Categoria: Mulheres Indígenas

  • A FOIRN RECEBE A VISITA OFICIAL DA MISEREOR NO RIO NEGRO

    A FOIRN RECEBE A VISITA OFICIAL DA MISEREOR NO RIO NEGRO

    Esta visita oferece à MISEREOR a oportunidade de conhecer de perto as atividades da FOIRN com associações e comunidades locais, fortalecendo os laços entre as organizações

    A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), uma entidade que representa 24 povos indígenas e defende os direitos e o desenvolvimento sustentável de mais de 91 Associações de base filiadas, cerca de 750 comunidades na região mais preservada da Amazônia, recebe nesta semana, entre os dias 09 a 13 de julho de 2024, uma visita oficial da MISEREOR, é uma a agência de cooperação para o desenvolvimento da Igreja Católica na Alemanha. Esta visita marca um momento significativo para a FOIRN, que foi fundada em 1987 e é reconhecida como uma das principais organizações do movimento indígena no Brasil, sendo referência mundial sobre a defesa dos povos indígenas no Rio Negro.

    A MISEREOR tem sido uma parceira de longa data de várias iniciativas e tem um histórico significativo de apoio a projetos na região do Rio Negro, com foco especial na juventude e nas mulheres indígenas. Esses projetos são desenhados para promover o conceito de “Bem Viver”, que enfatiza a harmonia entre as comunidades e o meio ambiente, além de valorizar as práticas culturais e o conhecimento tradicional. Através de parcerias estabelecidas com organizações locais, a MISEREOR busca não apenas fornecer assistência, mas também fortalecer as capacidades locais para que as comunidades possam liderar seus próprios processos de desenvolvimento sustentável.

    A parceria entre a FOIRN e a MISEREOR destaca a importância da solidariedade global e do apoio mútuo na luta pelos direitos indígenas e pela proteção da Amazônia. Esta atividade reforça o papel vital das organizações indígenas e dos colaboradores internacionais na promoção de um futuro mais justo e sustentável para todos.

    O Rio Negro é um local de imensa importância cultural e ambiental. É o maior rio de águas pretas do mundo e um afluente significativo do Solimões, que se encontra com o Amazonas em Manaus. Para os povos indígenas da região, o Rio Negro é um rio sagrado, repleto de histórias e mitos de criação. Em 2018, a Bacia do Rio Negro foi reconhecida internacionalmente como a maior área úmida preservada do planeta e recebeu o título de Sítio Ramsar Rio Negro, um reconhecimento da Convenção Internacional destinada à preservação de áreas úmidas vitais para a sobrevivência da vida e para a manutenção da biodiversidade.

  • Lideranças do Alto Rio Negro e Xié elegem novo Diretor e membros da coordenadoria regional para a gestão 2024 a 2028 da FOIRN

    Lideranças do Alto Rio Negro e Xié elegem novo Diretor e membros da coordenadoria regional para a gestão 2024 a 2028 da FOIRN

    A escolha de lideranças com foco no tema “Movimento Indígena, Gestão e Sustentabilidade” é crucial para garantir que as associações indígenas possam se desenvolver de forma sustentável, preservando suas tradições e recursos naturais enquanto buscam melhores condições de vida para as suas comunidades.

    É interessante ver o processo democrático em ação dentro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), com a eleição de um novo diretor e membros da Coordenadoria das Associações Indígenas de Balaio, Alto Rio Negro e Xié para a gestão 2024-2028.

    A competição acirrada entre Belmira Melgueiro e Edson Gomes mostra o engajamento e o interesse da comunidade em escolher seus representantes durante a VII Assembleia Regional Ordinária Eletiva da CAIBARNX na comunidade Jurutí.

    Parabenizamos o Edson Gomes pela sua eleição como novo diretor da FOIRN para representar o Alto Rio Negro e Xié. O movimento indígena espera que ele traga liderança e visão para o cargo, representando efetivamente os interesses e necessidades das comunidades indígenas da região.

    Edson Baré traz uma rica experiência e um profundo compromisso com o serviço às comunidades indígenas. Sua trajetória como professor e seu envolvimento anterior como coordenador do Departamento de Educação da FOIRN sugerem um forte foco no desenvolvimento educacional e no empoderamento das pessoas por meio da educação.

    Além disso, sua atuação como coordenador do CONAFER na região do Alto Rio Negro demonstra seu interesse e engajamento em questões relacionadas à agricultura familiar e ao desenvolvimento rural sustentável.
    Com essa bagagem, é esperado que Edson Baré traga uma perspectiva abrangente e holística para o cargo de diretor da FOIRN, abordando não apenas questões educacionais, mas também questões relacionadas à sustentabilidade ambiental, desenvolvimento econômico e defesa dos direitos indígenas.
    Que sua liderança seja marcada pela dedicação, resiliência e compromisso com o bem-estar e o progresso das comunidades indígenas do Alto Rio Negro.

    Que a nova gestão seja marcada pela colaboração, transparência e dedicação ao serviço das comunidades indígenas, buscando sempre promover o bem-estar e a autonomia desses povos.

    É inspirador ver jovens como José Baltazar Baré assumindo papéis de liderança e responsabilidade coordenadoria regional CAIBARNX. Nesta eleição demonstra não apenas confiança na sua capacidade, mas também reconhecimento do valor e da importância da representação jovem dentro da organização.
    Com apenas 29 anos de idade, José Baltazar Baré traz consigo uma perspectiva nova, além de uma conexão próxima com as questões enfrentadas pelas comunidades indígenas. Sua experiência como tesoureiro na gestão atual da coordenadoria, na gestão de Ronaldo Ambrósio Baré coordenador atual da CAIBARNX, comunicador e membro da rede Wayuri certamente o equipou com habilidades e conhecimentos necessários para desempenhar efetivamente suas novas responsabilidades.

