Quatro candidatos concorreram a vaga de diretor (a) da FOIRN, porém a organização dos trabalhos na região com responsabilidade reforça a reeleição da diretora Janete Alves e a aclamação do coordenador regional da COIDI, Gustavo Trindade.
Nos dias 09 a 12 de abril de 2024, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) realizou mais uma assembleia eletiva, coordenada pela Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê (COIDI).
A XV Assembleia Geral Ordinária Eletiva da COIDI reuniu lideranças indígenas que compõe a delegação representando suas 11 associações de base filiadas a FOIRN, seguindo conforme o estatuto social da própria coordenadoria regional e da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.
Esse evento foi um momento histórico, pois foi reconduzida para o segundo mandato a diretora da Foirn e de referência da COIDI, Janete Alves e foi aclamado o coordenador regional, Gustavo Trindade juntamente a sua única chapa formada.
Janete Figueredo Alves do povo Desana, com 36 anos de idade, já foi coordenadora do Departamento das Mulheres Indígenas do Rio Negro (DMIRN/FOIRN 2017 -2020). A sua primeira gestão na diretoria foi na gestão de janeiro de 2021 e que se encerrará em junho de 2024.
Nesta recondução, no qual atuará na gestão, será a partir de julho de 2024 à junho de 2028 na Diretoria da Foirn, a mesma vai concorrer a função de presidente da FOIRN na Assembleia Geral em junho deste ano.
Gustavo Trindade do povo Kotiria, foi aclamado para atuar nos próximos quatro anos, vale ressaltar que Gustavo foi eleito no final da gestão da coordenadoria, no qual tomou posse em 28 de maio de 2023.
Também foi reeleita a articuladora do DAJIRN e o Articulador de Educação Escolar Indígena (DEEI), a articuladora do DMIRN foi aclamada pois não houve outra indicação. Para a coordenação geral dos departamentos teve indicação para DMIRN e DAJIRN, mas para o Departamento Educação Escolar Indígena a coordenadoria vai apoiar o Melvino Fontes Baniwa, atual coordenador.
Destacamos a presença de Marivelton Baré, diretor presidente atual da FOIRN, na oportunidade o mesmo apresentou a situação institucional, projetos, orçamentos, ações e os avanços e desafios da instituição para nova composição de lideranças que estarão à frente do movimento indígena do Rio Negro, assim também assinou o Termos de Cessão do uso de internet das antenas starlinks e kit solar completo, e foram entregues para os representantes das comunidades. (Leia a matéria completa das instalações neste link foirn.blog.
O Protocolo de Consulta impresso, foram entregues às associações como instrumento muito importante onde o Protocolo estabelece os procedimentos sobre como os povos e comunidades indígenas do Rio Negro que devem ser consultados antes da aprovação de qualquer projeto que tenha impacto sobre as suas terras ou que afete seus direitos.
Grupos de trabalhos foram formados durante a Assembleia para discutir e construir Planos de atividades para os próximos 4 anos.
Temos uma boa notícia, mais comunidades recebem conexão de internet, como resultado da construção e implementação do PGTA na região da Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê, é um passo importante para fortalecer a governança territorial e promover a sustentabilidade ambiental.
No período de 07 a 11 de abril, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), através da diretora de referência da COIDI, Janete Alves Desana e o diretor presidente Marivelton Rodrigues Baré, assinaram junto às lideranças o Termo de Cessão e de Uso e entregaram as antenas de internet starlink com kit solar completo para as comunidades do Médio e Alto Waupés.
Comunidade Caruru Cachoeira do Alto Waupés. Foto: ReproduçãoComunidade Querari do Alto Waupés. Foto: Reprodução
É maravilhoso ver que várias comunidades e instituições estão sendo contempladas com kits de internet e energia solar completo, além de escolas e uma paróquia receberem kits de internet completos.
