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  • Oficinas sobre ordenamento territorial e pesqueiro são realizadas no Baixo Rio Negro

    Entrega Barraca para atendimento de equipe de saúde - Campinas do Rio Preto
    Barracas de atendimento à saúde em Campinas do Rio Preto. Foto: Marivelton R. Barroso/FOIRN

    Nos dias 04 a 09 de maio o Diretor de referencia da região da CAIMBRN, Marivelton Barroso, Vice-coordenador da CAIMBRN – Andronico Benjamim, Gerente da Loja Wariró – Neiva de Souza, Antonio de Jesus Dias – Presidente da ASIBA, Marcelino Pedrosa – Assessor Indígena DSEI e Narley Cabral – Coordenadora DSEI/BAZ (com equipe multidisciplinar), realizaram a viagem de articulação na calha  do rio preto, padauiri área em processo de identificação para demarcação de terra indígena.

    Durante os dias de viagem se percorreu as seguintes  comunidades: Campinas do rio preto sede da Associação das Comunidades Indígenas do Rio Preto – ACIRP, Nova Jerusalém, Acuquaia, Acu-acu, Tapera sede da Associação Indígena de Floresta e Padauiri – AIFP, Floresta e Associação Indígena de Barcelos – ASIBA (sede).

    Entrega Mapa da Bacia do Rio Negro - nova publicação RRN
    Em Campinas do Rio Preto, comunitários vendo as novas publicações da FOIRN e parceiros (Mapa, Boletins Informativos). Foto: Marivelton R. Barroso/FOIRN

    As pautas de informações e discussões nas comunidades e Diretoria das associações: Demarcação das Terras Indígenas, Ordenamento Pesqueiro, Extrativismo da piaçaba, fortalecimento e autonomia das associações, Fundo Wayuri, PNGATI,  atividades a serem realizadas na região e Saúde.

    Nos dias 11 a 13 de maio na comunidade de Bacabal do Rio Demini sede da Associação Indígena de Base Aracá e Demini – AIBAD, realizou a oficina para a promoção do menejo de pesca do rio Aracá e Demini, demanda que já vem sendo discutido em conjunto com a FOIRN e ISA, promovendo a discussão e levantamento participativo para o ordenamento territorial e pesqueiro da região.

    São área bastantes afetadas com o turismo de pesca e pesca comercial desordenada sem nenhum controle e monitoramento as comunidade relatam não ser contra a atividades mais sim de ter área definidas e mapeadas como já foi apresentado aos órgãos de governo com as publicações da serie pescarias no rio negro.

    Fizeram de conteúdos da oficinas para aprofundamento melhor das comunidades o decreto de pesca da Bacia do rio Negro, Decreto de criação do fundo de desenvolvimento do turismo de pesca em Barcelos, e proposta de plano de manejo da Associação Indígena de base Aracá e Demini – AIBAD e Menejo de pesca dos Rios Aracá e Demini.

    As lideranças moradores das comunidades ver como prioridade a discussão e construção de proposta, pois enquanto a demarcação não acontece vamos continuar sofrendo com a entrada de barcos que desrespeitam a nossa área de uso, mesmo com a recomendação do MPF a secretaria de meio ambiente de Barcelos, até a presente data não foram colocadas as placas em nossas áreas como pedia a recomendação – afirma Evanildo Martins.

  • Queremos nossas Terras Demarcadas!

    Jovem do município de Barcelos durante a Assembléia Geral do Departamento de Jovens e Adolescentes em São Gabriel da Cachoeira, em 2013.
    Jovem do município de Barcelos durante a Assembléia Geral do Departamento de Jovens e Adolescentes em São Gabriel da Cachoeira, em 2013.

    A FOIRN é formada pelos povos indígenas do Baixo, Médio e Alto Rio Negro há 27 anos, são mais de 20 etnias ocupando uma região extensa, de alta sociobiodiversidade. Nesta trajetória, as palavras ‘Terra’ e ‘Cultura’ têm servido de guias na luta pelos direitos de nós povos indígenas. A demarcação, como trâmite governamental, de nossos territórios forma uma história complexa – com mineradoras, exército, missões, seringais, piaçavais, regatões – desde a década de 1970 e em abril de 1998 o presidente da FUNAI apresentou em nossa maloca os decretos de homologação das Terras Indígenas: Médio Rio Negro I; Médio Rio Negro II; Rio Teá; Rio Apapóris e; Alto Rio Negro.

    Esta foi uma conquista muito celebrada e que puxou novos desafios como a gestão de nossos territórios e que carrega resultados como a conservação ambiental, as propostas e implementações de escolas com educação diferenciada pelos próprios povos indígenas, alternativas econômicas locais e atendimento diferenciado à saúde. Porém, nossos territórios de ocupação tradicional não foram todos demarcados e urgentes problemas são causados por isso.

    Os povos indígenas que vivem na região dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos ainda lutam pela demarcação. Não que esta luta seja mais recente da região já demarcada, mas que enfrenta grande resistência por atores que influenciam econômica e politicamente uma frente contra a demarcação. Há desde 1998 pedidos formais para a demarcação registrados no Ministério Público Federal. Até hoje não foram atendidos, afinal, assim a exploração de mão de obra continua através de redes de comerciantes, de patrões de piaçava, de agências de turismo localizadas nas metrópoles e com baixo, quando há, retorno à população local. As escolas continuam se distanciando dos conhecimentos que formaram e mantêm as riquezas da floresta e constituem nosso bem viver na região. Tampouco as escolas trazem condições para fazer entender os conhecimentos atuais. Em lugares onde antes havia malocas e conhecedores tradicionais, hoje se encontra pequenas construções de alvenaria mal planejadas, quentes e mal ventiladas com professores mal pagos e sem estrutura. Há mercúrio e lixo em diversos rios, há parentes com dívidas impagáveis aos patrões, há prostituição, há falta de atendimento especializado à saúde. É contra isso que a demarcação luta.

    É então com esperança que a FOIRN vê a ação tomada pelo Ministério Público Federal do Amazonas dia 19/03/2014. O órgão entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal, com pedido de liminar, para obrigar a União e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) a concluírem, no prazo de 45 dias, o processo administrativo que trata da demarcação de terras ocupadas pelos povos indígenas do Médio e Baixo Rio Negro, nos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

    O gargalo atual para que possamos dar seguimento à demarcação nesta região são os estudos que devem ser entregues pelos Grupos Técnicos de Identificação de Terras Indígenas. Reivindicamos com urgência estes estudos para que possamos continuar a luta com vistas ao bem viver dos povos indígenas do Rio Negro. Não só reivindicamos como já articulamos e realizamos etapas de pesquisa em campo com os responsáveis. Damos todo o apoio e garantimos as condições para que os estudos possam ser participativos e legítimos, mas a responsabilidade dos estudos e seu posterior trâmite administrativo deve ser assumida por quem está à frente dos Grupos Técnicos.

    Acompanharemos assim esta liminar e que nossos parentes conquistem esta etapa. Os 45 dias se encerram no início de maio.

    Leia mais:  MPF exige demarcação imediata de terras indígenas nas regiões do Médio e Baixo Rio Negro (Portal Acrítica).