    Esperamos que José Baré traga novas ideias, perspectivas e iniciativas para a CAIBARNX, contribuindo para o fortalecimento e a expansão do trabalho da FOIRN na região. Que sua liderança seja marcada pela dedicação, compromisso e defesa dos direitos e interesses das comunidades indígenas do Alto Rio Negro.

    Adão Francisco Baré merece reconhecimento pelo seu longo período de serviço como diretor da FOIRN, liderando e representando a Coordenadoria das associações Indígenas do Balaio, Alto Rio Negro e Xié ao longo de dois mandatos consecutivos, totalizando oito anos de dedicação e luta em prol das comunidades indígenas.
    Sua liderança durante esse tempo provavelmente teve um impacto significativo no fortalecimento das associações locais e na promoção dos interesses e direitos das comunidades indígenas nessas áreas. É um testemunho do compromisso e da resiliência de Adão Baré em servir às comunidades do Rio Negro.

    Espera-se que seu legado de serviço e liderança inspire outros a seguirem seus passos e a continuarem a luta pela justiça, autonomia e bem-estar das comunidades indígenas da região. Que seus esforços sejam lembrados e honrados como parte integral da história da FOIRN e das associações que ela representa.

    Novo quadro de lideranças eleitas da coordenadoria regional CAIBARNX para a gestão de julho de 2024 a junho de 2028.

    Diretor de referência: Edson Gomes Baré, eleito.
    Coordenador Regional: José Baltazar Baré, eleito.
    Articuladora DMRN: Luciene Veloso Dessana, aclamada.
    Articulador DAJIRN: Wellington Pereira Piratapuya, eleito
    Articulador DEEI: Nonato Gregório Baré, aclamado.

  • MULHERES INDÍGENAS ALCANÇAM UMA NOVA FASE HISTÓRICA  EM 20 ANOS

    MULHERES INDÍGENAS ALCANÇAM UMA NOVA FASE HISTÓRICA  EM 20 ANOS

    Entre os dias 17 e 19 de outubro, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) reúne mulheres lideranças das cinco regiões de base para discutir o Tema “Fortalecendo a rede de conhecimento para o enfrentamento das mudanças climáticas” e a escolha de articuladoras representantes de suas coordenadorias regionais.

    A II Assembleia Extraordinária das Mulheres Indígenas do Rio Negro foi realizada com o objetivo de fortalecer a articulação da rede de conhecimento para enfrentamento das mudanças climáticas, com a sua nova reestruturação aprovada.

    Maria do Rosário Piloto Martins (Dadá Baniwa), Coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Foirn (DMIRN/FOIRN), apresentou os trabalhos do Departamento executado no período de 2021 e 2022, e na roda de conversa, cada região teve a oportunidade de avaliar a apresentação e os trabalhos realizados.

    As principais pautas 

    O diretor presidente da FOIRN, Marivelton Barroso do Povo Baré, contribuiu com as pautas sobre: O que são Mudanças Climáticas?, Justiça climática e de Gênero: “Valorização dos conhecimentos tradicionais das mulheres em relação às mudanças climáticas”; Defesa dos territórios “Plano de enfrentamento das mudanças climáticas dentro dos territórios indígenas”. 

    Os Grupos de trabalhos foram organizados para discutir como as mulheres indígenas estão enfrentando as mudanças climáticas em seus territórios e quais são os desafios. 

    As lideranças ex- coordenadoras que estavam presentes trocaram experiências com as mulheres sobre a linha do tempo da luta da mulher indígena e suas organizações; o Empoderamento feminino; Lideranças na comunidade “Contribuição das mulheres indígenas”; Desafios e desigualdade; Análise reflexiva e histórica sobre o papel da mulher nas suas comunidades, destacando a sua luta em defesa dos direitos sociais destas comunidades, evidenciando a temática, igualdade de gênero, para que possam conhecer a outra face da história construída por elas.

    Inovações e Iniciativas 

    Francinéia Bitencourt do povo Baniwa (Ex Coordenadora do DMIRN 2014 a 2016) apresentou sobre a produção de absorventes de pano, projeto esse que tem com um dos maiores objetivos contribuir na diminuição da poluição dentro do território.

    E o Sioduhi do povo Piratapua apresentou a inovação com a suas pesquisas e atuação da moda indígena com tingimentos de tecido, usando matéria – prima da região do alto Rio Negro.

    Reestruturação do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro

    Em vez de criar uma personalidade jurídica para o Departamento de mulheres Indígenas do Rio Negro, o DMIRN vai continuar vinculado a Federação, com uma estrutura mais organizada, onde haverá uma coordenadora Geral do departamento na sede da FOIRN, e nas regiões CAIMBRN, COIDI, DIAWI’Í, NADZOERI e CAIARNX, estará as articuladoras regionais.

    É direito das mulheres definir suas representantes, onde todas serão avaliadas de acordo com sua articulação e exercício de sua função para dentro de seu território no âmbito de sua Coordenadoria Regional de Base.

    “Nas coordenadorias regionais precisa ter uma articuladora para mobilizar as mulheres de sua região, e na sede uma coordenadora Geral que fará o contato com parceiros financiadores e captar mais recursos”. Disse uma Liderança e delegada da Nadzoeri. 

    Nas Assembleias regionais foi levada essa proposta a todas as lideranças, para que fosse realizada nesta data a Eleição de Articuladoras de base do Departamento de Mulheres.

    O perfil da articuladora para trabalhar junto à coordenadoria, que seja liderança ativa no movimento indígena, tenha facilidade na articulação, mobilização e diálogo com as outras mulheres lideranças e jovens, que tenham conhecimento mínimo de informática básica para elaboração de relatório, elaborar projetos, etc.