Comunidades e locais beneficiadas neste lote de instalações:
Querarí do alto Rio Waupés, na sede da Associação AMIARU (kit de internet e Solar completo);
Caruru Cachoeira do alto Rio Waupés, no centro comunitário (kit de internet e Solar completo);
Nova Esperança, Médio Rio Waupés, no centro comunitário (kit de internet e Solar completo);
Loiro, Médio Rio Waupés, no centro comunitário (kit de internet e Solar completo);
Turí Igarapé, Centro comunitário (kit de internet e Solar completo);
Marabitana, Médio Rio Waupés, no centro comunitário (kit Solar completo, pois já há instalação de internet);
Escola Municipal Infantil Cachoeira da Onça (kit de internet completo);
Escola Estadual Indígena São Miguel (kit de internet completo);
Paróquia São Miguel Arcanjo, no laboratório de informática (kit de internet completo).
Essa iniciativa irá proporcionar às comunidades indígenas acesso à internet, promovendo a inclusão digital e possibilitando o acesso à informação, educação, saúde e oportunidades econômicas.
Essa entrega demonstra o compromisso contínuo da FOIRN em fortalecer as comunidades indígenas, garantindo-lhes as ferramentas necessárias para se conectarem com o mundo digital. Isso é fundamental para que os indígenas possam ter voz ativa na sociedade atual.
Parabenizo a FOIRN por mais essa conquista na implementação do PGTA na região do Médio e Alto Waupés. Tenho certeza de que essa conectividade trará grandes benefícios para as comunidades locais. Desejo muito sucesso nessa importante iniciativa!
Reconhecemos e agradecemos e à NIA TERO e ao Bezos Earth Fund pelo apoio aos projetos de conectividade das comunidades indígenas e pela aquisição do sistema solar no Rio Negro, através da FOIRN. Essas iniciativas são de extrema importância para promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer as comunidades indígenas, garantindo-lhes acesso à internet e energia renovável.
O apoio dessas organizações é fundamental para impulsionar o trabalho da FOIRN na região do Rio Negro, permitindo que as comunidades indígenas tenham acesso às ferramentas necessárias para se conectarem digitalmente e melhorem sua qualidade de vida. Agradecemos por fazerem parte desse importante trabalho em prol das comunidades indígenas.
Entre os dias 24 e 28 de julho de 2023, a comunidade de Urubucuara, localizada na terra Indígena Alto Rio Negro, sediou o encontro regional dos Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMAS).
O evento contou com participação dos agentes da Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê (COIDI) e da Coordenadoria das Associações Indígenas Balaio, Alto Rio Negro e Xié (CAIBARNX), total de 15 novos agentes da COIDI e 04 da CAIBARNX, ambos em seu primeiro ano de atividade, sendo do médio Waupés, Iauaretê, alto Papuri, Alto Waupés, além da importante participação dos AIMAs Hupda do rio Japu e Igarapé Cabarí.
Portanto cerca de 75 pessoas de 12 etnias vindas de várias regiões. O encontro foi um processo de formação para a produção e coleta de dados para o monitoramento de suas pesquisas, tendo como foco central compreender o papel de um AIMA, que é o de agente comunitário, podendo ser adulto, jovem, homem e mulher, que atua no manejo ambiental e na Gestão Territorial e Ambiental.
Durante os dias do evento, foram apresentadas iniciativas já realizadas juntamente com os AIMAs mais experientes da região da Coordenadoria das Organizações Indígenas do Tiquié, Baixo Waupés e Afluentes (DIAWI’I), que estiveram presentes para compartilhar sua experiência de pesquisa iniciada desde 2005, juntamente com o Instituto socioambiental (ISA) que acompanha essas pesquisas.
Além das iniciativas já realizadas, o evento também proporcionou a apresentação de novas ideias e projetos relacionados à pesquisa socioambiental na região da DIAWI’I. Durante as palestras, foi possível perceber a importância da preservação da biodiversidade e da cultura local para garantir um desenvolvimento sustentável na região. Entre os temas abordados, destacam-se:
A importância da participação das comunidades locais na definição de projetos de pesquisa e de conservação ambiental;
O uso de tecnologias de mapeamento e monitoramento para avaliar o impacto das atividades humanas na região;
A necessidade de fortalecer as parcerias entre instituições de pesquisa, organizações governamentais e não-governamentais e comunidades locais para garantir a continuidade e eficácia das iniciativas socioambientais.
Foi uma oportunidade única de aprendizado e troca de conhecimentos entre os participantes do evento, que saíram motivados a continuar trabalhando juntos em prol da preservação do meio ambiente e da valorização da cultura local.
