Categoria: Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

  • OFICINA DE SALVAGUARDA SAT – RN, REALIZADA PELA FOIRN EM PARCERIA COM O IPHAN

    OFICINA DE SALVAGUARDA SAT – RN, REALIZADA PELA FOIRN EM PARCERIA COM O IPHAN

    A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) realizou a Oficina de Salvaguarda do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SAT – RN) em parceria com o Instituto Histórico do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), contou com o apoio do Museu da Pessoa, Instituto Socioambiental (ISA), ForEco/RFN, NIA TERO e Prefeitura Municipal de São Gabriel da Cachoeira.

    O Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro é entendido como um conjunto estruturado, formado por elementos interdependentes como as plantas cultivadas, os espaços, as redes sociais, a cultura material, os sistemas alimentares, os saberes, as normas e os direitos. As especificidades do Sistema são as riquezas dos saberes, a diversidade das plantas, as redes de circulação, a autonomia das famílias, além da sustentabilidade do modo de produzir que garante a conservação da floresta.

    Os povos indígenas que habitam a região ao longo da calha do rio Negro detêm o conhecimento sobre o manejo florestal e os locais apropriados para cultivar, coletar, pescar e caçar, formando um conjunto de saberes e modos de fazer enraizados no cotidiano. O Sistema acontece em um contexto multiétnico e multilinguístico em que os grupos indígenas compartilham formas de transmissão e circulação de saberes, práticas, serviços ambientais e produtos. É possível identificá-lo, uma vez que ele é elaborado, constantemente, pelas pessoas que o vivenciam. Clique aqui para saber mais.

    No período de 17 a 20 de julho de 2022, a oficina contou com a participação da Diretoria executiva e de coordenadores dos Departamentos da FOIRN, Representantes de Associações, convidados e lideranças Indígenas.

    A oficina teve como objetivo a construção de forma participativa para o inicio do mapeamento de lugares de concentração e ocorrência das práticas tradicionais, memórias sociais associados aos valores e referências culturais que constam no dossiê de registro associados ao SAT-RN. Através da metodologia de Cartografia social, serão coletados depoimentos, desenhos e imagens produzidos pelos detentores como forma de representação e documentação das práticas tradicionais situadas na poligonal de registro. Além de ser uma importante oportunidade para o processo de continuidade de documentação e conhecimento sobre o bem, a oficina retroalimentará dados que potencializarão o fomento de ações de salvaguarda posteriormente.

    Carlos Nery – Coordenador da Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio  e Baixo Rio Negro (Caimbrn), falou sobre o Patrimônio Cultural do Rio Negro e sobre conhecimento tradicional, e que os jovens precisam estudar mais sobre PATRIMÔNIO CULTURAL.

    No encerramento da oficina, houve a entrega de certificados de participação para todos que estiveram presentes nestes quatro dias de muito aprendizado e troca de conhecimento.

    Os Instrutores da Oficina foram Mauro Menezes e Jorge Garcia da Superintendência do IPHAN, Rosana Miziara – Relações Institucionais e Governamentais do Museu da Pessoa e Henrique Miceli – Unidade Parque Nacional Pico da Neblina/ICMBIO e a diretoria executiva da Foirn Janete Alves Desana e Dario Casimiro Baniwa.

  • FOIRN dialoga com a SEPROR/AM sobre Ordenamento Pesqueiro e Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

    FOIRN dialoga com a SEPROR/AM sobre Ordenamento Pesqueiro e Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

    17201216_1826938210665428_5775505244121030170_n

    Ordenamento pesqueiro nos municípios de  Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, foi a pauta da reunião realizada no dia 07/03, na sede da Fundação Estadual do Índio – FEI em Manaus, entre o Diretor Presidente da FOIRN, Marivelton Barroso Baré e Hamilton Casara – Secretário de Estado da Produção Rural  com a presença do Raimundo Sobrinho – Presidente da FEI.

    Ordenamento Pesqueiro

    O trabalho de  zoneamentos de áreas para as atividades e preservação já vem sendo desenvolvido pela FOIRN e suas associações  de base nesses municípios  há alguns anos, mesmo procurada através de seus órgãos responsáveis,  o governo do estado não assumiu a sua parte até agora.

    Somente em 2016 a SEPROR iniciou o processo de construção de acordos de pesca na região por meio de oficinas e conversas com as comunidades e  com as classes empresariais, com o objetivo de de garantir que todas as partes entendam a importância de que as comunidades sejam os protagonista e por isso  suas decisões devem ser respeitadas.

