Juventude indígena do Rio Negro se reúne em congresso para discutir novos horizontes

São esperados 250 adolescentes e jovens de 23 etnias na Casa do Saber da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) nessa quinta e sexta, 5 e 6 de dezembro

Juventude indígena do Rio Negro mobilizada para o seu II Congresso|Juliana Radler/ISA)

Em 2002, um grupo pioneiro de adolescentes e jovens indígenas se mobilizou para realizar o I Congresso da Juventude Indígena do Rio Negro. Na época, pouco se falava de protagonismo político dos jovens e participação nos espaços de decisão. Tampouco existia o Estatuto da Juventude (Lei 12.852, de 2013), que tornou obrigatória a realização de políticas públicas especialmente dirigidas às pessoas com idade entre 15 e 29 anos no Brasil.

Dezessete anos depois, após avanços e lutas, a Foirn sediará o II Congresso de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro. O evento espera receber cerca de 250 participantes de 23 etnias na Casa do Saber (Maloca da Foirn), nesses dias 5 e 6 de dezembro, em São Gabriel da Cachoeira (AM).

A vitória principal dos pioneiros de 2002 foi ter conquistado um departamento próprio dentro da Foirn, o Dajirn – Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro. Hoje, é o Dajirn que organiza o II Congresso, tendo à frente seus dois coordenadores, Lucas Matos, do povo Tariana, de 23 anos, e Adelina Sampaio, do povo Desana, de 27 anos. “Estamos seguindo na luta que nossos antecessores iniciaram para valorizar a juventude indígena do Rio Negro e apoiar ações que colaborem com a educação, cultura, esporte e lazer para esses jovens”, explicou Adelina.

Com o lema “Tecendo novos horizontes a partir de sonhos e lutas”, o Congresso tem ampla participação dos adolescentes e jovens das escolas da área urbana de São Gabriel, das Terras Indígenas e dos municípios vizinhos de Santa Isabel do Rio Negro e de Barcelos na área de abrangência da Foirn, que engloba 750 comunidades indígenas.

O processo preparatório contou com uma escuta participativa e colaborativa desses jovens, envolvendo lideranças indígenas e principalmente os professores de escolas, desde agosto desse ano. “Essa união de todos nós jovens indígenas do Rio Negro é que vai nos fortalecer para enfrentar os desafios e dificuldades. Estamos muito animados para receber todos aqui na Maloca”, afirmou Lucas, que é também comunicador da Rede Wayuri.

Adelina Sampaio Desana e Lucas Matos Tariano, realizadores do Congresso|Ray Baniwa/FOIRN

Programação

Nos dois dias de evento estão previstas mesas de debate sobre temas relevantes para os povos indígenas na atualidade, como implementação dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), elaboração dos Protocolos de Consulta do Rio Negro, emergência climática, educação escolar indígena, direitos humanos e cidadania, segurança pública e ações de artes, cultura, esporte e lazer para a juventude.

Há também uma grande expectativa na realização de um intercâmbio de experiência entre os jovens comunicadores indígenas do Rio Negro com o coletivo LabCine, do Piauí, que trabalha com formação e produção audiovisual. O LabCine, junto com a Rede Wayuri de Comunicação Indígena do Rio Negro, foi um dos dez selecionados em todo o Brasil para participar da semana de intercâmbio com a equipe do Profissão Repórter, da TV Globo, do jornalista Caco Barcellos. Mais uma vez juntos, os comunicadores e cineastas farão esse intercâmbio de linguagens dos rios Negro (AM) e Parnaíba (PI).

O Congresso conta com o apoio e parceria do Instituto Socioambiental (ISA), Funai, Unicef, Secretaria de Educação do Amazonas, da Embaixada da Noruega e da União Europeia. Veja aqui a programação completa.

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