Categoria: Oficinas

  • FOIRN participa do projeto “Contando e dançando a história dos Povos do Alto Rio Negro” em São Gabriel da Cachoeira

    FOIRN participa do projeto “Contando e dançando a história dos Povos do Alto Rio Negro” em São Gabriel da Cachoeira

    Contando e dançando a história dos Povos do Alto Rio Negro é o projeto desenvolvido por um grupo de professores da Escola Estadual Dom João Marchesi junto com os alunos do ensino médio.

    O objetivo é trazer a discussão sobre a identidade cultural dentro do espaço escolar.  “O projeto começou quando avaliamos a necessidade de trazer para o ambiente escolar ações voltadas para a valorização da identidade cultural dos estudantes da nossa escola”, disse professora Lorena Araújo, uma das coordenadoras do projeto.

    Para isso está sendo feito uma série de atividades no campo, onde os estudantes possam fazer um levantamento bibliográfico existente sobre a cultura dos 23 povos indígenas do Rio Negro.

    Por trabalhar diretamente com os povos indígenas do Rio Negro, a FOIRN é uma das instituições visitadas. Onde coordenadores de setores foram convidados para apresentar os trabalhos realizados pela instituição e os principais resultados até aqui conquistados.

    Todas as publicações sobre os povos do Rio Negro foram expostos aos estudantes para consulta. Como também folders, boletins informativos foram distribuídos aos estudantes.

    De acordo os orientadores, conhecer os trabalhos da FOIRN, principalmente a sua história é conhecer a luta dos pais e avós deste alunos e conhecer a sua própria história. Uma luta pelos direitos, uma luta pela preservação da diversidade cultural, principalmente as histórias e as línguas.

    Ainda serão realizadas várias atividades voltadas para valorização da cultura dentro do espaço escolar, uma ação que vem sendo coordenado nos últimos anos por alguns grupos de professores indígenas que atuam nas escolas da rede estadual de ensino.

    As palestras aconteceram durante as tardes dos dias 29 a 31 de agosto na maloca da FOIRN em São Gabriel da Cachoeira.

     

     

     

     

  • Mais duas oficinas de elaboração de Planos de Gestão Territorial das Terras Indígenas no Rio Negro são realizadas

    Foto: Ray Benjamim
    Foto: Ray Benjamim

    Mais duas oficinas de elaboração de Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) foram realizadas no Rio Negro. Uma em Santa Isabel do Rio Negro (6 a 8/10), que reuniu lideranças indígenas e representantes das organizações de base do médio e baixo Rio Negro, e outra em Tunuí Cachoeira (7 a 10/10), que reuniu os Povos Baniwa e Koripaco, que vivem na região do Içana e afluentes (Aiarí e Cuiarí).

    As oficinas de elaboração dos PGTAs no Rio Negro são realizadas pela FOIRN em parceria com o Instituto Socioambiental e com apoio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI – Coordenação Regional do Rio Negro). As coordenadorias regionais e as Coordenações Técnicas Locais (CTLs) são responsáveis pela logística desses eventos.

    Os trabalhos tem como base os eixos e objetivos da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – Decreto 7.747/2015. Uma oportunidade para os povos indígenas discutir políticas públicas, projetos sustentáveis e gestão de seus territórios, que valorize e priorize a identidade cultural e territorial desses povos, que tem sido um dos principais desafios no Rio Negro pós demarcação das Terras Indígenas.

    Foram mais de 20 anos de luta pela demarcação das Terras Indígenas no Rio Negro. Hoje ainda continua a luta pela demarcação de mais duas Terras Indígenas, que não foram concluídas, uma no Alto Rio Negro e outra no baixo Rio Negro. Após essa conquista a FOIRN vem desenvolvendo ações de vigilância das TIs, projetos de geração de renda e alternativas econômicas, valorização dos conhecimentos tradicionais, transmissão de conhecimentos tradicionais de uso e manejo recursos naturais, fortalecimento política das associações de base e comunidades, comunicação e entre outros.

    Portanto, a construção dos PGTAs dos Territórios habitados pelos povos indígenas do Rio Negro vem fortalecer e potencializar essas experiências que tem como objetivo principal a gestão e governança desses territórios.

    Metodolodia

    Cada região do Rio Negro irá elaborar seu PGTA a partir de seus conhecimentos tradicionais sobre territorialidade, experiências de contato, de projetos desenvolvidos e especialmente com base nos desafios atuais.

    O primeiro passo da construção dos PGTAs tem como atividade principal a realização de mapeamento de territorialidades como as áreas de uso das comunidades e atuações das associações.

    Após a realização da primeira oficina, cada região irá elaborar um plano de atividades para dar continuidade da construção do plano, que inclui aprimoramento e aprofundamento de informações levantadas na oficina, através de realização de viagens às comunidades.

    Oficina em Santa Isabel do Rio Negro

    Participantes da oficina realizada em Santa Isabel do Rio Negro. Foto: Rosilda Cordeiro
    Participantes da oficina realizada em Santa Isabel do Rio Negro. Foto: Rosilda Cordeiro

    Teve cerca de 150 participantes vindos de 30 comunidades da abrangência dos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

    Os participantes apontaram os problemas na prestação de assistência básica de saúde nas comunidades, educação escolar indígena não implementada, e principalmente a demora do reconhecimento e demarcação da Terra Indígena no Baixo Rio Negro que está se arrastando há vários anos.

    Os participantes vêem no PGTA um um instrumento fundamental para planejar ações que vão garantir a gestão do território e principalmente sua governança.

    Oficina em Tunuí Cachoeira, Médio Içana

    Participantes da Oficina realizada em Tunuí Cachoeira, médio Içana. Foto: Ray Benjamim/FOIRN

    A oficina realizada em Tunuí Cachoeira, reuniu 140 participantes, vindos de todas as microrregiões do Içana (baixo, médio e alto Içana, Aiarí e Cuiarí).