    Nesse processo a FOIRN  vem companhando e mediando  para que os direitos sejam garantidos e respeitados, para que a construção não seja feita de qualquer forma,  e não prejudique as comunidades.

    Na reunião o diretor Marivelton , recomendou que a SEPROR priorize a continuidade do trabalho iniciado, pois, isso é fundamental para que seja solucionado a situação atual de desordenamento da atividade de pesca na região. E que se isso não for feito, estará prejudicando a construção e a execução dos projetos de turismo sustentável que estão sendo construídos pelas comunidades. Por isso, tanto o estado e quanto os municípios terão que assumir sua responsabilidade.

    Na reunião o secretário Casara afirmou que a atividade voltará a ser coordenada pela SEMA e que disporá de técnicos para continuar mediando os trabalhos iniciados em 2016.

    Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

    Reconhecido como Patrimônio Imaterial dos 23 povos indígenas do Rio Negro em 2010, o Sistema Agrícola Tradicional da Rio Negro, também foi pauta da reunião, com objetivo de discutir  as ações do estado voltadas a agricultura e práticas indígenas, que ao  ao longo dos anos tem sido introduzidos nas comunidades indígenas sem considerar os aspectos locais e culturais da região, em muitos casos, querendo que as comunidades indígenas se adequem a estas iniciativas.

    A recomendação feita ao governo é que sejam implementadas políticas e ações adaptas que respeite os conhecimentos tradicionais e práticas tradicionais milenares dos povos indígenas.

    O diretor da FOIRN apresentou as ações de salvaguarda desse patrimônio que vem sendo realizadas na região do Rio Negro, como a constituição de conselhos locais da roça, conselho regional roça e o comitê Gestor composto por várias instituições onde a SEPROR tem a representação. Recomendou que a secretaria amplie  seu quadro de recursos humanos e que dê prioridade aos assuntos voltados aos povos indígenas, como por exemplo hoje, o estado do amazonas não possui nenhum  comitê ou conselho que discuta assuntos de interesse das comunidades indígenas. E disse que a FEI tem como responsabilidade de intermediar os diálogos dos povos indígenas com o governo para a implementação das politicas publicas.

    Ao final a reunião ficou agendada uma reunião no dia 30 de março para apresentação de plano sobre a salvaguarda do sistema agrícola, com a proposta de em um prazo ver a viabilidade de celebrar um termo de cooperação técnica para as ações na região.

  • Após três dias, o I Festival da diversidade Cultural é encerrado com das danças tradicionais em São Gabriel da Cachoeira

    Após três dias, o I Festival da diversidade Cultural é encerrado com das danças tradicionais em São Gabriel da Cachoeira

    14207643_1104309992949856_9068597678474297346_o

    Nada melhor que encerrar um evento cultural com danças indígenas. Foi o que aconteceu no encerramento do I Festival da Diversidade Cultural do Rio Negro que reuniu durante três dias (01-03)  várias etnias do Rio Negro para discutir economia indígena, valorização dos conhecimentos milenares e a venda seus artesanatos e produtos da roça.

    As artesãs afirmaram nas suas avaliações que o evento foi muito bom e que vão voltar satisfeitas pelos resultados que alcançaram. E destacaram que o mais relevante nesses dias de evento foi a troca de experiências e a aprendizagem de nossos conhecimentos.

    “Foi muito bom, tivermos a oportunidade de rever nossas amigas e conhecemos novas pessoas. O mais importante que aconteceu nesses dias foi a troca de experiências com outras artesãs e os novos aprendizados. Precisamos continuar e fortalecer ainda mais essa iniciativa”, Cecília da ASSAI – Associação das Artesãs Indígenas de São Gabriel da Cachoeira.

    De acordo elas, para próximo edição do evento, a coordenação precisa intensificar a divulgação do evento para que mais pessoas participem ou visitem a exposição.

    A presidente da FOIRN, Almerinda Ramos de Lima, disse que o compromisso da diretoria executiva e da instituição é melhorar para próxima edição e trazer mais pessoas das bases para participar do evento. E trazer mais parceiros para apoiar a iniciativa.

    “Na próxima queremos fazer ainda melhor e maior. Pois dessa vez, não conseguimos trazer todas as 20 associações que convidados. E diversificar ainda mais as atividades durante o evento”, disse Rosilda Coordeiro, Coordenadora do Departamento de Mulheres, uma das coordenadoras do evento.

    Cerca de trezentas pessoas passaram pelo evento além dos artesãos que instalaram as barracas nas dependências da FOIRN durante os três dias de festival.