    Faltavam apenas 03 coordenadorias a escolher suas articuladoras de base, sendo a Nadzoeri, Coidi e Diawi’i, pois a Caimbrn realizou eleição regional para a escolha e Caiarnx já tinha sido eleita que até o momento da assembleia estava ocupando a posição de segunda coordenadora que passou agora a virá Articuladora.

    “Nova missão a ser exercida. Agradeço a Deus por me oportunizar. Agradeço as mulheres da região do Médio e Baixo Rio Negro, que depositaram a confiança para que eu pudesse enfrentar esse novo desafio em prol da nossa rica região. Agradeço também aos que torceram e não torceram para que concretizasse essa responsabilidade a minha pessoa. Mas agora como articuladora das mulheres indígenas do Médio e Baixo Rio Negro, pretendo dar o meu máximo com o auxílio de representante de cada base/associações para construirmos juntos os nossos objetivos e metas a alcançar. Juntos somos mais fortes.” Cleocimara Baré – Articuladora do DMIRN da Região Caimbrn. 

    “Apostamos em conseguir desenvolver esse novo modelo de trabalho, é coisa nova para o movimento, temos que experimentar para dar certo. O Dmirn seguiu para uma dimensão no qual cresceu bastante, onde só duas coordenadoras não dariam mais conta de executar ações em todas as regiões. Há uma reivindicação de base que precisa ser atendida. Lá na frente podem avaliar se está valendo a pena ou não manter essa estrutura”. Disse Marivelton – Diretor Presidente da Foirn.

    “Às vezes as pessoas nos criticam muito, dizendo que a gente parou e não desenvolveu nada. Era muito fácil quando a gente só discutia sobre demarcação de terra, a única bandeira de luta, onde os investimentos esforços eram só nisso, não se discutia uma outra coisa. Depois que as ações ampliaram e outras linhas temáticas frente a políticas públicas e controle social, formação e capacitação, iniciativas de sustentabilidade produtiva cresceram, ficou pequeno o teto de orçamento que tínhamos. Criticam muito que recebemos milhões, mas se fomos distribuir pelas ações que a gente faz, ela torna muito pouco. A Foirn hoje abrange de São Gabriel da Cachoeira até abaixo de Barcelos no Rio Unini”  Completa Marivelton – Diretor Presidente da Foirn.

    Participação de autoridades e convidados

    Marivelton Rodrigues Barroso (Diretor Presidente de referência Caimbrn), Nildo Fontes (Diretor vice – Presidente de referência Daiawi’i) Dario Casimiro Baniwa (Diretor de referência Nadzoeri), Dulce Morais (representante do ISA para questão de gênero), Maria do Rosário (Coordenadora do DMIRN), Belmira Melgueiro (coordenadora do DMIRN), Socorro Gamenha (coordenadora-geral da Makira Eta, Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas), Profª Cecília Albuquerque (1ª coordenadora do DMIRN), Cleocimara (articuladora do Dmirn/Caimbrn). Foi registrado também a presença de ex-coordenadoras do DMIRN, Fernanda Ligabue, responsável pela produção do documentário sobre os 20 anos do DMIRN, representante do Conselho Tutelar e Ednéia Teles, representante do Selo Unicef de São Gabriel da Cachoeira.

    A Composição das articuladoras e Coordenação Geral do DMIRN

    Maria do Rosário Piloto Martins – coordenadora geral

    Madalena Fontes Olímpio – articuladora NADZOERI;

    Odimara Ferraz Matos – articuladora COIDI

    Maria das Dores – articuladora DIWAI’I

    Belmira Melgueiro – articuladora CAIARNX

    Cleocimara Reis Gomes – articuladora CAIMBRN

    O evento foi coordenado pela FOIRN através do departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN) em parceria com Instituto Socioambiental (ISA), contaram com o apoio financeiro do Fundo Elas, da CESE, Rede de Cooperação Amazônica (RCA) e Embaixada Real da Noruega (ERN).

  • VIOLÊNCIA CONTRA MULHER É TEMA DE DESTAQUE NO I ENCONTRO DE MULHERES INDÍGENAS REALIZADO NA REGIÃO DO ALTO PAPURI

    VIOLÊNCIA CONTRA MULHER É TEMA DE DESTAQUE NO I ENCONTRO DE MULHERES INDÍGENAS REALIZADO NA REGIÃO DO ALTO PAPURI

    A FOIRN promoveu nos dias 2 e 3 de junho o I Encontro de Mulheres Indígenas na comunidade Uirapixuna — Alto Rio Papuri, que reuniu 90 participantes, de 10 comunidades.

    Esse Encontro foi prioridade do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN) como forma de ampliar as ações nas bases, especialmente as relacionadas ao combate às violências contra as mulheres. O evento teve apoio fundamental da Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauraretê — COIDI.

    A FOIRN esteve representada por Janete Alves – diretora da Federação, Larissa Duarte – coordenadora do DMIRN e Belmira Melgueiro – coordenadora do Departamento de Educação e Patrimônio Cultural. Também teve a participação de Dulce Morais – assessora técnica em gênero do Instituto Socioambiental (ISA) e Domingos Lana – representante da COIDI.

    O evento contou com a participação de representantes de dez comunidades: São Gabriel do Papurí, Santa Luzia, São Miguel, Waguiá, Anchieta, Uirapixuna, Cabeça da Onça, São Fernando, Santa Cruz do Inambu e Jandiá. O evento foi conduzido por Adonaldo de Souza Dias — Presidente da Associação das Comunidades do Alto Rio Papurí — ACIARP.

