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  • Mukaturu: projeto sobre autocuidado da mulher indígena reforça resgate da alimentação tradicional

    Mukaturu: projeto sobre autocuidado da mulher indígena reforça resgate da alimentação tradicional

    Na língua nheengatu, o vocábulo mukaturu tem o significado de cuidado. E foi essa a palavra escolhida para dar nome ao projeto de autocuidado da mulher indígena que teve início nesse final de semana (14 e 15/8) tendo como objetivo principal trabalhar o eixo alimentação, fortalecendo e resgatando a alimentação tradicional.

    Promovido pela Foirn através do Departamento das Mulheres Indígenas do Rio Negro (Dmirn), o projeto Mukaturu – Comunidades de Autocuidado é desenvolvido através de projeto aprovado pela ONU Mulheres, com apoio dos parceiros ISA, Instituto Aleema e Nia Tero.

    Coordenadora do Dmirn/FOIRN, Dadá Baniwa, explica que o papel da mulher na organização da alimentação da família e da comunidade é primordial. E o objetivo é que as participantes do projeto sejam multiplicadoras das informações sobre a importância da alimentação tradicional em suas aldeias.

    E ela ressalta a importância do autocuidado. “Primeiro a mulher deve cuidar de si mesma para conseguir cuidar da família, da comunidade”, diz.

    Articuladora e instrutora do projeto Mukaturu, a enfermeira Eufélia Lima Gonçalves, da etnia Tariana, explica que uma série de doenças decorrentes da má alimentação – como hipertensão e diabetes – estão se intensificando entre os indígenas do Rio Negro principalmente devido à influência sofrida desde a colonização.

    A estratégia de prevenção adotada no Projeto Mukaturu – Comunidades de Autocuidado é promover o resgate da alimentação tradicional, com o incentivo do consumo dos produtos da roça, como a mandioca, a banana, o abacaxi, o açaí, com incremento das verduras e legumes da horta. “Devemos lembrar que o sistema agrícola do Rio Negro é patrimônio cultural. Incentivar essa prática é melhorar a saúde e reforçar o valor da cultura indígena”, diz.

    Participantes da Formação em atividade. Foto: Juliana Albuquerque/FOIRN

    E a mudança já começou. Como valorização da alimentação da região, as refeições do curso foram preparadas com produtos típicos, sem condimentos ou industrializados. Foram servidos peixes, carne de paca, frutas como mamão, abacaxi, cará e etc. O que mais impactou foi o café sem açúcar, que acabou tendo boa resposta das mulheres ao longo da vivência desafiadora.

    Dadá Baniwa pondera que não será fácil promover essa mudança de hábito, pois os indígenas, mesmo os que vivem nas comunidades, já consomem há muito tempos os produtos industrializados.

    Também coordenadora do Dmirn/FOIRN, Larissa Tukano também acredita que a mudança de hábitos alimentares será um desafio. “É um desafio e algumas mulheres relataram até medo, mas também a esperança de chegar em suas comunidades e repassar os conhecimentos”, disse.

    Uma das propostas é que o Dmirn/FOIRN comece a propor essa valorização dos produtos típicos durante as atividades na área indígena. Dadá Baniwa explica que, quando ocorrem eventos nas comunidades, o Dmirn ou os outros departamentos da FOIRN levam produtos como arroz, macarrão e frango para reforçar as refeições durante a atividade.

    “Podemos mudar essa estratégia, informando à comunidade a data do evento e avisando que vamos precisar de mais quantidade de mandioca, cará, açaí, beiju, peixe, caça. E remunerando os fornecedores”, explica.

    Moradora da comunidade de Campinas do Rio Preto, em Santa Isabel do Rio Negro, Derly de Jesus Pereira, da etnia Baré, participou do curso. Ela conta que em sua casa já toma cuidado com a alimentação porque seus pais têm problemas como diabetes e hipertensão. Ela observa que, no geral, a comunidade ainda adota muito a alimentação tradicional, com consumo de peixes e caças. “É tudo fresco. Matou, comeu”, comenta. Por outro lado, também são utilizados alimentos como arroz, feijão e frango – que não fazem parte do cardápio tradicional. Além disso, mesmo o comércio local já vende produtos industrializados como refrigerantes ou salgadinhos prontos.