    Os Baniwa e Koripaco realizaram trabalho de mapeamento das territorialidades por comunidades e associações de base, identificando as áreas de uso, como também as potencialidades, que poderão ser transformados em projetos de geração renda no plano.

    O Conselho Kaali que está em processo de consolidação será um espaço de governança do território, onde temas importantes serão discutidos e deliberados, e o PGTA irá subsidiar todas as ações nas microrregiões que serão implementados por associações de base.

    Os Baniwa e Koripaco apontaram na primeira oficina, a partir de sua história de contato, seus projetos já realizados e em andamento, que o maior desafio hoje saber manejar os recursos que existem atualmente, para garantir futuro às novas gerações.

    Esse saber manejar é valorizar e transmitir os conhecimentos tradicionais de uso e manejo de recursos existentes no território, e aliar as novas tecnologias e os conhecimentos científicos no desenvolvimento de projetos que irão garantir a gestão do território.

    “ Precisamos fazer um plano de gestão do nosso território que tenha haver com nossa cara, que seja do nosso jeito, pois será um instrumento que iremos usar para cuidar do nosso território” – disse André Baniwa, um dos coordenadores da realização da Oficina de elaboração do PGTA Baniwa e Koripaco.

    Saiba mais: Saber manejar no presente para garantir o futuro é o desafio, apontam os Povos Baniwa e Koripaco na oficina de elaboração do PGTA do Rio Içana e Afluentes

    Mais oficinas serão realizadas

    Até ao final do mês de outubro serão realizadas mais três oficinas de elaboração do PGTA. Uma em Taracúa, Médio Uaupés, que irá reunir participantes do Rio Tiquié e Baixo Uaupés, a outra em Iauaretè que contará com a participação das comunidades do Médio e Alto Uaupés e Rio Pauri, e por último em Juruti, alto Rio Negro, que será exclusiva para os moradores das comunidades do Alto Rio Negro e Xié.

  • Oficina sobre como aproveitar melhor “madeiras roliças” reuniu representantes das 5 regiões do Rio Negro em São Gabriel da Cachoeira.

    Diretores da FOIRN, participantes da oficina e instrutores da oficina. Foto: SETCOM/FOIRN
    Diretores da FOIRN, participantes da oficina e instrutores da oficina. Foto: SETCOM/FOIRN

    A FOIRN realizou em parceria com a Aliança pelo Clima e a escola Hedelhof, ambos da Austría, a Oficina de Técnicas em Contrução com Madeira roliça e Manuseio de Plainadeira acoplado em Motossera.

    A oficina que aconteceu entre 24 a 27 de março reuniu representantes das regionais como o Baixo e Médio Rio Negro, Alto Rio Negro, Rio Içana, Uaupés e Tiquié.

    Para o diretor da FOIRN, Renato Matos, a oficina trouxe novas técnicas de como aproveitar melhor as madeiras que existem na região e que foi muito positivo e de grande aprendizado para os participantes que serão os multiplicadores do conhecimento adquirido.

    Os instrutores da oficina são: -Josef Beneder, Herbert Grulich, Johannes Bichl e Johann Kandler.

  • Começa a elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental Kotiria e Kubeo, no Alto Rio Negro

    Começa a elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental Kotiria e Kubeo, no Alto Rio Negro

    Participantes da Oficina. Foto: Sergio Oliveira.
    Participantes da Oficina. Foto: Sergio Oliveira.

    Em julho passado teve início a elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) Kotiria (Wanano) e Kubeo. Proposto e gerido pela Associação da Escola Khumunu Wu’u Kotiria (Asekk), e financiado pelo Programa Demonstrativo dos Povos Indígenas (PDPI/MMA), este PGTA envolve 14 comunidades do Alto Rio Uaupés e abrange uma área de aproximadamente 1,3 milhão de km2.

    O início do projeto foi marcado pela realização de duas oficinas de etnomapeamento e diagnóstico participativo nas comunidades de Caruru-Cacheira e Açaí. Nas oficinas, que tiveram duração de cinco dias cada, foram produzidos mapas mentais, croquis das roças e das comunidades, uma linha do tempo onde foram localizados os fatos marcantes da história de cada grupo, calendários ecológicos, entre outros materiais, de modo a subsidiar a discussão das noções de território, ambiente, gestão e sustentabilidade.

    O projeto, que terá a duração de um ano, prevê a publicação de um diagnóstico preliminar da situação socioambiental da área, além da elaboração de mapas temáticos com os recursos materiais e simbólicos imprescindíveis para a reprodução física e cultural dos grupos envolvidos. O diagnóstico será elaborado a partir da investigação conduzida pela equipe de pesquisadores indígenas (seis Kotiria e três Kubeo), que foi capacitada durante as oficinas. Ao longo dos próximos meses, estes pesquisadores irão produzir censos, entrevistas, diários de campo, mapear pontos importantes de seu território com o auxilio de aparelhos de GPS, realizar reuniões com as comunidades, entre outras atividades. No início de 2015, serão realizadas mais duas oficinas para a sistematização e validação das informações produzidas.

    A coordenação geral do projeto está sob responsabilidade do presidente da ASEKK Edmar Sanchez. Na coordenação técnica estão o linguista Thiago Chacon, o antropólogo Pedro Rocha e o biólogo Igor Richwin. No apoio aos pesquisadores indígenas estão os antropólogos Diego Rosa Pedroso e João Pimenta da Veiga. Na parte administrativa, o projeto conta com o apoio da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).

    Espera-se que o projeto venha contribuir para a construção de um Plano de Gestão Territorial e Ambiental na Terra Indígena Alto Rio Negro, em diálogo com iniciativas similares na região. A aposta é que no futuro se possa enfrentar de maneira integrada os desafios e expectativas de médio e longo prazo dos povos indígenas da região, contribuindo para a implementação da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI), nos moldes do Decreto N° 7747 de 2012.