Os temas abordados na palestra são de extrema importância para a preservação da natureza e da cultura indígena. Algumas informações adicionais que podem ser relevantes para complementar o conteúdo são:
O Calendário Ecológico é uma ferramenta utilizada pelos povos indígenas para guiar suas atividades diárias de acordo com as mudanças na natureza. É baseado no conhecimento ancestral sobre os ciclos da vida, como o ciclo das plantas e dos animais.
O Sistema Agrícola indígena é uma forma de cultivo que respeita a biodiversidade local, utilizando técnicas tradicionais e evitando o uso de agrotóxicos.
O Manejo de Pesca é uma prática sustentável que busca preservar as espécies e os recursos naturais utilizados na pesca, evitando a sobrepesca e a degradação dos ecossistemas aquáticos.
O Mapeamento e Lugares Sagrados são ferramentas utilizadas pelos povos indígenas para identificar e proteger locais considerados sagrados, como cemitérios, nascentes, montanhas e rios.
A Proteção Ritual é uma prática que envolve o uso de cantos, danças e outras formas de expressão cultural para fortalecer a conexão dos indígenas com a natureza e seus antepassados.
A gestão de lixo é um desafio enfrentado pelos povos indígenas que buscam preservar o meio ambiente e garantir a saúde das comunidades. A palestra com o Engenheiro Sanitarista pode ter trazido informações valiosas sobre técnicas de coleta, tratamento e destinação adequada dos resíduos.
A experiência de vigilância de território com o senhor Evaldo Alencar pode ter abordado a importância da preservação dos territórios indígenas e do trabalho de monitoramento e proteção realizado pelas comunidades.
À noite, houve rodas de conversa com os conhecedores tradicionais convidados pelos AIMAs de várias regiões, falando sobre a origem de cada povo do rio Waupés, um pouco de benzimento e proteção. Para eles, foi um momento de iniciativa para compartilhar seu saber tradicional com os mais jovens presentes, assimilando a importância de proteger o território pensando no esgotamento dos recursos naturais, garantindo a sobrevivência de suas próprias comunidades, preservando a riqueza ambiental para as gerações futuras.
No final, foram destacados os avanços e desafios de trabalhar nas pesquisas, um momento muito importante para adquirir e compartilhar conhecimentos, além dos desafios logísticos enfrentados pelas comunidades longínquas, como cachoeiras, sol e chuva, mas que não medem esforços para participar dos encontros, pois todos têm objetivos a serem alcançados para o bem viver em suas comunidades.
O evento foi realizado pela equipe da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) representada por Mª Hildete Araújo, articuladora institucional dos AIMAs, Janete Alves, diretora e de referência da COIDI em parceria com o Instituto socioambiental (ISA), Aloisio Cabalzar e Danilo Parra, contou com a participação de instituições convidadas como a FUNAI – CR/RNG, representada por Evaldo Marcio Alencar, DSEI ARN, representado por Luiz Brazão, Coordenador do DSEI-ARN, Johnatan Almeida, Engenheiro Sanitarista da SESANI, Miquelina Machado, assessora Indígena, Gislaine Velasques, secretária executiva do CONDISI e Bruno Marques.
Reinvindicado pelos professores da escola localizada no Distrito de Iauaretê, o encontro aconteceu no último sábado, 17/7.
Professores e jovens de Iauaretê apresentam certificado de participação de oficinas realizadas na Escola Pamuri Mahsã Wi´i. Foto: Eucimar Aires/Foirn
“A escola quer dar oportunidade para os jovens conhecerem as novas tecnologias de comunicação para registrar nossa história, os acontecimentos importantes aqui da escola e de Iauaretê”. Com essa frase, o professor Leonardo Penteado, do Povo Tukano, subgestor da Escola Pamuri Mahsã Wi´i, explicou a principal motivação da oficina de comunicação e tecnologia ocorrida no sábado, 17/7, na sede da instituição, no Distrito de Iauaretê, Rio Uaupés.
A demanda pela oficina nasceu a partir do planejamento da escola. E foi encaminhada à FOIRN.
A iniciativa foi incluída no plano de trabalho da federação e coordenada pela diretora de referência da região de Iauaretê, Janete Alves Desano. A execução ficou por conta do Setor de Comunicação da FOIRN.