    Derly de Jesus Pereira demonstrou preocupação com a atividade de repassar aos indígenas da comunidade o que aprendeu durante o curso. Sua principal missão é ajudar a resgatar o valor da alimentação indígena. E quem não gosta de uma quinhampira – o famoso prato tradicional à base de peixe – com beiju?

    O curso terá duração de 2 meses no formato EaD e com duas etapas presenciais. Ao final da atividade espera-se que as mulheres estejam confiantes e preparadas para serem multiplicadoras das informações em suas regiões. Devido à pandemia, o curso contou com participação reduzida, contando com 18 participantes de todas as coordenadorias regionais da FOIRN.

    Participantes da formação recebem a visita do Presidente da FOIRN – Marivelton Rodrigues Baré. Foto: Juliana Albuquerque

    Nessa primeira etapa, foram dois dias de atividades intensas, vivência, acolhimento e escuta. Foram trabalhados temas como a individualidade da mulher rionegrina, seus anseios e suas perspectivas, com aulas preparadas pela médica Nazira Scaffi e dinâmicas criadas pelo Instituto Aleema, que trabalha com alimentação saudável como tratamento de doenças crônicas não transmissíveis.

  • 140 ACIS concluem o Curso Técnico de Agentes Comunitários Indígenas de Saúde (CTACIS), nessa semana em São Gabriel da Cachoeira

    ACIS em atividade durante o curso. Foto: Ana Lucia Pontes – Coordenação do Curso/EPSJV/FIOCRUZ
    ACIS em atividade durante o curso. Foto: Ana Lucia Pontes – Coordenação do Curso/EPSJV/FIOCRUZ

    Durante o período de 02 de fevereiro a 13 de março se realizou em São Gabriel da Cachoeira a finalização da II Etapa do Curso Técnico de Agentes Comunitários Indígenas de Saúde (CTACIS) para os polos formativos do Médio e Alto Waupés e Rio Papuri e o polo Baixo Waupés e Rio Tiquié.

    Nessa II Etapa, os ACIS aprenderam e discutiram sobre politicas de inclusão social, como a Bolsa Família e benefícios trabalhistas, e seus impactos na qualidade de vida e saúde da população indígena. Outro tema trabalhado foi a organização dos programas de controle e prevenção do diabetes e da Hipertensão Arterial.

    Os ACIS aprenderam sobre os fatores de risco, técnicas para suspeitar desses problemas e estratégias de prevenção e controle. O último tema dessa etapa foi a vigilância de doenças transmissíveis, como malária, tuberculose, hanseníase e infeções sexualmente transmissíveis.

    A partir do dia 16 de março se reuniram na Maloca da FOIRN os 140 ACIS de todo DSEIRN para finalização da formação técnica profissionalizante, cujas atividades se encerram no dia 10 de abril de 2015.

    Nessa última etapa, os ACIS aprenderam técnicas de primeiros cuidados e suporte básico de vida; produziram materiais educativos para serem utilizado nas comunidades; e, elaboraram estratégias de ação para todas suas competências.

    A última semana de aula também foi um importante momento político para os ACIS discutirem sua organização como categoria profissional de saúde, cujas novas atribuições serão repassadas para o CONDISI e para as comunidades por meio de cartas.A cerimônia de formatura se realizará nos dias 10 de abril, na Maloca da FOIRN, e no dia 11 de abril no Ginásio Arnaldo Coimbra.

    Esse curso foi realizado pela SEDUC/GEEI e Fiocruz, com apoio da FOIRN, FUNAI, Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira e DSEIRN, e se iniciou em 2009, a partir de proposta elaborada pela FOIRN.

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    Informações e imagens da Ana Lucia Pontes – Coordenação do Curso/EPSJV/FIOCRUZ

  • Diretores da FOIRN participam do Curso Básico de Formação em Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – PNGATI em Brasília

    Participantes da curso em atividades. Foto: Isaias Fontes/FOIRN
    Participantes da curso em atividades. Foto: Isaias Fontes/FOIRN

    Diretores da FOIRN, Renato Matos, Isaias Fontes e Nildo Fontes, participam em Brasilia o 2º Módulo do Curso Básico de Formação em Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – PNGATI.

