Tag: 27 anos FOIRN

  • A Assembleia Geral da FOIRN foi realizado em Santa Isabel do Rio Negro (AM).

    A XIV Assembleia Geral da FOIRN aconteceu em Santa Isabel do Rio Negro entre 18 a 10 de Novembro, no auditório Salesiano. O evento reuniu representantes das cinco Coordenadorias Regionais (CABC, COITUA, COIDI, CAIARNX e CAIAMBRN). Saiba como foi a Assembleia Geral da FOIRN realizada em Santa Isabel do Rio Negro, clique aqui. FOto blog

  • OIBI realizou Assembleia Geral na Escola Pamáali – Rio Içana, Alto Rio Negro, para Avaliar 25 anos do Movimento Social Baniwa

    A Oibi reuniu suas comunidades membros, escolas baniwa, casas da pimenta baniwa e outras comunidades e instituições parceiros para avaliar 25 anos do Movimento Social Baniwa e Coripaco com objetivo de consolidar processo de gestão participativa da associação indígena.

    Por André Baniwa – Presidente da Oibi

    Foto: André Baniwa/OIBI
    Foto: André Baniwa/OIBI

     Aconteceu no período de 11 a 13 de Novembro de 2014 na Escola Indígena Baniwa e Coripaco – Eibc Pamáali, Rio Içana, a XII Assembléia Ordinária da Associação Indígena da Bacia do Içana – Oibi, na qual mais de 150 pessoas estiveram presentes, para avaliar os últimos 25 anos do Movimento Social do povo Baniwa.

    Entre comunidades membros da associação e mais outras comunidades convidadas, escolas Baniwa entre professores e estudantes, lideranças de associações e comunitárias, gerentes de Casas da Pimenta Baniwa entre coordenadores de Escolas, diretores da associação e parceiros reviveram intensamente a sua história entre 1989 a 2014, discutindo o contexto da época no início da organização formal, período mais difícil de enfrentamento de invasões, tempos de opiniões contrários aos projetos da associação Oibi que transformou a realidade, apontaram avanços, erros e falhas.

    As instituições parceiros presentes estiveram representadas Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, Departamento de Mulheres da FOIRN, Instituto Socioambiental – ISA, Coordenação Regional do Rio Negro da Fundação Nacional do Índio, Secretaria Estadual para Povos Indígenas do Amazonas – SEIND e Aliança pelo Klima da Áustria. As comunidades-membros da Oibi compareceram 61%, São José, Tapira Ponta, Umari Lago, Juivitera, Tucunaré Lago, Bela Vista, Tucumã Rupitá, Jandu Cachoeira, Mauá Cachoeira, Aracu Cachoeira, Tamanduá. Comunidades convidadas, Ocuqui Cachoeira – Casa da Pimenta Manowadzaro e Centro Cultural da comunidade; Tunui Cachoeira – Escola Ttolee, Escola Maadzero e Casa da Pimenta Dzoroo, + estudantes e professores; Canadá – Escola Eeno Hiepole e projeto da Casa da Pimenta Takairo, + estudantes e professores, América, Santana e Urumutum Lago. As escolas Baniwa presentes foram Escola Pamáali, Escola Eeno Hiepole e Escola Ttolee do Ensino Médio. Registramos também visitantes como João Viana – Pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina e Casal Courte e Rita da Silva.

    A diretoria da Oibi Presidente e Tesoureiro. Na abertura, após apresentação de músicas e danças tradicionais pelos estudantes das Escolas Baniwa, o Presidente da Oibi – André Baniwa, falou da imensa importância da assembléia para fortalecimento das comunidades e associações indígenas Baniwa de acordo a necessidade do contexto atual para o futuro da organização social ou governo próprio segundo direito constitucional do povo indígena no Brasil. Lembrou que a Oibi estava paralisado nos últimos quatro anos e por isso é fundamental avaliar o processo que vem ocorrendo, não somente por isso, mas é necessário e é tempo de avaliar os trabalhos do movimento social Baniwa que vem se organizando e crescendo no período de 1989 até ano de 2014, por isso a presença, participação fundamental de todos os presentes, afirmou.