    A realização do evento é uma reivindicação das associações de base, como espaço de exposição de artesanatos, discussão e debate sobre a economia indígena e empreendedorismo e a especialmente a celebração da diversidade de culturas  dos povos que vivem no Rio Negro . E a FOIRN através do Departamento de Mulheres, buscou parcerias e recursos para que o evento fosse realizado. Contou com apoio do Museo do Índio, Fundação Nacional do Índio (CR Rio Negro), e parceria do Instituto Socioambiental e IDAM-SGC.

    14207613_1102061219841400_1161935665263345439_o

    Leia também: I Festival da Diversidade Cultural do Rio Negro é realizado pela FOIRN em São Gabriel da Cachoeira

  • I Festival da Diversidade Cultural do Rio Negro é realizado pela FOIRN em São Gabriel da Cachoeira

    I Festival da Diversidade Cultural do Rio Negro é realizado pela FOIRN em São Gabriel da Cachoeira

    14207613_1102061219841400_1161935665263345439_o

    Começou na manhã desta quinta-feira, 01/09,  na FOIRN em São Gabriel da Cachoeira o I Festival da Diversidade Cultural do Rio Negro. O evento reúne artesãos e artesãs indígenas de diversas organizações e autônomos dos três municípios do Rio Negro (Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira para vender seus produtos como artesanatos e produtos da roça.

    Na abertura oficial a presidente da FOIRN, Almerinda Ramos de Lima, lembrou que um dos objetivos da federação é lutar para garantir a sustentabilidade e a segurança alimentar das comunidades indígenas e como também a valorização dos conhecimentos tradicionais e manutenção destes para as futuras gerações.

    E afirmou que a realização do I Festival é uma forma de promover essa diversidade e ao mesmo tempo servir de espaço e momento para que os artesãos indígenas possam expor seu trabalho, e ainda propiciar a troca de conhecimentos e experiências entre eles, e com os visitantes. “É uma um espaço para compartilharmos entre nós os nossos conhecimentos e valores”, disse.

    Durante os próximos dias (até 03/09), será feito debates sobre a economia indígena, fortalecimento das associações que trabalham com artesanato e entre outros temas relacionados. Haverá danças tradicionais, exposição e venda de artesanatos  e comidas típicas rionegrinas.

    O evento é realizado pelo Departamento de Mulheres Indígenas da FOIRN, com apoio financeiro do Museu do Índio e Fundação Nacional do Índio (através do CR Rio Negro) e com a parceria do Instituto Socioambiental.

    (Em breve novas atualizações).

     

  • Intercâmbio discute novas formas de valorizar o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

    Grupo que participou do intercâmbio diante na Casa da Pimenta na comunidade Yamado|Wilde Itaborahy-ISA
    Grupo que participou do intercâmbio diante na Casa da Pimenta na comunidade Yamado|Wilde Itaborahy-ISA

    De 24 a 26 de março, agricultores e lideranças indígenas do Médio Rio Negro, gerentes das Casas da Pimenta Baniwa e representantes da Organização Indígena da Bacia do Içana-(Oibi), reuniram-se na comunidade do Yamado e na sede do ISA em São Gabriel da Cachoeira (AM). Na pauta, novas formas de valorização econômica do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, patrimônio cultural brasileiro.

    O intercâmbio-oficina foi dividido em dois momentos. O primeiro, no dia 24, na sede do Instituto Socioambiental, teve como objetivo discutir entraves no acesso às políticas públicas para a agricultura familiar indígena na região. Participaram técnicos do ISA, agricultores indígenas da região do Médio Rio Negro, e o gerente local do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam).

    O segundo momento, de 25 a 26 de março, aconteceu na comunidade Yamado e teve como objetivo promover um intercâmbio e troca de experiências junto aos gerentes das Casas de Pimenta, projeto coordenado pela Oibi e pelo ISA. Nesses dias foram abordados temas sobre a iniciativa de comercialização de produtos beneficiados em comunidades indígenas, valorização econômica do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, e aplicação de novas técnicas de beneficiamento e conservação de frutas, ervas medicinais e pimentas.

    Inadequação das políticas públicas

    Na discussão dos entraves de acesso às políticas públicas para a agricultura indígena na região foi redigida uma carta a ser encaminhada ao Conselho Nacional de Segurança Alimentar – Consea. O texto destaca que as políticas de compras públicas como PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), não são adaptadas para a realidade do Rio Negro. O excesso de burocracia, os baixos preços e as dificuldades logísticas dos órgãos públicos tornam praticamente impossível a aplicação destes programas às comunidades indígenas da região.