    Os conteúdos:1- Natureza e Cultura; 2 – Relação Histórica entre os Povos Indígenas e o Estado Nacional; 3 – Conflitos Socioambientais Envolvendo Povos Indígena; 4 – Resistência Indígenas através dos séculos (Historia do movimento indígena) e Apresentação dos resultados das atividades de pesquisa colaborativa realizadas a partir do Modulo I.

    O curso é realizado pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) em parceria com a Rede de Cooperação Amazônica – RCA. As atividades do segundo módulo vão até dia 10/04.

    Lideranças do Rio Negro e Roraima discutindo o processo histórico de massacre sofrido pelos povos indígenas no Brasil.. Foto: Isaias Fontes/FOIRN
    Lideranças do Rio Negro e Roraima discutindo o processo histórico de massacre sofrido pelos povos indígenas no Brasil.. Foto: Isaias Fontes/FOIRN

  • 4o Seminário de Educação Escolar Indígena discute Educação escolar da região Táwa.

    Participantes do 4o Seminário de Educação Escolar Indígena realizada entre os dias 10 a 12 de abril em São Gabriel da Cachoeira.
    Participantes do 4o Seminário de Educação Escolar Indígena realizada entre os dias 10 a 12 de abril em São Gabriel da Cachoeira.

    Mais um seminário realizado. O 4o seminário de Educação Escolar Indígena foi realizado na Casa dos Saberes da FOIRN em São Gabriel da Cachoeira, nos dias 10 a 12 de abril. Evento que reuniu 145 participantes, entre estes, professores, gestores de escolas e lideranças, representantes das instituições locais como a SEDUC, SEMEC, ISA (Instituto Socioambiental), Prefeitura, APIARN (Associação dos Professores Indígenas do Alto Rio Negro), COPIARN (Conselho dos Professores Indígenas do Alto Rio Negro)  de Táwa, como é conhecido a região que abrange a cidade e comunidades próximas.

    Nos primeiros dois dias foram relatadas experiências de trabalhos voltadas para a valorização da cultura e conhecimentos tradicionais nas escolas da cidade. O ponto forte destacado foi a utilização de uma das línguas co-oficializadas no município, a língua Nheengatú. A Gestora da Escola Municipal Dom Miguel Alagna, Micaela Hilário Gama, disse que apenas uma das línguas co-oficializadas faz parte da grade curricular, o Nheengatú. As outras duas (Baniwa e Tukano), não são ministradas devido a falta de professores falantes dessas línguas no quadro de professores da escola.

    O debate entorno da valorização da cultura e de identidade nas escolas da cidade foi significativo, uma vez que, de acordo com algumas professores e gestoras, algumas crianças, sentem dificuldades na afirmação de sua identidade étnica na escola. “Algumas vezes, mesmo sabendo que aquela criança é de tal etnia, ela diz ser de uma, que não é. Por isso, preciso conscientizá-los da importância da afirmação de identidade. Mas, isso, deve também ser trabalhado junto com os pais, pois, é de lá que eles vem, e alguns pais não querem ou sentem-se envergonhados de afirmar sua identidade”-disse a gestora da escola Thiago Montalvo.

    A escola municipais que participaram do Seminário foram: Thiago Montalvo, Creche Irmã Sandra Henry, Dom Miguel Algna.

    Entre as escolas estaduais convidadas, apenas compareceu e participou do evento a Escola Estadual Sagrada Família, que teve como representante, a pedagoga e Gestora em exercício, Quelma da Silva Otero, que defende que as escolas da cidade devem levar aos seus espaços a valorização das línguas e da cultura dos povos que vivem na região, já que são escolas, onde os estudantes na maioria são indígenas. E lamentou a ausência dos gestores das demais escolas estaduais. Outra recomendação feita pelas representantes das escolas da cidade, é que as instituições locais, devem disponibilizar arquivos e bibliotecas para os estudantes acessar informações em caso de pesquisas e outras atividades escolares que tiverem como tema a cultura, a educação escolar indígena, o movimento indígena entre outros.