    Foi realizado um balanço das atividades realizadas pelo DMIRN, especialmente a Mukaturu e a I Oficina de Promotoras Legais Populares Indígenas que foram realizadas em parceria com o ISA, Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), a Faculdade Federal do Amazonas (UFAM) e o Instituto Aleema.

    Durante o evento também foi apresentado cinco tipos de violências que ocorrem contra mulheres: violência física (conduta que agride fisicamente a mulher); violência psicológica (ameaças e manipulações); violência sexual (relação sexual forçada e impedir o uso de métodos contraceptivos); violência patrimonial (controlar o dinheiro, cartões e telefone da mulher).

    Nesse encontro, bem como em outras conversas realizadas com as mulheres indígenas sobre a questão das violências, o consumo excessivo do álcool aparece como sendo um fator intensificador da violência. E uma das formas de enfrentar essa situação crítica é através de mobilização, de informações e experiências compartilhadas entre as mulheres: “precisamos formar mulheres lideranças, sobretudo precisamos ouvir vocês que estão nas bases”.

    Após a roda de conversa que possibilitou a troca de informações e relatos de vivências, as participantes foram organizadas em grupos para que pudessem discutir e elaborar o que entendem sobre o que é ser mulher e quais são as pessoas que podem auxiliá-las em casos de violências.

    Um dos grupos de trabalho destacou a importância das mulheres indígenas para a defesa dos territórios através do protagonismo. Segundo as pessoas do grupo, as mulheres são protagonistas em todas as instâncias da luta do movimento indígena do Rio Negro, que merecem respeito! Em casos de violências, entendem que as mulheres devem procurar as lideranças de referência para tratar o caso e buscar orientações para resolver a situação: “nós mulheres queremos ser conhecedoras dos nossos direitos, queremos nos fortalecer na nossa caminhada com a ajuda das mulheres que estão no movimento indígena”.

    Apresentaram em cartaz o pé de maniwa para simbolizar a beleza e a importância da mulher. “A mulher precisa ser cuidada, assim como a maniwa para produzir boa mandioca precisa de cuidados e ser bem tratada”, destacaram.

    Janete Alves destacou sobre a importância do tema e que as mulheres possam cada vez mais ocupar seus espaços e se expressarem, apresentarem suas demandas para melhoria da condição de vida, e do acesso às políticas públicas. E reafirmou que a violência contra a mulher precisa ser pauta prioritária dentro do movimento indígena para que se possa pensar em estratégias de enfrentamento dos vários problemas que causam as violências contra as mulheres.

    No fim do Encontro foram distribuídas lâmpadas solares para os representantes das e cada comunidades, São Miguel, Waguiá, Anchieta, Uirapixuna, Cabeça da Onça e São Fernando.

    Essa atividade foi realizada pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), através do Departamento de Mulheres (DMIRN), em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), com apoio da ERN, RFN, Misereor, Lira e Luxemburgo.

    Para saber mais sobre a atuação do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro, acesse: https://foirn.org.br/mulheres/

  • Carta Manifesto de Indígenas Mulheres do Rio Negro

    Carta Manifesto de Indígenas Mulheres do Rio Negro

    Mulheres indígenas debateram saúde e protagonismo feminino indígena na pandemia de Covid-19|Ray Baniwa/Foirn

    Sobre a solicitação de Delegada Mulher em São Gabriel da Cachoeira/AM

    Nós, indígenas Mulheres, reunidas na VIII – Assembleia Eletiva do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN), da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), no município de São Gabriel da Cachoeira, representamos 91 associações e 750 comunidades indígenas, discutimos nossas pautas especificas, que são voltadas aos nossos direitos. Avaliamos e deliberamos que há uma necessidade da nomeação de uma nova DELEGADA MULHER para trabalhar conosco no atendimento contra a violência sexual e doméstica e discriminação contra a indígena Mulher. Nós cada vez mais estamos nos e empoderando sobre os nossos direitos. Nos últimos 02 anos, tivemos uma delegada que dialogou e acompanhou a indígenas mulheres vítimas de violência domesticas e outras violências, que consideramos importante continuar.

    Nosso município e nas comunidades indígenas, segundo a delegada Dra. Grace Jardim, apresenta alto índice de violência e violações de direitos das mulheres, sabemos que isso é devido em razão da falta de conhecimento de direitos e em razão da cultura machista de nossa sociedade. É primordial que o atendimento às mulheres pelo sistema de Segurança Pública seja realizado por uma mulher, pois somente assim nos sentimos acolhidas, como também

    É importante também que exista na Delegacia um atendimento especializado à mulher, com psicólogas, assistente social, Casa da Mulher, e outros atendimentos especializados no combate e enfrentamento à violência doméstica.

    Nós reivindicamos, ainda, que o Departamento das Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN) da FOIRN, possa acompanhar diretamente a política pública voltada aos direitos das mulheres, especialmente, as ações relacionadas à Segurança Pública, para melhor acesso ao sistema de justiça, com o direito de denunciar e oferecer a nossa parenta um acolhimento humanizado, para se sentir protegida. Isso que queremos.

    Reivindicamos também uma Defensora Pública Mulher no município de São Gabriel da Cachoeira para que possa juntamente com a Delegada oferecer uma proteção a nossos direitos da mulher, pois vivemos em uma área muito remota e necessitamos de acesso à Justiça. Nossas parentes não têm condições de ir até a capital Manaus, sendo obrigação do Estado oferecer assistência jurídica no nosso município, como também aos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

    Além de trabalhar com o departamento, vimos a necessidade de uma Secretaria da Mulher que dialogue diretamente com as Organizações Indígenas, no processo de formação e acesso a seus direitos, com a promoção de cursos e oficinas em linguagem acessível, garantindo a interculturalidade, para que todas as famílias e mulheres possam ser parte participante dessa política de atendimento as mulheres e acesso a seus direitos.

