A parceria entre a Funai e a FOIRN é realmente um exemplo inspirador de como a colaboração entre diferentes instituições pode impulsionar o desenvolvimento e fortalecer as comunidades ainda mais com o total apoio da Nia Tero.
Hoje, 02/05, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), por meio de seu diretor presidente, Marivelton Baré, e o coordenador atual da Caimbrn, Carlos Neri repassaram para a Associação KURIKAMA materiais e equipamentos como: Motor de popa, carote e notebook, para avançar em seus projetos e atividades, visando o bem-estar e o progresso da comunidade que serve.
Entrega de Notebook para a KURIKAMA. Foto: Reprodução.Entrega de Carotes para a KURIKAMA. Foto: Reprodução.Entrega de Motor para a KURIKAMA. Foto: Reprodução.
Essa colaboração não só fornece recursos materiais, como equipamentos e tecnologia, mas também demonstra um compromisso genuíno com a melhoria das condições de vida e a promoção do desenvolvimento sustentável.
A Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro (CAIMBRN) também recebeu um motor de popa, assim a CAIMBRN terá mais capacidade de se deslocar pela região, alcançando comunidades remotas e realizando um trabalho mais eficaz em prol dos povos indígenas do Médio e Baixo Rio Negro.
Entrega de Motor de popa para a CAIMBRN. Carlos Neri Piratapuya e Marivelton Baré. Foto: Reprodução.
Essa iniciativa demonstra um compromisso contínuo com a defesa dos direitos e interesses das comunidades indígenas, proporcionando-lhes os recursos necessários para fortalecer suas capacidades e promover seu desenvolvimento sustentável.
Que essa parceria sirva de exemplo para outras iniciativas similares, destacando a importância do trabalho em equipe e da cooperação para alcançar objetivos significativos em prol do bem comum.
No dia 25/09, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) abriu processo de credenciamento para pessoas jurídicas interessadas na prestação de serviços de operação turística no Parque Nacional Pico da Neblina, localizado no Amazonas.
O edital foi anunciado pelo presidente do ICMBio, Mauro Pires, durante abertura da 2ª Edição do Congresso Brasileiro de Trilhas. O credenciamento é para operadoras turísticas com experiência em ecoturismo e perfil de base comunitária.
Equipe Yanomami de saída para a primeira expedição turística de 2023 ao Yaripo. Foto: Lana Rosa/ISA
Yaripo, nome Yanomami para o Pico da Neblina, quer dizer “casa dos ventos”, sendo um local sagrado para o povo Yanomami. Após 7 anos de preparação das comunidades de Maturacá o projeto de ecoturismo Yanomami começou a receber visitantes e realizar expedições ao Yaripo em 2022. O projeto é uma realização das associações Yanomami AYRCA e AMYK, e tem como parceiros a FOIRN, o ISA, a FUNAI e o ICMBio. Devido a sobreposição da TIY e do PARNA Pico da Neblina as empresas interessadas em trabalhar junto com os Yanomami precisam passar pelo credenciamento realizado pelo ICMBio. Além da análise documental e de todas as comprovações exigidas pelo edital as empresas que forem aprovadas para a segunda fase do credenciamento vão passar também por um momento de avaliação junto as associações Yanomami. O credenciamento é para o período de 26 meses, com possibilidade de renovação e a atividade turística desenvolvida em parceria com os Yanomami segue a regulamentação da FUNAI para turismo em TI, além do plano de visitação com roteiro desenhado pela própria comunidade.
Aldeia Ariabu e Serra Opota. Foto: Daniel Del Rei – @habitat.geo
O Plano de Visitação Yaripo – Ecoturismo Yanomami assegura o protagonismo dos Yanomami na gestão do ecoturismo e, neste sentido, as operações turísticas autorizada contam com o envolvimento direto dos indígenas na prestação dos diferentes serviços previstos. Assim, as operadoras interessadas participam como parceiras, divulgando e realizando a venda dos pacotes, contribuindo na formação dos Yanomami para a atividade turística e promovendo o turismo de base comunitária junto com os indígenas. Os interessados em participar do processo de habilitação e credenciamento deverão atender às especificações constantes no edital, que está disponível em na página do ICMBio ( edital Parque Nacional Pico da Neblina). A primeira fase de envio de documentos e habilitação vai até o dia 06 de outubro.