    As escolas das comunidades próximas da cidade, que tiveram como representantes professores e algumas lideranças, relataram que a valorização de cultura e das línguas faladas nessas comunidades já fazem parte das práticas pedagógicas, mas, de acordo com as exposições e depoimentos, há falta de materiais didáticos voltados para apoiar essas atividades. Quanto a estrutura escolar (prédio) são precários e materiais precisam melhorar.

    As escolas das comunidades próximas que participaram do evento foram: São José, Boa Esperança, Itacoatira Mirin, Don José Song, Baré Mirin e Nossa Senhora das Mercês.

    O IFAM-Campus São Gabriel da Cachoeira, que além de apresentar as atividades voltadas para a valorização da diversidade do Rio Negro, o Diretor Geral, Elias Brasilino, destacou que as mudanças que vem acontecendo nos últimos anos, tanto na estrutura organizacional e quanto nas atividades pedagógicas são resultados da participação do movimento indígena do rio Negro. E relatou ainda que constatou nas viagens realizadas nos últimos anos para algumas comunidades da região,  que a condição de muitas ou quase todas as escolas está em condição precária.

    Representado pelo professor Raimundo Nonato Pereira da Silva, vice-coordenador do Curso Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável,  a Universidade Federal do Amazonas, apresentou de forma resumida e sistemática a atuação na região do Rio Negro, em especial no município de São Gabriel da Cachoeira. De acordo com o professor, apesar de a universidade atuar há algum tempo, práticas direcionadas para a valorização da diversidade do Rio Negro, se deu através do Curso de Licenciatura Intercultural (Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável). Mas, disse que a atuação junto aos povos indígenas, no que diz respeito de como os cursos são oferecidos precisa melhorar, que a formação continua sendo indigenista e não indígena, como deve ser. Nos debates que aconteceram entorno da participação da UFAM na formação de professores indígena no Rio Negro, exigiu o fortalecimento da parte do controle social das instituições, como a FOIRN.

    Para a troca de experiências entre os participantes, o André Baniwa, um dos coordenadores do evento, apresentou a experiência da educação escolar Baniwa e Coripaco, desde os passos iniciais de implantação aos resultados conquistados até agora. E lembrou que as conquistas alncaçadas até agora pelo movimento indígena ou pelas escolas indígenas, só se concretizaram pela busca, luta e construção coletiva. Fez ao longo de sua exposição, como durante o evento, questionamentos para promover reflexão sobre a situação atual da educação escolar indígena e que futuro os participantes querem para os filhos.

    Nildo Fontes, Diretor da FOIRN, disse que, se é preciso mudar a legislação ou sistema para melhorar a educação escolar indígena a luta precisa se fortalecer e que os seminários realizados, propõe isso, identificar o que está faltando para a educação escolas melhorar. Para isso, de acordo o diretor, é fundamental a participação de todos, e a discussão e os debates devem ser permanentes. “Se muitas coisas mudaram até aqui (para melhor) em educação, saúde e em outras áreas), é por que lutamos por essas mudanças. Não é agora que vamos ficar parados diante dessas demandas e necessidades de mudanças para melhorar a educação escolar”- disse.

    Os dados completos do evento, como os encaminhamentos (problemas e propostas de melhorias) serão sistematizados para o Seminário Regional, previsto para o mês de junho, que vai reunir representantes de todas as regiões onde já aconteceram os seminários internos.

    Participantes do Seminário da região Táwa, que reuniu professores, gesrtores (as) de escolas da cidade e comunidades próximas.
    Participantes do Seminário da região Táwa, que reuniu professores, gesrtores (as) de escolas da cidade e comunidades próximas.

    O 4o Seminário de Educação Escolar Indígena foi realizado pela FOIRN e a Fundação Nacional do Índio (Funai), em parceria com o Instituto Socioambiental, e faz parte do “Projeto Seminários de Educação Escolar Indígena como sistema e processo próprio de aprendizagem no âmbito do Território Etnoeducacional do Rio Negro – TEERN”, lançado oficialmente na Casa dos Saberes da FOIRN, no dia 21 de janeiro, e já realizou seminários em Itapereira, Tacarúa – Médio Waupés, Iauaretê – Alto Waupés e Papuri, e ainda vai realizar mais outras cinco (Barreira Alta- Tiquié, Santa Cruz do Cabarí – Rio Japú, Guadalupe – Rio Ira, Barcelos – Baixo Rio Negro e Waruá – proximidades de São Gabriel da Cachoeira).