    E nesse sentindo encaminhamos e aprovamos essa solicitação, para maior credibilidade segue a nossas assinaturas, por cada regional que ecoam vozes diversas das mulheres de 23 povos indígenas no Rio Negro.

    Saudações Indígenas das Mulheres do Rio Negro.

    São Gabriel da Cachoeira, 30 de outubro de 2020.

    Saiba mais: https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/mulheres-indigenas-do-rio-negro-fazem-chamado-a-autonomia-precisamos-perder-o-medo-de-falar

  • Em oficina, mulheres Dâw e Baniwa compartilham conhecimentos sobre a medicina tradicional

    Em oficina, mulheres Dâw e Baniwa compartilham conhecimentos sobre a medicina tradicional

    Auxiliadora Dâw, Karine Viriate da Silva e Carolina Rodriguês

    A importância da valorização e compartilhamento dos saberes tradicionais indígenas sobre as plantas medicinais – a chamada farmácia viva – foi um dos temas tratados durante a oficina “Conhecimento das Mulheres Dâw e Baniwa para o bem viver”. O encontro foi realizado pelo Departamento de Mulheres da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (FOIRN) na comunidade Yamado, nos dias 20 e 21 de fevereiro, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Alto Rio Negro. Também participaram das atividades lideranças e representantes das comunidades Waruá e Cewari.

    “Viemos reforçar sobre a necessidade de valorizar as plantas medicinais. Indígenas devem passar seus saberes para filhos e netos. Mas sem esquecer também da medicina ocidental”, disse a coordenadora do Departamento de Mulheres da FOIRN, Elizângela da Silva (Baré). “Estamos fortalecendo assim a rede de mulheres. E com mulheres fortalecidas, estamos reforçando a organização social dessas comunidades”, completou.

    As mulheres da comunidade Yamado abriram suas casas – e seus quintais – para mostrar plantas medicinais cultivadas. A liderança do Waruá, professora Auxiliadora Fernandes da Silva, levou plantas medicinais para compartilhar com os indígenas das outras comunidades. “Não pode roubar nem pegar muda. Tem que trocar”, explicou Elizângela da Silva.

    Durante os dois dias, o compartilhamento de saberes marcou o encontro, que também se destacou pela acolhida da comunidade do Yamado à equipe que promoveu a atividade. Mulheres, homens, crianças e alguns jovens participaram das palestras. Também houve refeição compartilhada, como é de costume. Com generosidade, a indígena Adelina Leopoldina Rodrigues, moradora antiga do Yamado, abriu sua cozinha e ofereceu vinho de pupunha aos visitantes.

    Elizângela Silva ressaltou também que, durante os encontros, a FOIRN busca mobilizar e fortalecer as comunidades, além de levar informações sobre leis e direitos, inclusive de estar em seus territórios. “São leis que não são indígenas, mas que podem favorecê-los”, diz.

    Coordenadora do Departamento de Jovens da FOIRN, Adelina Sampaio participou da ação e falou da importância do fortalecimento da participação e valorização juvenil. “Durante as oficinas há o fortalecimento dos laços de mães e filhos. E isso tem continuidade. Além disso, os jovens ficam curiosos sobre as lideranças jovens, como vão falar, e participam mais. Têm curiosidade de aprender e participam mais”, explica.

    Oficina em Yamando reuniu moradores das comunidades Waruá, Yamando e Cewari

    PLANTAS TRADICIONAIS E PROTAGONISMO DAS MULHERES

     A indígena Karine Viriate da Silva, da etnia Baniwa, foi quem reivindicou a realização da oficina no Yamado, onde mora. Ela é agricultora e foi uma das mulheres que mostrou as plantas medicinais que cultiva. Muito animada, ficou feliz de ver seu quintal cheio de gente. “Essa planta aqui é a Jiboia. Ela serve para atrair pessoas à sua casa. E olha como minha casa está cheia”, disse, com sorriso no rosto.

    Ela mostrou ainda a folhagem chamada Orelha. A plantinha guarda um pouco de água. Esse líquido deve ser jogado no ouvido da pessoa de uma maneira especial, levando-a a ser mais inteligente. Karine ainda indicou uma planta boa para passar no cabelo. Mas, como todo indígena tem seus segredos, não quis revelar o nome dessa folhagem.

    “Minha mãe me ensinou muita coisa. Aprendi vendo ela fazer. Precisamos dividir nosso conhecimento com os outros. Os jovens não querem aprender nossa cultura. Ficam só com celular. Se precisar fazer a pimenta jequitaia, não vai saber. Para tirar o remédio para dor de cabeça, não vai saber. Não vão ter nem onde tirar sabedoria”, disse.

    Karine Viriate da Silva compartilha conhecimentos com os participantes da oficina

    A indígena Adelina Leopoldina Rodrigues compartilhou seus saberes mostrando o Pirarucu, uma folhagem usada contra feridas. Também mostrou o Dapuru, muito usado para dores no corpo. Ela ainda indicou uma pequena raiz que, ralada, deve ser colocada nos olhos para curar dor de cabeça. O nome? Não pode revelar. É segredo indígena. 

    Já no quintal de Caroline Leodoldina Rodrigues é cultivada a Piripiriaca, usada contra picada de cobra. Há ainda a Borboleta, uma pequena folha utilizada pelas pessoas que estão precisando incrementar as vendas de seus produtos.

