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  • Rio Negro leva protagonismo jovem ao mundo com lançamento de Carta Climática

    Rio Negro leva protagonismo jovem ao mundo com lançamento de Carta Climática

    Belém (PA) – 14 de novembro de 2025

    Em um marco histórico para o movimento indígena do Rio Negro, adolescentes e jovens da região lançaram oficialmente a Carta de Direitos Climáticos da Juventude Indígena do Rio Negro durante programação na Aldeia COP, na COP30, em Belém. O documento reúne reflexões, denúncias e propostas elaboradas coletivamente ao longo de dois anos de encontros, oficinas, estudos e assembleias conduzidas pelo Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN/FOIRN), em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e Rede Wayuri de comunicadores indígenas.

    Foto: Aldison Lobo – Rede Wayuri

    A carta nasce em meio a um cenário de intensificação da crise climática na Amazônia, com secas históricas e impactos diretos na vida das comunidades da região do Rio Negro, área de abrangência da FOIRN. O documento afirma que a juventude é protagonista na luta por Justiça Climática e apresenta 10 propostas prioritárias para fortalecer políticas públicas, adaptar territórios e garantir os direitos da nova geração indígena.

    Protagonismo da juventude rionegrina

    Foto: Aldison Lobo – Rede Wayuri

    A coordenadora do DAJIRN, Jucimeiry Garcia, ressaltou a importância histórica do lançamento na COP30:

    “É muito promissor que as políticas públicas possam engajar na luta pela Justiça Climática e pelos nossos direitos territoriais como juventude. Foi um momento de compartilhar conhecimentos com diversas lideranças do nosso território e de outros territórios indígenas do Brasil. Lançar nossa Carta de Direitos Climáticos na Aldeia COP, na COP30, é um marco histórico para nós. Queremos que todas as juventudes indígenas do planeta também sejam contempladas junto conosco.”

    Foto: Juliana Radler (Isa)

    Representando a FOIRN, o presidente Dário Casimiro Baniwa destacou o compromisso institucional com o processo de construção da Carta e reforçou a urgência de políticas públicas voltadas ao clima nos territórios indígenas:

    “Em nome da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, apoiamos e incentivamos os adolescentes e jovens na realização de encontros, oficinas e seminários para elaborar esta Carta sobre Direitos Climáticos. A partir de hoje, esperamos que as políticas públicas possam reconhecer e implementar os projetos dos povos indígenas nos territórios. Os jovens são protagonistas e futuros no enfrentamento da mudança climática. Precisamos de plano adaptação e enfrentamento voltados à realidade local dos povos indígenas, trazendo benefícios coletivos para o território. Fazemos esse chamado com responsabilidade, e pedimos o compromisso das instituições públicas e não governamentais para somar pelo bem viver da Bacia do Rio Negro e do planeta.”

    ISA destaca o caráter histórico do lançamento

    Foto: Yasmim Baré

    A articuladora de políticas socioambientais do ISA no Amazonas, Juliana Radler, reforçou a importância simbólica e política do ato:


    “Foi um momento histórico muito importante e muito emocionante para a juventude indígena do Rio Negro marcar sua presença, deixar suas mensagens e trazer esse documento construído pelos adolescentes e jovens indígenas do Rio Negro, defendendo seus direitos climáticos e trazendo seus anseios para o território. A juventude trouxe essa necessidade de dialogar sobre políticas climáticas, adaptação, mitigação, Justiça Climática e racismo ambiental. Como instituição parceira, conseguimos apoiar esse processo e celebrar aqui esse momento histórico.”

    O que traz a Carta de Direitos Climáticos?

    A Carta reúne reflexões profundas sobre:

    O impacto direto das secas, queimadas, redução dos peixes e alterações nos ciclos da natureza;

    A ameaça à continuidade das culturas, línguas e modos de vida;

    A importância do conhecimento tradicional para entender e enfrentar a crise climática;

    A necessidade de políticas públicas estruturadas para garantir o bem viver das novas gerações.

    Entre as propostas prioritárias, destacam-se:

    financiamento climático direto para os PGTAs;

    criação do Instituto de Conhecimentos Indígenas e Pesquisas do Rio Negro (ICIPIRN);

    implantação de um hospital intercultural modelo em São Gabriel da Cachoeira;

    saneamento básico e gestão de resíduos nos três municípios;

    reconhecimento do Rio Negro como sujeito de direitos;

    fortalecimento e valorização dos AIMAs;

    plano de mobilidade fluvial e transição energética nas comunidades.

    Um chamado ao mundo

    Foto: Aldison Lobo – Rede Wayuri

    O lançamento da Carta na COP30 reforça a mensagem de que a crise climática já é vivida de forma intensa nos territórios indígenas da Amazônia, e que ignorar essa realidade é comprometer o futuro do planeta. Para a juventude, defender o clima significa defender a vida.
    A FOIRN e o DAJIRN encerraram o ato convidando governos, instituições e a sociedade civil a assumirem compromissos concretos com o Rio Negro e com a juventude indígena, que se coloca como “ancestrais do futuro” na luta por uma Amazônia viva.

  • FOIRN na COP30: Indígenas do Rio Negro em discussões do Clima Global

    FOIRN na COP30: Indígenas do Rio Negro em discussões do Clima Global

    A 30ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30)  já começou. Pela primeira vez, o maior evento global do clima é realizado na Amazônia no nosso Norte, em Belém do Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. A realização da conferência no coração da floresta amazônica é simbólica e histórica: representa o reconhecimento da importância das florestas, dos rios, da biodiversidade e, sobretudo, dos povos que há milênios preservam esses territórios.

    A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), chega à COP30 com uma delegação de mais de 20 lideranças representando as coordenadorias regionais do Rio Negro COIDI, DIAWI’I, NADZOERI, CAIBARNX e CAIMBRN de diferentes etnias, Yanomami, Tukano, Baré, Wanano, Tariana, Dessana, Baniwa e Koripaco. 

    A Diretoria executiva da Foirn, Departamento de Mulheres Indigenas do Rio Negro (DMIRN-FOIRN) , Departamento de Adolescentes e Jovens Indigenas do Rio Negro (DAJIRN-FOIRN), representante dos agentes indígenas de manejo ambiental (AIMAs) que desenvolvem pesquisa e monitoramento ambiental e climático na bacia do rio negro, a Representação inédita da Casa de Produtores Indígenas do Rio Negro (Casa Wariro) levando a riqueza do artesanato tradicional e o bio-comércio como alternativas econômicas sustentáveis e o Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN), que apoia projetos de gestão territorial, ambiental e fortalecimento cultural.