    Além disso, os programas de assistência técnica desenvolvidos na região, que incentivam a mecanização, a monocultura e o uso de insumos químicos vão na contramão da salvaguarda e conservação de um dos maiores patrimônios dos povos dessa região, a agrobiodiversidade e o conhecimento associado a ela. Vale lembrar que o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro é um patrimônio cultural brasileiro reconhecido pelo Iphan/ Ministério da Cultura.

    Nas Comunidades: multiplicando conhecimento

    Os aprendizados e discussões resultantes do intercambio foram pauta de conversas e encontros nas comunidades do Médio Rio Negro – Acariquara e Cartucho – e na cidade de Santa Isabel do Rio Negro. Equipe do ISA e representantes das comunidades que participaram do intercambio transmitiram aos demais suas impressões do trabalho realizado pelos Baniwa do Rio Içana a partir do projeto “Casas da Pimenta Baniwa”.

    Nesses momentos pós intercambio (de 27 de março a 2 de abril), discutiu-se novas formas, também sustentáveis, de beneficiamento de produtos tradicionais do Rio Negro, geração de renda a partir de maior e diversificado acesso ao mercado, e iniciativas de conservação da diversidade de plantas.

    O intercâmbio organizado pelo ISA, teve apoio da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – Foirn, Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro – ACIMRN, Associação das Comunidades Indígenas Ribeirinhas – Acir, Organização Indígena da Bacia do Içana – Oibi e do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento – IRD, por meio do projeto de valorização do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. Além destas instituições, estiveram presentes também, representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan/MinC.

    O que são as Casas da Pimenta Baniwa
    São construções que oferecem os espaços e utensílios adequados ao processamento, envaze e armazenamento da jiquitaia produzida a partir das pimentas cultivadas pelas mulheres das comunidades baniwa.
    As casas foram especialmente projetadas e instaladas a partir da orientação de um conjunto de pesquisas sobre o processamento do produto, sobre os requisitos estéticos, de estabilidade e de uso sustentável de materiais nas construções tradicionais, mas também adequada para atender a exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.

    As Casas da Pimenta são responsáveis por agregar a produção das roças familiares de uma determinada região de ocupação baniwa; organizar o processamento e estocagem, sob protocolo especial de produção para o mercado; e realizar o controle de qualidade e de fluxo de informações. Estão em operação duas Casas da Pimenta em coimunidades baniwa:Tunui Cachoeira, no Rio Içana e Ucuqui Cachoeira, no Rio Aiari.

    Ainda neste mês de abril serão ianguradas mais duas, uma na Escola Baniwa Coripaco no Alto Içana e outra na comunidade Yamado, situada em frente a cidade de S. Gabriel, na margem direita do Rio Negro, na TI Alto Rio Negro.

    Fonte: Instituto Socioambiental

  • Seminário de avaliação de 20 anos da ACIMRN foi realizado em Acariquara – Médio Rio Negro.

    Participantes do Seminário de Avaliação de 20 anos da ACIMRN, realizado em Acariquara, comunidade que fica a uma hora e meia de Santa Isabel do Rio Negro. Foto: SETCOM/FOIRN
    Participantes do Seminário de Avaliação de 20 anos da ACIMRN, realizado em Acariquara, comunidade que fica a uma hora e meia de Santa Isabel do Rio Negro. Foto: SETCOM/FOIRN

    A Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro – ACIMRN, foi fundada no dia 4 de abril de 1994, de lá pra cá, já se passaram 20 anos. Dificuldades, avanças e desafios marcam as duas décadas de existência da associação, que é uma das mais conhecidas no Rio Negro pela atuação na região.

    Para avaliar a atuação e elaborar plano de atuação para próximos anos, foi realizado o “Seminário de Avaliação de 20 anos” na comunidade Acariquara, localizado no médio Rio Negro, no município de Santa Isabel do Rio Negro entre os dias 25 a 27 de abril.

    Participaram da reunião cerca de 100 pessoas, vindos de comunidades de abrangência da ACIMRN, da ASIBA (Associação Indígena de Barcelos), ACIR (Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas), representantes de instituições parceiras como Instituto Socioambiental (ISA), FUNAI/Santa Isabel, IPHAN, Câmara Municipal/Santa Isabel e outros.

