Categoria: Foirn

  • VI Encontro de produtores indígenas do Rio Negro foi realizado nos dias 29 a 31 de outubro

    Coordenado pela Wariró – Casa de Produtos Indígenas do Rio Negro, com apoio da CRRN-FUNAI, o encontro reuniu produtores e produtoras dos Municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos no Pontão de Cultura/FOIRN, no final de outubro.

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    O encontro possibilitou a troca de experiência dos participantes. Na foto, grupo de trabalho elabora propostas de projetos que podem estimular a economia indígena no Rio Negro.

    O encontro: “estamos aqui para aprender com as experiências dos outros”

    Troca de experiências entre produtores e avaliação da Wariró foram as principais pautas do encontro, que também serviu para discutir e definir o que é economia indígena, e exercitar o entendimento e discussão de propostas para solucionar dificuldades e problemas em torno dessa temática.

    Como bem disse a Professora Francisca de Santa Isabel do Rio Negro – representante da ACIMIRN (Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro), – durante sua apresentação: “estamos aqui para aprender com as experiências dos outros”. E foi o que o encontro possibilitou ao longo dos dias do encontro.

    O que é economia indígena? Foi a pergunta de abertura da rodada de apresentação de experiências em andamento na região do Rio Negro. Na mesa, Renato Martelli/ISA, Rosilda da Silva/AMIRT (Associação de Mulheres Indígenas da Região de Taracúa), Ronaldo Apolinário/Gerente de Produção da Pimenta Baniwa, Marilda Ferreira/ASSAI (Associação de Artesãos Indígenas de São Gabriel da Cachoeira).

    Para um entendimento inicial sobre o assunto/termo que será constantemente usado nos três dias do encontro, Renato Martelli, abordou – na apresentação – o que é a economia no sentido geral e buscou apresentar experiências no mundo afora, para exemplificar e deixar claro que as experiências que seriam expostas na seqüência serem exemplos, do que se chama “economia indígena”.

    E disse ainda que, quanto mais pessoas começarem a usar o termo ou buscar osentido esta será melhor definida. Ressaltou que o tema da “economia indígena” será um dos objetivos do VI Encontro de produtores.

    Durante os três dias de encontro, foram discutidos e apresentados experiências em andamento na abrangência das cinco coordenadorias regionais da FOIRN (CABC, COITUA, CAIMBRN, CAIARNX e COIDI). Além das experiências já conhecidas, reconhecidas e amplamente divulgadas como a Pimenta Baniwa e Banco Tukano, foram também apresentados iniciativas em processo de organização como a de “Seringa”na região do médio Waupés, Piaçaba/região de Barcelos e feiras de produtos indígenas na região do Alto rio Negro, na região de abrangência da Escola Aí Waturá.

    Como já mencionado, um dos focos do evento foi a avaliação da Loja Wariró, pelos participantes, como a possibilidade de institucionalização da Casa, que desde sua criação, em 2005, é vinculada à FOIRN.

    O encontro ainda possibilitou o levantamento de novas necessidades de conhecimentos para o desenvolvimento da economia indígena, e de projetos e atividades estimuladoras dessa atividade na região do Rio Negro. E ainda, contribuiu para o exercício de descrição dos valores dos produtos, levando em conta o valor social e ambiental dos produtos.

    O próximo encontro vai ser realizado no próximo ano, mas, com data e local ainda a definir. Contudo, a pauta, que já foi definida entre os participantes, será: Marketing e definição de preços dos produtos.

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    Além dos Diretores Marivelton Barroso e Renato Matos, André Baniwa (em pé) foi um dos coordenadores do VI Encontro de Produtores Indígenas, junto com a Gerente da Wariró.

    Por que Wariró?

    Wariró é um personagem mítico, presente na maioria das narrativas dos povos do Rio Negro. Na narrativa, versão do povo Baré, ele tinha muitas filhas. E era o que ele tinha de melhor, o que ele podia usar para “conseguir” o que ele não tinha.

    A narrativa conta que na mesma época, vivia o Basebó, que conhecia e fazia todos os tipos de artesanatos. Vendo isso, Wariró deu uma filha ao Basebó para ter em troca todos os tipos de artesanatos, que ele – Basebó – sabia fazer.

    Portanto, produzir e vender produtos que agregam conhecimentos milenaresé uma maneira dos povos indígenas do Rio Negro acessar e ter o que eles não podem fazer, no caso, produtos industrializados.