    Liderança da comunidade Waruá, a professora Auxiliadora Fernandes da Silva explica que há remédios indígenas para diversos males, como diarreia, malária, gripe, contra picada de cobra, cólica, para emagrecer. Ela explica que os remédios caseiros são muito usados na comunidade, mas nem todos os indígenas sabem prepará-los. Ela acredita que os jovens podem se interessar pelo assunto se forem realizadas mais oficinas. “Pelo menos é assim no meu povo. Eu procuro dialogar”, disse.

    Assessora do Dsei, a indígena da etnia Tukano Maria Miquelina compartilhou seus conhecimentos sobre a saúde dos povos tradicionais e também sobre medicina dos homens brancos. “Cada família indígena tem em seu quintal um pedacinho de remédio. E é preciso saber usar. Tem preparo especial, dosagem, como utilizar, o tempo, o período. É a chamada farmácia viva”, explicou, com sabedoria, Dona Mique, como é conhecida. “Eu tenho que compartilhar o que sei”, completa. Ela busca organizar as informações sobre plantas tradicionais e seus usos e, além disso, integra um grupo que tenta viabilizar a manipulação de remédios tradicionais pelos próprios indígenas.

    MEDICINA DOS BRANCOS

    Ainda durante o encontro foi abordada a importância da chamada medicina dos brancos. A enfermeira Kleice Almeida, do Dsei, falou sobre a saúde da mulher, ressaltando os temas pré-natal, parto e puerpério. “É muito importante que a mulher procure o serviço médico assim que souber da gravidez. Temos uma dificuldade de adesão ao pré-natal no primeiro trimestre gestação, o que aumenta o risco”, explica. Houve ainda palestra sobre dengue e malária.

    Também integraram a ação os pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) professor e doutor José Miguel Nieto Olivar e a enfermeira obstétrica Danielle Ichikura Oliveira. Olivar falou sobre violência contra mulheres, na devolutiva de pesquisa realizada em São Gabriel.

    O professor Alcir Ricardo Rodrigues, da comunidade Yamado, pediu que haja palestras para jovens sobre consequências da gravidez da adolescência. Ele informou que na comunidade há 60 jovens, sendo 30 homens e 30 mulheres. O professor Jaime Lopes, da comunidade Waruá, ressaltou também que é necessário alertar contra o uso de bebidas.

    Capitão da comunidade Yamado, Paulo Lino Romero informou que na comunidade moram cerca de cem indígenas, a maioria da etnia Baniwa, havendo também Curipaco e Baré. O indígena Victor Camico da Silva, capitão do Cewari, informou que na sua comunidade vivem 72 pessoas da etnia Curipaco. Na comunidade Waruá vivem cerca de 145 pessoas, a grande maioria da etnia Dâw.

    Também participaram do encontro no Yamado a integrante da coordenação do Departamento de Mulheres da FOIRN, Janete Alves; o coordenador do Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN), Lucas Matos (Tariano); Departamento de Comunicação, com atuação de Ednéia Teles (Arapasso);  Maria do Rosário Piloto Martins, a Dadá Baniwa, que é mestranda do Museu Nacional do Rio de Janeiro em linguística e línguas indígenas; Anair Sampaio, aluna do curso de serviço social da Unip, que acompanhou o encontro como atividade complementar de seu curso. O antropólogo João Vitor Fontanelli Santos, que desenvolve pesquisa junto aos Dãw, acompanhou os indígenas do Waruá durante o encontro.

    • Colaborou jornalista Ana Amélia Hamdan e Dadá Baniwa

  • Foirn leva experiência de luta das mulheres rionegrinas para fortalecimento das Xinguanas da ATIX

    Foirn leva experiência de luta das mulheres rionegrinas para fortalecimento das Xinguanas da ATIX

    Representantes do Departamento de Mulheres Indígenas do Rio da FOIRN marcou presença e contribuiu durante o I Encontro das Mulheres Indígenas do Xingu, realizado na Aldeia Ilha Grande nos dias  11 à 13 de maio. 

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    Do lado direito a Watatakalu Yawalapiti , a Coordenadora do Departamento de Mulheres da ATIX. Foto: Reprodução/Facebook

    Com objetivo de contribuir de fortalecer e consolidar a criação de um departamento de mulheres na estrutura da Associação Terra Indígena do Xingu, a coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Foirn, Elizangela da Silva Baré e a Rosilda Cordeiro liderança Tukano, foram até Aldeia Ilha Grande na Terra Indígena do Xingu para participar do I Encontro de Mulheres Indígenas do Xingu.

    No primeiro dia, foi apresentado a linha do tempo da luta das mulheres Xinguanas durante os últimos dez anos. Onde foi destacado a participação delas no movimento indígena, especialmente nas discussões sobre a saúde indígena. Nesse processo histórico de participação, destaca-se a Mapulu Kamayurá, uma das primeiras conselheiras de saúde e pajé do Alto Xingu, que recebeu Prêmio de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos em 2018.

    As mulheres indígenas representantes da Foirn do evento, contribuiu no relato de experiências da luta e da organização institucional e gestão territorial. O Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro, atualmente congrega 33 associações de mulheres indígenas distribuídas em 3 municípios: São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

    “Falamos da nossa organização interna e como funciona o departamento e sua articulação com as associações das mulheres indígenas aqui no Rio Negro. Nossa contribuição foi com nossa experiência, a experiência das mulheres indígenas do Rio Negro”. Afirma, Elizangela Baré.

    A Watatakalu Yawalapiti do Alto Xingu foi indicada para coordenadora e Amairé Kaiabi Suiá do Baixo Xingu para secretária do Departamento das Mulheres do Xingu que serão referência a partir de agora para continuar a luta das mulheres indígenas do Xingú.

  • COIDI realiza a XIII Assembleia Regional em Iauaretê

    COIDI realiza a XIII Assembleia Regional em Iauaretê

    Com participação 300 pessoas a Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê (COIDI) mobilizou sua base para trabalhar na validação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) e debater entre comunitários e lideranças os temas de interesse da região.