    O primeiro dia do Seminário foi marcado pelos relatos de dificuldades e os desafios encontradas pelas principais lideranças da região do médio rio Negro como o Braz de Oliveira França (Presidente da FOIRN entre  1990/1992 – 1993 a 1996), José Augusto Fonseca (secretário da FOIRN na primeira diretoria, presidente da comissão de criação da ACIMRN) e Orlando José de Oliveira (Presidente da FOIRN entre 2001-2004). Uma aula de história do movimento indígena aos jovens presentes no evento. Os três foram convidados pela diretoria e coordenação do seminário como palestrantes.

    Braz de Oliveira França foi um dos homenageados em Acariquara. O líder Baré teve atuação e participou no processo de criação da ACIMRN na época em que passou na diretoria da FOIRN. Foto: SETCOM/FOIRN
    Braz de Oliveira França foi um dos homenageados em Acariquara. O líder Baré teve atuação e participou no processo de criação da ACIMRN na época em que passou na diretoria da FOIRN. Foto: SETCOM/FOIRN

    No segundo dia, os palestrantes foram os representantes de instituições parceiras como Wilde Itaborahy  (ISA), Lorena França e Murilo (IPHAN), Ednéia Teles, Rosivaldo Teles (DAJIRN/FOIRN), Rosilda Cordeiro (DMIRN/FOIRN), Departamentos de Mulheres e Jovens da ACIMRN e representante da CTL/FUNAI-Santa Isabel.

    Os representantes dos Departamentos de Mulheres e Jovens Indígenas da FOIRN, como também da ASIBA e da ACIMRN, apresentaram os objetivos e as ações realizadas. Como também falaram de seus planos de trabalho, voltados para a região do médio rio Negro para os próximos meses.

    Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SAT-RN) foi o tema da palestra dos representantes do IPHAN, que relatam os passos já realizados até aqui, como a formação dos membros dos Conselhos da Roça, criada no âmbito do SAT-RN como espaço para a troca e transmissão de conhecimentos e práticas relacionados à roça. O representante do ISA além de também falar sobre o SAT-RN, que também apresentou os dados do Ordenamento Pesqueiro na região do médio e baixo Rio Negro, um trabalho de acompanhamento e levantamento de dados realizado há algum tempo em parceria com as associações da região.

    Em 20 anos, as conquistas da ACIMRN já são notáveis, é uma das associações indígenas do Rio Negro que conseguiu ao longo do tempo amarrar parcerias e lutar pelos direitos, e buscar formas de melhorias de condições de vida para os povos que vivem na região não só das comundades que representa politicamente, mas, todos os povos do Rio Negro. Quer um exemplo? O reconhecimento do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro é uma luta dessa associação, que no final do 2010, na cerimônia de entrega do “Certificado”, o presidente da associação Carlos Nery, disse que a “conquista não era apenas das comunidades representadas pela ACIMRN, mas, de todos os povos indígenas do Rio Negro”.

    Marivelton R. Barroso, atual Diretor da FOIRN de referência à região do médio e baixo Rio Negro durante o Seminário em Acariquara. Ele é uma das lideranças indígenas do Rio Negro que se "formou" na ACIMRN, antes de chegar na diretoria da FOIRN.
    Marivelton R. Barroso, atual Diretor da FOIRN de referência à região do médio e baixo Rio Negro durante o Seminário em Acariquara. Ele é uma das lideranças indígenas do Rio Negro que se “formou” na ACIMRN, antes de chegar na diretoria da FOIRN. Foto: SETCOM/FOIRN

    As lutas e os desafios continuam. Demarcação de Terras, Extração Sustentável de Piçaba e Borracha, Ordenamento Pesqueiro e Turismo de Pesca Esportiva Sustentável está são os desafios atuais da associação. E como representante do SAT-RN junto com os parceiros e colaboradores tornar o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro um patrimônio da Humanidade. “Sabemos que o processo é longo, mas, é para isso que a nossa associação e  nós existimos, para lutar pelo nosso reconhecimento”- finaliza o presidente da associação, Carlos Nery.

     

  • Índios criam “Conselhos da Roça” para compartilhar saberes, práticas e fazer a diversidade dialogar no âmbito do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro

    Laure Emperaire, botânica, pesquisa as formas tradicionais de manejar a agrobiodiversidade no Rio Negro há mais de 20 anos, participou do inicio da discussão da criação dos "Conselhos da Roça" nas comunidades indígenas do Médio e Baixo Rio Negro. Foto: Lorena França - IPHAN
    Laure Emperaire, botânica, pesquisa as formas tradicionais de manejar a agrobiodiversidade no Rio Negro há mais de 20 anos, participou do inicio da discussão da criação dos “Conselhos da Roça” nas comunidades indígenas do Médio e Baixo Rio Negro. Foto: Lorena França – IPHAN

    Riqueza de saberes e práticas, diversidade das plantas cultivadas, redes de circulação das plantas e conhecimentos associado, segurança alimentar e sustentabilidade do modo de produzir que permite a conservação da floresta tornaram o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro um patrimônio nacional cultural, a partir de novembro de 2010, quando  foi registrado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)  como patrimônio cultural do Brasil no livro dos saberes e modos de fazer.

