito positiva. Mas,  foi recomendado pelos participantes que o curso seja contínuo e que tenha mais dias de duração. Para a Almerinda Ramos, Diretora-Presidente da FOIRN, o curso foi importante, pois formação é uma das reivindicações mais comum pelas lideranças indígenas do Rio Negro.

    Visando isso, a FOIRN está abrindo, através do projeto “Bem Viver”,  financiado pela Horizonte 3000,  inscrições para  um curso de formação de 15 lideranças indígenas do Rio Negro. O curso terá duração de 13 meses, sendo 6 módulos teóricos a ser realizado em São Gabriel da Cachoeira e  7 módulos práticos nas comunidades. As inscrições já estão abertas desde do dia  19 de agosto e vão até dia 16 de setembro.

    Fotos: Almerinda Ramos/Foirn