Segundo Janete Alves, a comunicação é um tema que deve ser valorizado e promovido nas escolas. E afirmou que a oficina de comunicação na escola é primeira de outras que ainda serão realizados.
“Foi importante os professores da escola terem encaminhado a demanda de realização da oficina de comunicação, pois é um tema primordial para registrar os momentos importantes da escola e dos povos indígenas que vivem aqui em Iauaretê”, disse.
A oficina foi divida em três temas de interesse: comunicação e divulgação, tecnologias de comunicação e Rede Wayuri.
Cada turma contou com 16 participantes, que seguiram os protocolos de saúde, como o uso obrigatório de máscaras.
Na comunicação e divulgação, os participantes conheceram um pouco sobre os conceitos e processos de comunicação. Foram compartilhados entre os participantes conhecimentos de como os antepassados se comunicavam e as tecnologias usadas. E como as tecnologias de comunicação evoluíram.
Ministrado pelo comunicador da Foirn, Ray Baniwa, durante a oficina, foi usado o “telefone sem fio” como dinâmica para explorar a importância de uma boa comunicação, especialmente para tratar das “Fakes News”, um tema que já é recorrente no dia-a-dia das comunidades indígenas do Rio Negro.
Na turma da Rede Wayuri, ministrada pela estudante universitária da Unicamp e comunicadora da Rede Wayuri, Daniela Patrícia Tukano, os participantes conheceram um pouco mais sobre a Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas do Rio Negro criada em 2017 pela Foirn em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA).
Jovens indígenas de Iauaretê na prática durante a Oficina de Comunicação e Tecnologias. Foto: Eucimar Aires/Foirn
Os participantes conheceram técnicas de gravação e produção de áudio, como também a produção de roteiro para a produção de um boletim de áudio como o podcast Wayuri.
No grupo de Tecnologias de Comunicação, ministrado pelo estudante de Química na Unicamp, Cleiton Melgueiro, os participantes conheceram um pouco mais sobre o funcionamento de algumas tecnologias mais usadas atualmente, como o celular e funcionamento das redes móveis e modelos de transmissão.
Juventude é esteio das gerações futuras
“Estou muito feliz por essa oportunidade de oferecer essas oficinas para a nossa juventude. Precisamos fortalecer e registrar nossa cultura e as nossas histórias. Hoje podemos fazer isso com mais facilidade através do uso das tecnologias de comunicação. Eles são os esteios das futuras gerações”, afirmou professor Leonardo.
A professora Márcia Ferreira Tukano, professora da língua portuguesa, também reafirmou a importância do uso das novas tecnologias para o fortalecimento das práticas educativas e estímulo da juventude para registrar as histórias, a diversidade sociocultural existente em Iauaretê. “Depois dessa oficina que estamos recebendo hoje, vamos continuar a trabalhar e a incentivar a nossa juventude a registrar o que temos aqui, temos muitas histórias e muitas línguas que precisam ser registradas e divulgadas. Queremos incentivar e motivar para que saiam comunicadores e escritores entre esses jovens”, afirmou.
A coordenação da escola, representada pelo professor Leonardo, agradeceu à FOIRN, em especial a diretora de referência Janete Alves pelo esforço dado para a realização da oficina, e afirma que a escola vai trabalhar para que outras oficinas sejam propostas e realizadas.
Com participação 300 pessoas a Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê (COIDI) mobilizou sua base para trabalhar na validação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) e debater entre comunitários e lideranças os temas de interesse da região.
A assembleia
Participantes aprovam encaminhamentos no final da assembleia em Iauaretê. Foto: Ray Baniwa/Foirn
A Assembleia ocorreu no centro sociocultural de Aparecida, em Iauaretê, dos dias 17 a 22 de setembro de 2018. As assembleias regionais da FOIRN têm o objetivo de ser um espaço de representatividade de sua base de associações filiadas e das comunidades em geral. Ou seja, são feitas avaliações sobre os trabalhos realizados das Coordenadorias e da FOIRN assim como propostas sobre assuntos de seu interesse. “Precisamos fazer valer esses momentos importantes como espaços discussões e decisões sobre o nosso futuro”, lembrou a gestora da Escola Estadual Indígena Pamüri Mahsã, Ivanete Fontoura na mesa de abertura oficial do evento.