    Após a cerimônia de entrega do reconhecimento, realizado em junho de 2011, em Santa Isabel do Rio Negro, teve a discussão das diretrizes do Plano de  Salvaguarda e a proposta de formação de um comitê gestor para representar, que ao final da reunião foi criado apenas um grupo de trabalho (GT), devido a ausência dos orgãos públicos local.

    A de lá pra cá, o GT, constituído pelas instituições: FOIRN, Asiba (Associação das Indígenas de Barcelos), Acimrn (Associação das Comunidades Inígenas do Médio Rio Negro, IPHAN, Pacta (Projeto de pesquisa sobre agrobiodiversidade da Amazônia) e ISA (Instituto Socioambiental), vem cumprindo uma agenda de trabalho voltado ao tema, como a elaboração de critérios para a formação e convocação de instituições para  fazer parte do comitê, em processo de construção.

    Umbuesaita Kupixa Resewara: Conselho da Roça.

    Professor e liderança Vamberto Plácido da comunidade Cartucho, Médio Rio Negro, contribuiu para chegar ao nome do "Conselho da Roça" na língua Nheengatú. Lorena França - IPHAN
    Professor e liderança Vamberto Plácido da comunidade Cartucho, Médio Rio Negro, contribuiu para chegar ao nome do “Conselho da Roça” na língua Nheengatú. Lorena França – IPHAN

    Mais uma etapa de trabalho do GT foi dado na semana passada na região do Médio e Baixo Rio Negro, durante a viagem realizada nos dias 14 a 24 de fevereiro, por uma equipe formada por Marivelton Rodrigues Barroso ( Diretor FOIRN – Referência do Médio e Baixo Rio Negro), Wilde Itaborahi – ISA, Lorena França – IPHAN/MAO, Murilo Rosa – IPHAN/MAO, Edneia Teles – DAJIRN, Andronico Benjamim da Silva – CAIMBRN, Renato Matos – Diretor FOIRN, Antônio Menezes – CAIARNX, Sandra Gomes – ACIMRN, Desirée Tozi – DPI/IPHAN/BSB, Laure Empereire – Populações e Agro biodiversidade e Conhecimentos Tradicionais da Amazônia / IRD.

    A equipe desceu o rio Negro de São Gabriel da Cachoeira até Barcelos para dar o pontapé inicial da discussão e criação dos “Conselhos da Roça”, mais uma etapa de atividades do GT no âmbito do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro (SATRN).

    Fazer a diversidade dialogar como forma de preservação, transmissão e troca de saberes entre as diversidades regionais e entre as pessoas como também de instituições envolvidas é a proposta da criação dos “Conselhos da Roça”, que sera formado prioritariamente por um homem, uma mulher e um (a) jovem.

    A idéia é que cada município do tenha um Conselho da Roça, constituído pelas organizações de base. Por exemplo, a FOIRN sera a representante do “Conselho da Roça” de São Gabriel da Cachoeira, que será constituído por representantes das 4 coordenadorias regionais (COITUA, CABC, COIDI e CAIARNX), e Santa Isabel do Rio Negro terá como representante a ACIMIRN, que será composta por representantes (Conselheiros) das associações indígenas do município ( ACIR e ACIRP), e o Conselho da Roça de Barcelos será representado pela ASIBA (Associação das Comunidades Indígenas de Barcelos), que sera formada por conselheiros das associações AIACAJ (Associação Indígena da Área de Canafé e Jurubaxi ), AIBAD (Associação Indígena Baixo Aracá e Demini), AIFP (Associação Indígena Floresta e Padauri) e AIBRNC (Associação Indígena Baixo Rio Negro e Caués).

    E para um diálogo mais abrangente será formado Conselho da Roça Regional, a nível do Rio Negro por representantes/conselheiros dos três municípios (São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos) e de instituições parceiras e outras que poderão fazer parte.