    Divulgação Equipe do PGTA Kotiria e Kubeo

  • Assembleia de Mulheres Indígenas em Iauaretê – Rio Uaupés

    A Associação das Mulheres Indígenas do Distrito de Iauaretê (AMIDI) realizou VI Assembleia Assembleia em Iauaretê nos dias 7 a 9 de julho

    Mais de 136 pessoas participaram da VI Assembleia das Mulheres Indígenas do Distrito de Iauaretê, realizado no Salão Paroquial nos dias 7 a 9 de julho, pela AMIDI em parceria com a FOIRN.

    Além de participantes vindos das comunidades de abrangência da COIDI (Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê), representantes de instituições parceiras como a FUNAI-CRRN e o DSEI/CASAI e Conselho Tutelar participaram do evento.

    As pautas do evento realizado são: Saúde da Mulher, Direitos da Mulher (Lei Maria da Penha), Concepção própria das mulheres indígenas sobre a saúde, revisão e aprovação do Estatuto da AMIDI, Alcoolismo entre os jovens da região de Iauaretê.  

    Palestras, debates e grupos de trabalho foram realizados sobre os temas discutidos no evento, que, também foi importante espaço de troca de conhecimento entre os participantes e os palestrantes.

    Nas discussões, viu-se a necessidade de realizar um encontro para discutir problemas relacionados à juventude, já que, de acordo com as discussões, o alcoolismo é um dos grandes problemas na região, especialmente na sede do distrito.

    As instituições presentes, incluindo a FOIRN junto com as associações indígenas locais, se comprometeram a buscar juntos, soluções sobre os problemas identificados e sobre as demandas encaminhadas ao final do evento.

    A Almerinda Ramos de Lima – Presidente da FOIRN e a Francinéia Fontes – Vice Coordenadora do DMIRN participaram da Assembleia.

  •   FOIRN e ACIBRN firmam parceria para desenvolver a pesca esportiva no Rio Marié

    capitães das comunidades da ACIBRN e parceiros em Tapuruquara Mirim - Michele xxxxx
    Capitães das comunidades da ACIBRN e parceiros em Tapuruquara Mirim durante a oficina

    A Associação das Comunidades Indígenas do Baixo Rio Negro (ACIBRN) e a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) firmaram parceria com a empresa Untamed Angling do Brasil para desenvolver um projeto de turismo de pesca esportiva no rio Marié.

    A parceria que se inicia é resultado de um longo processo de estudos, discussões e planejamento que produziram um Termo de Referência (link) para orientar as empresas interessadas, publicado pela FOIRN no dia 12 de fevereiro de 2014. As quatro propostas recebidas foram analisadas e discutidas pelas comunidades da ACIBRN, com apoio e assessoria técnica das instituições parceiras Funai, Ibama e ISA.

    A partir dos critérios estabelecidos pelo Termo de Referência, duas empresas foram eliminadas do processo de seleção por não terem atendido aos requisitos: elaboração e apresentação de planos de manejo e monitoramento, descrição da infraestrutura e detalhamento dos custos operacionais e modelo de repartição de benefícios para as comunidades, entre outros.

    As lideranças indígenas decidiram convidar as duas empresas que apresentaram as propostas mais completas para conversar e conhecer as comunidades. A empresa parceira foi escolhida por unanimidade em reunião realizada nos dias 28 e 29 de abril de 2014, na comunidade Tapuruquara Mirim, com ampla participação das lideranças e comunidade indígenas da ACIBRN e com presença dos donos das empresas Liga de Ecopousadas da Amazônia e Untamed Angling do Brasil, os senhores Luís Brown e Rodrigo Salles.

    Os empresários foram até Tapuruquara Mirim conversar com as lideranças e discutir suas propostas para o rio Marié, em uma reunião que contou com a presença das comunidades, diretoria da ACIBRN, os parceiros FOIRN, Funai, Ibama e ISA, e com participação de representantes da Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira e SEIND, finalizando um processo participativo e inovador de regularização do turismo de pesca em terra indígena.

    Equipe que coordenou a oficina: Elpidio  (presidente da comunidade Tapuruquara Mirim), Daniel Crepaldi (analista do Ibama), Francisco Lopes (presidente da ACIBRN), Marvielton Barroso (diretor da foirn), Ana Paula Souto Maior (advogada do ISA), Camila Barra (antropÛloga do ISA), T˙lio Binotti (vice-coordenador da CRRN-Funai), Guilherme Veloso (CTL do rio MariÈ, Funai) e Domingos Barreto (Coordenador da CRRN-Funai)
    Equipe que coordenou a oficina: Elpidio (presidente da comunidade Tapuruquara Mirim), Daniel Crepaldi (analista do Ibama), Francisco Lopes (presidente da ACIBRN), Marvielton Barroso (diretor da foirn), Ana Paula Souto Maior (advogada do ISA), Camila Barra (antropÛloga do ISA), Túlio Binotti (vice-coordenador da CRRN-Funai), Guilherme Veloso (CTL do rio Marié, Funai) e Domingos Barreto (Coordenador da CRRN-Funai)

    O projeto vai se iniciar ainda em 2014, com anuência da Funai, respeitando todos os critérios definidos pelos estudos de impacto e viabilidade socioambiental e respeitando a autonomia e o bem viver das comunidades e dos peixes do Rio Marié.

    O Dabucuri que encerrou o encontro foi uma festa de agradecimento a todos que  participaram do processo, que acreditaram na proposta e respeitaram os direitos e interesses das comunidades indígenas. As lideranças reforçaram em seus discursos o desejo de garantir a proteção do território e a melhoria da qualidade de vida, pensando no futuro de seus filhos e netos.