    Os trabalhos se desenvolveram envolvendo a participação dos Eenawinai (capitães das comunidades) seguindo pautas apresentadas e aprovadas pelo plenário da assembléia constituída. A metodologia de avaliação foi desde GTS, dos estudantes, comunidades, capitães das comunidades, professores, pesquisadores indígenas, instituições indígenas e parceiros.

    Foram três momentos muito importantes: (i) avaliação mais geral do movimento social Baniwa e Coripaco; (ii) avaliação de projetos da OIBI; (iii) avaliação específico de Manejos de Recurso Pesqueiro. Estes trabalhos de Grupos geraram debates, apresentações, debates em plenário, aprofundamentos. A noite foi lançado Jornal Kaali mesmo digital, os depoimentos dos parceiros do (Beto do ISA, Régis Presidente TOK & STOK, Guilherme Leal da NATURA, Luiza Garnello e Sully da FIOCRUZ, Ana Lúcia Pontes da Escola Politécnica da FIOCRUZ/RJ), foram lidas para toda assembléia e as fotos mais antigas foram também exibidas pela Diretoria da OIBI para ajudar a memória. Baseado em todo isso, o plenário da assembléia aprovou um documento final que servirá de plano de trabalho nos próximos anos.

    E avaliação de encerramento da assembléia foi muito positiva tanto pelas comunidades, comunidades convidadas, escolas e parceiros. O Presidente da Oibi disse que o processo de avaliação deve continuar nas comunidades, pois é assim que se retomar o movimento com força, afirmou. As instituições presentes manifestaram sua satisfação com o que está acontecendo e pretendem da continuidade a parceria na continuidade e de novos projetos. Segundo representantes do ISA, a parceria deve continuar com o povo Baniwa e Oibi. A assembléia foi apoiado pelo ISA, FUNAI e FOIRN/CABC, pelas comunidades-membros que contribuíram com alimentação e Escola Pamáali que sediou, organizou o local e ajudou a coordenar e registrar os fatos.

    Participantes da Assembleia Geral da OIBI realizada na escola Pamaali - Médio Içana. Foto: André Baniwa
    Participantes da Assembleia Geral da OIBI realizada na escola Pamaali – Médio Içana. Foto: André Baniwa

     Documento final aprovado na XII Assembléia Geral Ordinária da Oibi

    Escola Indígena Baniwa e Coripaco – Eibc Pamáali, 13 de Novembro de 2014.

    No período de 11 a 13 de Novembro de 2014 na Escola Pamáali, aconteceu XII Assembléia Geral Ordinário da Oibi – Organização Indígena da Bacia do Içana com objetivo geral de iniciar um processo de consolidação de “gestão participativa da associação indígena Baniwa” iniciando com avaliação dos últimos 25 anos do movimento social do povo Baniwa entre 1989-2014 e neste período analisar também a contribuição da Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi).

    Estiveram presentes mais de 50% dos membros e mais convidados e totalizaram 150 pessoas. Houve reconhecimentos de muitos avanços, identificação das falhas e erros que não poderão se repetir. No sentido de retomar as forças políticas, mais organização das comunidades, estimularem reflexão sobre o bem-viver, bem-estar, desenvolvimento sustentável, formação de recursos humanos para gestão territorial e ambiental. Segundo objetivos e interesse do povo Baniwa esta assembléia aprovou as seguintes propostas precedida das considerações.

    Considerações

    Considerando dados de saldo positivos da organização e mobilização social do povo Baniwa e Coripaco nos últimos 25 anos (1989-2014); que esse movimento organizado do Içana logrou a superação de muitos desafios de ameaças de garimpeiros, empresas mineradoras, problemas internos e externos seculares; falhas e erros que levou a alguns fracassos considerados e apontados como prejudicial ao processo de luta, crescimento e desenvolvimento dos projetos.