A programação contou com a apresentação dos principais temas, propostas e estratégias de ação do processo de construção do PGTA da região; organizou grupos de trabalho; articulou diálogo com representantes das comunidades colombianas e autoridades governamentais com a presença do Exército brasileiro; debateu o regimento interno aprovado pelo Conselho Diretor da FOIRN sobre uso e manutenção da rede de radiofonia; discutiu as possibilidades e fortalecimento de uma rede de produtos indígenas; informou sobre o Sistema Agrícola Tradicional da Rio Negro e sobre a legislação que guia a consulta aos povos indígenas.
Validação do PGTA da região da COIDI
GT Alto Uaupés. Foto: Ray Baniwa/Foirn
Neste ano, as assembleias têm no centro de suas discussões o momento de validação das informações reunidas no processo participativo de construção dos PGTAs, iniciado em 2014 e organizado pela cooperação entre FOIRN, CRRN/FUNAI e ISA. Para isso, foi apresentado um conjunto de informações que relembram o que são os PGTAs e o estágio atual de sua construção. As informações envolvem dados sobre território, população, grupos étnicos, territórios ancestrais, manejo ambiental, governança e associações de base. Como meio de organizar a discussão foi seguido o recorte territorial pelo qual a COIDI se organizou para este processo de construção dos PGTAs. São ao total 5 os grupos. Quatro são organizados por sub-regiões e um grupo é por recorte étnico, da etnia Hupd’äh. As sub-regiões são: Médio Uaupés, Iauaretê Centro, Alto Uaupés e Papuri. O grupo Hupd’äh foi composto por pessoas que vivem na região do Igarapé Japu e Alto Papuri. Estes 5 grupos de trabalho (GTs) se mobilizaram para validar, revisar e editar as informações que seguirão para os PGTAs.
Dentre os temas discutidos estão acordos internos, migração, políticas públicas, valorização e fortalecimento cultural, manejo de pesca, caça e extrativismo, infraestrutura, lixo e sustentabilidade e iniciativas produtivas. Além, é claro, dos macro-temas de educação e saúde. Os grupos apresentaram suas discussões e este material deve entrar nos PGTAs. Alguns destaques foram: a questão transfronteiriça que precisar ter sua articulação intensificada entre Brasil e Colômbia, as iniciativas de fortalecimento cultural, o fortalecimento das associações de base, a elaboração de propostas para geração de renda e, acordos internos, intercomunitários, sobre o manejo e uso de recursos nos territórios que deve ser feito com o devido respeito entre nós que convivemos há tanto tempo.
Para Jocimara dos Santos Tukano, da região do Alto Uaupés, uma das participantes da assembleia, é muito importante planejar e estabelecer o que deve ser trabalhado no território, e o PGTA está trazendo essa oportunidade, não apenas o que os governos devem fazer, mas, o que as comunidades e as pessoas que vivem lá também devem fazer ou não fazer. “O PGTA foi um trabalho muito importante para nós, tanto para colocar nossas propostas e demandas, e como também o que devemos fazer para resgatar nossos conhecimentos sobre o território e outros assuntos”, disse.
Importante destacar que pela primeira vez, teve a maior participação Hupdah, vindos do Rio Tiquié, Igarapé Japú e Papuri. As prioridades para a implementação destacadas no grupo foi a valorização da língua, educação escolar indígena e saúde. Na educação escolar, há prioridades na formação de professores e construção de escolas. Na saúde, o GT Hupdah, recomendou que a formação de agentes indígenas de saúde, equipes multidisciplinar específica, como também a criação de um Distrito Sanitário Especial próprio.
Hupdah do Tiquié, Papuri e Japú participaram da XIII Assembleia da COIDI e tiveram um grupo de trabalho específico para tratar suas demandas. Foto: Ray Baniwa/Foirn
Após os GTs, a ACAZUNIP (Asociación de Capitanes de la Zona Unión Indígena del Papuri) apresentou seus trabalhos. Eles elaboraram o seu Plano Integral de Vida Indígena em 2008 e hoje, dez anos depois, ainda estão na luta para que o Plano seja implementado por meio do empenho das comunidades e do apoio governamental. Este plano e seus objetivos dialogam diretamente com os PGTAs do Rio Negro.