    “Ele não era um artesão, mas, um estrategista”- explica André Baniwa, expositor da Linha de Tempo da Loja Wariró, que também contou, o motivo pelo qual a loja recebeu este nome, que hoje funciona como centro de comercialização dos produtos indígenas do Rio Negro

  • XXV Reunião do Conselho Diretor discutiu e avaliou a atuação do Movimento Indígena do Rio Negro.

     

    Representantes das cinco Coordenadorias Regionais da FOIRN e mais lideranças convidados participaram do XXV Reunião do Conselho Diretor da FOIRN, instancia da Federação responsável em acompanhar e fiscalizar as atividades da instituição, que acontece três vezes por ano, reuniu mais de 50 participantes no Pontão de Cultura entre os dias 23 a 25 de outubro deste ano, em São Gabriel da Cachoeira.

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    Maria Lucilene/ASIBA, coordendou a exposição do Parecer da Comissão Fiscal, o qual preside atualmente.

    O evento

    Como de praxe, a reunião começou com a apresentação do Parecer da Comissão Fiscal sobre as realizações e projetos desenvolvidos pela FOIRN referentes aos últimos cinco meses. Atualmente a Comissão Fiscal é formada pelo Frankin Paulo – Presidente do Conselho Diretor, Carlos de Jesus – Coordenador da CABC (Coordenadoria das Associações Baniwa e Coripaco) e Maria Lucilene, da ASIBA (Associação Indígena de Barcelos), que é a presidente da Comissão Fiscal.

    Durante os três dias, foram discutidos vários temas, entre eles a avaliação da atuação das lideranças indígenas que hoje assumem algum cargo nas repartições públicas a nível municipal, estadual e federal.

    A proposta da pauta foi identificar as dificuldades e os desafios destes para a realização de ações voltadas para o fortalecimento da luta e do movimento indígena, como parte importante para o movimento. Que também possibilitou às lideranças compartilharem sua trajetória de militância no movimento aos mais jovens, que também estiveram presentes no evento.

    Miguel Maia/ SEIND, Maria Auxiliadora/SEPROR, Fidelis Baniwa/COIPAM, Maximiliano Correia/COIAB, André Baniwa/CRRN-FUNAI, foram os nomes que relataram suas experiências e história de luta junto ao Movimento Indígena do Rio Negro. Segundo eles, não foi nada fácil. “Hoje os desafios são cada vez maiores. A luta pelos cumprimentos e respeito aos nossos direitos, garantidos na Constituição não está nada fácil, e por isso, temos que nos unir e fortalecer nossas organizações”- disse Maximiliano Correia, Coordenador da COIAB, eleito no final de agosto desse ano, que passa a assumir a instituição a partir de agora.

    Cada uma das lideranças apresentou um resumo das atividades das instituições que estão representando. A maioria deles (que apresentaram) passou pela FOIRN, seja como funcionários ou diretores. Miguel Maia, um dos idealizadores do Setor de Comunicação da instituição, em um relato emocionante, lembrou que no começo foi muito difícil, a comunicação entre as comunidades e associações, antes da implantação da rede de radiofonia indígena, era praticamente complicado, segundo ele.

    Outra pauta também abordada foi a prestação de relatórios de atividades de instituições que atuam na área de abrangência da FOIRN. Apenas representantes das instituições como DSEI/ARN, SEMEC, SEDUC/SGC, ICMBIO compareceram. Os quais apresentaram aos conselheiros o resumo das atividades realizadas.

    Os participantes tiveram a oportunidade de questionar e esclarecer as dúvidas relacionadas aos assuntos/temas apresentados. Todos os expositores, representantes legais das instituições, consideraram que o espaço (Conselho Diretor) é de grande importância para a discussão e deliberação de assuntos relevantes para os povos do Rio Negro, já que nesse espaço todas as regionais estão sendo representados.

    Movimento Indígena do Rio Negro na luta em defesa dos Direitos dos Povos Indígenas e da Constituição Federal.

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    As principais lideranças indígenas do Rio Negro estiveram presentes na reunião. Na foto, Abrahão França, ex-diretor Presidente e atual Conselheiro do CD FOIRN pela CAIMBRN.

    Foi destacada a participação e a presença das lideranças indígenas do Rio Negro na Mobilização Nacional Indígena, realizada em setembro-outubro deste ano. Mas, segundo algumas lideranças, a presença da FOIRN na defesa e na luta na defesa dos direitos indígenas deve ser fortalecido.