    Considerando importância dos parceiros instituições e indivíduos que tem aprendido a contribuir com o povo Baniwa e Coripaco através de projetos sociais, projetos de pesquisas e outros; a importância das contribuições individuais de lideranças indígenas Baniwa e Coripaco no processo da luta pelos direitos; Considerando a necessidade da importância de consolidação do processo de gestão participativa indígena do povo Baniwa e Coripaco; os projetos e seus impactos positivos no sentido de revalorizar a cultura e a tradição milenar no contexto de novos projetos, atividade e programas; a necessidade de subsidiar a formação mais completa de novas lideranças Baniwa e Coripaco.

    Considerando a preocupação de circulação de bens e recurso financeiro que entra através de professores, agentes de saúde indígena, aposentados, maternidade e bolsa famílias, mas que continuam nas mãos dos comerciantes na cidade de São Gabriel da Cachoeira; Considerando a importância do controle de gestão territorial e ambiental da terra tradicional Baniwa e Coripaco no lado Brasileiro para segurança alimentar, manejos ambiental, uso sustentável da biodiversidade, manutenção e aperfeiçoamento de técnicas de agrodiversidade; proteção dos conhecimentos tradicionais associados a biodiversidade e genética, direito de consulta prévias para políticas públicas, capacitação, formação para governança e desenvolvimento intelectual e tecnológicas que contribuem para o bem-viver; Propostas estratégicas:

    1. Publicar experiências individuais (biografias ou autobiografias de principais lideranças Baniwa e Coripaco) e a luta (projeto) central coletiva do povo Baniwa e Coripaco (Weemakaro matsiaphatsa) com objetivo de fortalecer a formação de lideranças e subsídios para formação política no prazo de dois anos (2015 e 2016);
    2. Realizar aniversário comemorativo de 25 anos da Oibi (Organização Indígena da Bacia do Içana) entre 10 a 12 (segunda, terça e quarta-feira) de julho de 2017 onde será feito exposição de publicações e debates; criar competições culturais materiais e imateriais com premiações; manifestações de expressões culturais; este evento marcaria um ciclo completo iniciado a partir de 1992 que marcou mobilização, conscientização sobre direitos constitucionais, discussão de projetos próprios com autonomia desenvolvidos em parcerias com instituições brasileiras não governamentais e governamentais;
    3. Plantas Medicinais – buscar as informações registradas durante a execução do projeto Medicina Tradicionais Baniwa (1996-2000) com IFAM/FIOCRUZ, discutir uma possibilidade de publicação da experiência para que todos os Baniwa e Coripaco possam ter acesso ao conhecimento registrado nas escolas, nas associações e comunidades; realizar um evento para discutir esse conhecimento muito importante para transmissão de conhecimento milenar;
    4. Arte Baniwa (produção e comercialização de cestaria de arumã) – retomar a produção com sete artesãos e aos poucos reanimar as atividades, buscar parceiros; buscar com apoio do ISA publicação das pesquisas associados a arumã, projeto Arte Baniwa, sobre gestão, gerenciamento e aprendizado para que circule o aprendizado nas comunidades, escolas, associações e que possa ser subsídio de formação Baniwa e Coripaco;
    5. Dicionário Baniwa – solicitar com a UFAM (Universidade Federal do Amazonas) a republicação do Dicionário Baniwa-Coripaco (2.000 exemplares), publicar (2.000 exemplares de Gramática Baniwa-Coripaco), pois na primeira publicação os exemplares eram muito pouco, por isso foi insuficiente para uso das escolas, comunidades e associações; realizar oficinas para revisão do dicionário e gramática;
    6. Atlas Baniwa – solicitar do ISA nosso parceiro empenho para publicação de mapas produzida sobre o território e povo Baniwa e Coripaco, pois já tem bastante tempo paralisado sem ser publicados e são primordiais para fortalecimento das políticas futuras discutidas na região do Içana e seus afluentes;
    7. Bíblia na língua Baniwa e Cantor Baniwa – requerer da MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil) mais rapidez da nova publicação da Bíblia traduzida em Baniwa e em nova grafia Baniwa, pois atualmente estão usando muito a Bíblia em português e temos preocupação em diminuir cada vez mais em leitura da própria língua. Assim mesmo Cantor Baniwa não tem mais, estão utilizando dos Coripacos, catecismos. São fundamentais esses instrumentos de material didático para fortalecimento da língua Baniwa, hoje uma das línguas co-oficiais no município de São Gabriel da Cachoeira, Estado do Amazonas;
    8. Conselho Kaali e seu lançamento oficial – O Conselho Kaali é considerado pelo povo Baniwa um acontecimento mais importante dos últimos tempos. Esta assembléia analisou e deu parecer positivo, além de recomendar a Cabc – Coordenadoria de Associações Baniwa e Coripaco e a Comissão Provisória para que se incluam os parentes Baniwa e Coripaco de nacionalidade colombiana e venezuelana para intercambio de experiências, discutir objetivos comuns e desenvolve-las de forma coordenada segundo os direitos internacionais e nacionais. Para viabilizar isso se propõe uma delegação brasileira sair visitando os parentes em suas terras na Colômbia e Venezuela no ano de 2015; realizar uma reunião de lançamento do Conselho Kaali entre 12 a 14 de outubro de 2015 (articular parentes colombianos e venezuelanos – visitando e convidando para este evento transfronteiriço trinacional do povo Baniwa e Coripaco (fazer carta para CABC solicitando ampliação segundo parecer e objetivo discutida na assembléia da OIBI na Escola Pamáali; essa demanda deve ser incluída na carta a ser lida na assembléia da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN que vai acontecer no município de Santa Isabel do Rio Negro no período de 18 a 20 de Novembro de 2014). O lançamento do Conselho Kaali será feito em parceria com FOIRN, ISA, CABC e associações Baniwa, comunidades e escolas Baniwa e Coripaco.
    9. Pimenta Baniwa – hoje tem apenas duas casas da pimenta baniwa (Dzoroo e Manowadzaro), a dificuldade é a distancia entre gerente de comercialização, por isso demora de pagamentos; é muito trabalho que os gerentes desenvolvem na casa; os gerentes precisam cuidar também da roça, pescar e participar das atividades comunitárias; por isso deve ser construídas mais casas da pimenta para atender a demanda dos consumidores; o preço é muito bom, é o melhor produto que temos hoje nas comunidades;
    10. Economia Baniwa – recomendar estudo de viabilidade, organização e criação de cooperativa e recomenda a diretoria da Oibi avançar no projeto Manakai; realizar seminário específico sobre a economia; fazer pesquisa quantos aposentados, cadastrado na bolsa família, maternidade, professores, agentes indígenas de saúde, pesquisadores em parcerias com escolas de ensino fundamental completo e escolas de ensino médio;
    11. Buscar incentivos e apoio para construção de mais Casas da Pimenta Baniwa junto com o governo do Estado do Amazonas;
    12. Fazer campanha de conscientização sobre a importância de manejo de recursos florestais e pesqueiros nas comunidades em toda a Bacia do Içana;
    13. Replaqueamento da Terra Indígena do Alto Rio Negro na região do rio Içana, pois os anteriores estão decaídos e deteriorados;

    Esperamos com essas nossas propostas continuar firme lutando pelos nossos direitos, pelo nosso bem-estar e pelo nosso bem-viver juntamente com demais outros povos indígenas no Rio Negro e no Brasil.

  • CAIARNX inaugura sede com danças tradicionais em Juruti – Alto Rio Negro

    Visitantes foram recebidos com danças tradicionais em Juruti na inauguração da sede da CAIARNX
    Visitantes foram recebidos com danças tradicionais em Juruti na inauguração da sede da CAIARNX

    A comunidade Juruti fica no Alto Rio Negro, aproximadamente 3 horas de viagem subindo o Rio Negro de São Gabriel da Cachoeira (de motor 40 hp). Foi lá que aconteceu no dia 24 de setembro a inauguração da sede da CAIARNX (Coordenadoria das Associações Indígenas do Alto Rio Negro).