    Dabucuri encerrando a oficina em Tapuruquara Mirim
    Dabucuri encerrando a oficina em Tapuruquara Mirim
  • Oficina em São Gabriel (AM) debate Instituto dos Conhecimentos e Pesquisas Indígenas do Rio Negro

    Participantes da Oficina, realizada no espaço público do ISA em São Gabriel da Cachoeira. Foto: SETCOM/FOIRN
    Participantes da Oficina, realizada no espaço público do ISA em São Gabriel da Cachoeira. Foto: SETCOM/FOIRN

    Representantes do CGEE, da Foirn, do MEC, do ISA e lideranças indígenas locais expuseram expectativas e debateram conteúdos possíveis para o instituto

    Reunidos na sede do ISA, em 8 de abril, em São Gabriel da Cachoeira, noroeste amazônico, os participantes lembraram da importância do processo que levou à ideia de criação do Instituto dos Conhecimentos e Pesquisas Indígenas do Rio Negro (ICPIRN). Tal trajetória envolve experiências piloto em educação indígena cujos eixos de trabalho abarcam valorização dos conhecimentos locais, metodologia por meio de pesquisas, elaboração de materiais nas línguas indígenas e conceituação do bem viver dos povos indígenas do Rio Negro. Saiba mais sobre a educação escolar indígena no Rio Negro.

    Em 2012, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e o ISA apresentaram ao MEC a proposta do ICPIRN relacionando conhecimentos interculturais e pesquisa no Rio Negro e após discussões sobre possíveis formatos institucionais e parcerias, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, juntou-se ao processo. Durante a oficina houve uma apresentação sobre o CGEE na qual foram destacados o eixo institucional de trabalhar em processos conjuntos e o objetivo de subsidiar processos de tomada de decisão em temas relacionados a ciência, tecnologia e inovação. Com vistas a este objetivo, um dos eixos de atuação é trabalhar com novas fronteiras do conhecimento, e nele o ICPIRN pode ser incluído.

    Em seguida, conhecedores locais e lideranças indígenas expuseram suas expectativas em um momento no qual passado, presente e futuro foram relacionados. “Tinha o sonho grande de conciliar conhecimentos nossos e a ciência. Talvez conciliando os dois conhecimentos seja uma maneira de construir um desenvolvimento sustentável. Não estragar a natureza com a filosofia de produzir teria um resultado mais saudável, mais harmônico”, relatou o líder tuyuka Higino Tenório, líder tuyuka. Ele participa das experiências interculturais no Rio Negro desde que elas se inciaram.

    Quebrar o preconceito é fundamental

    Já André Fernando, liderança baniwa, contou que nos mais de 20 anos em que trabalha no movimento indígena um dos pensamentos principais é quebrar o preconceito. “Parece que os índios não têm geografia, arquitetura, matemática e nós descobrimos que temos todas essas áreas de conhecimento. Temos medicina que cura, previne, traz embelezamento”. Ivo Fontoura, Tariano, que trabalha no setor de educação da Foirn, complementou: “Nossos avós teleguiavam cigarros e era tipo um controle remoto que eles tinham. Essa medicina vai ser traduzida no contexto do instituto.”

    Os participantes se dividiram então em dois grupos de trabalho, um sobre programa de formação e outro sobre estrutura institucional. No final da oficina foram apresentados os resultados da conversa de cada grupo. Quanto à estrutura do ICPIRN, foi acordado que os principais beneficiários devem ser os povos indígenas do Rio Negro. Foram mencionados ainda a comunicação entre jovens e adultos e o próprio mercado de trabalho que será transformado por novos conhecimentos e áreas de interesse. Os participantes consideraram que o principal recurso do Instituto são os recursos humanos e que a iniciativa agrega valor devido à sua capacidade de diálogo, pluralidade e legitimidade, uma vez que é fruto de um processo participativo e conjunto entre povos indígenas e instituições parceiras.

    Sobre o programa de formação, levando em conta a região pluriétnica e de grande extensão geográfica que é o Rio Negro, destacou-se que a seleção deve contemplar, em primeiro instante, regiões que já contam com iniciativas de pesquisa e que uma vez iniciados os trabalhos o acompanhamento das pesquisas é essencial. Também se debateu a criação de novas posições como a de tecnólogos indígenas contemporâneos que aliarão técnicas indígenas com novas tecnologias e que as pesquisas orbitarão em torno de três eixos: manejo do mundo, narrativas de origem e economia indígena. Finalmente, chamou-se atenção para a importância de localizar onde estão os conhecimentos e como estes devem ser trabalhados.

    No encerramento da oficina, representantes do CGEE, Foirn, ISA e MEC reafirmaram a importância de continuar o trabalho em parceria e que os próximos passos envolvem a elaboração de um pré-projeto operacional para que questões práticas do instituto sejam definidas, experimentadas e aperfeiçoadas.

    Fonte: Instituto Socioambiental. 

  • Índios criam “Conselhos da Roça” para compartilhar saberes, práticas e fazer a diversidade dialogar no âmbito do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

    Laure Emperaire, botânica, pesquisa as formas tradicionais de manejar a agrobiodiversidade no Rio Negro há mais de 20 anos, participou do inicio da discussão da criação dos "Conselhos da Roça" nas comunidades indígenas do Médio e Baixo Rio Negro. Foto: Lorena França - IPHAN
    Laure Emperaire, botânica, pesquisa as formas tradicionais de manejar a agrobiodiversidade no Rio Negro há mais de 20 anos, participou do inicio da discussão da criação dos “Conselhos da Roça” nas comunidades indígenas do Médio e Baixo Rio Negro. Foto: Lorena França – IPHAN

    Riqueza de saberes e práticas, diversidade das plantas cultivadas, redes de circulação das plantas e conhecimentos associado, segurança alimentar e sustentabilidade do modo de produzir que permite a conservação da floresta tornaram o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro um patrimônio nacional cultural, a partir de novembro de 2010, quando  foi registrado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)  como patrimônio cultural do Brasil no livro dos saberes e modos de fazer.