    A participação da Foirn na COP30 reflete décadas de trabalho voltado à sustentabilidade e ao enfrentamento das mudanças climáticas. A federação tem desenvolvido iniciativas pioneiras de gestão territorial, fortalecimento das economias indígenas, manejo ambiental, proteção das florestas e valorização dos saberes tradicionais.

    A participação da Foirn na COP30 reflete décadas de trabalho voltado à sustentabilidade e ao enfrentamento das mudanças climáticas. A federação tem desenvolvi do iniciativas pioneiras de gestão territorial, fortalecimento das economias indígenas, manejo ambiental, proteção das florestas e valorização dos saberes tradicionais.

    “Viemos representar todos os povos do Rio Negro”

    O presidente da FOIRN, Dário Baniwa, destacou a importância da presença da organização na COP30:

    Viemos, em nome de todos os povos do Rio Negro, apresentar nossas reivindicações, demandas e projetos voltados ao enfrentamento das mudanças climáticas. Trazemos a representação da importância da demarcação das Terras Indígenas, das iniciativas locais e da implementação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Bacia do Rio Negro (PGTA). Buscamos também a captação de recursos, por meio do Fundo Indígena do Rio Negro, para fortalecer nossos projetos de sustentabilidade, em nome da Diretoria Executiva, estaremos aqui ao longo desses dias, participando de várias agendas internacionais e representando as reivindicações de projetos de vida dos povos do Rio Negro”, afirmou Dario.

    A Foirn terá uma presença estratégica e abrangente na Zona Azul, o espaço reservado para as negociações oficiais entre as Partes (países signatários) e delegações credenciadas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

    Neste ambiente diplomático de acesso restrito, a Federação participará de uma diversidade de contextos e agendas, incluindo encontros bilaterais e multilaterais, além de se integrar em iniciativas promovidas por parceiros estratégicos. Esta presença na Zona Azul é crucial para influenciar diretamente as deliberações e os rumos das políticas climáticas globais, garantindo que as perspectivas e demandas dos povos do Rio Negro sejam consideradas nos documentos finais.

    Simultaneamente, a FOIRN também terá representação nos espaços da sociedade civil, na Zona Verde, a Cúpula dos Povos Indígenas e a Aldeia COP, garantindo a máxima visibilidade e influência dos Rionegrinos no debate global sobre emergências climáticas.

    Vozes que ecoam da floresta

    O diretor da FOIRN, Hélio Tukano, ressaltou o significado da COP ser realizada na Amazônia:

    “A COP aqui na Amazônia traz um significado essencial para nós, povos indígenas. Há muitos e muitos anos, temos lutado incansavelmente para, pelo menos, ser reconhecido que nosso papel é fundamental neste planeta.

    Quero que o mundo saiba que o modo de vida tradicional dos povos indígenas, tem assegurado a proteção de muitos territórios, tanto da vegetação e da mata, quanto dos saberes que se têm sobre a cosmologia e a cosmovisão de como tudo se conecta através do nosso espírito, é muito importante que nossas vozes ecoam e tragam o impacto positivo de que possamos ser reconhecidos como Detentores da Floresta e como Salvaguardas.”

    Carta dos Povos do Rio Negro

    Em um movimento estratégico de Articulação, a FOIRN antes da realização da Cop, entregou à Presidência da COP30 a “Carta dos Povos do Rio Negro”, o documento que reunio as principais demandas e prioridades, resultado de uma articulação das comunidades Indigenas dos povos do Rio Negro. A entrega foi realizada em agosto, durante o Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP30, na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em Manaus.

    O documento, foi entregue pessoalmente por Dário Baniwa ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago.

    Uma COP histórica para o planeta

    A COP30 reúne líderes mundiais, cientistas, organizações da sociedade civil e povos tradicionais de todas as regiões do planeta. O governo brasileiro prevê que esta será a maior participação indígena da história das conferências do clima.

    Foto: Repost-  Líderes mundiais e representantes participando da Cúpula do Clima de Belém .

    Já durante as duas semanas de evento, os debates abordaram temas cruciais como redução das emissões de gases de efeito estufa, adaptação às mudanças climáticas, financiamento climático para países em desenvolvimento, preservação das florestas e da biodiversidade, energias renováveis e justiça climática.

    O presidente da COP29, Mukhtar Babayev, que sediou a conferência anterior em Baku, Azerbaijão, disse na abertura da Cop30:

    Estamos entrando em uma nova era, e aqui ainda podemos ver pessoas duvidando. Ah desafios para a cooperação multilateral! Eles questionam, eles perguntam: será que vai dar certo? Mas nós acreditamos, sim! Fazemos uma reunião anual de cúpula climática para garantir que estamos enfrentando os obstáculos. Para todos que estão ouvindo: vocês não estão sozinhos! Vocês todos fazem parte de uma força imparável que vai construir um movimento. Precisamos lutar pela sobrevivência. Todo mundo tem direito ao futuro. Toda empresa investe em soluções. E nós somos muito maiores do que os desafios que enfrentamos. Juntos, vamos mostrar para o mundo onde vamos conseguir chegar.”

    a FOIRN reafirma na COP30 que os povos indígenas do Rio Negro são protagonistas na defesa do clima e da vida na Terra.
    Suas ações locais, baseadas em conhecimento ancestral, gestão sustentável e proteção dos territórios, representam soluções concretas e indispensáveis diante da crise climática global.

    Cobertura e Assessoria de Comunicação: Departamento de Comunicação da FOIRN (Decom/FOIRN)





  • FOIRN participa do IV Intercâmbio de Cadeias da Sociobiodiversidade da RCA em Oiapoque Amapá

    FOIRN participa do IV Intercâmbio de Cadeias da Sociobiodiversidade da RCA em Oiapoque Amapá

    A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) participou, entre os dias 19 e 25 de outubro de 2025, do IV Intercâmbio de Cadeias da Sociobiodiversidade, promovido pela Rede de Cooperação Amazônica (RCA), no município de Oiapoque (AP). A FOIRN foi representada por Luciane Tariana, Coordenadora do Departamento de Negócios Socioambientais do Rio Negro.