    Participaram do evento de inauguração Coordenadores Regionais, Diretores da FOIRN (Almerinda Ramos de Lima e Renato da Silva Matos, ISA (Carlos Barreto e Renato Martelli) e representantes da Embaixada da Noruega (Sissel H. Steen – Ministra Conselheira, Patrícia Benthien – Oficial do Programa de Apoio aos Povos Indígenas no Brasil).

    A Embaixada da Noruega apoia o projeto de fortalecimento institucional da FOIRN e das Coordenadorias Regionais através do Programa de Apoio aos Povos Indígenas desde 2010. O foco principal desse apoio é o fortalecimento das Coordenadorias Regionais, na estruturação (construção de sedes) e aquisição de equipamentos. E também apoia na formação dos Coordenadores Regionais.

    A CAIARNX é a primeira Coordenadoria Regional ter a sede concluída (as das outras estão em fase de construção). De acordo com Evanildo Mendes, o espaço vai ser muito importante para a região. Irá servir de espaços de reuniões de associações de base, seminários e cursos de formação. “O espaço será de grande importância para a região, pois, nele serão realizados encontros, assembleias, cursos de formação e outros eventos que vão acontecer na região”-disse Evanildo Mendes – Coordenador da CAIARNX.

    Almerinda Ramos de Lima, presidente da FOIRN, afirmou que a inauguração da sede da CAIARNX é um fruto de esforço coletivo, tanto da coordenadoria local junto com as comunidades e associações que representa, como também da FOIRN junto com os parceiros e colaboradores, e que a luta pelos direitos indígenas do Rio Negro representada pela FOIRN, precisa das comunidades, associações de base e coordenadorias fortalecidas, a estruturação é fundamental nesse processo.

    Sissel H. Steen – Ministra Conselheira da Embaixada, afirmou está muito agradecida pela recepção e pelo convite de vir visitar e conhecer a realidade dos povos do Rio Negro. “Um prazer muito grande estar aqui para aprender, conhecer um pouco da vida de vocês. Estamos muito agradecidos por contribuir no fortalecimento da luta e do movimento de vocês”.

    Patrícia Benthien – Oficial do Programa de Apoio aos Povos Indígenas no Brasil, disse é muito bom poder estar presente em uma cerimônia de uma inauguração de um trabalho que a Embaixada está apoiando. “Para nós é muito gratificante ver vocês aqui unidos e compartilhando entre vocês um resultado de um trabalho e esforço coletivo”.

    Grupo de dança tadicional da comunidade Ilha das Flores
    Grupo de dança tadicional da comunidade Ilha das Flores

    Teve na programação a apresentação de danças tradicionais e exposição de artesanatos. O evento encerrou (para os visitantes que tiveram que voltar no mesmo dia) com dabururí de frutas.

  • Semana dos Povos Indígenas 2014

    Palestrante Higino Tenório Tuyuka, entrega publicações da FOIRN/ISA ao jovem indígena participante do evento.
    Palestrante Higino Tenório Tuyuka, entrega publicações da FOIRN/ISA ao jovem indígena participante do evento.

    A Semana dos Povos Indígena deste ano, foi realizado no final de abril na Casa dos Saberes em São Gabriel da Cachoeira, que encerrou no dia 30 de abril, como a comemoração de 27 anos de criação da FOIRN. Foram registrados cerca de 400 pessoas, sendo maior parte destes, jovens.

    Os primeiros dois dias teve como tema das palestras a Identidade Cultural, alunos e professores das escolas estaduais e municipais da sede, interagiram através de perguntas e brincadeiras com os palestrantes convidados: André Baniwa, Pe. Justino Resende Tuyuka, Gilliarde Henrique, Rosilvaldo Teles, Higino Tenório Tuyuka e Ednéia Teles.