    Lembrando, que a CAIMBRN uma das cinco coordenadorias regionais da FOIRN, abrange a região do Médio e Baixo Rio Negro, portanto, uma parte de São Gabriel da Cachoeira, e os outros dois municípios do Rio Negro, o que faz do “Conselho da Roça” a ser representado pela FOIRN, ficar apenas como 4 coordenadorias regionais.

    Proposta em construção

    Mulheres indígenas assumem papel importante na transmissão de saberes, práticas e conhecimentos sobre rica diversidade agricola do Rio Negro. Na imagem, mulheres da comunidade de Cartucho participaram da discussão da criação do Conselho da Roça. Foto: Lorena França - IPHAN
    Mulheres indígenas assumem papel importante na transmissão de saberes, práticas e conhecimentos sobre rica diversidade agricola do Rio Negro. Na imagem, mulheres da comunidade de Cartucho participaram da discussão da criação do Conselho da Roça. Foto: Lorena França – IPHAN

    Está previsto um próximo encontro para o mês de abril, em Cartucho – Médio Rio Negro, para um a discussão aprofundada sobre o assunto, e as demais Coordenadorias Regionais da FOIRN, sobretudo, da região do alto rio Negro, Içana, Waupés e Tqiuié, ainda vão iniciar o processo de discussão e criação dos “Conselhos da Roça” nos próximos meses.

    De acordo com o Marivelton Rodriguês Barroso, Diretor da FOIRN de referência da Região do Médio e Baixo Rio Negro, cada povo vai discutir e definir como o nome do conselho a ser formado em cada regional. Como por exemplo, Umbuesaita Kupixa Resewara (Conselho da Roça), é o nome que foi definido no encontro em Cartucho. “Cada povo irá discutir e definir como será chamado o nome do conselho na lingua”-diz.

    Sistema Agricola Tradicional do Rio Negro: Patrimônio do Brasil e da Humanidade.

    Um levantamento realizado entre 2006 a 2009, no município de Santa Isabel do Rio Negro e em duas comunidades próximas, pela pesquisadora Laure Emperaire, foram encontradas 110 tipos de maniwas e outras 329 tipos de plantas cultivadas por 28 famílas, o que de acordo com a pesquisadora, faz da região do Rio Negro o maior produtor de maniwa do Brasil e do mundo (já que a mandioca é uma planta de origem brasileira).

    E cultivar essa diversidade nas roças é apenas uma das formas de preservação e manutenção dessa riqueza praticada pelos povos indígenas do rio Negro, há pelo menos 4 mil anos, o tempo que a agricultura é praticada pelos povos que vivem na região de acordo com a pesquisadora.

    E outra forma de produção de toda esta diversidade e forma de compartilhá-la está diretamente relacionado ao modo de vida desses povos, sobretudo, através de relações,  entre essas relações destaca-se o casamento. Uma mulher quando sai de sua familia para ir morar na comunidade do marido, leva com ela um patrimônio que são os conhecimentos, as práticas, os saberes, para fundar uma nova família. Assim, a diversidade vai sendo semeada na região entre os povos de geração para geração.

    Respeitar, reconhecer e preservar as culturas dos povos indígenas do rio Negro, é contribuir na preservação e manutenção dessa riqueza e patrimônio cultural brasileiro e da humanidade.

    A viagem ao Médio e Baixo Rio Negro.

    Equipe de viagem a região do médio e baixo rio Negro, em Cartucho. Foto: Lorena França - IPHAN
    Equipe de viagem a região do médio e baixo rio Negro, em Cartucho. Foto: Lorena França – IPHAN

    Voltando à viagem da equipe para a região do Médio e Baixo Rio Negro. Após, participar da Assembleia Eletiva da ACIR (Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas), na comunidade Cartucho, onde além da pauta: criação dos Conselhos da Roça no âmbito do SATRN, foram também discutidos a extração da borracha (latex) na região de atuação da ACIR (13 comunidades), uma iniciativa da associação em parceria com a SEPROR e FOIRN, que tem uma previsão de inicio em setembro deste ano.

    Na equipe de viagem, Antônio Menezes, Vice Coordenador da CAIARNX (Coordenadoria das Associações Indígenas do Alto Rio Negro e Xié), participou da reunião e teve uma troca de experiências sobre essa atividade, pois existe  proposta de extração na região do Alto Rio Negro. E recebeu ao final da reunião das mãos da presidente eleita da ACIR, Cleucimara Reis Gomes, o “Kit do Serinqueiro”, para realizar a extração das primeiras amostras no segundo semestre desse ano.