    O evento reuniu representantes de 12 organizações indígenas que integram a RCA, em uma intensa programação de trocas de saberes, vivências e experiências sobre iniciativas sustentáveis e de valorização da sociobiodiversidade na Amazônia.


    Durante o intercâmbio, o grupo visitou a agroindústria UASEI, participou do ritual do Turé na aldeia Manga e conheceu práticas locais de manejo do açaí, meliponicultura e agricultura tradicional na aldeia Açaizal. Os Agamins Agentes Ambientais Indígenas de Oiapoque,  apresentaram suas ações de vigilância ambiental e combate à praga da vassoura-de-bruxa da mandioca.


    A programação seguiu até a aldeia Galibi Kali’na, onde os participantes vivenciaram o roteiro de turismo comunitário Paläbala, aprendendo sobre o protagonismo das comunidades na valorização de seus saberes e modos de vida. O grupo também visitou o Museu Kuahí, o escritório do Instituto Iepé, a sede da AMIM (Associação dos Povos Indígenas do Município de Oiapoque) e a loja da UASEI.

    Segundo Luciane Tariana, a experiência foi marcada pela partilha e fortalecimento das redes de cooperação entre os povos indígenas da Amazônia, “O encontro foi um grande momento de trocas de experiências, escuta e construção coletiva. Cada fala trouxe um saber ancestral; cada gesto reafirmou nosso compromisso com o futuro da Amazônia. Voltamos fortalecidos, com mais coragem e união para seguir na luta contra as ameaças aos nossos territórios e o avanço da exploração de petróleo na Margem Equatorial.”

    O IV Intercâmbio de Cadeias da Sociobiodiversidade dá continuidade às ações da RCA no âmbito do projeto ForEco, com apoio da Rainforest Foundation Norway (RFN). A iniciativa reforça o compromisso das organizações indígenas com a sustentabilidade, o respeito à diversidade cultural e a defesa dos territórios tradicionais.

    A Foirn Segue  junto nesse caminho de compartilhamento de saberes, respeito e resistência, mantendo a floresta de pé e fortalecendo a sustentabilidade dos povos indígenas da Amazônia.

  • FOIRN Participa do Fórum Socioambiental sobre Políticas Climáticas em Manaus e reforça protagonismo indígena na transição climática justa

    FOIRN Participa do Fórum Socioambiental sobre Políticas Climáticas em Manaus e reforça protagonismo indígena na transição climática justa

    Nos dias 22 e 23 de outubro de 2025, lideranças e representantes da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) esteve em Manaus (AM) participando do Fórum Socioambiental sobre Políticas Climáticas, evento que reuniu lideranças indígenas, representantes de governos, organizações da sociedade civil e instituições de pesquisa comprometidas com o futuro da Amazônia.

    Foto: Michael Dantas/ISA

    Com o tema “Desafios, oportunidades e perspectivas para a transição climática justa no Amazonas”, o Fórum foi promovido pelo Instituto Socioambiental (ISA), Memorial Chico Mendes e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), em parceria com a FOIRN e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam). A iniciativa buscou fortalecer o diálogo entre comunidades tradicionais, academia e gestores públicos sobre os caminhos possíveis para uma transição climática que seja, de fato, justa e inclusiva.

    Protagonismo indígena na construção de políticas climáticas

    resença da FOIRN foi estratégica para garantir que as discussões sobre políticas climáticas considerem as realidades, os direitos e os conhecimentos dos povos indígenas — fundamentais para a conservação da floresta amazônica e para o enfrentamento da crise climática global.

    A delegação foi liderada pela Diretoria Executiva da FOIRN, composta pelo presidente Dário Baniwa, a vice-presidenta Janete Dessana e os diretores Carlos Piratapuya, Hélio Tukano e Edison Baré. Também participaram coordenadores regionais das cinco coordenadorias de base (CAIMBRN, CAIBARNX, COID, DIAWI e NADZOERI), além de representantes dos Departamentos de Educação e Juventude, da coordenação dos Agentes Indígenas de Manejo Ambiental (AIMAs) e do Fundo Indígena do Rio Negro (FIRN).

    Delegação de Lideranças do Rio Negro – FOIRN

    Essa composição reafirma o compromisso da FOIRN com uma atuação articulada e representativa, envolvendo diferentes setores e territórios indígenas na defesa de políticas climáticas construídas de forma coletiva.

    A voz dos territórios: experiências e desafios

    Durante o evento, a vice-presidenta Janete Dessana participou da mesa temática “A Voz dos Territórios no Amazonas: Como os Projetos de Carbono Estão Chegando nas Comunidades?”, levando ao debate as experiências e preocupações das comunidades indígenas do Rio Negro frente à implementação de projetos ambientais em seus territórios.

    Em sua fala, a Diretora Janete Dessana trouxe um alerta urgente sobre a chegada de projetos de crédito de carbono nas comunidades. Ela destacou que, em sua região da Coordenadoria das Organizações Indigenas do Distrito de Iauaretê (COIDI), essa chegada foi “de forma negativa”, citando uma “situação complexa vinda pelo lado da Colômbia, com algumas invasões no território brasileiro.” e enfatizou a importância da participação maciça da delegação para enfrentar esse novo cenário:


    Janete Alves Dessana – Vice-Presidente da FOIRN
    Foto: Michael Dantas/ISA

    “Nós estamos com uma delegação grande… porque a gente precisa aprofundar mais, precisa estudar mais e, principalmente, ouvir os parentes que já têm experiência com esses projetos em outros territórios… É uma pauta difícil de entender, é verdade. Porém, com essas participações, a gente acaba aprofundando bastante e, assim, conseguiremos levar informações qualificadas e seguras para as nossas bases.”

    Com a crescente regulamentação do mercado de carbono e dos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) no Brasil, o Fórum serviu como espaço de reflexão sobre os impactos, desafios e oportunidades dessas políticas para os povos indígenas, comunidades quilombolas e extrativistas.

    Floresta viva e conhecimento tradicional

    As lideranças da FOIRN destacaram que os territórios indígenas são essenciais para o equilíbrio climático global, pois neles a floresta permanece viva e o conhecimento tradicional orienta formas sustentáveis de viver, produzir e conservar.