    Após a cerimônia de entrega do reconhecimento, realizado em junho de 2011, em Santa Isabel do Rio Negro, teve a discussão das diretrizes do Plano de  Salvaguarda e a proposta de formação de um comitê gestor para representar, que ao final da reunião foi criado apenas um grupo de trabalho (GT), devido a ausência dos orgãos públicos local.

    A de lá pra cá, o GT, constituído pelas instituições: FOIRN, Asiba (Associação das Indígenas de Barcelos), Acimrn (Associação das Comunidades Inígenas do Médio Rio Negro, IPHAN, Pacta (Projeto de pesquisa sobre agrobiodiversidade da Amazônia) e ISA (Instituto Socioambiental), vem cumprindo uma agenda de trabalho voltado ao tema, como a elaboração de critérios para a formação e convocação de instituições para  fazer parte do comitê, em processo de construção.

    Umbuesaita Kupixa Resewara: Conselho da Roça.

    Professor e liderança Vamberto Plácido da comunidade Cartucho, Médio Rio Negro, contribuiu para chegar ao nome do "Conselho da Roça" na língua Nheengatú. Lorena França - IPHAN
    Professor e liderança Vamberto Plácido da comunidade Cartucho, Médio Rio Negro, contribuiu para chegar ao nome do “Conselho da Roça” na língua Nheengatú. Lorena França – IPHAN

    Mais uma etapa de trabalho do GT foi dado na semana passada na região do Médio e Baixo Rio Negro, durante a viagem realizada nos dias 14 a 24 de fevereiro, por uma equipe formada por Marivelton Rodrigues Barroso ( Diretor FOIRN – Referência do Médio e Baixo Rio Negro), Wilde Itaborahi – ISA, Lorena França – IPHAN/MAO, Murilo Rosa – IPHAN/MAO, Edneia Teles – DAJIRN, Andronico Benjamim da Silva – CAIMBRN, Renato Matos – Diretor FOIRN, Antônio Menezes – CAIARNX, Sandra Gomes – ACIMRN, Desirée Tozi – DPI/IPHAN/BSB, Laure Empereire – Populações e Agro biodiversidade e Conhecimentos Tradicionais da Amazônia / IRD.

    A equipe desceu o rio Negro de São Gabriel da Cachoeira até Barcelos para dar o pontapé inicial da discussão e criação dos “Conselhos da Roça”, mais uma etapa de atividades do GT no âmbito do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SATRN).

    Fazer a diversidade dialogar como forma de preservação, transmissão e troca de saberes entre as diversidades regionais e entre as pessoas como também de instituições envolvidas é a proposta da criação dos “Conselhos da Roça”, que sera formado prioritariamente por um homem, uma mulher e um (a) jovem.

    A idéia é que cada município do tenha um Conselho da Roça, constituído pelas organizações de base. Por exemplo, a FOIRN sera a representante do “Conselho da Roça” de São Gabriel da Cachoeira, que será constituído por representantes das 4 coordenadorias regionais (COITUA, CABC, COIDI e CAIARNX), e Santa Isabel do Rio Negro terá como representante a ACIMIRN, que será composta por representantes (Conselheiros) das associações indígenas do município ( ACIR e ACIRP), e o Conselho da Roça de Barcelos será representado pela ASIBA (Associação das Comunidades Indígenas de Barcelos), que sera formada por conselheiros das associações AIACAJ (Associação Indígena da Área de Canafé e Jurubaxi ), AIBAD (Associação Indígena Baixo Aracá e Demini), AIFP (Associação Indígena Floresta e Padauri) e AIBRNC (Associação Indígena Baixo Rio Negro e Caués).

    E para um diálogo mais abrangente será formado Conselho da Roça Regional, a nível do Rio Negro por representantes/conselheiros dos três municípios (São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos) e de instituições parceiras e outras que poderão fazer parte.

    Lembrando, que a CAIMBRN uma das cinco coordenadorias regionais da FOIRN, abrange a região do Médio e Baixo Rio Negro, portanto, uma parte de São Gabriel da Cachoeira, e os outros dois municípios do Rio Negro, o que faz do “Conselho da Roça” a ser representado pela FOIRN, ficar apenas como 4 coordenadorias regionais.

    Proposta em construção

    Mulheres indígenas assumem papel importante na transmissão de saberes, práticas e conhecimentos sobre rica diversidade agricola do Rio Negro. Na imagem, mulheres da comunidade de Cartucho participaram da discussão da criação do Conselho da Roça. Foto: Lorena França - IPHAN
    Mulheres indígenas assumem papel importante na transmissão de saberes, práticas e conhecimentos sobre rica diversidade agricola do Rio Negro. Na imagem, mulheres da comunidade de Cartucho participaram da discussão da criação do Conselho da Roça. Foto: Lorena França – IPHAN

    Está previsto um próximo encontro para o mês de abril, em Cartucho – Médio Rio Negro, para um a discussão aprofundada sobre o assunto, e as demais Coordenadorias Regionais da FOIRN, sobretudo, da região do alto rio Negro, Içana, Waupés e Tqiuié, ainda vão iniciar o processo de discussão e criação dos “Conselhos da Roça” nos próximos meses.

    De acordo com o Marivelton Rodriguês Barroso, Diretor da FOIRN de referência da Região do Médio e Baixo Rio Negro, cada povo vai discutir e definir como o nome do conselho a ser formado em cada regional. Como por exemplo, Umbuesaita Kupixa Resewara (Conselho da Roça), é o nome que foi definido no encontro em Cartucho. “Cada povo irá discutir e definir como será chamado o nome do conselho na lingua”-diz.

    Sistema Agricola Tradicional do Rio Negro: Patrimônio do Brasil e da Humanidade.