    A assembleia

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    Participantes aprovam encaminhamentos no final da assembleia em Iauaretê. Foto: Ray Baniwa/Foirn

     A Assembleia ocorreu no centro sociocultural de Aparecida, em Iauaretê, dos dias 17 a 22 de setembro de 2018. As assembleias regionais da FOIRN têm o objetivo de ser um espaço de representatividade de sua base de associações filiadas e das comunidades em geral. Ou seja, são feitas avaliações sobre os trabalhos realizados das Coordenadorias e da FOIRN assim como propostas sobre assuntos de seu interesse. “Precisamos fazer valer esses momentos importantes como espaços discussões e decisões sobre o nosso futuro”, lembrou a gestora da Escola Estadual Indígena Pamüri Mahsã, Ivanete Fontoura na mesa de abertura oficial do evento.

    A programação contou com a apresentação dos principais temas, propostas e estratégias de ação do processo de construção do PGTA da região; organizou grupos de trabalho; articulou diálogo com representantes das comunidades colombianas e autoridades governamentais com a presença do Exército brasileiro; debateu o regimento interno aprovado pelo Conselho Diretor da FOIRN sobre uso e manutenção da rede de radiofonia; discutiu as possibilidades e fortalecimento de uma rede de produtos indígenas; informou sobre o Sistema Agrícola Tradicional da Rio Negro e sobre a legislação que guia a consulta aos povos indígenas.

    Validação do PGTA da região da COIDI

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    GT Alto Uaupés. Foto: Ray Baniwa/Foirn

     Neste ano, as assembleias têm no centro de suas discussões o momento de validação das informações reunidas no processo participativo de construção dos PGTAs, iniciado em 2014 e organizado pela cooperação entre FOIRN, CRRN/FUNAI e ISA. Para isso, foi apresentado um conjunto de informações que relembram o que são os PGTAs e o estágio atual de sua construção. As informações envolvem dados sobre território, população, grupos étnicos, territórios ancestrais, manejo ambiental, governança e associações de base. Como meio de organizar a discussão foi seguido o recorte territorial pelo qual a COIDI se organizou para este processo de construção dos PGTAs. São ao total 5 os grupos. Quatro são organizados por sub-regiões e um grupo é por recorte étnico, da etnia Hupd’äh. As sub-regiões são: Médio Uaupés, Iauaretê Centro, Alto Uaupés e Papuri. O grupo Hupd’äh foi composto por pessoas que vivem na região do Igarapé Japu e Alto Papuri. Estes 5 grupos de trabalho (GTs) se mobilizaram para validar, revisar e editar as informações que seguirão para os PGTAs.

    Dentre os temas discutidos estão acordos internos, migração, políticas públicas, valorização e fortalecimento cultural, manejo de pesca, caça e extrativismo, infraestrutura, lixo e sustentabilidade e iniciativas produtivas. Além, é claro, dos macro-temas de educação e saúde. Os grupos apresentaram suas discussões e este material deve entrar nos PGTAs. Alguns destaques foram: a questão transfronteiriça que precisar ter sua articulação intensificada entre Brasil e Colômbia, as iniciativas de fortalecimento cultural, o fortalecimento das associações de base, a elaboração de propostas para geração de renda e, acordos internos, intercomunitários, sobre o manejo e uso de recursos nos territórios que deve ser feito com o devido respeito entre nós que convivemos há tanto tempo.

    Para Jocimara dos Santos Tukano, da região do Alto Uaupés, uma das participantes da assembleia, é muito importante planejar e estabelecer o que deve ser trabalhado no território, e o PGTA está trazendo essa oportunidade, não apenas o que os governos devem fazer, mas, o que as comunidades e as pessoas que vivem lá também devem fazer ou não fazer. “O PGTA foi um trabalho muito importante para nós, tanto para colocar nossas propostas e demandas, e como também o que devemos fazer para resgatar nossos conhecimentos sobre o território e outros assuntos”, disse.

    Importante destacar que pela primeira vez, teve a maior participação Hupdah, vindos do Rio Tiquié, Igarapé Japú e Papuri. As prioridades para a implementação destacadas no grupo foi a valorização da língua, educação escolar indígena e saúde. Na educação escolar, há prioridades na formação de professores e construção de escolas. Na saúde, o GT Hupdah, recomendou que a formação de agentes indígenas de saúde, equipes multidisciplinar específica, como também a criação de um Distrito Sanitário Especial próprio.

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    Hupdah do Tiquié, Papuri e Japú participaram da XIII Assembleia da COIDI e tiveram um grupo de trabalho específico para tratar suas demandas. Foto: Ray Baniwa/Foirn

    Após os GTs, a ACAZUNIP (Asociación de Capitanes de la Zona Unión Indígena del Papuri) apresentou seus trabalhos. Eles elaboraram o seu Plano Integral de Vida Indígena em 2008 e hoje, dez anos depois, ainda estão na luta para que o Plano seja implementado por meio do empenho das comunidades e do apoio governamental. Este plano e seus objetivos dialogam diretamente com os PGTAs do Rio Negro.

    Desafios da gestão territorial transfronteiriça

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    Coordenador da COIDI entrega ao representante do Governo Colombiano carta de recomendações. Foto: Ray Baniwa/Foirn

    Houve ainda uma mesa sobre a situação do trânsito de moradores entre Brasil e Colômbia com a presença do responsável pela Aduana colombiana e o Exército Brasileiro. Isto pois foram relatadas diversas situações de abuso de poder e tomada de produtos e bens dos moradores que têm familiares e roças na parte colombiana. Foi aprovado um documento exigindo a tomada de medidas para evitar tais situações que foi encaminhado para as autoridades responsáveis da Colômbia (governador do Vaupés, Ministério do interiores e Exército).