Laure Emperaire, botânica, pesquisa as formas tradicionais de manejar a agrobiodiversidade no Rio Negro há mais de 20 anos, participou do inicio da discussão da criação dos “Conselhos da Roça” nas comunidades indígenas do Médio e Baixo Rio Negro. Foto: Lorena França – IPHAN
Riqueza de saberes e práticas, diversidade das plantas cultivadas, redes de circulação das plantas e conhecimentos associado, segurança alimentar e sustentabilidade do modo de produzir que permite a conservação da floresta tornaram o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro um patrimônio nacional cultural, a partir de novembro de 2010, quando foi registrado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como patrimônio cultural do Brasil no livro dos saberes e modos de fazer.
A de lá pra cá, o GT, constituído pelas instituições: FOIRN, Asiba (Associação das Indígenas de Barcelos), Acimrn (Associação das Comunidades Inígenas do Médio Rio Negro, IPHAN, Pacta (Projeto de pesquisa sobre agrobiodiversidade da Amazônia) e ISA (Instituto Socioambiental), vem cumprindo uma agenda de trabalho voltado ao tema, como a elaboração de critérios para a formação e convocação de instituições para fazer parte do comitê, em processo de construção.
Umbuesaita Kupixa Resewara: Conselho da Roça.
Professor e liderança Vamberto Plácido da comunidade Cartucho, Médio Rio Negro, contribuiu para chegar ao nome do “Conselho da Roça” na língua Nheengatú. Lorena França – IPHAN
Mais uma etapa de trabalho do GT foi dado na semana passada na região do Médio e Baixo Rio Negro, durante a viagem realizada nos dias 14 a 24 de fevereiro, por uma equipe formada por Marivelton Rodrigues Barroso ( Diretor FOIRN – Referência do Médio e Baixo Rio Negro), Wilde Itaborahi – ISA, Lorena França – IPHAN/MAO, Murilo Rosa – IPHAN/MAO, Edneia Teles – DAJIRN, Andronico Benjamim da Silva – CAIMBRN, Renato Matos – Diretor FOIRN, Antônio Menezes – CAIARNX, Sandra Gomes – ACIMRN, Desirée Tozi – DPI/IPHAN/BSB, Laure Empereire – Populações e Agro biodiversidade e Conhecimentos Tradicionais da Amazônia / IRD.
A equipe desceu o rio Negro de São Gabriel da Cachoeira até Barcelos para dar o pontapé inicial da discussão e criação dos “Conselhos da Roça”, mais uma etapa de atividades do GT no âmbito do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SATRN).
Fazer a diversidade dialogar como forma de preservação, transmissão e troca de saberes entre as diversidades regionais e entre as pessoas como também de instituições envolvidas é a proposta da criação dos “Conselhos da Roça”, que sera formado prioritariamente por um homem, uma mulher e um (a) jovem.
A idéia é que cada município do tenha um Conselho da Roça, constituído pelas organizações de base. Por exemplo, a FOIRN sera a representante do “Conselho da Roça” de São Gabriel da Cachoeira, que será constituído por representantes das 4 coordenadorias regionais (COITUA, CABC, COIDI e CAIARNX), e Santa Isabel do Rio Negro terá como representante a ACIMIRN, que será composta por representantes (Conselheiros) das associações indígenas do município ( ACIR e ACIRP), e o Conselho da Roça de Barcelos será representado pela ASIBA (Associação das Comunidades Indígenas de Barcelos), que sera formada por conselheiros das associações AIACAJ (Associação Indígena da Área de Canafé e Jurubaxi ), AIBAD (Associação Indígena Baixo Aracá e Demini), AIFP (Associação Indígena Floresta e Padauri) e AIBRNC (Associação Indígena Baixo Rio Negro e Caués).