    “A nossa língua é a nossa identidade cultural e  importante instrumento de luta pelos direitos”, afirmou André Baniwa, um dos palestrantes, ao falar da importância da valorização das línguas indígenas, não apenas dentro de casa, mas, como também na escola e outros espaços e lembrou ainda que na região do Rio Negro existem 18 línguas faladas e que a melhor forma de preservar e valorizar essa riqueza e identidade é cada um continuar falando sua língua.

    Exposição de publicações da FOIRN e seus parceiros, culinária e artesanato indígena, exibição de vídeos e imagens também fizeram parte da programação do evento.

    Na noite do dia 30, Casa dos Saberes (maloca) lotada de participantes , a programação iniciou-se com a exibição de vídeo institucional que mostrou o histórico momento da fundação da FOIRN em 1987 na II Assembleia Geral dos Povos Indígenas e as lideranças que estiveram na frente do movimento indígena e da instituição desde o início até aos dias atuais.

    Após o uso de palavras dos representantes de instituições parceiras e locais, como o Instituto Socioambiental, FUNAI, Câmara Municipal e da Diretoria da FOIRN, foi lido pelo diretor Renato Matos, a Carta de Comemoração de 27 anos, que lembrou os motivos de luta e de existência da instituição, da importância de apoio de parceiros e financiadores que apoiaram e apoiam para a realização e concretização dos objetivos, como também reafirmou o compromisso de continuar a luta em defesa dos direitos dos povos indígenas diante dos desafios atuais.

    Grupo de dança Tuyuka na apresentação de danças tradicionais na noite do dia 30 de abril.Foto: José Miguel Nieto Olivar/PAGU-UNICAMP
    Grupo de dança Tuyuka na apresentação de danças tradicionais na noite do dia 30 de abril.Foto: José Miguel Nieto Olivar/PAGU-UNICAMP

    A programação cultural foi iniciada com a apresentação do grupo Carriçu da FOIRN, formado por funcionários e alguns conhecedores indígenas e participantes. E continuou com a apresentação de grupos de danças tradicionais de jovens indígenas das etnias Tukano, Baniwa e outros. E encerrou com a apresentação de danças pelo grupo Tuyuka.

    A luta pelo respeito à diferança e a diversidade e o cumprimento dos direitos conquistados pelos Povos Indígenas e garantidos pela Constituição Federal de 1988 continua! Que venham os mais 27 anos!

     

  • 27 Anos de Lutas e Conquistas da FOIRN

    Dia 30 de Abril de 2014 – 27 Anos de Lutas e Conquistas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN.

    Niver FOIRN

    No dia 30 de abril de 1987 o ginásio da Diocese de São Gabriel da Cachoeira foi o palco onde se reuniram mais de 400 lideranças indígenas que vinham desde os anos 1970 se organizando e discutindo os direitos dos povos indígenas da região do Rio Negro. Neste evento que juntou diferentes etnias, povos, línguas, tradições e trajetórias históricas foi fundada a FOIRN. Nessa reunião estavam presentes não somente nossos parentes, mas também autoridades do Estado Brasileiro. Não que a presença de pessoas de contextos diferentes aos nossos fosse novidade. Nós indígenas do Rio Negro temos uma história de resistência à colonização desde a chegada de portugueses e espanhóis e mantemos nossa identidade indígena até hoje. A fundação da FOIRN marca mais uma dessas fases de resistência e foi com os motes de Terra e Cultura que fomos buscar nossos direitos.

    A FOIRN foi criada para que nós tenhamos nosso próprio meio de expressão e reivindicação. Aqui nós falamos por nós mesmos, sem intermediários ou atravessadores.