    Um levantamento realizado entre 2006 a 2009, no município de Santa Isabel do Rio Negro e em duas comunidades próximas, pela pesquisadora Laure Emperaire, foram encontradas 110 tipos de maniwas e outras 329 tipos de plantas cultivadas por 28 famílas, o que de acordo com a pesquisadora, faz da região do Rio Negro o maior produtor de maniwa do Brasil e do mundo (já que a mandioca é uma planta de origem brasileira).

    E cultivar essa diversidade nas roças é apenas uma das formas de preservação e manutenção dessa riqueza praticada pelos povos indígenas do rio Negro, há pelo menos 4 mil anos, o tempo que a agricultura é praticada pelos povos que vivem na região de acordo com a pesquisadora.

    E outra forma de produção de toda esta diversidade e forma de compartilhá-la está diretamente relacionado ao modo de vida desses povos, sobretudo, através de relações,  entre essas relações destaca-se o casamento. Uma mulher quando sai de sua familia para ir morar na comunidade do marido, leva com ela um patrimônio que são os conhecimentos, as práticas, os saberes, para fundar uma nova família. Assim, a diversidade vai sendo semeada na região entre os povos de geração para geração.

    Respeitar, reconhecer e preservar as culturas dos povos indígenas do rio Negro, é contribuir na preservação e manutenção dessa riqueza e patrimônio cultural brasileiro e da humanidade.

    A viagem ao Médio e Baixo Rio Negro.

    Equipe de viagem a região do médio e baixo rio Negro, em Cartucho. Foto: Lorena França - IPHAN
    Equipe de viagem a região do médio e baixo rio Negro, em Cartucho. Foto: Lorena França – IPHAN

    Voltando à viagem da equipe para a região do Médio e Baixo Rio Negro. Após, participar da Assembleia Eletiva da ACIR (Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas), na comunidade Cartucho, onde além da pauta: criação dos Conselhos da Roça no âmbito do SATRN, foram também discutidos a extração da borracha (latex) na região de atuação da ACIR (13 comunidades), uma iniciativa da associação em parceria com a SEPROR e FOIRN, que tem uma previsão de inicio em setembro deste ano.

    Na equipe de viagem, Antônio Menezes, Vice Coordenador da CAIARNX (Coordenadoria das Associações Indígenas do Alto Rio Negro e Xié), participou da reunião e teve uma troca de experiências sobre essa atividade, pois existe  proposta de extração na região do Alto Rio Negro. E recebeu ao final da reunião das mãos da presidente eleita da ACIR, Cleucimara Reis Gomes, o “Kit do Serinqueiro”, para realizar a extração das primeiras amostras no segundo semestre desse ano.

    Turismo de Pesca Esportiva e Demarcação de Terras Indígenas (Jurubaxi/Teia  e Barcelos) foram os assuntos da Assembleia da ACIR em Cartucho e com as diretorias das associações Acirmrn (Santa Isabel do Rio Negro) e Asiba (Barcelos).

    De acordo com o diretor de referência da região, a conversa com as diretorias e lideranças indígenas da região, teve como objetivo além de  atualizar as informações sobre o andamento dos trabalhos, tanto sobre a demarcação de terras e quanto sobre o turismo de pesca esportiva, foi animar e fortalecer o movimento indígena local através de elaboração de uma agenda de ação conjunta, entre a Coordenadoria Regional, associações de base e a FOIRN.

    Outra forma de garantir esse fortalecimento é destinar para a região eventos de discussão e debates de assuntos importantes e abrangentes. E nesse ano, para a região do Médio e Baixo Rio Negro,  vai receber grandes encontros de mobilização e discussão, como é o caso do Seminário de Educação Escolar Indígena previsto para o final do mês de marco em Barcelos, Encontro de Produtores Indígenas, também no mesmo município, e a Assembleia Geral a FOIRN, programada para o final do ano em Santa Isabel do Rio Negro. Entre outros eventos, que serao realizados. “É fazer com que as comunidades e as associações se sintam priorizadas e presentes nas discussõess e debates de assuntos de interesse dos povos indígenas da região”- explica diretor.

    Mais duas comunidades “conectadas” ao mundo Rio Negro.

    Marivelton R. Barroso, instalando radiofonia nas comunidades do Médio Rio Negro (São João II e Castanheiro).
    Marivelton R. Barroso, instalando radiofonia nas comunidades do Médio Rio Negro (São João II e Castanheiro).

    A viagem realizada na última semana, significou também a entrada/conexão  de mais duas comunidades com o mundo rio Negro. Foram instaladas duas novas estações de radiofonia na comunidade São João II e Castanheiro ambos da area da ACIR.

    A partir de agora, estas comunidades passam ficar “online” na Rede de Radiofonia Indígena do Rio Negro, que já passa de 160 estações de radiofonia na “rede”. Facilitando assim, o recebimento e repasse de informações tanto para a FOIRN, quanto para outras comunidades e instituições como a CASAI, DSEI e como entrar em contato com as comunidades de outros municípios (Santa Isabel e Barcelos).

    Jovens Indígena na luta! 

    Coordenadora do DAJIRN na viagem ao Médio e Baixo Rio Negro, na qual conversou com a juventude da região sobre os trabalhos do departamento e como também outros assuntos de interesse da juventude indígena.
    Coordenadora do DAJIRN na viagem ao Médio e Baixo Rio Negro, na qual conversou com a juventude da região sobre os trabalhos do departamento e como também outros assuntos de interesse da juventude indígena.

    Sorriso contagiante desceu para animar e fortalecer o movimento da juventude do Médio e Baixo Rio Negro. Na equipe de viagem, a Ednéia Teles, Coordenadora do Departamento de Adolescente e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN), em todas as reuniões nos locais já mencionados, incluindo Canafé, onde também houve uma parada rápida, para tratar o assunto da continuidade da elaboração do Projeto Político Pedagógico Indígena da Escola Yandé Putira, aproveitou as ocasiões para falar do trabalho e dos objetivos do departamento. Além de levar informações na bagagem, carregou também o Estatuto do Jovem e Adolescente, que distribuiu para os representantes dos movimentos de jovens indígenas nos municípios visitados.