    “Quando falamos de políticas climáticas, falamos da defesa dos nossos territórios e modos de vida.
    Os povos indígenas do Rio Negro estão prontos para contribuir com soluções baseadas na floresta e no conhecimento tradicional”, afirmou Dário Baniwa, presidente da FOIRN.

    Fortalecendo alianças e incidência política

    O Fórum também foi um espaço importante de articulação política e fortalecimento de alianças entre os povos do Rio Negro e instituições parceiras. A participação da FOIRN ampliou a incidência indígena nas discussões sobre políticas ambientais e climáticas do Estado do Amazonas e do Brasil, reforçando o papel dos povos da floresta como protagonistas das soluções climáticas.

    Ao final do encontro, a FOIRN reafirmou seu compromisso com uma transição climática justa, inclusiva e respeitosa dos direitos coletivos, além da defesa da autonomia, sustentabilidade e valorização cultural dos povos indígenas.

    Com sabedoria ancestral e visão de futuro, a Federação segue firme na construção de estratégias conjuntas para enfrentar a crise climática, garantindo que as políticas públicas e os mecanismos de financiamento ambiental promovam benefícios reais e duradouros para quem cuida da floresta há milênios.

    Assessoria de Comunicação: DECOM-FOIRN

    Fotos: Michael Dantas/ISA

  • ACIMRN lança novos PGTAs e fortalece a governança dos povos do Rio Negro: marco na autonomia indígena

    ACIMRN lança novos PGTAs e fortalece a governança dos povos do Rio Negro: marco na autonomia indígena

    Em um momento histórico para os povos do Médio Rio Negro, a Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) lançou oficialmente os Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) das Terras Indígenas Jurubaxi-Téa e Uneiuxi. O evento marcou um passo importante no fortalecimento da governança indígena e na consolidação da autonomia dos povos da região.

    Os PGTAs são documentos estratégicos, elaborados de forma coletiva e participativa, profundamente conectados às realidades, tradições e modos de vida das comunidades envolvidas. Durante o evento, lideranças participaram de uma oficina sobre PGTA, com apresentações sobre os conteúdos, processos de elaboração e organização dos livros.

    O que é um PGTA?

    O Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) é um instrumento de planejamento criado pelos próprios povos indígenas para organizar, proteger e administrar suas terras e modos de vida. Ele orienta como as comunidades desejam cuidar do território, dos recursos naturais e da sua cultura, articulando ações sustentáveis com seus saberes tradicionais.
    Ao todo, 12 PGTAs já foram elaborados na área de abrangência da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN).

    O PGTA integra a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e funciona como uma ferramenta tanto de autogestão interna quanto de diálogo com o Estado e instituições parceiras.

    De olhos na COP30: PGTAs do Rio Negro chegam ao debate global

    O PGTA da Terra Indígena Jurubaxi-Téa será levado pela comitiva do Rio Negro à COP30, em 2025, como pauta prioritária. A principal reivindicação será a conclusão da demarcação da terra indígena, uma luta que já se estende por décadas.

    O presidente da FOIRN, Dário Baniwa, destacou a importância do documento:

    “Esse plano traz vida, cultura e os conhecimentos tradicionais dos povos. É uma estratégia de diálogo com o Estado para fortalecer nossa gestão territorial e ambiental.”

    A elaboração dos PGTAs contou com apoio técnico e financeiro de instituições como Aliança pelo Clima, Rainforest Foundation Norway (RFN), Embaixada da Noruega, Fundação Gordon & Betty Moore e Instituto Socioambiental (ISA).

    Vozes das lideranças

    Da Terra Indígena Uneiuxi, a liderança Eduardo Fonseca Castelo, do povo Nadëb, ressaltou o valor simbólico e político do documento:

    “Recebemos o PGTA com muita alegria. É uma ferramenta que vai nos fortalecer, nos dá segurança e reafirma nossa autonomia. Hoje temos nossa terra demarcada e isso é nossa vida, é nosso direito.”

    O diretor de referência da FOIRN no Médio Rio Negro, Carlinhos Neri, também enfatizou o papel estratégico do plano:

    “Esse documento vai nortear o futuro de vocês. É com base nele que vamos reivindicar políticas públicas e assegurar os direitos das comunidades.”

    O líder José Augusto Fonseca, do povo Arapaço — fundador e primeiro presidente da ACIMRN e da própria FOIRN em 1987 — lembrou a trajetória de luta coletiva:

    “Nossa luta é de décadas. Fomos construindo cada passo com coragem. Hoje temos organizações fortes e ferramentas para planejar um futuro com dignidade para nossos filhos e netos.”

    Protagonismo e inovação na gestão territorial

    Os novos PGTAs são documentos vivos, abertos a atualização e evolução conforme as necessidades e transformações das comunidades. Mais do que um lançamento, o evento simboliza a consolidação de um processo que integra ancestralidade, território, luta e futuro.

    O Programa de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), idealizado por lideranças indígenas, representa uma iniciativa fundamental para garantir que as futuras gerações herdem terras demarcadas, culturas vibrantes e fortalecidas.

    A luta continua, a esperança se manifesta — e o Rio Negro segue plantando, regando e multiplicando para o mundo a gestão com alma, floresta e coletividade.

    Acessoria de Comunicação e Cobertura : DECOM-FOIRN

  • FOIRN e ACIMRN inauguram Mercado Indígena Rosilene Menezes e nova sede em Santa Isabel do Rio Negro

    FOIRN e ACIMRN inauguram Mercado Indígena Rosilene Menezes e nova sede em Santa Isabel do Rio Negro

    No dia 4 de outubro de 2025, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) e a Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) celebraram um marco histórico para os povos indígenas da região. Em um evento carregado de emoção e significado, foram inaugurados o Mercado Indígena Rosilene Menezes e a nova sede da ACIMRN, no município de Santa Isabel do Rio Negro (AM).

    As atividades começaram logo nas primeiras horas do dia, com uma feira de produtores indígenas aberta ao público às 5h da manhã. O novo mercado recebeu o nome de Rosilene Menezes, em homenagem a uma mulher indígena que atuou com dedicação na Casa de Frutas e que faleceu enquanto exercia sua função de ajudante de produção. Sua memória agora inspira o espaço que simboliza trabalho, solidariedade e resistência.