Desafios da gestão territorial transfronteiriça
Coordenador da COIDI entrega ao representante do Governo Colombiano carta de recomendações. Foto: Ray Baniwa/Foirn
Houve ainda uma mesa sobre a situação do trânsito de moradores entre Brasil e Colômbia com a presença do responsável pela Aduana colombiana e o Exército Brasileiro. Isto pois foram relatadas diversas situações de abuso de poder e tomada de produtos e bens dos moradores que têm familiares e roças na parte colombiana. Foi aprovado um documento exigindo a tomada de medidas para evitar tais situações que foi encaminhado para as autoridades responsáveis da Colômbia (governador do Vaupés, Ministério do interiores e Exército).
Avaliação das atividades da Foirn, Coidi e associações da base
A assembleia seguiu com a apresentação e avaliação pela FOIRN sobre as iniciativas presentes nas Terras Indígenas do Rio Negro e os espaços que o movimento indígena ocupa como conselhos e fóruns. Outro documento elaborado na assembleia abarcou a situação atual das políticas públicas, que não têm respeitado os direitos indígenas.
Após seis dias de diálogos, intercâmbios, convivência e trabalho, a assembleia mobilizou sua base e deu importantes passos para o fortalecimento das propostas indígenas em seus territórios. Da assembleia, foram indicados 20 delegados que em novembro participarão da Assembleia Geral da FOIRN para dar seguimento e continuar a luta pelos direitos indígenas.
Participantes da etapa local da CNPI realizada em Iauretê, Rio Uaupés, a terceira no Rio Negro. Foto: Renato M/FOIRN
A etapa local realizada em Iauaretê, Rio Uaupés, reuniu representantes dos povos Tariana, Tukano, Dessana, Arapasso, Piratapuia, Hupdàh, Tuyuka, Kubeo e Wanano, que vivem na região do Médio, Alto Uaupés e Rio Papuri.
O evento também contou com a participação de professores e alunos, que totalizou mais de 500 participantes no primeiro dia. Nos últimos dois dias teve mais de 300 participantes.
As temáticas discutidas foram as mesmas das etapas anteriores. As propostas elaboradas serão reapresentados e discutidos na etapa regional em São Gabriel da Cachoeira, em agosto.
A a Diretora- Presidente da FOIRN, Almerinda Ramos de Lima, e dos diretores Nildo Fontes e Renato Matos participaram do evento, como membros da comissão organizadora das etapas locais e como palestrantes sobre as temáticas.
A realização da etapa local da Conferência Nacional de Política em Iauaretê, além da comissão formada por várias instituições, entre elas, a FUNAI e FOIRN, contou com a parceria da Coordenadoria das Organizações do Distrito de Iauaretê (COIDI) e com as associações de base.
Os membros do Conselho Diretor da FOIRN e Conselho de Líderes do Distrito de Iauaretê realizaram no dia 29 de março uma assembleia extraordinária da COIDI para repassar os encaminhamentos da 28ª Reunião do Conselho Diretor e discutir problemas e dificuldades enfrentadas atualmente pela coordenadoria. Uma das deliberações da assembleia foi a eleição de um novo coordenador.
Teve três candidatos que segue com o número de votos: Odimara Ferraz Matos (60 votos), Adilma Auxiliadora Sodré (29 votos) e Arlindo Bosco Sodré Maia (13 votos).
Portanto, a Odimara Ferraz Matos, 24, da etnia Tukano é a nova Coordenadora da COIDI. ” Acompanho e participo o movimento indígena há alguns e sempre tive a vontade de algum dia participar diretamente e contribuir. Agora estou tendo essa oportunidade” -disse a nova coordenadora, que é participante ativa do movimento de jovens e mulheres indígenas do Rio Negro.
A assembleia extraordinária contou com a presença da Almerinda Ramos de Lima – Presidente da FOIRN e Rosilda Cordeiro – Coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas.
A COIDI é uma das primeiras Coordenadorias Regionais do Rio Negro, foi criada em 1997.
