
Entre os dias 23 e 26 de outubro de 2024, a Casa do Saber da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), localizada no município de São Gabriel da Cachoeira, AM, foi palco da V Assembleia Geral Eletiva do Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN/FOIRN). Com o tema “Desafios para o bem viver dos adolescentes e jovens indígenas do Rio Negro”, o evento reuniu cerca de 100 participantes, incluindo representantes das cinco Coordenadorias Regionais do Rio Negro, líderes comunitários, representantes de instituições governamentais e convidados especiais.





A assembleia contou com a presença de delegados das seguintes coordenadorias regionais:
CAIMBRN: Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro.
COIDI: Coordenadoria das Organizações Indígenas do Distrito de Iauaretê.
CAIBARNX: Coordenadoria das Associações Indígenas do Balaio, Alto Rio Negro e Xié.
DIA WI’I: Coordenadoria das Organizações Indígenas do Tiquié, Uaupés e Afluentes.
NADZOERI: Coordenadoria da Organização Baniwa e Koripaco.
Além dos delegados, participaram da assembleia representantes da FOIRN, FUNAI, DSEI, SEDUC, APIAM, UNICAMP-UPEI.
A programação foi extensa e abordou questões fundamentais para o desenvolvimento e bem-estar dos jovens indígenas da região, com foco na educação, saúde mental, mudanças climáticas, participação política e muito mais.
A assembleia foi aberta com a composição da mesa de autoridades, que incluiu a participação de nomes importantes como os diretores da FOIRN: Carlos Alberto Teixeira Neri, Hélio Géssem Monteiro Lopes e Edison Cordeiro Gomes, além de representantes da FUNAI, DSEI, APIAM, entre outros.


O evento iniciou com um ritual simbólico de benzimento da Casa do Saber, fortalecendo o vínculo espiritual e cultural com a terra e a comunidade. Este momento foi seguido pela apresentação da pauta, mediada pelo diretor Hélio Géssem, que detalhou os principais tópicos a serem discutidos durante a assembleia
A programação abordou temas de relevância estratégica para a juventude indígena do Rio Negro. Um dos primeiros tópicos discutidos foi o impacto das mudanças climáticas e o racismo ambiental, com a participação da jornalista Juliana Radler, do ISA (Instituto Socioambiental). Ela destacou como os povos indígenas, especialmente os ribeirinhos, são diretamente afetados pelas mudanças no clima e pela destruição ambiental, propondo uma Carta de Justiça Climática a ser enviada à COP30 (30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática) que será realizada em Belém, no estado do Pará, Brasil, neste ano de 2025, esta será a primeira vez que o evento será sediado na região Norte do Brasil, e terá como tema a importância da Preservação da Amazônia e a luta contra as mudanças climáticas.


Outro tema importante foi o acesso à educação superior e os desafios enfrentados pelos estudantes indígenas. Arlindo Alemão Gregório, presidente da União Plurinacional dos Estudantes Indígenas (UPEI), e acadêmicos da UNICAMP discutiram as dificuldades de ingresso e permanência dos jovens indígenas nas universidades, além das barreiras sociais e culturais enfrentadas no processo de adaptação.
A saúde mental também foi um tema central. Sediel Ambrósio, enfermeiro do DSEI ARN, apresentou dados sobre os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas no que diz respeito à saúde mental, como o alcoolismo, uso de drogas e a violência familiar, que afeta profundamente os jovens,
Visão e perspectiva dos jovens indígenas da Região de (COIDI): os jovens falaram de sua interpretação sobre o assunto “Saúde Mental”; relatam que os jovens e adolescentes nas comunidades são muito afetados por questões muito familiares. A família muitas das vezes são os primeiros que causam esses transtornos, por exemplo, se o pai e a mães são usuários de bebidas alcoólicas e outras drogas, causam brigas familiares muitas das vezes descontam nos próprios filhos, os filhos sem amparo acabam saindo para o mundo “a falta de afeto e carinho familiar afetam as famílias e os jovens”. Os jovens pensam em suicídio por muitos motivos. Os jovens, adolescentes e crianças precisam de atenção e mais incentivo. Relatam também que a falta de empatia dos familiares e amigos fortalecem essas chances de suicídio. As discussões enfatizaram a importância de se criar políticas públicas mais eficazes e de garantir mais profissionais capacitados para atender essa demanda nas comunidades.
Um dos momentos mais aguardados da assembleia foi a eleição do novo coordenador do DAJIRN. Após um período de apresentações e debates sobre o futuro do departamento, os jovens candidatos se apresentaram e defenderam suas propostas para a liderança do DAJIRN. Com 31 votos, Jucimery Teixeira Garcia foi eleita coordenadora, destacando-se entre os demais candidatos. A jovem agradeceu o apoio e confiança dos delegados, reforçando seu compromisso em trabalhar em conjunto com os jovens articuladores das coordenadorias para garantir melhores condições e oportunidades para a juventude indígena do Rio Negro.
Os demais candidatos que se puseram à disposição como candidatos ao cargo de Coordenador do DAJIRN, também foram reconhecidos pelo empenho e dedicação ao movimento, incluindo Ana Gabriela Maquirino (CAIBARNX), Josiney Lemos Azevedo (DIAWII) e João Alex Lins Santos (CAIMBRN)
Além disso, os participantes da assembleia pediram a ampliação de parcerias com órgãos como DSEI, EXÉRCITO, SEMAS, SEMJEL, ISA, FUNAI, entre outros, para garantir a implementação das políticas propostas. A criação de uma associação de jovens no município de São Gabriel da Cachoeira, com o apoio jurídico da FOIRN, também foi uma proposta importante para fortalecer a organização da juventude local.
A assembleia foi um marco importante para a juventude indígena do Rio Negro, consolidando um espaço de diálogo, de reflexão sobre as necessidades da juventude e de ação para transformar a realidade das novas gerações.







