    Foto: Shayra Cruz – Comunicadora da Acimrn

    O Mercado Indígena Rosilene Menezes vai muito além de um local de vendas. Ele representa autonomia, valorização cultural e geração de renda para os povos indígenas, que passam a ter um espaço próprio para comercializar seus produtos tradicionais — como artesanatos, alimentos regionais e outros produtos baseados em saberes ancestrais.

    O evento também marcou a inauguração oficial da nova sede da ACIMRN, construída com o apoio da FOIRN e de parceiros institucionais. O novo prédio fortalece a estrutura organizativa da associação e amplia sua capacidade de atuação junto às comunidades do Médio Rio Negro.

    Foto: Shayra Cruz – Comunicadora da Acimrn

    A cerimônia contou com a presença do presidente da FOIRN, Dário Baniwa, e dos diretores Carlos Neri e Hélio Tukano, além de lideranças comunitárias, agricultores, parceiros institucionais e apoiadores.

    Em um clima de festa e união, a 1ª feira realizada no novo mercado celebrou a força das comunidades, com trocas, apresentações culturais e a reafirmação dos laços de cooperação entre os povos indígenas da região. A feira contou com Apoio da Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento e Unidade Local do IDAM..

    Mais do que inaugurar espaços físicos, o evento reafirmou o compromisso da FOIRN e da ACIMRN com o fortalecimento da autonomia, da cultura e da economia indígena, reforçando que o desenvolvimento no Rio Negro é feito com protagonismo e sabedoria dos próprios povos indígenas.

  • FOIRN e UNICAMP Lançam Projeto Sollar Rio Negro:

    FOIRN e UNICAMP Lançam Projeto Sollar Rio Negro:

    Ciência Indígena na Liderança da Transição Energética

    A Federação das Organizações Indigenas do Rio Negro ( FOIRN) em parceria com a Unicamp, realizou a Formação da primeira turma de instaladores de sistemas fotovoltaicos, na casa do Saber da Foirn, o projeto “PROJETO SOLLAR RIO NEGRO: CENTRO DE APRENDIZAGEM INDÍGENA DO RIO NEGRO”, a formação aconteceu nós dias 29 a 03 de outubro de 2025.

    A iniciativa visou integrar a Ciência Indígena com as pesquisas do Centro Paulista de Estudos da Transição Energética (UNICAMP), promovendo a autonomia energética e o fortalecimento da infraestrutura comunitária no bioma amazônico.

    O projeto nasce da inquietação e da demanda do próprio território, especialmente da juventude indígena do Alto Rio Negro, e se materializa como uma “devolutiva” do conhecimento adquirido na universidade para o povo.

    O foco central é a formação sobre transição energética e a implementação de sistemas fotovoltaicos (energia solar). A escolha da energia solar é estratégica, pois, nas palavras dos envolvidos, é o sistema “mais sustentável e renovável possível que dialoga com as nossas concepções como povos indígenas”.

    Essa iniciativa marca um novo capítulo para São Gabriel da Cachoeira, ao democratizar o conhecimento em uma área tecnológica essencial e reforçar a gestão territorial indígena.

    Oferecendo capacitação técnica e política, com foco na instalação e integração de sistemas fotovoltaicos conectados e desconectados à rede elétrica, com a participação de 30 parentes indígenas selecionados das cinco coordenadorias regionais da aréa de abrangência da foirn .

    Do território para a universidade — e da universidade de volta para o território

    O projeto é resultado do esforço coletivo de acadêmicos, incluindo a Iniciação Científica e o TCC do estudante indígena Arlindo Baré, e a pesquisa de outros 12 estudantes indígenas da UNICAMP (FEEC), desenvolvida no Eixo V Educação, Formação e Capacitação para a Sustentabilidade Socioambiental, que agora, com apoio da FOIRN, esse conhecimento retorna para o território em forma de formação prática e estratégica.

    O Centro de Aprendizagem Indígena do Rio Negro terá um espaço físico em São Gabriel da Cachoeira, mas também será móvel, possibilitando que as formações cheguem aos territórios através dos novos técnicos que foram capacitados para atuar em geração e manutenção de sistemas fotovoltaicos, com o objetivo de que os formandos se tornem multiplicadores, levando a capacitação para outros jovens, escolas e lideranças, democratizando a informação.

    Além da energia solar, a visão é que o Centro seja um espaço permanente de formação em diversas áreas do conhecimento (saúde, educação, etc.), onde os primeiros 30 formandos Indigenas atuarão como multiplicadores de conhecimento.

    Energia que respeita os modos de vida indígenas

    Em muitas comunidades da região do Rio Negro, ainda se utiliza geradores convercionais que se utilizam fontes de energia não renovaveis, que são caros, poluentes e muitas vezes falham. Com a energia solar, os povos do Rio Negro podem ter energia limpa, estável e comunitária.

    O diferencial do Sollar Rio Negro é que foi pensado desde o início com a participação dos nossos povos, respeitando os Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs) e os Acordos de Convivência. Nenhuma decisão foi tomada de cima para baixo.


    “A energia solar é a que mais se parece com a nossa forma de ver o mundo: ela nasce do sol, é limpa, é renovável e pode ser compartilhada — Participante indígena do curso Sollar Rio Negro

    Esse cuidado também vale para o tipo de tecnologia escolhido: os sistemas fotovoltaicos instalados podem ser usados com ou sem conexão à rede elétrica, o que permite atender aldeias mais afastadas com independência e segurança.

    O projeto Sollar Rio Negro Contribui diretamente com a                       Justiça Climática global, demonstrando que, com apoio e respeito à governança indígena, os povos originários são os líderes na construção de futuros equitativos e resilientes.

    A formação por meio do Projeto Sollar Rio Negro não é apenas técnica, ela está inserida em uma lógica de justiça energética indígena: ou seja, as comunidades indígenas não são apenas receptoras de tecnologia, mas protagonistas no processo como instaladores, mantenedores, multiplicadores e gestores.

    Esse protagonismo fortalece a autodeterminação, o “bem viver” e as práticas tradicionais associadas à gestão territorial e ambiental, ao mesmo tempo em que incorpora novas tecnologias. Em outras palavras: a iniciativa dialoga com os saberes ancestrais e com as perspectivas contemporâneas de sustentabilidade.

    Em um momento em que o Amazonas enfrenta desafios crescentes como mudanças climáticas, pressão por exploração de recursos, vulnerabilidades de infraestrutura, iniciativas como essa mostram que a transição energética pode e deve ser protagonizada pelas comunidades locais, adaptada às suas realidades e alinhada aos seus valores.
    Para o território isso significa menos dependência externa, mais segurança energética, melhoria na qualidade de vida e fortalecimento dos modos de vida indígenas.