A nova coordenadora da COIDI participa o movimento indígena do Rio Negro há anos, atuando principalmente na representação de mulheres indígenas em eventos. Foto: divulgação
O “Projeto Seminários de Educação Escolar Indígena” já realizou dois Seminários Internos, uma no final de janeiro em Itapereira – Médio Rio Negro, e a segunda aconteceu em Taracúa, no final de fevereiro e início deste mês. No total já foram reunidas mais de 200 pessoas, entre estes, professores indígenas, gestores de escolas, estudantes indígenas, lideranças comunitárias e de associações.
A programação para todos os seminários é o mesmo, mas, os resultados de cada encontro variam de região para região, pois, umas já discutem o tema há algum tempo ou já possuem vários anos de experiências, enquanto outras apenas estão começando. Mas, o foco é reunir dados, experiências em cada encontro para o Seminário Regional que está prevista para acontecer em maio na Casa dos Saberes da FOIRN, em São Gabriel da Cachoeira, que propõe ser o encontro da diversidade e de experiências sobre o tema no rio Negro, como também ser o espaço de diálogo com o governo, para pactuação de acordo em prol da melhoria da educação escolar indígena no rio Negro, no âmbito do Territorio Etnoeducacional do Rio Negro.
Os eventos realizados também estão servindo como espaços de intercâmbios de experiências. Lideranças e professores de regiões como Içana e Tiquié, onde, as primeiras escolas indígenas, denominadas “pilotos” foram implantadas, e que, hoje, já passam de mais de 10 anos de experiências, estão presentes em cada evento realizado, com o objetivo de compartilhar as dificuldades, os problemas e os avanços durante esse tempo. Esses aprendizados, são importantes de acordo com a professora Enegilda Maria de da Escola Sagrada Coração de Jesus de Taracúa. “As experiências de outras escolas são importantes para nós, elas, nos animam e contribuem para sabermos onde e como devemos continuar a luta em busca de uma educação escolar indígena. Já realizamos muitas coisas boas e diferentes aqui, mas, sempre desistimos, devido a forte exigência do sistema de educação, que não é flexivel, e com isso, não abre espaço para trabalhamos a questão cultural na nossa escola”- diz a professora.
Como também os eventos realizados pelo Projeto nas comunidades, os Seminários Internos, está levando informações sobre os direitos indígenas, as legislações sobre a educação escolar indígena no âmbito municipal, estadual e federal. E como também sobre o PNGATI, que ainda é pouco conhecido. E a FOIRN/FUNAI-CRRN entre outros parceiros, como o ISA, estão através do Projeto, criando espaços para que informações sobre os direitos sejam levados até as bases, como também dando oportunidade para que as próprias escolas, os professores, os estudantes, os pais e as lideranças, avaliem e propõe melhorias para a escola que estão tendo nas suas regiões e comunidades.
No seminário realizado em Taracúa, o Diretor de referência da região da COITUA, Nildo Fontes, reafirmou que a FOIRN, existe ou foi criada para criar esse tipo de espaço, fazer as próprias comunidades e associações discutir e apontarpara a Federação, o que querem e como ela deve trabalhar para atender as demandas, ou contribuir na busca de melhorias para o bem-viver da população, nos temas mais abrangentes como a educação escolar e entre outros.
Iauaretê
Vista de Iauaretê, local do III Seminário Interno de Educação Escolar Indígena no Rio Negro.
O próximo encontro está prevista para acontecer em Iauaretê – rio Waupés, conhecida pela sua diversidade cultural e por outros aspectos, como riquezas cultural, entre elas, a Cachoeira das Onças . O encontro vai acontecer nos dias 17 a 19 deste mês. E vai reunir público, do Alto Waupés e do Rio Papurí.
O Curso de formação foi realizado pela Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê – COIDI e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, que reuniu mais de 150 pessoas no Salão Paroquial São Miguel/Iauaretê entre os dias 16 a 17 de agosto.
O curso
O Curso de Formação de Lideranças, teve a participação das associações: UNIRVA (União das Nações Indígenas do Rio Vaúpes), UNIMRP (União das Nações Indígenas do Médio Rio Papuri), UNIDI (União das Nações Indígenas do Distrito de Iauaretê), ACIRJA (Associação das Comunidades Indígenas do Rio Japú), UNIARP (União das Nações Indígenas do Alto Papuri) e OCICI (Organização das Comunidades Indígenas do Centro de Iauaretê).