    Desde 1987 muitas ações foram concretizadas. Temos hoje Terras Indígenas demarcadas, a educação escolar indígena tem exemplos positivos, as línguas indígenas continuam a ser faladas e, principalmente, hoje mostramos que ser indígena é motivo de orgulho, pois nossa história marca a diversidade, a pluralidade, a ampliação dos conhecimentos e caminha em conjunto com um enorme patrimônio social e natural. Afinal, a história dos povos indígenas do Rio Negro não separa o ser humano do seu ambiente, das águas, das florestas, das montanhas e dos animais. Criamos desta forma riquezas que vão além de cifrões, de números. Nossa riqueza é maior que o PIB, ela é todo esse território de qual o mundo precisa para que seu clima mantenha as condições de vida do ser humano, ela traz concepções filosóficas, mitológicas e ecológicas sobre uma das regiões com a mais rica biodiversidade do mundo, a Floresta Amazônica. Produzimos e conservamos um sistema agrícola de ampla diversidade, resistente a pragas e que não carece de venenos. Temos, portanto, enormes contribuições ao nosso mundo e lutamos para que estas sejam reconhecidas.

    Este reconhecimento é o que guia os trabalhos da FOIRN, reconhecimento de que os povos indígenas habitam esta região há milênios e que contribuem enormemente ao nosso país e ao mundo. No entanto, isso somente acontece através de grandes esforços, é por isso que a luta faz parte do nosso cotidiano. Lutamos pois há interesses que prefeririam destruir nossos territórios para dar lucro para quem já está soterrado de dinheiro. Temos que lutar pois somos ameaçados com ideias que menosprezam e querem uniformizar nossos conhecimentos milenares. Lutar porque aqui já queimaram malocas e demonizaram nossos costumes. Lutar pois há incentivos para quem vende cachaça e não para quem cultiva o bem viver na comunidade. Lutar pela nossa cultura e território.

    Esta luta tem mais de 27 anos, mas há 27 anos trabalhamos com essa ferramenta garantida pela Constituição Federal de 1988, que é a associação indígena. Aqui na FOIRN propomos e acompanhamos as políticas públicas governamentais. Assim, construímos no dia a dia uma ponte entre a comunidade mais distante e o Estado Brasileiro. Fazemos as reivindicações de nossos parentes ecoarem nos palácios do governo e chegarem a quem pode tomar decisões que garantam nossos direitos.

    Apesar de toda esta trajetória nos últimos 27 anos, ainda recebemos críticas sem fundamentos de que as terras indígenas trazem atraso e impedem o progresso. Lembramos para estas críticas que é em nome desse progresso que parentes no Mato Grosso do Sul são mortos por proprietários de grandes fazendas. É este progresso que polui nosso mundo e faz com os que mais ricos fiquem mais ricos e os mais pobres mais pobres. As Terras Indígenas são, ao contrário disso, reais exemplos de progresso. Nelas ainda se encontra ar puro, água, espaço, liberdade e reciprocidade. Nelas se pode viver sem nos submetermos a patrões e donos de negócios que querem só nossa força de trabalho e pagar o mínimo possível para que possam lucrar o máximo.

    Convidamos assim vocês para refletirem sobre o nosso mundo de hoje, pensarem como podemos melhorá-lo e que estratégias podemos traçar em conjunto, pois essa história de 27 anos traz uma marca importante dos nossos ancestrais, a coletividade. Nossa instituição sempre foi e continuará de portas abertas para que nossos trabalhos sejam conhecidos, analisados e melhorados.

    Assim como não deixamos de sermos indígenas por usarmos novas tecnologias ou falarmos português, não deixaremos que novas táticas de colonização acabem com nossos saberes e práticas milenares. Saibam suas histórias, procurem saber a versão não somente dos dominantes, mas também a versão daqueles que resistem, que lutam para que injustiças não sejam perpetuadas. Uma grande parte dessa história de resistência está aqui, ela é incorporada pela FOIRN, está na nossa maloca, nas nossas lideranças, nas nossas comunidades, roças, em danças de cariçu, em rodas de caxiri e também em nossos livros, arquivos e vídeos. Conheçam esta história.

    O parabéns a FOIRN e a todos que contribuíram para sua existência é na verdade um parabéns à diversidade, à pluralidade e à tudo que nossos povos indígenas do Rio Negro representam.

     

    São Gabriel da Cachoeira – AM, 30 de Abril de 2014.