    “Temos que mostrar força e estar lá (Brasília) para somar força e nos unir aos parentes indígenas que estão brigando para que nossos direitos como povos indígenas não sejam substituídos por outras (leis) que podem acabar com nós, povos indígenas”- disse Domingos Barreto.

    Domingos pediu um espaço para falar da situação atual e o momento em que nós, povos indígenas, estamos atravessando, a respeito de nossos Direitos garantidos na Constituição Federal. Os constantes ataques a esses direitos pelos interesses de poucos, que estão fazendo de tudo, e principalmente criando Projetos de Lei e Propostas de Emenda Constitucionais, como no caso do PEC 215/2000 e de tantos outros, que visam acabar com os nossos direitos já garantidos na CF.

    “Estou pronto pra lutar e morrer lutando em defesa dos nossos direitos, pois, é o nosso futuro que está em jogo”- finalizou um discurso, o “seu”Liborio, Conselheiro da região da CAIMBRN (Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro).

    Fundo Wayuri é criado.

    Uma das pautas discutidas na XXV Reunião do Conselho Diretor da FOIRN foi o fortalecimento das associações de base.

    A proposta foi aprovada na Assembleia Geral da FOIRN, realizada em Barcelos, no final de 2010, mas até o momento houve pouco trabalho no sentido de divulgação e participação das associações em contribuição. Segundo eles, por falta de um plano detalhado de uso e aplicação.

    Sendo assim a XXV Reunião do Conselho Diretor deliberou a criação de um fundo específico para a contribuição das associações de base, que recebeu o nome de “Wayurí”, assim como a criação de uma Comissão para elaborar um plano de uso e de divulgação do fundo.

    Wayurí é um termo na Língua Geral (Yêgatú) usado para designar trabalho coletivo, onde todos participam, ou qualquer um pode colaborar. Essa é a proposta do novo fundo, reunir o maior número de colaboradores para fortalecer as associações de base, e conseqüentemente o Movimento Indígena do Rio Negro. E você, pode colaborar!

  • Curso de formação de lideranças Indígenas do rio Negro.

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    O curso é uma realização da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro),através do Projeto Bem-Viver financiado pela Horizonte 3000, com a proposta de garantir formação para 15 lideranças selecionados.

    O processo de seleção de candidatos ocorreu no mês de setembro deste ano, onde várias lideranças enviaram carta contanto sua história de vida como liderança indígena, e justificando a importância de participar do curso, que abriu apenas três vagas para cada coordenadoria regional. A seleção dos candidatos foi realizado por uma comissão constituído por FOIRN, IFAM, ISA e FUNAI.

    O Curso terá duração de 13 meses, sendo 6 módulos teóricos a ser realizado em São Gabriel da Cachoeira e 7 módulos práticos nas comunidades. Os módulos estão organizados por áreas de conhecimento e temáticas que irão garantir o máximo de proveito e  formação aos cursistaspara atuarem nas suas regiões de origem.

     Com uma carga horária de 240 horas de curso, durante a formação teórica serão estudados os temas: História do Movimento Indígena do Rio Negro, Mitos- Narrativas e as explicações rionegrinas sobre o mundo, Tradições Indígenas e Interculturalidade- as associações e aslideranças enquanto pontes entre diferentes realidades, Políticas tradicionais – Movimento Indígena e Políticas Partidárias: diferenças e similaridades e Gestão e Associaitivismo: Projetos e gerenciamento executivo das associações.

    Intercâmbio em Canafé – 2a parte do Módulo 1

    A 2a parte do 1o Módulo do Curso de Formação de Lideranças está acontecendo entre os dias 16 a 23 de outubro, na comunidade de Canafé, no Município de Barcelos, Baixo Rio Negro.

    O intercambio tem como tema: Curso de história, onde os cursistas terão como professores os historiadores José Ribamar Bessa e Geraldo Pinheiro. E acompanhados pelo Diretor Marivelton Rodrigues Barroso/FOIRN, Maximiliano Correia/Departamento de Educação da FOIRN, Lirian Monteiro/ISA e Renato Martelli/ISA.

    O encontro de troca de experiências e conhecimentos em Canafé tem como objetivo o analisar e avaliar os caminhos e escolhas das lideranças no processo histórico considerando oportunidades, dificuldades e desafios ao longo desses anos do Movimento Indígena.