    Justiça Climática com rosto indígena

    A luta pela justiça climática passa, necessariamente, por reconhecer que nossos povos são guardiões da floresta, mas também têm o direito de acessar tecnologias limpas e com controle próprio. O Sollar Rio Negro mostra que é possível fazer isso com respeito, consulta e participação.

    Com esse projeto, os povos do Alto Rio Negro estão mostrando que a transição energética não precisa ser uma imposição: ela pode ser construída por nós, com nossos saberes, com nossas lideranças e com nossos sonhos de futuro.

    Assessoria de Comunicação: DECOM – FOIRN


  • As lideranças dos Povos do Rio Negro se unem em Pré-COParente e fortalecem a voz indígena rumo à COP30

    As lideranças dos Povos do Rio Negro se unem em Pré-COParente e fortalecem a voz indígena rumo à COP30

    A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) sediou, na Casa do Saber, a Pré-COP Indígena – Etapa Rio Negro, no estado do Amazonas. O evento foi organizado pela FOIRN em parceria com a APIAM (Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas), a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), nos dia 16 e 17 de Setembro de 2025.

    O encontro reuniu lideranças, autoridades e representantes de organizações indígenas, indigenistas e do setor público, fortalecendo o diálogo e a construção coletiva em defesa dos povos e territórios indígenas.

    Entre os presentes, estavam representantes da FOIRN, APIAM, COIAB, MPI, Funai, SESAI, ICMBio, SEDUC, Forreia, IFAM, além de autoridades locais e representantes da Justiça. Também participaram lideranças das coordenadorias regionais da FOIRN: COIDI, DIAWI’I, NADZOERI, CAIBARNX e CAIMBRN, reafirmando a união regional na luta por direitos e pela preservação da vida e da Amazônia.

    Direitos, Desafios e Luta Territorial

    O primeiro painel trouxe o tema “Direitos Humanos, Ambientais e Territoriais: situação territorial na região do Rio Negro, conquistas e ameaças locais”, com a participação de Dario Baniwa (FOIRN), Toya Manchineri (COIAB) e Dra. Ellen Estefany Sateré (APIAM).

    As falas destacaram os impactos de grandes projetos e legislações que ameaçam os povos indígenas, os riscos do garimpo e a necessidade de articulação política para garantir os direitos territoriais.

    A FOIRN reforçou seu papel como articuladora e agente de fortalecimento das comunidades, apoiando projetos de proteção territorial e promovendo a autodemarcação e a defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas.

    Unidade e Compromisso com os Territórios

    O presidente da FOIRN, Dario Baniwa, ressaltou:

    “Sempre buscamos parcerias interinstitucionais para atuar aqui no Rio Negro. Nossa atuação vai além de São Gabriel da Cachoeira, alcançando também Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro. Queremos um diálogo mais fortalecido e intercultural, representando os povos do Rio Negro e fortalecendo propostas para a Amazônia e os povos indígenas do Brasil. O desafio é global, mas nossa esperança é fortalecer as futuras gerações e a sociobiodiversidade do planeta. ”

    Santa Isabel do Rio Negro. Queremos um diálogo mais fortalecido e intercultural, representando os povos do Rio Negro e fortalecendo propostas para a Amazônia e os povos indígenas do Brasil. O desafio é global, mas nossa esperança é fortalecer as futuras gerações e a sociobiodiversidade do planeta. ”

    As lideranças reforçaram que a FOIRN atua para fortalecer as bases e preparar lideranças locais para os desafios da demarcação, da proteção territorial e da incidência política nos espaços de decisão.

    A Dra. Ellen Estefany Sateré da APIAM resumiu:

    “Nossa voz é a flecha. Somos guardiões da terra. A luta não continua, ela se intensifica. ”

    Caminhos para a COP30

    À tarde, os debates abordaram temas centrais para a participação indígena na COP30, como créditos de carbono, fundos de financiamento e mecanismos financeiros regionais e internacionais voltados ao clima e aos povos indígenas.

    Essas discussões reforçam o protagonismo indígena na construção de soluções climáticas, valorizando saberes ancestrais e a experiência de quem vive na linha de frente da preservação da Amazônia.

    No segundo dia, a ministra Sônia Guajajara participou do seminário e dialogou com as lideranças do Rio Negro. Ela destacou:

    “A COParente é um espaço de construção coletiva, onde a voz dos povos indígenas ecoa para além das fronteiras. Nosso papel é fundamental na luta contra a crise climática. ”

    Mulheres Indígenas e Bioeconomia

    Um dos destaques foi o painel sobre “Caminhos de Sustentabilidade Autônoma”, com foco em práticas comunitárias e tecnologias sociais.

    Inara Waty (Sateré-Mawé, UMIAB) ressaltou a importância da participação das mulheres nos debates sobre economia indígena:

    “Precisamos falar da economia indígena, invisibilizada, mas que tem as mulheres como autoras. ”

    As lideranças Mariazinha Baré (APIAM) e Alva Rosa Tukano (Foreeia) também reforçaram a necessidade de ampliar o debate sobre políticas climáticas no Amazonas e de garantir a participação ativa das mulheres indígenas nas decisões.

    Prioridades da FOIRN para a COP30

    O presidente Dario Baniwa apresentou os trabalhos, conquistas e desafios da FOIRN e dos 23 povos do Rio Negro, com destaque para:

    • Fortalecimento organizacional: 5 coordenadorias regionais, 118 associações e 750 comunidades;
    • Formação de lideranças: foco em mulheres e jovens indígenas (DMIRN e DAJIRN);
    • Segurança territorial: fiscalização e vigilância contra garimpo, pesca ilegal e tráfico;
    • Energia solar em comunidades sem acesso à rede elétrica;
    • Conectividade digital para comunicação, educação, saúde e governança;
    • Educação e bioeconomia: valorização da pimenta baniwa, castanha, artesanato e óleos vegetais.

    A voz do Rio Negro na COP30

    Em novembro, todos os olhares estarão voltados para a Amazônia, que sediará a COP30 em Belém (2025), sob o lema “A Resposta Somos Nós”.