Por ser o local estratégico para reuniões e eventos importantes da COIDI, o curso foi realizado em Iauaretê, povoado multiétnico localizado no médio Rio Waupés, a um dia de viagem de São Gabriel da Cachoeira – isso em um motor 40 Hp e voadeira, meio de transporte comumente utilizado pela FOIRN e outras associações para viagens pelo Alto rio Negro.
Para os que moram mais longe, em comunidades no alto Waupés ou alto Papuri, foram necessários alguns dias de viagem para chegarem até o povoado e poderem participar do curso, o qual, depois da avaliação final, passou a ser chamado de I Curso de Formação de Lideranças Indígenas.
No decorrer do curso, que teve apenas dois dias de duração, foram abordados temas relevantes relacionados ao Movimento Indígena do Rio Negro e ao movimento indígena brasileiro, entre eles a Territorialidade, a questão das Terras Indígenas e das Demarcação de Terras Indígenas, pauta que está presente todos os dias na mídia, por conta das brigas que o Movimento Indígena Brasileiro está travando contra o desrespeito e o não cumprimento da legislação que ampara os Povos Indígenas garantida na Constituição Federal.
O objetivo
Conhecer e lutar pelo cumprimento dos direitos é mais do que dever das liderança indígenas nos dias de hoje. É preciso que conheçam as leis e saibam de tudo o que está acontecendo fora, para fortalecer suas organizações e suas comunidades. E, esse foi o objetivo do curso realizado pela COIDI com suas associações de base.
O expositor do tema Terras Indígenas, Territorialidade e Demarcação de Terras Indígenas, Maximiliano Correa Menezes, ex-diretor da FOIRN, e hoje coordenador do Departamento de Educação da mesma instituição, ressaltou que é fundamental as lideranças conhecerem os direitos que são garantidos na Constituição Federal e saber distinguir cada termo, comumente usados pelas lideranças. “É preciso saber o que é Território, Território Nacional, o que é território para os povos indígenas, e por fim, o que é Gestão Territorial e seus instrumentos de organização”, disse Maximiliano.
A Diretora-Presidente da FOIRN, Almerinda Ramos, participou do Curso de Formação como expositora, e teve como tema de apresentação a situação do Movimento Indígena do Rio Negro e a luta e os desafios atuais dos povos indígenas a nível nacional. Frisou ainda a importância de as lideranças saberem e cumprirem seu papel junto às associações e comunidades que representam. “Tem casos em que as lideranças assumem as associações e logo abandonam e deixam sua organização sem representação. Dessa forma, enfraquece o movimento, a organização e a representatividade”, explica a Diretora.
Troca de experiências e construção de conhecimentos
A realização dos Grupos de Trabalho após cada exposição possibilitou o exercício e participação ativa dos presentes no curso, onde os componentes dos grupos trocaram experiências e conhecimentos sobre vários assuntos. Pois, segundo Max, nos grupos tinha gente com mais de 20 anos de caminhada no movimento indígena. Portanto, uma verdadeira aula de história do Movimento Indígena do Rio Negro para os mais jovens.
Para enriquecer as discussões, professores estiveram presentes para colaborar na realização das atividades. Nos GTs foram elaborados propostas e reivindicações à órgãos competentes sobre vários temas, como saúde, educação, incluindo a própria FOIRN. Os documentos serão encaminhados em breve aos seus respectivos destinatários.
Dois dias de curso, não foram insuficientes
A avaliação do curso foi muito positiva. Mas, foi recomendado pelos participantes que o curso seja contínuo e que tenha mais dias de duração. Para a Almerinda Ramos, Diretora-Presidente da FOIRN, o curso foi importante, pois formação é uma das reivindicações mais comum pelas lideranças indígenas do Rio Negro.
Visando isso, a FOIRN está abrindo, através do projeto “Bem Viver”, financiado pela Horizonte 3000, inscrições para um curso de formação de 15 lideranças indígenas do Rio Negro. O curso terá duração de 13 meses, sendo 6 módulos teóricos a ser realizado em São Gabriel da Cachoeira e 7 módulos práticos nas comunidades. As inscrições já estão abertas desde do dia 19 de agosto e vão até dia 16 de setembro.