E para um diálogo mais abrangente será formado Conselho da Roça Regional, a nível do Rio Negro por representantes/conselheiros dos três municípios (São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos) e de instituições parceiras e outras que poderão fazer parte.
Lembrando, que a CAIMBRN uma das cinco coordenadorias regionais da FOIRN, abrange a região do Médio e Baixo Rio Negro, portanto, uma parte de São Gabriel da Cachoeira, e os outros dois municípios do Rio Negro, o que faz do “Conselho da Roça” a ser representado pela FOIRN, ficar apenas como 4 coordenadorias regionais.
Proposta em construção
Mulheres indígenas assumem papel importante na transmissão de saberes, práticas e conhecimentos sobre rica diversidade agricola do Rio Negro. Na imagem, mulheres da comunidade de Cartucho participaram da discussão da criação do Conselho da Roça. Foto: Lorena França – IPHAN
Está previsto um próximo encontro para o mês de abril, em Cartucho – Médio Rio Negro, para um a discussão aprofundada sobre o assunto, e as demais Coordenadorias Regionais da FOIRN, sobretudo, da região do alto rio Negro, Içana, Waupés e Tqiuié, ainda vão iniciar o processo de discussão e criação dos “Conselhos da Roça” nos próximos meses.
De acordo com o Marivelton Rodriguês Barroso, Diretor da FOIRN de referência da Região do Médio e Baixo Rio Negro, cada povo vai discutir e definir como o nome do conselho a ser formado em cada regional. Como por exemplo, Umbuesaita Kupixa Resewara (Conselho da Roça), é o nome que foi definido no encontro em Cartucho. “Cada povo irá discutir e definir como será chamado o nome do conselho na lingua”-diz.
Sistema Agricola Tradicional do Rio Negro: Patrimônio do Brasil e da Humanidade.
Um levantamento realizado entre 2006 a 2009, no município de Santa Isabel do Rio Negro e em duas comunidades próximas, pela pesquisadora Laure Emperaire, foram encontradas 110 tipos de maniwas e outras 329 tipos de plantas cultivadas por 28 famílas, o que de acordo com a pesquisadora, faz da região do Rio Negro o maior produtor de maniwa do Brasil e do mundo (já que a mandioca é uma planta de origem brasileira).
E cultivar essa diversidade nas roças é apenas uma das formas de preservação e manutenção dessa riqueza praticada pelos povos indígenas do rio Negro, há pelo menos 4 mil anos, o tempo que a agricultura é praticada pelos povos que vivem na região de acordo com a pesquisadora.
E outra forma de produção de toda esta diversidade e forma de compartilhá-la está diretamente relacionado ao modo de vida desses povos, sobretudo, através de relações, entre essas relações destaca-se o casamento. Uma mulher quando sai de sua familia para ir morar na comunidade do marido, leva com ela um patrimônio que são os conhecimentos, as práticas, os saberes, para fundar uma nova família. Assim, a diversidade vai sendo semeada na região entre os povos de geração para geração.
Respeitar, reconhecer e preservar as culturas dos povos indígenas do rio Negro, é contribuir na preservação e manutenção dessa riqueza e patrimônio cultural brasileiro e da humanidade.
A viagem ao Médio e Baixo Rio Negro.
Equipe de viagem a região do médio e baixo rio Negro, em Cartucho. Foto: Lorena França – IPHAN
Na equipe de viagem, Antônio Menezes, Vice Coordenador da CAIARNX (Coordenadoria das Associações Indígenas do Alto Rio Negro e Xié), participou da reunião e teve uma troca de experiências sobre essa atividade, pois existe proposta de extração na região do Alto Rio Negro. E recebeu ao final da reunião das mãos da presidente eleita da ACIR, Cleucimara Reis Gomes, o “Kit do Serinqueiro”, para realizar a extração das primeiras amostras no segundo semestre desse ano.
Turismo de Pesca Esportiva e Demarcação de Terras Indígenas (Jurubaxi/Teia e Barcelos) foram os assuntos da Assembleia da ACIR em Cartucho e com as diretorias das associações Acirmrn (Santa Isabel do Rio Negro) e Asiba (Barcelos).