    Na Pré-COP Etapa Rio Negro, foi escolhida uma delegação de 20 lideranças de diferentes etnias (Yanomami, Tukano, Baré, Wanano, Tariana, Dessana, Baniwa e Koripaco), garantindo representatividade regional.

    Seis representantes do Rio Negro foram indicados para compor a delegação estadual:

    • Zona Azul (negociações oficiais da ONU): Dario Baniwa, Helio Tukano e Sandra;
    • Zona Verde (eventos paralelos, sociedade civil): Belmira, Ana Gabriela e Adelina.

    A escolha, feita de forma democrática e participativa, assegura que as demandas dos povos do Rio Negro estarão presentes nos espaços nacionais e internacionais da COP30.

     A Pré-COP Etapa Rio Negro não foi apenas um evento, mas um marco na preparação dos povos indígenas para a COP30, fortalecendo sua voz, sua luta e seu protagonismo global em defesa do clima, da Amazônia e da vida.

    Assesoria de Comunicação: FOIRN, COIAB e APIAM.

  • FOIRN PARTICIPA do III Encontro das Cacicas da MAKIRA‑E’TA em Manaus

    FOIRN PARTICIPA do III Encontro das Cacicas da MAKIRA‑E’TA em Manaus

    Manaus (AM), 29 de julho a 1º de agosto de 2025 — A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), por meio do Departamento de Mulheres Indígenas (DMIRN‑FOIRN) e do Departamento de Adolescentes e Jovens (DAJIRN‑FOIRN), marcou presença no III Encontro das Cacicas, promovido pela Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas – MAKIRA‑E’TA, que teve como tema “Cuidar, proteger, transformar: estratégias de enfrentamento à violência contra mulheres, crianças, adolescentes, juventude, LGBT+ e idosos indígenas”.

    O encontro foi realizado no auditório da Inspetoria Salesiana Missionária da Amazônia (ISMA), em Manaus, com apoio institucional da Funai, Fundo Indígena da Amazônia Brasileira (Podáali), Fórum Internacional de Mulheres Indígenas (FIMI), Operação Amazônia Nativa (OPAN), Articulação dos Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (APIAM), Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (SEJUSC) do Amazonas e Sistema de Educação para uma transformação Antirracista (SETA). 

    Este encontro dialoga com edições anteriores, como o 1º Encontro de Cacicas, realizado em 19 de dezembro de 2023, em Manaus, que buscou promover o protagonismo das mulheres indígenas por meio de debates sobre gênero, diversidade, cultura e inclusão LGBTQIAPN+. Na ocasião, atividades culturais, rodas de conversa e exposições ampliaram trocas de saberes entre lideranças de diversas etnias.

    O III Encontro teve como propósito criar um espaço de construção coletiva para enfrentar as múltiplas formas de violência que atingem indígenas dentro e fora dos seus territórios (mulheres, crianças, adolescentes, juventude, pessoas LGBTQIAPN+ e idosos).

    Participaram lideranças indígenas de diversas regiões do Amazonas: Médio e Baixo Madeira, Purus, Sul e Baixo Amazonas, Solimões, Vale do Javari, região metropolitana de Manaus, além da Organização de Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR). A programação incluiu rodas de escuta, grupos de trabalho temáticos, painéis, apresentações culturais e debates estratégicos entre os municípios e segmentos indígenas.

     Assembleia e Carta‑protocolo

    Durante o encontro, foi realizada a Assembleia de aprovação do Protocolo de Enfrentamento à Violência, um marco essencial para fortalecer a proteção coletiva nas comunidades do Rio Negro. Também foi concebida a “Carta Guardiãs do corpo e do território”, protocolo pós‑violência na saúde indígena, que será entregue a órgãos municipais, estaduais e federais para garantir respostas adaptadas às realidades culturais indígenas.

     Vozes protagonistas

    A coordenadora da MAKIRA‑E’TA, Socorro Baniwa, destacou a urgência de trazer à tona os desafios vividos pelos povos indígenas:

    “Queremos que nossas demandas contra violências sejam atendidas com todas as nossas particularidades…”

    Já Lucia Alberta, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, afirmou que o apoio da instituição às lideranças indígenas mostra o compromisso com a efetivação dos direitos e com a ampliação do protagonismo das mulheres indígenas nos processos decisórios:

    “Apoiar e participar de um evento como este é contribuir para que os povos sejam protagonistas…”

    O III Encontro das Cacicas da MAKIRA‑E’TA, com a presença da FOIRN, representou mais uma etapa fundamental na luta contra violências vividas pelas comunidades indígenas. A iniciativa fortaleceu redes de proteção, protagonismo cultural e político, e impulsionou a construção coletiva de protocolos adaptados às suas realidades. Ao longo de diferentes encontros, a MAKIRA‑E’TA reforça seu papel como liderança feminina indígena consolidada no cenário estadual, nacional e internacional.

  • Movimento Indígena em Barcelos Fortalece Articulação e Exige Celeridade na Demarcação das Terras Indígenas do Baixo Rio Negro e Rio Caurés: Uma Luta de Décadas por Direitos e Território

    Movimento Indígena em Barcelos Fortalece Articulação e Exige Celeridade na Demarcação das Terras Indígenas do Baixo Rio Negro e Rio Caurés: Uma Luta de Décadas por Direitos e Território

    Barcelos, AM – Entre os dias 4 e 8 de julho de 2025, importantes momentos de escuta e articulação ocorreram no Baixo Rio Negro. Lideranças e comunidades indígenas se reuniram em Barcelos em uma série de encontros históricos para impulsionar a demarcação das Terras Indígenas (TIs) Baixo Rio Negro e Caurés, e da aguardada TI Aracá-Padauiri. Diante de desafios que se arrastam há mais de duas décadas, a mensagem foi clara: a demarcação é um direito constitucional (Art.231 – CF/88), uma luta de gerações e uma garantia para o futuro.

    As reuniões, organizadas pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), pela Associação Indígena de Barcelos (ASIBA) e pela Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio Rio Negro (CAIMBRN), aconteceram na sede da ASIBA e nas comunidades: Manacauaca, Dom Pedro II, São Roque e Cauburís. Com apoio da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e da Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (APIAM), o objetivo central foi esclarecer sobre o processo de demarcação, combater a desinformação e fortalecer a luta das bases do movimento indígena a favor de seus direitos.