    Avaliação das atividades da Foirn, Coidi e associações da base

    A assembleia seguiu com a apresentação e avaliação pela FOIRN sobre as iniciativas presentes nas Terras Indígenas do Rio Negro e os espaços que o movimento indígena ocupa como conselhos e fóruns. Outro documento elaborado na assembleia abarcou a situação atual das políticas públicas, que não têm respeitado os direitos indígenas.

    Após seis dias de diálogos, intercâmbios, convivência e trabalho, a assembleia mobilizou sua base e deu importantes passos para o fortalecimento das propostas indígenas em seus territórios. Da assembleia, foram indicados 20 delegados que em novembro participarão da Assembleia Geral da FOIRN para dar seguimento e continuar a luta pelos direitos indígenas.

     

  • Programação: XI Encontro de Mulheres Indígenas do Rio Negro

    Programação: XI Encontro de Mulheres Indígenas do Rio Negro

    XI Encontro de Mulheres Indígenas do Rio Negro

    capa mulheres

    Dia 29/04/2018
    – A partir das 15 horas: Chegada das participantes / Credenciamento
    – 18 horas: Jantar

     1º Dia – 30/04/2018
    7 h Café da Manhã· 8 horas: Recepção e acolhimento das convidadas e participantes (Canto tradicional na língua indígena – Departamento de Mulheres)·

    8h30 às 9h30: Dinâmica de integração

    9h30 às 10h30: Mesa de abertura “A importância da mulher indígena nos espaços de tomada de decisão”

    Expositoras: Almerinda Ramos Tariana, Cecília Albuquerque Piratapuia, Sandra Gomes, Djuena Tikuna, Floriza Yanomami, Mayra Wapichana, Maria Assunta Tukano, Nara Baré e Rosilene Fonseca Piratapuia· 10h30 às 11 horas: Xibé/Café· 11h. às 12 horas: Debate em Plenária sobre o tema da mesa de abertura

    12h. às 13h30 – Almoço

    13h30 – Animação  · 14 horas – Apresentação sobre “Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) das Terras Indígenas do Rio Negro e mulheres” – Elizângela da Silva Baré·

    14h30 às 16 horas – Grupos de trabalho sobre os principais desafios para as mulheres no contexto dos PGTAs·

    16h. às 16h15 – Xibé

    16h15 às 17h30 – Apresentações dos grupos de trabalho, por região administrativa

    17h30 às 18 horas – Encerramento do dia / Música com Djuena Tikuna

    18h. às 19 horas – Jantar

    2º Dia – 01/05/2018
    7 h – Café da Manhã

    8 horas – Dinâmica de abertura·

    8h30 às 10h30 – Mesa de exposição: “Sustentabilidade, Economia Indígena, Empreendedorismo e Políticas Públicas voltadas à Geração de Renda das Mulheres Indígenas”. Estudos de casos: Alpargatas Kayapó, Pimenta Baniwa, Artesanato Indígena do Alto Rio Negro, Turismo Indígena de Base Comunitária e Cerâmica de Taracuá.

    10h30 às 11 horas – Xibé/Café· 11h. às 12 horas: Debate na Plenária

    12h. às 13h30 – Almoço
    13h30 – Animação

    13h30 às 15h. – Grupos de trabalho sobre dificuldades enfrentadas pelas mulheres indígenas na geração de renda e como superar os obstáculos

    15h. às 16 horas – Apresentação dos grupos de trabalho·

    16h. às 16h15 – Xibé

    16h15 às 18 horas – Exposição e debate sobre Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro· 18h. às 18h30 – Dinâmica de encerramento·

    18h30 às 19h30 – Jantar

    3º Dia – 02/05/2018
    7 h – Café da Manhã· 8 horas – Dinâmica de abertura

    8h30 às 9h30 – Importância da comunicação para as lutas do movimento indígena, protagonismo feminino na política e empoderamento da juventude – Mayra Wapichana (CIR – Conselho Indígena de Roraima), Djuena Tikuna, Sany Brasil, Nara Baré (COIAB) e Departamento de Jovens da Foirn·

    9h30 às 10h. – Debate em Plenária·

    10h30 às 11h. – Xibé/

    11h às 12h. – Informe ATL 2018 com Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro e lideranças do Rio Negro
    12h. às 13h30 – Almoço
    13h30 às 14 horas – Animação

    14h às 15 horas – Exposição da ONU Mulheres

    15h às 16 horas – Debate em Plenária

    16h às 16h15 – Xibé

    16h15 às 18h– Trabalho de Grupo sobre Direitos da Mulher na sociedade brasileira.

    4º Dia – 03/05/2018
    7 horas – Café da Manhã

    8 h – Animação·

    8h às 8h30 – Eleição da comissão que fará a redação da carta das Mulheres do XI Encontro de Mulheres Indígenas do Rio Negro

    8h30 às 9h30 – Plenária sobre prioridades para a elaboração do Manifesto das Mulheres Indígenas do Rio Negro 2018 – Inclusão da discussão de gênero no movimento indígena.

    9h30 às 12h. – Grupos de Trabalho

    12h. às 14 horas – Almoço

    14h. às 16 horas – Redação do Manifesto

    16h. às 16h15 – Xibé/Café

    16h15 às 16h45 – Leitura e aprovação do Manifesto das Mulheres Indígenas do Rio Negro

    16h45 às 17h. – Assinatura do Manifesto pelas participantes

    18h30 às 19h30 – Jantar

    19h30 às 20h30 – Show de encerramento com Djuena Tikuna e Cariçu Tuyuka