  • Oficina sobre Direitos da Mulher reuniu mulheres indígenas de três municípios do Rio Negro

    Direitos da Mulher Indígena foi o assunto da Oficina em Santa Isabel do Rio Negro, realizado entre os dias 23 a 25 de Setembro de 2013

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    A oficina

    Realizada pelo DMIRN (Departamento das Mulheres Indígenas do Rio Negro) da FOIRN em parceria e apoio da FUNAI- CCRN, a oficina teve como objetivo principal a Promoção em direitos indígenas da mulher e fortalecer a cidadania das moradoras dos municípios do Rio Negro.

    Mulheres de Iauaretê, Barcelos, São Gabriel da Cachoeira e de Santa Isabel tomaram conta do Auditório Salesiano entre os dias 23 a 25 de setembro. Entre elas estavam representantes dos Departamento de Mulheres da ASIBA (Associação Indígena de Barcelos), ACIMRN (Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro) e dos bairros de Santa Isabel participaram do encontro.

    Durante os três dias a programação foi recheada de palestras, debates e discussões em torno de problemas enfrentadas pelas mulheres indígenas nos três municípios e comunidades do Rio Negro.

    Os grupos de trabalhos foram orientados por perguntas norteadoras elaboradas com base nas palestras: Direitos da Mulher ( Profa Madalena Gama Bendaham – Secretária do Conselho Municipal de Direitos da Mulher/SGC); – Cultura Indígena como Direito (Higino Tenório – Liderança Tuyuka); Direitos Indígenas como Direitos Humanos (Benjamim Baniwa – Vice-Presidente da ASIBA); – e exposições dos Departamentos de Mulheres da FOIRN, ASIBA e ACIMRN.

    Elas (ainda) não conhecem seus direitos.

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    Das mais de 50 mulheres vindos das mais diversas localidades, poucas conheciam seus direitos antes de participarem da oficina. Apesar do nível e formas de violência nas comunidades indígenas não serem os mesmos das cidades, foram elaboradas propostas de ações para que mulheres nas comunidades também conheçam e façam valer seus direitos.

    Segundo a Rosane Cruz, 23, Piratapuya, Coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), é fundamental que o movimento de mulheres construa estratégias de comunicação e informação para que as mulheres que ficam nas comunidades mais distantes das cidades também conheçam seus direitos. “Traduzir as leis, como a da Maria da Penha nas línguas indígenas pode ser uma forma de torná-la essa lei conhecida pelas mulheres indígenas nas comunidades. Como também exigir mais a presença e participação dos órgãos competentes na divulgação dessas leis”- diz.

    Mesmo nas cidades, as informações não chegam às casas. E é nesses espaços que vivem as mulheres indígenas que sofrem violência e discriminação das mais váriadas formas, segundo os levantamentos realizado pelos grupos de trabalho.

    Mulheres pedem mais atenção.

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    Em três dias de oficina, com base nos resultados dos GTs, ficou bastante claro e preocupante a ausência do poder público e a falta de ações voltadas para o atendimento especializado à elas.

    Em carta elaborada ao final da oficina, deixam claro e exigem mais respeito e atenção: “Estudamos sobre como nós devemos proteger a integridade da mulher e como denunciar as violências que as mulheres sofrem. Debatemos sobre as melhores formas de comunicação entre nós para criarmos canais seguros de informação, proteção e segurança para mulheres”- descreve a carta. E ainda: “Diante dessas realidades exigimos que os Municípios e as Câmaras Municipais criem estruturas de atendimento dos direitos das mulheres: – Secretaria Municipal da Mulher; – Criação do Conselho; – Municipal dos Direitos da Mulher; – Delegacia Especializada para atendimento a Mulher; – Casa de Abrigo em casos de violência, ameaças, etc..”- finaliza a carta que será destinada aos prefeitos dos três municípios do Rio Negro (Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel), com copias para as Câmaras Municipal.