    A Batalha por Território: Mais de 25 Anos de Resistência

    A demarcação de terras no Baixo Rio Negro é uma saga de persistência. A TI Baixo Rio Negro e Caurés, localizada em Barcelos, tem uma história ainda mais antiga. As reivindicações pela área vêm desde os anos 1990. Devido à lentidão da FUNAI, apenas neste ano foi possível dar continuidade aos estudos de levantamentos fundiários para compor o Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação (RCID).

    Já a Terra Indígena Aracá-Padauiri, que abrange partes de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro, encontra-se há anos em impasse burocrático, aguardando a publicação do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação (RCID) pela presidência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Essa morosidade impede o avanço do processo, deixando as comunidades em longa espera.

    Diretor da Foirn Carlos Nery – Comunidade São Roque

    Essas reivindicações têm raízes históricas: no passado, as lutas foram contra a escravidão de indígenas piaçabeiros e o avanço de garimpeiros, madeireiros e extrativistas ilegais, que atuavam sem qualquer garantia trabalhista e sem respeitar os modos de vida tradicionais. Atualmente, a organização social e política garantida pelo movimento indígena continua lutando por melhorias na assistência e na implementação de políticas públicas. Hoje, ameaças como a pesca comercial e esportiva desordenada intensificam a urgência da demarcação e da proteção desses territórios.

    A Força da Voz Indígena

    Durante os encontros, as lideranças falaram com clareza e firmeza. Marilene Gervasio Reis, presidente da ASIBA, ressaltou a importância do momento para “esclarecer dúvidas sobre a demarcação”, especialmente frente à desinformação crescente.

    Dário Emílio (Povo Baniwa), presidente da FOIRN, afirmou: “A demarcação de terras hoje é um direito de todos, e sabemos a importância da água e da terra. Precisamos recuperar o que vem se perdendo, pensando nas futuras gerações.” Ele reforçou o compromisso da FOIRN em ouvir as demandas das comunidades e atuar com apoio da FUNAI e do Instituto Socioambiental (ISA).

    Presidente da Foirn- Dario Baniwa / Comunidade Manacauaca

    Hélio Gessem, diretor da FOIRN, demonstrou preocupação com as TIs ainda não demarcadas, classificando-as como essenciais para “garantir a agricultura familiar, a pesca e o sustento das comunidades indígenas”.

    Carlos Alberto Teixeira Neri, também diretor da FOIRN, homenageou lideranças históricas, como o Sr. Braz França, e destacou que o objetivo é “reconhecer e fazer valer um processo que foi iniciado há mais de 20 anos”. Ele também confrontou a desinformação, reiterando que a FOIRN defende os interesses coletivos dos povos indígenas — e não interesses individuais.

    João Barroso, chefe da Coordenação Técnica Local da FUNAI em Barcelos, afirmou que o órgão acompanha de perto o processo e as ameaças sofridas pelas lideranças, muitas vezes oriundas de “empresários e indivíduos ligados ao governo municipal com interesses econômicos”. Ele reforçou o compromisso da FUNAI com a defesa dos direitos dos povos indígenas, assegurados pelo artigo 231 da Constituição Federal de 1988.

    João Barroso (chefe da Coordenação Técnica Local da FUNAI em Barcelos) – Sede da Asiba

    Demarcação e Turismo: Mitos x Realidade

    Um dos temas com mais desinformação abordados nos encontros foi a pesca esportiva após a demarcação. O advogado Dr. Adriano, da assessoria jurídica da FOIRN, esclareceu que a demarcação não resultará na expulsão de não indígenas nem na proibição de atividades econômicas, mas sim na implementação de regras claras e justas.

    Carlos Neri, com vasta experiência em turismo de pesca, afirmou: “Hoje coordeno nove projetos de pesca dentro de terras indígenas. Posso afirmar que não haverá problemas desde que se sigam as regras da legislação.” Ele explicou que a Instrução Normativa nº 03/2015 da FUNAI regula o turismo em TIs, exigindo um plano de visitação elaborado pelas associações em parceria com as comunidades. O plano, aprovado pela FUNAI, garante sustentabilidade e benefícios diretos às comunidades indígenas.

    Líderes locais, como João Leandro da comunidade de Bacabal e Carlos Alberto da Paixão, presidente da Associação Indígena de Base Aracá e Demini (AIBAD), relataram e entregaram carta com reivindicação e denuncia de casos de forte aliciamento por empresas de turismo e pescadores comerciais que desrespeitam os territórios. Carlos Neri alertou sobre os perigos das fake news e o uso da tecnologia para disseminar desinformação por grupos com interesses contrários à demarcação.

    O Chamado Urgente por Compromisso Governamental

    Diretor Carlos Nery – Comunidade Cauburis

    Embora as TIs estejam judicializadas e o governo federal tenha um prazo de dois anos para concluir o processo, a lentidão continua. A FOIRN reforça que é necessário um compromisso firme do governo brasileiro com os direitos dos povos indígenas do Rio Negro.

    Vale lembrar que a demarcação das TIs é um direito assegurado pela Constituição aos povos que ocupam tradicionalmente essas terras — e não uma questão de consulta à população não indígena e tem regras para o processo.

    A FOIRN, juntamente com suas organizações de base como a CAIMBRN e a ASIBA, permanece aberta ao diálogo e empenhada em combater a desinformação que tenta enfraquecer o processo. A demarcação é responsabilidade do Estado brasileiro, por meio da FUNAI. Por isso, qualquer informação legal deve ser buscada junto a esse órgão.

    Além das terras mencionadas, o Rio Negro ainda tem outras TIs em processo, como a TI Jurubaxi-Tea, em fase de demarcação física, e a TI Cué-Cué/Marabitanas. A urgência da demarcação e o compromisso do Estado com os povos indígenas do Médio e Baixo Rio Negro ecoam como clamores históricos.

    Dário Baniwa, presidente da FOIRN, finalizou reafirmando o compromisso da federação:
    “A gente não vai atuar contra vocês. Estamos aqui para ouvir, levar as demandas e dar continuidade a essa luta. É um trabalho diário, e cada um fazendo sua parte, iremos longe.”

    A união das lideranças, a clareza dos argumentos e a força das comunidades reforçam: a demarcação não é apenas um direito, é uma urgência histórica e um passo essencial para a proteção ambiental e o futuro sustentável dos povos indígenas do Amazonas e do Brasil.