    Desanimados diante do descaso do poder público nos municípios visitados e como do movimento indígena, as conversas que teve com a juventude, foi um convite de reação e de fortalecimento, de acordo com a coordenadora. E justificou que o DAJIRN não conseguiu chegar nas comunidades da região devido a falta de recursos, mas, que nesse ano, estão previstos dois encontros de mobilização de jovens para a região, uma em Barcelos e outra em Santa Isabel do Rio Negro, com datas ainda a definir.

    “Há uma necessidade grande de mobilizar a juventude da região do Médio e Baixo Rio Negro, pois, muitos estão desanimados e não acreditam mais no poder público e como no próprio movimento indígena. Conversei com eles, e disse, que a presença da FOIRN através do Departamento, significa que o movimento indígena está preocupada com o fortalecimento do movimento da juventude indígena, pois, são parte importante do Movimento Indígena do Rio Negro. E falei a eles, que também precisam reagir e retomar as atividades iniciadas que estão paralisadas, e que a FOIRN através do Departamento da Juventude está fazendo sua parte”- completa.

  • Coordenadorias Regionais planejam ações para 2014

    Roda de conversa dos participantes da reunião de avaliação e planejamento.
    Roda de conversa dos participantes da reunião de avaliação e planejamento.

    Dias 06 e 07 de fevereiro, as cinco Coordenadorias Regionais da FOIRN: CABC- Coordenadoria das Associações Baniwa e Coripaco; – CAIARNX-Coordenadoria das Associações Indígenas do Alto Rio Negro e Xié); – COITUA- Coordenadoria das Organizações Indígenas do Tiquié e Alto Uapés; CAIMBRN- Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro; COIDI- Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê), se reuniram no Espaço Publico do Instituto Socioambiental, em São Gabriel da Cachoeira, para a avaliação de atividades realizadas e elaboração de Planos de Trabalhos.

    Com 15 participantes, incluindo diretores da FOIRN, membros das Coordenadorias, assessores do Programa Rio Negro do ISA e representantes da EN (Embaixada da Noruega), a reunião de dois dias, teve na programação a realização de exercícios de reflexão sobre o papel e a importância desses espaços na região do Rio Negro, e o planejamento partiu da situação atual e as ações prioritárias para 2014.

    “Por quê a Noruega?” foi uma das perguntas iniciais feita pela Patrícia Nenthian, representante do Programa de apoio aos Povos Indígena Indígena da EN, às lideranças, que segundo ela e os participantes é a pergunta freqüente quando se fala de apoio da Embaixada da Noruega à FOIRN.

    “A Embaixada da Noruega é a representação do Governo Norueguês, que apóia o fortalecimento da luta dos Povos Indígenas em prol de seus direitos. Apóia a causa humanitária em vários partes do mundo. E lá (Noruega), temos também indígenas, o povo Samí,  que também tem uma história de luta e resistência parecida como os povos indígenas do Brasil, mas, que hoje, conseguiram conquistar e consolidar a causa indígena, exemplo disso, eles possuem um parlamento próprio, e conseguiram chegar a esse patamar, graças ao apoio recebido” – diz

    No Rio Negro, a Embaixada atua há três anos, através do apoio financeiro para fortalecimento institucional da FOIRN, sobretudo, das Coordenadorias Regionais. Que são considerados hoje os espaços estratégicos de fortalecimento da Federação, que fazem a função de “braço direito e esquerdo”, usando as palavras do Diretor Marivelton Rodrigues Barroso.

    Que usa o termo para referir o trabalho que as Coordendorias Regionais, como: Facilitar o trabalho da FOIRN nas associações e comunidades; – Acompanham e recebem demandas das bases e levam aos diretores de referencia da cada regional; – Acompanham as problemáticas existentes nas comunidades (saúde, educação e outros); – Levam informações para as bases; – Realizam assembleias regionais para indicação de candidatos para a diretoria da FOIRN, Coordenadores Regionais e delegados para Assembléia Geral da FOIRN e entre outros.

    Reflexões sobre onde estão e para onde vão as coordenadorias regionais foi feita para que as lideranças, sobretudo os membros destas instancias da FOIRN considerassem como base a analise do cenário atual do Movimento Indígena do Rio Negro para elaborar seus planos de trabalho.

    Uma das prioridades definidas para próximos anos, foi “trazer as mulheres” para a roda de discussão e garantir mais participação das ações das Coordenadorias Regionais. Que apesar de já ser feita, mas, precisa ser melhorada, segundo as avaliações dos participantes do encontro. O que significa entre outras coisas, ter mais mulheres nas como membros nesses espaços da FOIRN, já que hoje, das cinco, Coordenadorias,  apenas a CAIMBRN tem uma mulher na diretoria.

    As outras ações prioritárias, estão aquisição de equipamentos, principalmente de comunicação (radiofonias) e a manutenção das sedes nas bases para garantir o funcionamento, que se resume nas funções mencionadas acima.

    A presidente da FOIRN, Almerinda Ramos de Lima, reafirmou que o apoio da Embaixada da Noruega, através do Programa Indígena é fundamental para as Coordenadorias Regionais que são espaços importantes para a instituição, pois, são os que representam e estão presentes nas bases. “Ter as nossas Coordenadorias Regionais é fundamental, pois, são os que representam a instituição nas bases, como também as bases para nós (diretoria), o que faz o Movimento Indígena do Rio Negro fortalecido diante das questões e desafios atuais dos Povos Indígenas”-afirma.