De acordo com o diretor de referência da região, a conversa com as diretorias e lideranças indígenas da região, teve como objetivo além de atualizar as informações sobre o andamento dos trabalhos, tanto sobre a demarcação de terras e quanto sobre o turismo de pesca esportiva, foi animar e fortalecer o movimento indígena local através de elaboração de uma agenda de ação conjunta, entre a Coordenadoria Regional, associações de base e a FOIRN.
Outra forma de garantir esse fortalecimento é destinar para a região eventos de discussão e debates de assuntos importantes e abrangentes. E nesse ano, para a região do Médio e Baixo Rio Negro, vai receber grandes encontros de mobilização e discussão, como é o caso do Seminário de Educação Escolar Indígena previsto para o final do mês de marco em Barcelos, Encontro de Produtores Indígenas, também no mesmo município, e a Assembleia Geral a FOIRN, programada para o final do ano em Santa Isabel do Rio Negro. Entre outros eventos, que serao realizados. “É fazer com que as comunidades e as associações se sintam priorizadas e presentes nas discussõess e debates de assuntos de interesse dos povos indígenas da região”- explica diretor.
Mais duas comunidades “conectadas” ao mundo Rio Negro.
Marivelton R. Barroso, instalando radiofonia nas comunidades do Médio Rio Negro (São João II e Castanheiro).
A viagem realizada na última semana, significou também a entrada/conexão de mais duas comunidades com o mundo rio Negro. Foram instaladas duas novas estações de radiofonia na comunidade São João II e Castanheiro ambos da area da ACIR.
A partir de agora, estas comunidades passam ficar “online” na Rede de Radiofonia Indígena do Rio Negro, que já passa de 160 estações de radiofonia na “rede”. Facilitando assim, o recebimento e repasse de informações tanto para a FOIRN, quanto para outras comunidades e instituições como a CASAI, DSEI e como entrar em contato com as comunidades de outros municípios (Santa Isabel e Barcelos).
Jovens Indígena na luta!
Coordenadora do DAJIRN na viagem ao Médio e Baixo Rio Negro, na qual conversou com a juventude da região sobre os trabalhos do departamento e como também outros assuntos de interesse da juventude indígena.
Sorriso contagiante desceu para animar e fortalecer o movimento da juventude do Médio e Baixo Rio Negro. Na equipe de viagem, a Ednéia Teles, Coordenadora do Departamento de Adolescente e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN), em todas as reuniões nos locais já mencionados, incluindo Canafé, onde também houve uma parada rápida, para tratar o assunto da continuidade da elaboração do Projeto Político Pedagógico Indígena da Escola Yandé Putira, aproveitou as ocasiões para falar do trabalho e dos objetivos do departamento. Além de levar informações na bagagem, carregou também o Estatuto do Jovem e Adolescente, que distribuiu para os representantes dos movimentos de jovens indígenas nos municípios visitados.
Desanimados diante do descaso do poder público nos municípios visitados e como do movimento indígena, as conversas que teve com a juventude, foi um convite de reação e de fortalecimento, de acordo com a coordenadora. E justificou que o DAJIRN não conseguiu chegar nas comunidades da região devido a falta de recursos, mas, que nesse ano, estão previstos dois encontros de mobilização de jovens para a região, uma em Barcelos e outra em Santa Isabel do Rio Negro, com datas ainda a definir.
“Há uma necessidade grande de mobilizar a juventude da região do Médio e Baixo Rio Negro, pois, muitos estão desanimados e não acreditam mais no poder público e como no próprio movimento indígena. Conversei com eles, e disse, que a presença da FOIRN através do Departamento, significa que o movimento indígena está preocupada com o fortalecimento do movimento da juventude indígena, pois, são parte importante do Movimento Indígena do Rio Negro. E falei a eles, que também precisam reagir e retomar as atividades iniciadas que estão paralisadas, e que a FOIRN através do Departamento da Juventude está fazendo sua parte”- completa.