    Os homens devem colaborar.

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    As leis que tratam sobre direitos da mulher devem ser de conhecimentos de todos, não apenas mulheres, como foi lembrado e recomendado pelas participantes da oficina em Santa Isabel.

    Casos de violência veiculados diariamente pela imprensa contra mulheres são cometidos por maridos ou parceiros. “A mulher é sempre vista como algo a ser discriminada, violentada, temos que lutar para mudar isso”- disse uma das participantes da oficina.

    Para mudar isso, é importante que os homens (os que praticam essas atitudes) comecem a repensar e mudar sua maneira de ver e de tratar as mulheres. Afinal, os dois tem direitos iguais, que devem ser respeitados, e acima de tudo, cumpridos.

  • Oficina de mapeamento de iniciativas do Rio Negro

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    Participantes da Oficina de Mapeamento de Iniciativas do Rio Negro. Estiveram presentes as coordenadorias regionais, professores e gestores de escolas. O evento foi realizado pela parceria: FOIRN/ISA/FUNAI-CRRN

    Oficina de mapeamento de iniciativas do Rio Negro Com objetivo de reunir dados existentes sobre os povos do Rio Negro, a Oficina intitulada de “Oficina de Mapeamento de Iniciativas do Rio Negro, Articulação para propostas de Gestão dos Territórios Indígenas do Rio Negro”, foi realizado na Casa do Saber da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), entre os dias 10 a 12 de setembro.

    Discutir criticamente as informações a fim de criar dados confiáveis sobre a população indígena do Rio Negro, foi o foco da oficina, que contou com a participação de lideranças das cinco coordenadores regionais (CABC, CAIARNX, CAIMBRN, COIDI e COITUA), professores e gestores de escolas de Pari Cachoeira, Iauaretê e lideranças de associações, totalizando mais de 50 participantes.

    Em dois dias, recheados de exposições feitas pelo atores que trabalham com algum tipo de censo, como o DSEI no campo da saúde, SEMEC em educação, e dados o IBGE, e acompanhadas por debates, a oficina rendeu os primeiros resultados, até mesmo propostas iniciais de fichas de censo, elaborados por Gts que foram organizados por coordenadorias.

    Foram expostos experiências desse tipo de trabalho já em andamento pela equipe do município de Barcelos, que foi bastante elogiada pelos participantes e pela coordenação da oficina. Os debates foram feitas em torno de como se chegar a um censo que consiga ter a “qualidade e quantidade” juntas. Pois, segundo, alguns participantes, na maioria dos censos feitos na região não são bem “feitas” ou não são completas. “As coisas devem ter equilíbrio”- frisou o professor e Gestor da Escola de Pari Cachoeira, Protásio .

    Como fazer um censo que sirva de base para elaboração de um projeto de Gestão Territorial? “As exposições feitas são importantes para elaborarmos um modelo de censo que consiga reunir em um só lugar informações sociais, econômicos e populacionais, que poderão ser consultados por qualquer um que tiver necessidade e interesse”- explicou Domingos Barreto, Coordenador Regional da FUNAI-CRRN (Coordenação Regional do Rio Negro).

    A oficina conseguiu reunir dados importantes e experiências existentes na região para servirem de apoio para a elaboração de um modelo de ficha que será usado no censo que será feito, como sequência de atividade que está começando. A realização da próxima oficina sobre o tema, deve acontecer no final desse ano, ou no inicio do ano que vem, segundo os coordenadores da iniciativa.

    O objetivo maior é realizar um censo da situação “real” dos povos do Rio Negro, como os próprios participantes definiram. Que deverá acontecer, assim que for definido o modelo de censo que ainda será elaborado na próxima oficina. Agora é “que nem plantar uma semente no chão, temos que cuidar, pra ela poder nascer, crescer e dar frutos”- recomendou o Domingos, convidando a todos os participantes a dedicar aos trabalhos e continuar o que foi iniciado na oficina. A oficina foi uma realização da parceria FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), ISA (Instituto Socioambiental) e FUNAI-CRRN.