    “A Embaixada da Noruega acredita no trabalho da FOIRN. E acreditamos que é preciso fortalecer as bases (Coordenadorias), para garantir o fortalecimento dela (FOIRN), e fortalecida significa continuar firme na luta em defesa dos direitos dos Povos Indígenas o que vem fazendo desde que foi criada. A luta continua”- conclui Patrícia.

    O próximo compromisso das lideranças indígenas do Rio Negro, sobretudo os membros das Coordenadorias Regionais é a XXVI Reunião do Conselho Diretor da FOIRN que será realizado nos dias 12 e 13 de fevereiro na Casa dos Saberes da FOIRN, em São Gabriel da Cachoeira.

  • Notícia do Curso de Formação de Lideranças Indígenas do Rio Negro

    Por Ivo Fernandes Fontoura (*)

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    O II Curso de História sobre Alto, Médio e Baixo Rio Negro e I Módulo de Formação de Lideranças Indígenas do Rio Negro aconteceu na comunidade de Canafé no município de Barcelos no período de 16 a 21 de outubro de 2013 totalizando uma carga horária de 40 horas. Nesse curso participaram 15 lideranças em formação – representantes das cinco coordenadorias (CABC, CAIARNX, CAIMBRN, COIDI e COITUA), lideranças e representantes do médio e baixo rio Negro, comunitários de Canafé entre jovens e adultos, a equipe da coordenação do curso juntamente com Diretor de referencia da região da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN: o Sr. Marivelton Rodrigues Barroso, o Sr.: Renato Martelli Soares e Srª.: Lirian Ribeiro Monteiro ambos do Instituto Sócioambiental – ISA, os professores colaboradores: Sr.: José Ribamar Bessa Freire (Universidade Estadual do Rio Negro de Janeiro), Geraldo de Sá Pinheiro (Universidade de Porto/Portugal), Sr.: Bráz de Oliveira França (Liderança Indígena – Ex-Presidente da FOIRN) e Sr.: Maximiliano Correa Menezes (Coordenador do Departamento de Educação da FOIRN e Presidente da COIAB), representantes das ONGs e pesquisadores. No total participaram em média 54 pessoas.

     O objetivo da oferta deste curso na comunidade de Canafé foi de que os participantes e os cursistas conhecessem o processo histórico de ocupação da região do rio Negro pelos europeus e os impactos causados na vida dos povos indígenas, principalmente a transformação social e cultural ocasionado pelas diferentes frentes de expansão e de dominação territorial o que forçou os indígenas a se adequarem aos costumes luso-europeus embora havendo resistência. Para essa primeira parte do curso, tiveram papel fundamental os historiadores: José Ribamar Bessa Freire e Geraldo de Sá Pinheiro, convidados que puderam contribuir com os conhecimentos construídos a partir de suas pesquisas, analisando a literatura historiográfica existente nas diferentes bibliotecas e acervos das universidades nacionais e internacionais. Além disso, a convivência entre os indígenas no período da sua formação acadêmica e durante a oferta de cursos desta natureza tem possibilitado os historiadores a conhecerem melhor a história dos povos indígenas dessa região, e, repassar as informações de uma forma bastante esclarecedora aos presentes. As informações foram repassadas diferentemente daquelas descritas pelos cronistas, historiadores e escrivães da época da ocupação territorial dos povos indígenas da região do rio Negro. Isso tem sensibilizado e despertado o senso crítico nos cursistas e participantes dessa etapa do curso.

    Após conhecerem a história de ocupação e de dominação das terras dos povos indígenas pelos europeus, que continuou sendo executado pelo governo brasileiro, tanto os participantes e as lideranças em formação entraram em contato com a história do movimento indígena. Da sua repercussão a nível regional e nacional. Nessa segunda etapa por meio das duas lideranças indígenas envolvidos com o movimento: o Sr. Braz de Oliveira França e Sr.: Maximiliano Correa Menezes, tiveram oportunidade de conhecer a história de lutas, conquistas e desafios encontrados durante o processo de negociação com o governo brasileiro que até hoje resiste criando vários empecilhos para a implementação dos direitos indígenas da forma como vem sendo almejada por essa população. O objetivo aqui foi de demonstrar principalmente aos cursistas e participantes do curso o papel de uma liderança frente ao seu povo, do porque lutar pelos direitos dos povos indígenas diante do estado brasileiro, que medidas tomar para continuar resistindo as ameaças que vem sendo impostas pelas empresas mineradoras, madeireiras e outras que existem na região do rio Negro e no território brasileiro. Dessa forma foi fundamental que os presentes compreendessem a importância da demarcação das terras indígenas na região do alto e médio rio Negro.

     No entanto, o compromisso das novas lideranças em formação foi a de repassar quando de retorno para as comunidades de origem, tudo o que aprenderam durante a realização do curso no sentido de chamar atenção para a importância dos conhecimentos históricos da região, dos povos indígenas e do movimento indígena diante do estado brasileiro inclusive do papel de uma liderança frente ao seu povo. Assim, sensibilizados com as problemáticas identificadas no decorrer do curso, os cursistas também se comprometeram levar a frente essas discussões nas bases com a finalidade de apoiar o processo de reconhecimento e demarcação das terras indígenas do médio e baixo rio Negro. Aliado a isso, os cursistas e os participantes ressaltaram que seria importante realizar um seminário para esclarecer o significado da demarcação de terras indígenas à população dessa região, envolvendo, os governos municipais e a classe empresarial, uma vez que o problema da demora na apresentação do relatório circunstanciado pelo grupo de reconhecimento da terra ocupada tradicionalmente pelos indígenas que ali vivem, e, a incompreensão dos governos municipais e empresários que atuam na região tem se transformado num entrave para o processo da demarcação das terras.

    Leia também:

    Foirn e ISA realizam curso de história do Rio Negro e formação de lideranças.

    Curso de formação de lideranças Indígenas do rio Negro.

    * – Coord. do Curso de Formação de Lideranças Indígenas/FOIRN