    Turismo de Pesca Esportiva e Demarcação de Terras Indígenas (Jurubaxi/Teia  e Barcelos) foram os assuntos da Assembleia da ACIR em Cartucho e com as diretorias das associações Acirmrn (Santa Isabel do Rio Negro) e Asiba (Barcelos).

    De acordo com o diretor de referência da região, a conversa com as diretorias e lideranças indígenas da região, teve como objetivo além de  atualizar as informações sobre o andamento dos trabalhos, tanto sobre a demarcação de terras e quanto sobre o turismo de pesca esportiva, foi animar e fortalecer o movimento indígena local através de elaboração de uma agenda de ação conjunta, entre a Coordenadoria Regional, associações de base e a FOIRN.

    Outra forma de garantir esse fortalecimento é destinar para a região eventos de discussão e debates de assuntos importantes e abrangentes. E nesse ano, para a região do Médio e Baixo Rio Negro,  vai receber grandes encontros de mobilização e discussão, como é o caso do Seminário de Educação Escolar Indígena previsto para o final do mês de marco em Barcelos, Encontro de Produtores Indígenas, também no mesmo município, e a Assembleia Geral a FOIRN, programada para o final do ano em Santa Isabel do Rio Negro. Entre outros eventos, que serao realizados. “É fazer com que as comunidades e as associações se sintam priorizadas e presentes nas discussõess e debates de assuntos de interesse dos povos indígenas da região”- explica diretor.

    Mais duas comunidades “conectadas” ao mundo Rio Negro.

    Marivelton R. Barroso, instalando radiofonia nas comunidades do Médio Rio Negro (São João II e Castanheiro).
    Marivelton R. Barroso, instalando radiofonia nas comunidades do Médio Rio Negro (São João II e Castanheiro).

    A viagem realizada na última semana, significou também a entrada/conexão  de mais duas comunidades com o mundo rio Negro. Foram instaladas duas novas estações de radiofonia na comunidade São João II e Castanheiro ambos da area da ACIR.

    A partir de agora, estas comunidades passam ficar “online” na Rede de Radiofonia Indígena do Rio Negro, que já passa de 160 estações de radiofonia na “rede”. Facilitando assim, o recebimento e repasse de informações tanto para a FOIRN, quanto para outras comunidades e instituições como a CASAI, DSEI e como entrar em contato com as comunidades de outros municípios (Santa Isabel e Barcelos).

    Jovens Indígena na luta! 

    Coordenadora do DAJIRN na viagem ao Médio e Baixo Rio Negro, na qual conversou com a juventude da região sobre os trabalhos do departamento e como também outros assuntos de interesse da juventude indígena.
    Coordenadora do DAJIRN na viagem ao Médio e Baixo Rio Negro, na qual conversou com a juventude da região sobre os trabalhos do departamento e como também outros assuntos de interesse da juventude indígena.

    Sorriso contagiante desceu para animar e fortalecer o movimento da juventude do Médio e Baixo Rio Negro. Na equipe de viagem, a Ednéia Teles, Coordenadora do Departamento de Adolescente e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN), em todas as reuniões nos locais já mencionados, incluindo Canafé, onde também houve uma parada rápida, para tratar o assunto da continuidade da elaboração do Projeto Político Pedagógico Indígena da Escola Yandé Putira, aproveitou as ocasiões para falar do trabalho e dos objetivos do departamento. Além de levar informações na bagagem, carregou também o Estatuto do Jovem e Adolescente, que distribuiu para os representantes dos movimentos de jovens indígenas nos municípios visitados.

    Desanimados diante do descaso do poder público nos municípios visitados e como do movimento indígena, as conversas que teve com a juventude, foi um convite de reação e de fortalecimento, de acordo com a coordenadora. E justificou que o DAJIRN não conseguiu chegar nas comunidades da região devido a falta de recursos, mas, que nesse ano, estão previstos dois encontros de mobilização de jovens para a região, uma em Barcelos e outra em Santa Isabel do Rio Negro, com datas ainda a definir.

    “Há uma necessidade grande de mobilizar a juventude da região do Médio e Baixo Rio Negro, pois, muitos estão desanimados e não acreditam mais no poder público e como no próprio movimento indígena. Conversei com eles, e disse, que a presença da FOIRN através do Departamento, significa que o movimento indígena está preocupada com o fortalecimento do movimento da juventude indígena, pois, são parte importante do Movimento Indígena do Rio Negro. E falei a eles, que também precisam reagir e retomar as atividades iniciadas que estão paralisadas, e que a FOIRN através do Departamento da Juventude está fazendo sua parte”- completa.